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TAX EXEMPTION ON AREAS OF ENVIRONMENTAL IMPORTANCE AND POSSIBILITY OF PAYMENT FOR THESE ENVIRONMENTAL SERVICES

1.1 Imposto Territorial Rural

Existem muitas criticas quanto à efetividade da função fiscal do ITR, bem como à sua missão extrafiscal de combate a latifúndios improdutivos. Não temos como foco discorrer sobre estes aspectos, e não abordaremos de forma especifica valores e formas de cobrança de tal tributo.

O objetivo deste estudo é demostrar a possibilidade do Estado em compensar os produtores rurais pela não utilização de áreas agricultável de seu imóvel em prol da proteção ambiental, dentre uma das ferramentas para essa compensação, já pacificado está à isenção do ITR de determinadas áreas, como maneira de estimular a preservação e recuperação ambiental, tal compensação vai ao encontro do estabelecido no artigo 225 da CF, que define:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988, web).

Todavia é necessário discorrer sobre o ITR, para compreender quanto à viabilidade desta isenção e pertinência do assunto, assim iniciamos sua analise com a redação do artigo 1° da lei 9.393/96:

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. (BRASIL, 1996, web).

Gonçalves, conceitua o ITR como:

Imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência privativa da União, de incidência anual, específica sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem, imóvel por natureza, localizado na zona rural; está tal imposto sujeito aos princípios constitucionais tributários e às limitações impostas ao poder de tributar. (GONÇALVES, 2001, p. 1048).

O fato gerador do ITR previsto no Art. 153, VI § 4° da CF, e arts. 29 a 31 do CTN é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município. A distinção de imóvel rural e urbano, para efeito de tributação, está prevista no art. 32 §§ 1° e 2°, do CTN – Lei 5.172/66.” (BORBA 2007, p. 136 – 137).

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água;

III - sistema de esgotos sanitários;

IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;

V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. (BRASIL, 1966, web).

O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial 1.112.646/SP, acórdão 1032974-50.2019.8.26.0053 em 16 de janeiro de 2020 não enxergou tal regra como absoluta. Sendo admissível existir um imóvel localizado em área urbana, que tenha dois ou mais aspectos citados, mas mesmo assim não seja propício a incidir o IPTU municipal, caso comprovado à exploração agropecuária ou agroindustrial, sobre este deverá sobressair o ITR, devido à função agrícola do imóvel. (SANTOS, 2020, web).

Neste mesmo sentido, entendo pelo conceito de imóvel rural aquele que tem destinação agrícola, aplicando-se assim a chamada “teoria da destinação” é o entendimento do Artigo 15 do DL 57/66, ainda vigente:

O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados. (BRASIL, DL57/66, web).

O ITR é um tributo de competência exclusiva da União, sendo facultado aos municípios à fiscalização e cobrança, tendo como fato gerador o domínio útil ou a posse do imóvel, independente da localização do imóvel, desde que seja destinado a atividade agropecuária, sendo contribuinte do imposto o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título (art. 4° lei 9.393/96).

Esta competência está fundamentada no artigo 153, VI, da Constituição Federal de 1988:

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) VI - propriedade territorial rural; (...)

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.” (BRASIL, 1988, web).

Conforme disposto no inciso III supracitado, uma vez que o município opte por cobrar o ITR, esse fara jus a totalidade do produto arrecado nos termos do artigo 157 da Constituição Federal:

Art. 157 - Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: (...). II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; (BRASIL, 1988, web).

Historicamente no Brasil, desde a Constituição da República de 1891, legitimou-se aos Estados tributar a propriedade de imóveis rurais e urbanos, fato que permaneceu até a Constituição de 1946. (BARROS, 2002, p. 91). Posteriormente, com a Emenda Constitucional n.º 10 de 10.11.1964, o imposto territorial rural passou a ser de competência da União.

Com a edição do Estatuto da Terra Lei 4.504/64, surgem novas discussões sobre o ITR e sua função, buscando uma forma de desestimular aqueles que no exercício do uso da propriedade não observarem sua função social e econômica, estimular a racionalização da atividade agropecuária dentro dos princípios de conservação dos recursos naturais renováveis, proporcionar recursos à União, aos Estados e Municípios para financiar os projetos de Reforma Agrária além de aperfeiçoar os sistemas de controle de arrecadação dos impostos, conforme disposto no artigo 47, incisos I, II, III, IV. (BRASIL, 1964, web).

Para Francisco e Pellegrina, com a edição do Estatuto da terra houve a necessidade de mudar a função social desse imposto:

Pretendeu-se transformar tal imposto em um instrumento de promoção das políticas agrária e agrícola, estabelecendo contextos complexos de progressividade e regressividade em função da dimensão do imóvel, do valor da terra nua, do grau de utilização da terra, do grau de eficiência da exploração, da eficiência, da área rural no país dos imóveis rurais pertencentes ao mesmo proprietário. (FRANCISCO, 2011, p. 500-501).

As normas gerais aplicáveis ao ITR encontram-se nos artigos 29 ao 31 do Código Tributário Nacional Lei 5.172/66:

Art. 29. O imposto, de competência da união, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.

Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. (BRASIL, 1966, web).

Nos próximos tópicos citaremos sobre a isenção garantida pela legislação brasileira sobre espaços de relevância ambiental em imóveis rurais.