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Definições e Características do Empreendedor

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CAPÍTULO I: Os Pequenos Negócios

1.1. Notas sobre Empreendedorismo e Empreendedores

1.1.2. Definições e Características do Empreendedor

A palavra empreendedor tem origem na língua francesa, havendo registros de sua utilização desde o século XII. O termo assumiu diversos sentidos ao longo do tempo, até ser finalmente utilizado, no século XVII para designar a pessoa que firmava com o governo um acordo contratual de valor fixo, no qual havia o comprometimento de se desempenhar um serviço ou fornecer produtos predeterminados, recebendo por isso todo o lucro possível e assumindo o risco de qualquer prejuízo (HISRICH; PETERS, 2004), ou seja, alguém disposto a arriscar sua vida em função de um objetivo.

A partir de então, a variável “risco” tornou-se cada vez mais atrelada ao conceito de empreendedor. Já no início do século XVII o empreendedor passou a ser compreendido como uma pessoa que naturalmente assume riscos ou que está, de alguma maneira, envolvida com situações de risco (LANDSTRÖM, 2005). Tal aspecto semântico se mantém agregado ao significado da palavra até os dias de hoje, quando a característica de se assumir riscos calculados tem sido largamente atribuída aos empreendedores.

Dolabela (2008a) acrescenta que o significado da palavra é entendido de acordo com o contexto histórico no qual se está inserido. Segundo ele, até o século XVII, empreender significava a firme decisão de se fazer algo, a partir do o século XVIII, ao termo

empreendedor foi acrescentada a característica de pessoa que cria e conduz novos projetos e empreendimentos, e atualmente, o empreendedor é alguém que, além de criar ou adquirir uma empresa, introduz inovações ao negócio, o que seria o grande ponto de diferenciação entre o verdadeiro empreendedor e os demais proprietários de negócios.

Para Zen e Fracasso (2008, p.2),

com o passar dos anos, as revoluções tecnológicas e sociais impactaram também na formação do empreendedor, tornando-se um termo utilizado de maneira ampla, que abrange desde uma ação individual orientada para o lucro econômico até ações coletivas que busca a redução da desigualdade social. Sendo assim, [...] o empreendedor refere-se a um termo dinâmico e multifaceado, influenciado por revoluções tecnológicas e sociais. Desse modo, a ação empreendedora estará fortemente relacionada ao contexto social e tecnológico no qual o empreendedor se insere.

Schumpeter (1975), um dos pioneiros no estudo do tema, conceitua o empreendedor como alguém que transforma a ordem econômica existente a partir da introdução de novos produtos e serviços, da criação de novas formas de organização e/ou da exploração de novos recursos materiais. Além disso, enfatiza a importância do empreendedorismo para o fomento de mudanças econômicas e para a geração de empregos, vincula fortemente o empreendedorismo à inovação e julga que a capacidade criativa dos empreendedores é essencial às mudanças socioeconômicas, uma vez que é a mola propulsora da inovação (SCHUMPETER, 1982), acrescentando que o empreendedor é um líder econômico, encarregado de viabilizar novas possibilidades de produção (SCHUMPETER, 1989).

O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias (SCHUMPETER, 1968, p.157).

Na concepção de Stevenson e Gumpert (1985), o empreendedor figura como um gestor ou administrador orientado para a mudança, a inovação e a identificação de oportunidades. Slevin e Covin (1990), por sua vez, destacam que são características comuns a todos os empreendedores a habilidade em lidar com o risco e a proatividade.

De acordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p.37):

os empreendedores são conhecidos por seus fortes valores e aspirações profissionais, suas longas jornadas de trabalho e seu estilo administrativo dominante. Os empreendedores tendem a se apaixonar pela organização e sacrificarão quase tudo para garantir sua sobrevivência.

Chiavenato e Sapiro (2003) definem o empreendedor como uma pessoa que cria um negócio ou inicia um novo projeto a partir da percepção e exploração de uma oportunidade, o gerenciando e assumindo os riscos e responsabilidades inerentes ao empreendimento, além de

preocupar-se constantemente com a inovação. Os pesquisadores argumentam ainda que os empreendedores podem ser identificados a partir de três características comuns: a imensa necessidade de realização que têm, sua grande disposição para assumir riscos, e um alto grau de autoconfiança que apresentam.

Filion (1999b, p.19) entende que:

o empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação continuará a desempenhar seu papel de empreendedor. Resumindo: O empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.

