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Definição e estruturação dos corredores

2.2 Corredores: ecológicos ou não

2.2.1 Definição e estruturação dos corredores

Corredores ecológicos terrestres são, geralmente, definidos em duas maneiras: funcionalmente, como uma área usada por animais para passar de um fragmento de habitat para o outro, ou estruturalmente, como uma área que conecta dois fragmentos de habitats apropriados que passa por uma matriz de habitats inapropriados ou inadequados ao estabelecimento de certas espécies (HILTY et al., 2006 apud CARO et al., 2009, p. 2807; FORMAN; R. T. T.; GODRON, M., 1986; FORMAN, 1995).

Segundo Morera et al. (2007), os corredores são estruturas entre reservas grandes e nodais, permitindo um ritmo alto de dispersão de espécies e gerando condições adequadas (com poucas restrições) para o funcionamento ideal dos processos ecológicos. Estes se formam por ecossistemas naturais ou fragmentos remanescentes, cujas estruturas paisagísticas têm formas lineares, alongadas, estreitas e irregulares, funcionando como habitats permanentes ou temporários, cuja conexão permite o fluxo de espécies (MORERA et al., 2007, p. 23).

Autores como Bohrer e Dutra (2009) e Forman e Godron (1986) definem os corredores ecológicos como faixas estreitas de terra, ou aqueles elementos lineares da paisagem, cuja fisionomia difere em ambos os lados de sua matriz. Estes podem aparecer naturais, como rios, trilhas de pisoteio animal, matas ciliares, ou culturais/ artificiais, tais como estradas, canteiros, linhas de energia, trilhas de lazer humano. Na maioria dos casos, esses elementos são organizados em redes e sua linearidade confere-lhes um papel particular na circulação dos fluxos de matéria, energia, espécies e informação (MORERA et al., 2007, p. 23 et seq.).

Os corredores se conectam a outros fragmentos através da similaridade de suas vegetações, de alguma maneira. Assim, uma fileira de cercas-vivas, por exemplo, pode estar completamente rodeada por uma área aberta, mas o mais comum é que esteja conectada a uma área florestal, pelo menos em uma extremidade. Da maneira parecida, fios de alta tensão, que se interligam de poste a outro, geram corredores que conectam espaços abertos, assim como estradas e rodovias nascem e desembocam em áreas construídas (ibid., p. 24).

Atributos como a largura, a conexão física, a curvilinearidade, o caráter de barreiras e de nós (como fragmentos se entrelaçam), a conexão dos fluxos de energia, matéria, espécies e informação são atributos que controlam a funcionalidade das redes de corredores. Entretanto, alguns autores consideram que os corredores apresentam uma função dupla na paisagem, já que a divide, mas, ao mesmo tempo, a conecta (FORMAN, 1997 apud MORERA et al., 2007, p. 24), montando, de algum modo, uma rede de paisagens, formando mosaicos paisagísticos que adquirem importantes funções de interconexões ecológicas.

Estas funções de interconexão podem ser categorizadas em unidirecionais, bidirecionais, no caso da conexão de dois fragmentos semelhantes na composição de espécies ou multidirecionais, quando a rede é composta por territórios nodais, por fragmentos tipo corredor. Nas multidirecionais, o movimento e o transporte podem ser afetados em qualquer direção. No entanto, suas capacidades funcionais serão menores se a matriz for muito distinta, como, por exemplo, casos de um rio que atravessa uma cidade em contraste com um que atravesse um bosque (FORMAN, 1997 apud MORERA et al., 2007, p. 25).

A dinâmica das espécies do corredor, ou seja, a direção e a taxa de mudança das espécies variam no tempo de acordo com sua origem e, assim, a estabilidade de um corredor está diretamente associada aos mecanismos formadores deste. Por exemplo, um corredor ripário é relativamente permanente, enquanto que um corredor perturbado, como o caso de uma linha apurada para o transporte de madeira dentro de um bosque, é temporário, dado que a vegetação se regenere depois da cessão da atividade (FORMAN, R. T. T.; GODRON, M., 1986, p. 26).

Forman (1995, p. 146 et seq.) propõe um modelo de estrutura interna e externa para um corredor de insetos e considera que, se se leva em conta espécies maiores ou menores, esses atributos e suas importâncias são essencialmente os mesmos, o que varia é a altura do corredor de vegetação, mais baixo ou mais alto do que os ecossistemas adjacentes. No entanto, quantitativamente, a diferença relativa na altura da vegetação entre corredor e matriz afeta o grau e as direções das interações entre eles.

Neste modelo, três características estruturais de corredores são observadas: a) características de largura incluem um gradiente ambiental íngreme de um lado para o outro lado, duas bordas que geralmente são diferentes e os efeitos dos ecossistemas de cada lado do corredor, portanto, também podem diferir;

b) a porção central do corredor pode incluir uma entidade interna distintiva, como um rio, uma estrada, um caminho, uma vala ou um banco de solo, ou em um corredor largo, um ambiente interior deve estar presente (FORMAN, 1995, p. 147).

– é importante salientar que a largura destes corredores varia de acordo com a largura desta entidade interna, como, por exemplo, numa comparação de rios de primeira ordem com os de terceira ordem: as larguras da borda dos corredores hão de ser maiores nos de terceira ou a ordem maior (ibid., p. 244);

c) características de comunidades vegetais e animais incluem estrutura vertical, riqueza de espécies, composição e abundâncias.

– ou seja, a largura e a presença de uma entidade interna, ou um ambiente interior, são “chaves espaciais variáveis” que controlam as funções do corredor.

Forman (op. cit., p. 147) justifica que, quando os corredores são observados por uma vista aérea, pode-se destacar que os atributos estruturais externos destes não são apenas formas, mas, principalmente, suas interações com a matriz adjacente, fragmentos ou manchas e condições ambientais. Essas interações também dependem do comprimento destes corredores e, este, seria a terceira dimensão das chaves espaciais variáveis na estrutura de um corredor.

Nessa terceira dimensão de um corredor, os atributos estruturais chave são o comprimento, a curvilinearidade, o alinhamento relativo à rota da entidade interna e a presença de fragmentação ou um gradiente ambiental ao longo do corredor. A largura e a conectividade são ligadas a partir dessa vantagem de comprimento. A largura, normalmente, varia ao longo do comprimento do corredor, que, por sua vez, podem incluir partes mais estreitas ou falhas. Essas falhas, também chamadas de quebras, determinam a conectividade de um corredor. A conectividade e a adequação de áreas do entorno de falhas são também consideradas chaves para o funcionamento do corredor (ibidem).