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Os fragmentos também são uma estrutura classificada da Ecologia da Paisagem e seu número tem aumentado a cada ano e o tamanho tem diminuído em ambientes rurais, urbanos ou naturais, devido à expansão civil, exploração de madeira e, principalmente, expansão da agropecuária, que é um dos fatores principais para o declínio da diversidade biológica. Esse processo é chamado de fragmentação florestal, que pode isolar populações impendo o fluxo entre fragmentos. Neste processo, considera-se como parâmetros importantes à conservação da biodiversidade em fragmentos, se não for possível a conexão de modo algum entre eles.

Um desses parâmetros seria a frequência, assim como a proximidade entre estes, favorecendo a manutenção de grandes populações, como polinizadores - grandes responsáveis pela conservação dos ciclos biológicos - através da diversificação maior de recursos ao longo do ano -, tendo contato com mais de dois fragmentos. Outro parâmetro interessante é o formato dos fragmentos, que, quando considerados os efeitos de borda, fazem uma grande diferença no comportamento de indivíduos, estabelecimento de espécies, sendo ser fator determinante para a presença de espécies exclusivistas tanto da flora como da fauna.

Além da proximidade e formato dos fragmentos, quanto maiores eles forem, maior sucesso obtêm na conservação da biodiversidade, ou seja, o tamanho

influencia da riqueza de espécies do ecossistema, desde que tenham formatos mais arredondados possíveis. Um dos parâmetros principais para o sucesso do fragmento como ecossistema também é sua origem, que explica sua composição, sendo que, se houverem espécies exóticas ou invasoras nestes, tornam-se perigosos para a biodiversidade no fragmento em que está presente a espécie e nos vizinhos.

Para o entendimento dos fragmentos, há uma padronização em relação as suas tipologias. Eles podem ser classificados quanto à sua origem, forma, podendo acrescentar parâmetros como de circularidade destes, quanto as suas disposições espaciais na paisagem, levando em consideração a proximidade entre eles.

Segundo Forman e Godron (1986, p. 16), como base da Ecologia da Paisagem, os fragmentos são classificados quanto as suas origens como:

a) Perturbados (Disturbance patches): foram originadas através de diversos tipos de perturbações como: pastoreio excessivo, exploração florestal, queimadas, tempestades, deslizamentos, minas irregulares e outros;

b) Remanescentes (Remnant patches): são manchas de habitats que sobreviveram à perturbação, sendo fragmentadas em torno de uma pequena área fragmento, tornando essas áreas parte de uma matriz perturbada. Assim é um fragmento reminiscente de uma comunidade anterior à interferência na flora e/ou fauna, que permaneceu na matriz que foi perturbada;

c) Regenerados (Regeneration patches): uma seção integrada a uma área de perturbação esporádica que se liberta desta, sendo possível sua recuperação;

d) de Recurso Ambiental (Environmental resource patches): são manchas que, em vez de perturbarem, podem estabilizar habitats através da sua estabilidade, constituindo áreas de colonização e manutenção de espécies;

e) Introduzidas (Introduced patches): quando são introduzidos organismos exóticos por intervenção antrópica, como plantas, animais, usos, o próprio homem. Podem ser plantadas (agropecuária, silvicultura ou ajardinamento) ou construída (casas e habitações), ocorrendo a eliminação total do ecossistema, na maioria das vezes;

f) Efêmeras (Ephemeral patches): manchas que se concentram sazonalmente ou em eventos únicos, podendo ser de espécies vegetais e/ou animais como em: migrações, florações, desmatamentos e outros.

Forman (1999, p. 117) avançou na classificação da tipologia dos fragmentos em relação aos seus formatos e configurações segundo a origem:

a) Curvilíneas ou em formato de amebas: representam os fragmentos naturais;

b) Geométricas: de origem humana, sendo que o alongamento e a convolução são os dois eixos principais (como x e y) para a classificação da forma desses fragmentos.

