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O primeiro universo, dos profissionais da área de saúde, compõe o maior segmento dentre os trabalhadores envolvidos com radiações ionizantes controlados pelo Serviço de Monitoração Individual Externa do CDTN - CNEN84.

A coleta de dados foi realizada por meio da técnica de questionários divididos em três seções, que foram entregues pessoalmente aos respondentes. Para uma amostra probabilística

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CDTN-CNEN - O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear é um dos institutos de pesquisa ligados à Comissão Nacional de Energia Nuclear, situado no Campus da UFMG, em Belo Horizonte.

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Aqui não foram consideradas as definições utilizadas pela proteção radiológica que utiliza a palavra 'trabalhador' para designar todo aquele cujas atividades profissionais incluam exposições às radiações ionizantes e a expressão 'indivíduo do público' para os demais.

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O serviço atende a cerca de 5.000 usuários em aproximadamente 350 instituições, dos quais 50% pertencem à área de saúde. Contudo, para a consideração do universo, foram excluídos profissionais que não trabalham diretamente com radiações.

casual simples85 deste universo (1.855 profissionais), com 5% de erro e intervalo de confiança de 95%, seriam necessários 31986 respondentes de hospitais e clínicas, distribuídos entre médicos, enfermeiros, técnicos em radiologia e radioterapia, físicos e odontólogos.

Contudo, considerando a dificuldade de acesso a esse tipo de profissional e os custos financeiros envolvidos na aplicação dos questionários, algumas modificações foram feitas na amostragem:

• aumento do erro admitido para 10% (z = 1,65 na mesma fórmula de cálculo utilizada anteriormente), tendo em vista que o trabalho procura essencialmente verificar a estrutura da percepção de risco e a existência de relações entre os conceitos pesquisados;

• adoção de uma amostragem probabilística parcialmente estratificada, para a qual foram feitas uma amostragem probabilística casual simples para o extrato dos médicos (59 respondentes) e uma amostragem probabilística casual simples para os técnicos de raios X (64 respondentes). Esses dois grupos foram considerados mais importantes em função de duas variáveis: magnitude das doses anuais de radiação recebidas pelos profissionais desses grupos e o número de profissionais que integram esses dois grupos dentro do universo dos profissionais da área de saúde (cerca de 23% do universo é composto por médicos e cerca de 56% por técnicos de raios X). Essa amostragem, parcialmente extratificada, permitiu inferências independentes sobre o universo dos médicos e sobre o universo dos técnicos de raios X, dentro do universo considerado, mas não permite inferências para universos de outros grupos profissionais dentro da área da saúde;

• para a área de saúde como um todo, foi feita uma amostragem em duas etapas: na primeira, calculou-se qual seria o tamanho da amostra probabilística casual simples para todo o universo (área de saúde) com erro de 10%, obtendo-se, como resultado, 66 casos. Na segunda etapa, ao invés de selecionar aleatoriamente 66 casos dentre o universo de 1855 profissionais, foi feita uma amostragem por quotas proporcionais, que é uma amostragem não probabilística, na qual se deseja representar as principais

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“Uma amostra [probabilística] casual simples é selecionada por um processo que não apenas dá, a cada elemento da população, uma oportunidade igual de ser incluído na amostra, mas também torna igualmente provável a escolha de todas as combinações possíveis do número desejado de casos” (SELLTIZ, 1971, p. 585).

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Para o cálculo do tamanho da amostra de população finita, foi utilizada a fórmula apresentada por Stevenson (1981, p.213) baseada na proporção populacional. Os parâmetros considerados foram:

Tamanho da população, N=1855; erro admitido, e= 5%; intervalo de confiança 95%, z=1,96; proporção populacional (x/n) = 0,5.

características de uma população pela amostragem proporcional de cada uma, conforme Trochim (2001). Escolheram-se então, aleatoriamente, 66 casos dentro do universo, mas utilizando-se a proporção87 do número de profissionais de cada função (médicos, técnicos de raios X, enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos de radioterapia, técnicos de odontologia e físicos) em relação ao universo. Isso significa que não se podem fazer inferências para todo o universo (área de saúde) com base na teoria das probabilidades, mas apenas obter indicações sobre o mesmo, sem estabelecer quão bem esse foi representado.

Antes do envio do questionário para toda a amostra, realizou-se um pré-teste, com cerca de 10% do total de respondentes do questionário (137), a fim de verificar-se a adequação e entendimento das perguntas e linguagem utilizada. Solicitou-se aos respondentes do pré-teste que fizessem comentários sobre seu entendimento das questões, o que resultou em modificações principalmente nas referências às fontes de radiações (fontes ou aparelhos emissores de radiações) e na simplificação da redação de itens da terceira parte do questionário.

O questionário utilizado para coletar os dados foi dividido em duas seções estruturadas, com questões abertas e questões fechadas, abordando aspectos relativos ao perfil do respondente (primeira seção) e suas necessidades e comportamento em relação à informação sobre radiações (segunda seção).

