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Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento

informação e sociedade do conhecimento

2 Sociedade da informação e sociedade do conhecimento

2.1 Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento

 Antes de definirmos os termos sociedade da informação e sociedade do conhe- cimento, é interessante conhecermos os conceitos de dados, informação e co- nhecimento.

Segundo SETZER (2001), dado é:

[...] uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é um dado. De fato, as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um conjunto finito, pode por si só constituir uma base numérica (a base hexadecimal em- prega tradicionalmente, além dos 10 dígitos decimais, as letras de A a E). Também são dados fotos, figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quantificados a ponto de se ter eventualmente dificuldade de distinguir a sua reprodução, a partir da representação quantificada, com o original. É muito importante notar-se que, mesmo se incompreensível para o leitor, qualquer texto constitui um dado ou uma sequência de dados [...]

 Ainda segundo o autor, dado é uma entidade matemática puramente sin- tática, ou seja, os dados podem ser descritos por estruturas de representação.

 Assim sendo, podemos dizer que o computador é capaz de armazenar da- dos. Esses dados podem ser quantificados, conectados entre si e manipulados pelo Processamento de Dados.

Podemos definir dado também como unidades básicas a partir das quais as informações poderão ser elaboradas ou obtidas. São fatos brutos, ainda não organizados nem processados.

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[...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógi- ca ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”, “significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento in- tuitivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante” é um exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que “Paris” signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da frase queria referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva associada com essa palavra.

 Assim, a informação depende de algum tipo de relacionamento, avaliação ou interpretação dos dados.

 Veja também que informação e dado mantêm relações:

[...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto, o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente, a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos- sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris para Londres). Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a alteração foi puramente sintática, uma manipulação matemática de dados. Assim, não é possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado, usando-se por exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais informação [...].

Podemos agrupar dados isolados e torná-los consistentes ao se transfor- marem em informações. Por exemplo, se tivermos um conjunto de dados que descreva a temperatura do ambiente num local, horário e data, poderíamos ter a seguinte relação:

15h10 Em Ribeirão Preto, SP, no dia 3 de fevereiro, às 15h10 estava uma temperatura de 24o. 24o Ribeirão Preto/SP Entrada (dados) Saída (informações) Processamento Classificar  Filtrar  Organizar  3 de fevereiro

 Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen- tido” àqueles que o estiverem lendo. Isso os torna informação.

No entanto, a representação no computador é feita baseada nos dados. E como fica o conhecimento?

Caracterizo conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe- rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conhe- cimento de São Paulo somente se já visitou.

Dessa maneira, o conhecimento precisa ser descrito por informações.

[...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como o conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador. Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de conheci- mento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional base (ou banco) de dados”. Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo,reconhece a mãe, sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem informações, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]

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 A informação, segundo o autor, associa-se à semântica, enquanto o conhe- cimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real. Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimento? Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos?

O termo “sociedade da informação” surgiu na década de 1970, nos EUA e  Japão, a respeito do que seria a “sociedade pós-industrial” e quais seriam suas

características principais.

O conceito da sociedade da informação e do conhecimento também apare- ce com os evidentes avanços das tecnologias de informação e da comunicação. Uma das características mais marcantes desse conceito é a participação dos indivíduos e sua integração e adaptação às novas tecnologias. Portanto, como consequência, surge desse tipo de ambiente uma necessidade muito grande de desenvolver habilidades para controlar e armazenar dados, e a capacidade de criar combinações e aplicações da informação.

 A sociedade da informação e do conhecimento está baseada em uma rede dinâmica de relacionamentos na qual a compreensão e a intervenção humanas extrapolam o ambiente natural e cultural e entram no ambiente do ciberespaço. No ciberespaço, os relacionamentos sociais são ampliados e realizados por meio de vários recursos de tecnologia: imagem, som, vídeo etc. Mesmo distan- tes, os indivíduos são compensados com a rapidez da interação e da informa- ção em máquinas cada vez mais modernas e cheias de recursos. Atualmente, os

smartphones e tablets têm ampliado ainda mais o alcance da rede. Com esses

equipamentos móveis e a facilidade de acesso à Internet, os limites territoriais passam a não existir. Porém, o acesso às informações e a produção de conheci- mentos delimitam outro tipo de fronteira: a digital.

 As novas tecnologias fazem parte da nossa vida de uma maneira muito pre- sente tanto no campo individual quanto no campo da estrutura econômica e social. Como exemplo, o conhecimento é um fator de produção. Isso ocorre porque a automação fez com que a informação tenha sido transformada em matéria-prima no processo de produção e manufatura de bens e serviços. Nesse processo, a manipulação da informação ocorre por meio da inserção, remoção e atualização dos conteúdos para buscar resultados eficientes desse modo.

Portanto, observa-se que a qualificação não está mais limitada à execução de tarefas, pois isto foi automatizado, então novas capacidades e qualificações são exigidas da sociedade para a inserção de profissionais neste novo ambiente de produção. Neste novo ambiente, foram atribuídos outros valores às ideias e

sua concretização. O conceito de capital intelectual, da década de 1980, aparece como uma forma de mostrar e reforçar estes recursos intangíveis.

O capital intelectual pode ser quantificado e qualificado por meio do capital humano, o qual é medido por meio do nível de qualificação, de habilidades e conhecimentos e capacidade de geração de ideias de cada indivíduo.

 Assim, como consequência desse novo ambiente, as empresas perceberam a necessidade de valorização do capital humano porque as inovações não eram mais conseguidas por meio de equipamentos e de tecnologia, e sim por meio da capacidade e habilidade humanas de estruturar ideias e fabricar conhecimento.

Portanto, somente a tecnologia não garante a produção de informações e conhecimentos. Nesse novo contexto, existem múltiplas informações acessí-  veis em um curto período de tempo que, ao serem manipuladas e interpreta-

das, tendem a gerar conhecimentos.

Essa interpretação identifica as inter-relações do significado existente em cada informação e quais os impactos ao ambiente ela pode causar. As caracte- rísticas e necessidades da sociedade da informação mostram que na sua estru- tura existe além, do consumo de tecnologia, o acesso às novas formas de rela- cionamentos sociais e aos novos meios de produção.