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Definição dos objetivos de cuidados para a prestação de Cuidados Paliativos

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2.4 Definição dos objetivos de cuidados para a prestação de Cuidados Paliativos

Os programas de cuidados paliativos surgem em resposta ao crescente envelhecimento da população e realça-se o facto de cerca de 60% a 75% da população portuguesa falecerá depois de um período de doença crónica progressiva, que poderá abranger uma situação de doença avançada ou terminal. Neste contexto, o foco de intervenção dos cuidados paliativos torna-se o controlo de sintomas, a comunicação adequada, o apoio à família e o trabalho em equipa. Este novo conceito de cuidar vem alterar, ou melhor, propor alterações nos objetivos dos modelos de cuidar, para os quais as diversas organizações estavam vocacionadas quando atuavam perante doentes com doença avançada e terminal. Foram definidos modelos de atuação com doentes em fim de vida, inicialmente completamente desadequados em relação ao conceito e princípios éticos mais recentes e, na atualidade, modelos que se aproximam do paradigma atualmente preconizado, o modelo cooperativo com intervenção nas crises.

Por doença terminal entende-se aquela que é incurável e que está em forma avançada e em que, de forma realista, as respostas à terapia curativa são praticamente nulas. É uma situação que tem um impacto considerável, não só no doente, como na família e na equipa multidisciplinar. Salienta-se que um doente pode carecer de cuidados paliativos, por sofrimento marcado ou impossibilidade de cura, mas não estar ainda numa situação de doença terminal (Capelas & Neto, 2006). Nesta linha, os cuidados paliativos não se traduzem somente na fase de doença terminal, devendo dar resposta às necessidades sentidas e possuir determinadas características:

Ser integrais, totais e continuados, e terem em conta os aspetos físicos, emocionais, sociais e espirituais, controlando a dor e todos os sintomas geradores de sofrimento;

Afirmar a vida e considerar a morte com um processo natural, não atrasando nem antecipando;

Ter em conta que a unidade a cuidar é o doente e família, indissociáveis, sempre com uma abordagem sistémica;

Considerar que o conforto, a qualidade de vida, a promoção da dignidade e adaptação às perdas sentidas são objetivos nucleares da intervenção em cuidados paliativos, podendo desta forma influenciar positivamente o curso da doença, pelo que estes cuidados devem ser implementados precocemente, em conjugação com outras terapias vocacionadas para o aumento do tempo de vida; Admitir que os cuidados devem ser ativos, reabilitadores e promotores da autonomia, proporcionando um sistema de suporte que ajude os doentes a viver

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tão ativamente quanto possível até á morte (Gómez-Batiste, Porta, Tuca, & Stjernsward, 2005).

Nesta linha, e harmonizando com realidade da ECCI, o modelo de prestação mais adequado será o Modelo cooperativo com intervenção nas crises, onde existe uma permanente colaboração e articulação entre os dois tipos de intervenção (curativa e paliativa) desde o início da doença, sendo característica uma flexibilidade entre as duas vertentes (Gómez-Batiste, Porta, Tuca, & Stjernsward, 2005).

Partindo do modelo anteriormente definido, os objetivos terapêuticos vão-se alterando à medida da evolução da própria doença, consoante a enfase de cada opção terapêutica, sendo percetível um papel mais preponderante do tratamento de índole paliativo conforme a doença avança. Nesta fase, os objetivos terapêuticos estão dirigidos para a promoção do conforto do doente e sua família (Sancho, 1994).

Neste sentido, o principal objetivo da intervenção em cuidados paliativos na ECCI será “garantir a melhor qualidade de vida tanto para a pessoa em fim de vida como para seus familiares, postulam a qualidade do viver, em contraposição a uma quantidade do viver às custas do sofrimento, procuram dar suporte familiar, acompanhando-os no processo de luto após o óbito da pessoa doente (Cerqueira, A pessoa em fim de vida e família : o processo de cuidados face ao sofrimento, 2010, p. 50).

No âmbito dos cuidados continuados, e neste projeto, circunscrevemo-nos ao capo de ação dos cuidados paliativos prestados em ECCI, na adoção da filosofia base da prestação de cuidados continuados integrados, torna-se fundamental a definição dos objetivos terapêuticos a alcançar com a intervenção da equipa multidisciplinar em conjunto com a díade doente/família (Apêndice G). Este parâmetro é materializado através do PII (Apêndice H) que é definido pela UMCCI como o “conjunto de objetivos a atingir face às necessidades identificadas e das intervenções daí decorrentes, visando a recuperação global ou manutenção, tanto nos aspetos clínicos como sociais” (UMCCI, 2009). Torna-se igualmente relevante referir a importância de valorizar e figurar em destaque no PII o cuidador principal do doente e a sua rede de apoio sociofamiliar (UMCCI, 2010).

Restringindo-nos aos cuidados paliativos na ECCI, estes “pretendem o mesmo objetivo: ajudar os doentes no final da vida e para os quais já não existe o menor projeto curativo, o menor projeto para os tratar” (Abiven, 2001, p. 18). Tendo sempre em atenção a singularidade e particularidade com que cada situação deve ser encarada, podem-se definir os seguintes objetivos no contorno paliativo:

Avaliar as necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais admitidas na ECCI (através da Avaliação inicial multidisciplinar – Apêndice I);

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Promover e implementar estratégias, em equipa multidisciplinar, ao utente e sua família, com a intenção de proporcionar bem-estar e qualidade de vida até o fim da vida;

Estabelecer tratamentos farmacológicos e não farmacológicos destinados a proporcionar alívio da dor e outros sintomas do utente;

Implementar o PII com vista a orientação e apoio adequado do doente e sua família, no decurso da fase paliativa da doença;

Proporcionar suporte no período de luto, após o falecimento do utente, através da aplicação do Procedimento de intervenção no luto (Apêndice J);

Organizar e implementar medidas para prevenir os sintomas de exaustão no cuidador principal;

Na presente atividade desenvolvida pela ECCI, são estabelecidos objetivos a atingir, por meio da contratualização, com negociação prévia com o ACES, neste caso, de Viana do Castelo. Na tabela seguinte são explícitos os objetivos definidos para 2013 e os resultados alcançados em 2012.

Tabela 6 - Resultados de 2012 da ECCI e Parâmetros contratualizados para 2013

2012 2013

Alcançado Contratualizado % de utentes com a primeira visita domiciliária,

em equipa multidisciplinar nas primeiras 24h após a admissão

96,7% 95%

% de utentes acompanhados pela ECCI /

doentes referenciados pelo ACES 100% 90%

% pessoas com necessidades em Cuidados Paliativos

Não aplicável

Não aplicável

Taxa de ocupação da ECCI 46,5% 60%