Jim (1989, p. 216) classificou os fragmentos através do formato considerando a diferença entre eles um número cardinal, identificando assim três tipificações: isolados, lineares ou conectados. Estes podem ser classificados quanto as suas configurações espaciais tanto em ambientes urbanos quanto rurais se considerar as lacunas brancas como ambientes agrossilvopastoris (Fig. 1).

Figura 1 - Classificação da disposição dos fragmentos segundo suas configurações espaciais. Fonte: Jim (1989, p. 218).

Segundo o autor, os fragmentos “isolados” são aqueles em que, inclusos em uma matriz impermeável, podem estar: “dispersos”, apresentando pequenos fragmentos isolados, “agrupados” em pequenos grupos isolados, ou “agregados”, quando fragmentos um pouco maiores que os agrupados ainda se encontram isolados na matriz. Quando há certo direcionamento na disposição das árvores justapostas nos fragmentos, estes são fragmentos de tipologia “linear”. Podem estar alinhadas em calçadas ou lotes - ou até mesmo dividindo diferentes tipos de plantações na área rural - classificando-os como “retilíneos”, acompanhando cursos d‟água naturais ou não, classificando-os como “curvilíneos” ou quando há fragmentos dispostos continuamente no entorno de morros desmatados seja pelo uso agrossilvopastoril ou urbano, são chamados de “anelares”.

Estranho se citar uma tipologia de fragmento como “conectados”, porém, deve-se observar a escala de observação destes, ou seja, quando em pequena escala não parecem ser fragmentos reais com interferências antrópicas por todos os lados, porém, em grandes escalas, assim são definidos. Estes podem estar associados a remanescentes de biomas ou agrupamentos de mata ripária não interferida pelo homem, classificados como “reticulados”. Também podem formar uma continuidade somente de copas de árvores de maior porte, mesmo situadas em lotes separados, onde se apresenta mais de 50% de cobertura florestal na área analisada, chamam-se “ramificados”. Quando áreas florestais possuem pouco avanço de uso do solo humano, com mais de 75% da área com cobertura arbórea, são chamados de fragmentos “contínuos”.

Essa classificação, portanto, também pode ser aplicada aos trampolins ecológicos, já que são fragmentos que funcionam como pontos de ligação. Eles podem facilitar o fluxo de espécies entre duas áreas-fonte, outras vezes entre fragmentos e área-fonte e, se o grau de fragmentação estiver mais avançado, somente entre fragmentos (Fig. 2).

Figura 2 - Tipos de conectividade que os trampolins ecológicos podem motivar. Fonte: Elaborado pela autora.

Em estudo realizado em área de Mata Atlântica Costeira no Brasil, Kolb (1997) verificou qual era a funcionalidade dos trampolins ecológicos com vegetação secundária para o estabelecimento de florestas maiores. Neste, observou-se que a regeneração é dificultada em pastagens, devido à pobreza do solo, gerando insucesso na germinação, e também à escassez de entrada de sementes. Assim,

vantagens como enriquecimento do solo e o favorecimento da chegada de sementes seriam trazidas pelo estabelecimento de trampolins de vegetação secundária, pois polinizadores e dispersores de sementes por zoocoria poderiam utilizar estes locais como abrigo temporário.

Outras conclusões do estudo da autora foram:

a) em relação ao tamanho: quanto maior o trampolim, maior o sucesso de germinação;

b) em relação à composição: quanto maior a produção de frutos no trampolim, maior a chegada de sementes;

c) em relação ao isolamento: quanto maior o isolamento dos trampolins, menor chegada de sementes.

Portanto, as ilhas de mata secundárias nas áreas de pastagem entre dois fragmentos grandes de Mata Atlântica, poderiam ter uma área maior isolada e atuar como núcleos de regeneração. Esses resultados podem ser aproveitados para a silvicultura, pois, se houver planejamento anterior ao desmatamento para o plantio exótico, deixando pequenas ilhas de ecossistemas naturais, a regeneração pode ser mais provável do que nos dias atuais, em que solos inférteis distantes das áreas- fonte são deixados pelos empresários desta cultura.

2.4 Intervenções estruturais em rodovias como medidas mitigadoras à