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Elaboração do Procedimento de prevenção da Síndrome de Burnout nos profissionais

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AVALIAÇÃO E MELHORIA DA QUALIDADE

2.9 Elaboração do Procedimento de prevenção da Síndrome de Burnout nos profissionais

A Síndrome de Burnout é, nos nossos dias, um dos grandes problemas que afetam profissionais de diversas áreas. É pois, cada vez mais, um fator a ter em conta no rendimento global, tanto a nível individual como organizacional, decorrente das relações interpessoais de cada um dos indivíduos. Embora a Síndrome de Burnout primeiramente fosse vista como uma ocorrência em algumas profissões específicas, como é o caso da docência, com o disseminar do conceito, observou-se que não são apenas as atividades profissionais baseadas na relação de ajuda as potenciais sofredoras, mas sim, todas as que expõem os seus executores a elevados níveis de tensão e stress, particularmente as que têm contacto com pessoas.

De acordo com Moreira, Magnago, Sakae & Magajewski (2009) a proposta de Christina Maslach foi a de maior impacto e de aceitação académica, definindo o Burnout como uma síndrome de cansaço emocional, despersonalização e baixa realização pessoal, que pode ocorrer entre indivíduos cujo trabalho requer contacto com pessoas, principalmente quando essa atividade é considerada de ajuda. Nesta síndrome existem fatores que contribuem para que a exaustão do profissional ocorra com mais frequência e intensidade: a área interpessoal, onde não existem suportes significativos, que originam fragmentação das relações e o consequente isolamento social; a área intra- pessoal, onde os processos internos geradores de paz interior não existem, onde figura uma baixa autoestima e onde os méritos pessoais são quase inexistentes; a área da saúde física, que se caracteriza por um aumento da reatividade à pressão temporal, existindo um estado de ativação crónica (Bernardo, Rosado, & Salazar, 2006).

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Esta perturbação trás sinais físicos e psicológicos, principalmente quando o enquadramento é nos cuidados paliativos, pois estes profissionais são constantemente confrontados com fatores de stress, como a “comunicação de más notícias, a adaptação à inexistência de cura médica, a exposição repetida à morte de pessoas com as quais estabelecera uma relação, envolvimento em conflitos emocionais, absorção da cólera e da mágoa expressa pelo paciente e familiares, manter um papel obscuro na equipa de cuidados, idealismo pessoal, desafios ao sistema de crenças pessoal” (Twycross, 2001, p. 173).

De acordo com Bernardo, Rosado & Salazar (2006, p.477) os sinais físicos e psicológicos desta síndrome são os seguintes:

Sintomas Físicos

Comportamentos rápidos Respiração superficial Tiques rápidos

Movimentos repetitivos nervosos Tensão muscular Rigidez facial Perturbação do sono Alterações da concentração Stress Interpessoal Irritabilidade Dificuldade em relaxar Incapacidade para escutar

Impaciência para com o ritmo em que as coisas ocorrem

Capacidade de trabalho diminuída

Tentativa de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo

Obsessão com o tempo

Sentimentos crónicos de pressão temporal

Sensação de domínio pela tarefa que tem de ser executada

Alteração dos afetos Humor depressivo Exaustão emocional Relações sociais empobrecidas ou falta de amigos íntimos

De acordo com Cavaleiro (2010) existe significativo aumento de exaustão emocional nos profissionais que desempenham funções em cuidados paliativos, bem como uma reduzida realização pessoal. Este mesmo autor confirmou a hipótese que o

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Burnout afeta diferentemente os profissionais de saúde de acordo com as exigências emocionais colocadas pelas tarefas. Para além da componente emocional, pessoal e profissional, Bernardo, Rosado & Salazar (2006) afirmam a existência de uma relação entre o Burnout e a doença e, subsequentemente com menor produtividade, aumento do absentismo, dos acidentes de trabalho, dos erros de desempenho, com a invalidez, morte prematura e problemas familiares.

Vachon (2000) refere que para além dos traços pessoais do profissional de saúde, as características da organização do Serviço podem ser desencadeadoras da Síndrome de Burnout. Esta autora refere que o ambiente de trabalho e a presença de cuidadores informais nos utentes aos quais se prestam cuidados podem ser fontes de stress. A responsabilidade por pessoas é mais geradora de stress, quando em comparação com a responsabilidade por coisas.

Para se proceder à avaliação da Síndrome de Burnout pode-se recorrer ao Maslach Inventory Burnout (MIB) sendo a escala de avaliação mais popularmente utilizada. Atualmente existem três versões da MIB, de acordo com a área profissional em que é aplicada: uma versão para profissionais na área da saúde, uma versão para o contexto educacional e uma versão adaptada à população trabalhadora em geral. Todas as versões têm uma estrutura tri-factorial, de acordo com a concetualização de Burnout proposta por Maslach. Esta é uma escala de autoavaliação, do tipo Likert, em que é pedido ao profissional, que em sete possibilidades (0/nunca a 6/sempre), avalie a frequência com que experiencia um conjunto de sentimentos ou atitudes expressos em 22 itens. A MIB divide-se em três subescalas: a subescala da exaustão emocional é composta por nove itens; a subescala da realização pessoal é composta por oito itens e a subescala da despersonalização é composta por cinco itens. A presença de Burnout reflete-se numa pontuação elevada nas subescalas exaustão emocional e despersonalização e uma pontuação baixa na subescala realização pessoal.

Mediante todas estas consequências e características torna-se importante e obrigatório delinear estratégias de prevenção para implementação na ECCI (Apêndice Y). Desta forma, foi elaborado e negociado com a equipa a elaboração do procedimento de prevenção da síndrome de Burnout (Apêndice V). A Equipa acolheu com recetividade a finalidade de um plano deste género, até porque será algo pioneiro naquela Equipa. Desta forma, foram discutidas algumas estratégias de autocuidados para a Equipa no sentido de manter e promover o espírito de equipa e foram propostas atividades em contacto com a natureza, como forma de fortalecimento das relações interpessoais fora do local de trabalho, conciliando o bem-estar físico e emocional.

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