Dornelas (2003, p.61) afirma que o "empreendedor tem algo mais, algumas características e atitudes que o diferenciam do administrador tradicional", e o caracteriza como uma pessoa ousada, criativa e visionária, que além de estar atenta às oportunidades e ao futuro, e não se preocupa demasiadamente com os lucros, porque compreende que, ao empregar todos os seus esforços no sucesso do negócio, os lucros serão a consequência natural do processo.

Essas pessoas que estão por trás do movimento empreendedor ‘são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado’ (DORNELAS, 2003. p.19).

Drucker (2002), estudioso de renome nos estudos da Administração, entende os empreendedores como indivíduos que, sempre buscando a mudança, dão início a seu próprio, novo e pequeno negócio, recriando a forma de fazer, agregando valor ao negócio e agregando um novo conceito ao produto ou serviço oferecido, afirmando que "eles criam algo novo, algo diferente, eles mudam ou transformam valores". Segundo o pesquisador:

a inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente. (...) Os empreendedores precisam buscar, com propósito deliberado, as fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas que indicam oportunidades para que uma inovação tenha êxito (DRUCKER, 2008, p.25).

Say (1983) considerou o empreendedor como um agente de mudanças que se destaca dos demais empresários por ser muito inteligente, prudente, metódico, além de ser capaz de avaliar adequadamente a demanda do mercado e as possibilidades de produção.

É preciso comprar ou fazer comprar matérias-primas, reunir operários, procurar consumidores, ter espírito de ordem e de economia; numa palavra, é preciso ter o talento de administrar. É necessário ter uma cabeça acostumada ao cálculo, capaz de comparar os custos de produção com o valor que o produto terá quando posto à venda. No curso de tantas operações, há obstáculos a superar, inquietudes a vencer, acidentes a reparar e expedientes a inventar. As pessoas em quem não se encontram reunidas as qualidades necessárias promovem empresas com pouco êxito (Say, 1983, p.312).

Assim como Say (1983), que traz à tona a preocupação com as características necessárias aos empreendedores, muitos outros autores dedicam-se a tentar compreender os traços de personalidade indispensáveis e/ou comuns desses indivíduos, motivo pelo qual, atualmente, os estudos voltados a identificar e analisar as características dos empreendedores estão entre os principais tópicos abordados pela pesquisa na área.

Wu (1989) e Hamilton (2000) chamam a atenção para uma característica singular dos empreendedores conhecida como necessidade de independência, que explicam ser um aspecto da personalidade que leva as pessoas a terem preferência por ações que possam desenvolver sozinhas e por decisões que não dependam do envolvimento de ninguém, o que justifica, nos empreendedores, a propensão a seguir o seu próprio julgamento, a investir no autoemprego.

Para Wooten, Timmerman e Folger (1999), assim como Vesalainen e Pihkala (1999), acreditam que a necessidade de independência é o principal fator de influência no momento da decisão de explorar oportunidades, entretanto, Shane (2008) alerta que pessoas com elevado desejo de independência podem incorrer em baixo índice de desempenho, visto que, além de limitar a capacidade dos empreendedores de estabelecer laços com clientes, fornecedores, funcionários e acionistas, tal característica, de certa forma, também os impede de participar de atividades de organização ou aquisição de recursos, necessárias para desenvolver novos negócios, o que, conforme reforçam Cooper, Dunkelberg e Woo (1988), pode levar a um crescimento mais lento do negócio.

Barrick e Mount (1991) empenharam-se em compreender a autoeficácia, traço de personalidade representado pela crença de um indivíduo em sua capacidade pessoal de executar com sucesso determinada tarefa. Para os pesquisadores, tal convicção ajuda os empreendedores no momento de fazer as avaliações subjetivas necessárias a respeito das oportunidades, a tomar decisões baseadas em seu próprio julgamento, no qual devem confiar, e a não sentir grandes desconfortos quando, eventualmente, tomarem uma decisão errada.

Para Lillo e Lajara (2002) o capital humano do empreendedor (formação, experiência, conhecimento e aconselhamento de amigos), sua capacidade de gerir, sua orientação para o sucesso, seus antecedentes familiares e sua experiência prévia na indústria ou em iniciativas

empreendedoras, são características que influenciam enormemente, e em alguns casos até determinam, o sucesso de um novo negócio.