A terceira seção é constituída por itens que abordaram a percepção dos respondentes em relação às suas atividades que utilizam aplicações das radiações, a partir dos quais foi construída uma escala de Likert para obter-se um índice de percepção de risco. As variáveis podem ser agrupadas dentro dos seguintes temas:

• primeira seção: perfis pessoal e profissional;

• segunda seção: instrução, treinamento, fontes de informação utilizadas e disponíveis, freqüência de utilização das fontes, interesse pela informação, tipo de informação mais procurada;

• terceira seção:

○ percepção das necessidades de informação relacionadas ao trabalho com radiação; ○ percepção de benefícios das atividades que envolvem radiações;

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Proporção de cada função = número de profissionais de uma função no universo considerado, dividido pelo tamanho desse universo. A amostra de 66 casos divididos por quotas ficou assim distribuída: 37 técnicos de raios x (56%), 16 médicos (23%), 9 técnicos auxiliar enfermagem (14%), 2 técnicos de odontologia (2,3%), 1 físico (1,3%), 1 enfermeiro (1,3%) e 1 técnico de radioterapia (2%).

○ percepção dos riscos das atividades que envolvem radiações;

○ confiança nos sistemas de perícia técnica relacionados diretamente ao trabalho; ○ preparo para situações críticas.

Para o segundo universo, os estudantes que freqüentam o CDTN – CNEN, considerou- se o período de um ano (2001) para obter-se um universo finito. Foi feita uma amostragem acidental (ou de conveniência) que não é tecnicamente probabilística, mas, tendo em vista que cerca de 65% do universo respondeu ao questionário88, considerou-se que inferências sobre o mesmo poderiam ser feitas sem grandes discrepâncias dos resultados que seriam obtidos com uma amostragem probabilística89. Contudo, não há nenhuma evidência de que os resultados obtidos possam ser generalizados para estudantes em geral.

A técnica de coleta de dados utilizada foi também o questionário, distribuído a 240 estudantes que o responderam durante sua visita ao CDTN.

Fez-se também um pré-teste do questionário, com cerca de 25 respondentes, que resultou na adequação da redação utilizada nas questões para melhorar o entendimento das mesmas.

O questionário foi dividido em três seções: duas estruturadas, com questões abertas e questões fechadas, abordando aspectos relativos ao perfil do estudante, suas necessidades e comportamento em relação à informação, e uma terceira seção, com itens abordando a atitude dos respondentes em relação à área das radiações ionizantes, a partir dos quais se construiu uma escala para obter-se um índice de percepção de risco. As variáveis podem ser agrupadas nos seguintes temas:

• primeira seção: perfil pessoal e instrução; • segunda seção:

○ interesse pela ciência e pela área das radiações; ○ conhecimento prévio sobre a área das radiações; ○ representações sobre a área das radiações; ○ fontes de informação sobre a ciência; ○ recursos informacionais disponíveis; • terceira seção:

○ confiança nos sistemas de perícia técnica da área das radiações;

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Visitaram o CDTN cerca de 370 estudantes, em 2001, dos quais, 240 responderam ao questionário. 89

○ percepção dos benefícios da utilização das radiações; ○ percepção dos riscos presentes na utilização das radiações; ○ necessidades de informação sobre a área das radiações;

○ avaliação da necessidade de participação pública nas decisões relacionadas à área; ○ comportamento em situações críticas.

Para esse público, investigou-se a relação causal entre informação e percepção de risco, na qual foi utilizado um planejamento quase-experimental, que, segundo Trochim (2001), corresponde ao planejamento em que se utilizam “programas” ou “tratamentos” cuja influência em alguma variável será verificada, mas no qual os grupos participantes não são selecionados aleatoriamente. Neste trabalho, utilizaram-se dois grupos:

• grupo de controle, que não recebeu nenhum “tratamento”; • grupo de teste, submetido ao “tratamento”.

Os componentes do grupo de teste e do grupo de controle não foram selecionados individual e aleatoriamente. Em função de dificuldades operacionais, foram selecionados, aleatoriamente, grupos (turmas) de estudantes para comporem os grupos de controle e teste90.

A variável informação foi utilizada como variável de intervenção para investigar-se a estrutura da percepção de risco.

Doravante, a menção a grupo de controle deve ser entendida como grupo de estudantes que não receberam informações sobre as radiações antes de responderem ao questionário. Em alguns pontos, referiu-se também ao grupo como antes da palestra, que é um dos dois valores da variável dicotômica época.

A menção a grupo de teste deve ser entendida como grupo de estudantes que receberam informações sobre tecnologia nuclear e aplicações das radiações ionizantes, antes de responderem ao questionário. Em alguns pontos referiu-se também ao grupo como depois da palestra que é o outro valor da variável dicotômica época.

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O primeiro tipo de planejamento é o experimental, na denominação utilizada por Trochim (2001), no qual há uma divisão da amostra em grupo de controle e grupo submetido ao “tratamento”, cujos componentes são escolhidos aleatoriamente para que fatores aleatórios tendam a se anular entre os grupos. O segundo planejamento descrito pelo autor é o quasi-experimental, no qual há a divisão em grupos, mas não é aleatória (ou não completamente aleatória) ou há múltiplas medições. O terceiro tipo de planejamento é denominado não experimental, no qual não há nem grupos distintos nem múltiplas medições (TROCHIM, 2001).