• Nenhum resultado encontrado

CIVIL LIABILITY IN PARENTAL EFFECTIVE ABANDONMENT

2 FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

2.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS

A Responsabilidade Civil, quando conceituada, explana quais são os deveres inerentes ao indivíduo quanto a conduta correta diante das situações em que ele

deva agir corretamente e com responsabilidade em suas relações interpessoais e sociais.

Historicamente, a origem da Responsabilidade Civil surgiu no Direito Romano e por ele se respaldou a noção básica sobre o delito: “o delictum é um ato antijurídico do homem, prejudicial a outrem e punível” (CRETELLA JÚNIOR, 1998, p. 301).

Segundo Cretella Júnior (1998), a primeira ideia inserida na sociedade era a da “vingança privada”, onde a vítima ou seus parentes procuravam retribuir o mal pelo mal, sem nenhum regulamento. Esta ação foi substituída à pena de Talião, também conhecida como “olho por olho”, mantendo a punição do mal pelo mal. Posteriormente, o castigo alcançou o auto do delito e buscou-se uma proporção segura entre a ofensa e o castigo, passando a ser regulamentada a permissividade da vingança.

Gonçalves (2012) fundamenta a palavra “responsabilidade” de acordo com dois principais conceitos: o primeiro, apoiando-se na palavra respondere, que significa segurança ou garantia de restituição, e o segundo em conformidade com a compensação do bem sacrificado, recomposição, obrigação de restituir ou ressarcir. Estas duas esferas vêm respaldadas na doutrina do livre-arbítrio e motivações psicológicas e têm como principal norteador a ideia da responsabilidade em âmbito social, ou seja, a responsabilidade é a expressão de ideias de restauração e equilíbrio, assim como contraprestação e reparações de danos.

O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, pois a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos (GONÇALVES, 2012, p. 20).

O conceito sobre a responsabilidade civil explana-se, principalmente e primordialmente à condição do restaurar de seu statu quo ante, assim comentado:

Para efeito de punição ou da reparação, isto é, para aplicar uma ou outra forma de restauração da ordem social é que se distingue: a sociedade toma à sua conta aquilo que a atinge diretamente, deixando ao particular a ação para restabelecer-se, à custa do ofensor, no statu quo anterior à ofensa. Deixa, não porque se não impressione com ele, mas porque o Estado ainda mantém um regime político que explica a sua não intervenção. Restabelecida a vítima na situação anterior, está desfeito o desequilíbrio experimentado (DIAS, 1997, p. 23).

Rodrigues (1996) define a Responsabilidade Civil como a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por ela mesma ou por fatores inerentes ou dependentes dela.

A responsabilidade civil está respaldada e consagrada no Código Civil de 2002, especificamente no art. 186, que em resumidas palavras, salienta que todo aquele que causa dano a outrem se vê obrigado a repará-lo de acordo com a responsabilidade aquiliana, que diz “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ” (BRASIL, 2002).

Também, o art. 927 do Código Civil que diz: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” (BRASIL, 2002) e continuado pela disposição de seu Parágrafo Único “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem” (BRASIL, 2002), reforça em sua descrição a ideia do dano a outrem seguido da obrigação do reparo, continuado pela disposição de seu parágrafo único “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem” (BRASIL, 2002).

Conceitualmente e de acordo com Gonçalves (2012, p. 23), a responsabilidade civil subdivide-se em quatro elementos essenciais: ação ou omissão, a culpa ou dolo do agente, dano experimentado pela vítima e relação de nexo causal:

a) Ação ou Omissão: Independente do agente refere-se à ação ou omissão que tenha transmitido dano a outrem, podendo estar ligada ao ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a guarda do agente ou de danos gerados por coisas e animais que lhe pertençam;

b) Culpa ou dolo do agente: Segue a partir da menção da ação “causar” que, se acompanhada de dano sem a intervenção do agente, acaba que por não existir sem a causalidade, abstendo-se assim da obrigação de indenizar.

c) Dano: O vínculo entre a prova do dano e o relato deste fato estão relacionados à responsabilização civil por esta ação, seja em dano material ou moral.

d) Relação de Causalidade: O nexo causal é decorrente das leis naturais, ou seja, é o vínculo ou a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. Esta relação liga o dano ao responsável pela atividade, e por assim ser, gera o dever de indenizar, caso seja

possível determinar o nexo causal entre aquele que cometeu o dano e aquele que sofreu as consequências.

O Código Civil de 2002 dedicou à Responsabilidade Civil um capítulo único e autônomo, onde manteve alguns dispositivos e corrigiu outros em suas redações, não vindo muito a inovar em seu contexto geral, e neste âmbito, Gonçalves (2012) acrescenta que, na mais atual versão, omitiu-se a oportunidade da extensão e feituras de contornos relativos a danos morais, assim como a ênfase a respeito da disciplina da liquidação, prevendo alguns parâmetros básicos norteadores de decisões ambíguas, vindo a acarretar na decorrente e tão conhecida jurisprudência.

Nogueira (1994) explica que em tempos atuais, a Responsabilidade Civil transige-se à restauração do equilíbrio moral e patrimonial desfeito e à realocação de bens em acordo com os enunciados jurídicos e legais, tutelando a autenticidade de um bem, dentro de suas funções atuais e futuras, a um determinado agente.

Sendo assim, atribui-se à Responsabilidade Civil o mesmo encargo pelo qual fora fundada e que perdura até a atualidade, restabelecer as condições originais do indivíduo, não lesando o mesmo em nenhuma natureza.