Dolabela (2008a) ressalta que o empreendedor é um produto do meio em que vive, e, portanto, o lugar, o tempo, a época e a rede de relações de um indivíduo exercem influência direta sobre suas decisões, motivações e valores, afirmação que Filion (1991) complementa alegando que o sistema de relações dos empreendedores é o fator que melhor explica a visão de mundo e de negócios que esses indivíduos têm, pois é exatamente a partir dessas relações que se formam seus valores, a base para suas experiências e a concepção de responsabilidade e de dedicação que têm.

A respeito das relações dos indivíduos, Filion (1991) menciona estão agrupadas em três níveis: a) as relações primárias, que são as relações que mais influenciam os valores, atitudes e a visão de mundo dos indivíduos e envolvem pessoas muito próximas como os membros da família, os amigos íntimos e outras pessoas com as quais mantêm vinculo estreito; b) as relações secundárias, que são as relações construídas ao logo da vida com pessoas que consideram meros conhecidos; e c) as relações terciárias, que assim como as relações secundárias, são construídas ao longo da vida, mas que têm como objetivo satisfazer a necessidades específicas, relacionadas a conhecimento, lazer e negócios, por exemplo.

Filion (1991) acrescenta ainda que quanto mais ambiciosa for a visão de um indivíduo, mais qualificadas deverão ser as pessoas escolhidas para fazer parte de sua rede de relacionamentos, o que significa que as relações de um empreendedor contribuem para que ele adquira as experiências necessárias para formar o conhecimento necessário para empreender.

Versiani e Guimarães (2004, p.9), por outro lado, apresentam uma perspectiva distinta, baseada nas habilidades do próprio empreendedor, as quais caracterizam como o saber fazer ou a experiência adquirida através dos conhecimentos técnicos colocados em prática:

longe, portanto, de ser sempre o resultado de uma vocação natural dos seus fundadores, a ideia da criação das empresas parece originar-se de um longo processo de amadurecimento profissional e pessoal, pautados na racionalidade e planejamento, do que no ímpeto da realização das aspirações juvenis ou da visão inovadora de algum produto/serviço.

Corroborando a afirmação, Dornelas (2005) reconhece que os empreendedores são indivíduos diferenciados em relação aos demais e mostra tais fontes de diferenciação ao elencar e classificar as habilidades típicas dos empreendedores em três grupos: a) as habilidades técnicas, que dizem respeito a saber ouvir, saber falar, captar informações, ser bom orador, ser organizado, saber trabalhar em equipe, saber liderar e desenvolver know-how

técnico em uma área de trabalho específica; b) as habilidades gerenciais, que envolvem todos os fatores ligados à criação, ao desenvolvimento e ao gerenciamento de um negócio; c) e as características pessoais, que envolvem aspectos como ser disciplinado, estar disposto a assumir riscos, ter perfil inovador, ser orientado a mudança, ser persistente e ser um líder visionário.

Apoiados na noção de habilidades, pesquisadores (KETS DE VRIES, 1996; MAN; LAU, 2000; FLEURY; FLEURY, 2001; MEDDEB, 2003) interessaram-se por estudar o conceito de competências, que de maneira geral, engloba diferentes traços de personalidade, habilidades, atitudes e conhecimento, influenciados pela experiência, pela capacitação, pela educação, pela história familiar e por aspectos demográficos peculiares à pessoa, e são o resultado ou o produto da interação entre o conhecimento formal, as habilidades desenvolvidas na prática ou a experiência e as atitudes individuais de um indivíduo, o que leva a crer que assim, o empreendedor competente seria aquele em que se reconhece particular competência em determinado campo do conhecimento.

Fleury e Fleury (2001) afirmam que a competência individual pode ser compreendida como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho, e acreditam que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e na personalidade das pessoas. Le Boterf (1995), por sua vez, defende que a competência não é um estado ou um conhecimento que alguém possui, mas está relacionada com o fato de colocar em prática o que se sabe em um determinado contexto, assim sendo, o autor é categórico em dizer que a competência só existe quando é posta em prática.

Chiavenato (2011) define competência como uma qualidade própria de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas, e indica que é pertinente, aos empreendedores, adquirir e desenvolver o que chamou de competências duráveis: a) o conhecimento, que inclui o acervo de informações de um indivíduo, os conceitos e ideias que tem a respeito das coisas e sua formação acadêmica; b) a perspectiva, que é a capacidade de colocar o conhecimento em ação, a habilidade de transformar a teoria em prática, por meio de uma visão pessoal das atividades de negócio; e c) a atitude, que diz respeito ao comportamento de uma pessoa frente às situações com que se defronta no cotidiano, envolvendo o impulso e a determinação de inovar, bem como a convicção de melhorar continuamente, além do espírito empreendedor.

Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009), o processo de criação de um empreendimento demanda, do sujeito empreendedor, certas competências, a saber: competências de oportunidades, competências de relacionamento, competências conceituais, competências

administrativas, competências estratégicas, competências de comprometimento e competências de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.

As competências de oportunidade dizem respeito ao reconhecimento de situações que podem se configurar em oportunidades, e o empreendedor que carrega consigo tal competência consegue identificar os cenários favoráveis aos objetivos da empresa e atuar sobre as chances potenciais de negócios por meio do eu apurado senso de avaliação (PAIVA Jr. et al, 2003). As competências de relacionamento se relacionam com a capacidade do empreendedor de criar para si e fortalecer uma imagem de confiança, de boa reputação e de que é comprometido e honra seus compromissos, fazendo com que as relações com sua rede de relacionamentos sejam gradativamente expandidas (RING; VAN DE VEN, 1994; BRUSH et al., 2002; MINARELLI, 2001).

As competências conceituais, por sua vez, pressupõem que um empreendedor, para ser eficiente, deve ser um observador hábil, capaz de identificar tanto oportunidades do ambiente externo quanto os pontos fortes da empresa, deve ter capacidade de avaliar, rapidamente e intuitivamente, as situações de risco que surgem em decorrência de suas ações, nos ambientes interno e externo, e deve saber perceber situações por ângulos diferentes ou de forma positiva, de modo a encontrar alternativas para a mesma questão (MAN e LAU, 2000). Assim, quando pessoas não empreendedoras veem o mercado saturado, o empreendedor consegue descobrir nichos e pode adaptar-se a novas situações, não apenas criando novos produtos e tecnologias, mas também repensando e reformulando os produtos e serviços já existentes ou partindo para outros mercados.

As competências administrativas referem-se à capacidade dos empreendedores de trabalhar, de maneira especial, com o planejamento, a organização, o comando, a motivação, a delegação, o controle e a alocação de talentos e de recursos físicos, financeiros e/ou tecnológicos, que quando não estão disponíveis na empresa, são captados pelos empreendedores de maneira inteligente, para que consigam colaborar adequadamente na tarefa de fortalecer as potencialidades de sua empresa (MAN; LAU, 2000).

As competências estratégicas estão relacionadas à escolha e implementação das estratégias da empresa, que os empreendedores eficazes conseguem definir com certa facilidade porque, como visionários que são, têm a capacidade de visualizar cenários de longo prazo e, ao mesmo tempo, planejar objetivos e posicionamentos, alcançáveis e realistas, de curto e médio prazo (MINTZBERG; QUINN, 2001). As competências de comprometimento são as que exigem dos empreendedores a habilidade de manterem-se dedicados ao negócio, sobretudo em situações adversas, de continuarem devotados ao trabalho árduo, de estarem

sempre firmes na busca por seus objetivos e mesmo de terem disposição para recomeçar a atividade empresarial após uma situação de insucesso (MAN; LAU, 2000).

Por fim, as competências de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal estão representadas nos empreendedores que conseguem alocar de maneira inteligente o tempo de que dispõem, desenvolvendo uma relação prazerosa com a atividade empreendedora e, ao mesmo tempo, permitindo-se participar de atividades alheias ao cotidiano da empresa (PAIVA JR et al., 2003).

Para Rabaglio (2004), há alguns traços de comportamento e de personalidade que são notadamente características dos empreendedores, a saber: são trabalhadores incansáveis e estão sempre atentos a assuntos pertinentes ao seu negócio; têm facilidade para solucionar conflitos; são flexíveis; procuram aprender com a experiência de terceiros; desenvolvem boa capacidade de observação e percepção; são íntegros, otimistas e perseveram em seus objetivos; são bastante habilidosos em termos de relacionamento interpessoal, negociação e comunicação; têm grande poder de persuasão; sempre que possível estabelecem parcerias que vá lhes ajudar a alcançar seus resultados; são criativos e inovadores; são autoconfiantes; têm uma necessidade grande de realização; sabem como trabalhar sozinhos; acreditam e sentem paixão pelo que fazem; conhecem o mercado e seu ramo de atuação, o que os ajuda a identificar oportunidades e a prevenir-se contra possíveis ameaças; têm visão de futuro e foco nos resultados; têm coragem de assumir riscos; são éticos e leais.

Timmons e Spinelli Jr. (2009) complementa afirmando que, apesar de ser possível verificar certos perfis de personalidade e padrões de comportamento em quase todos os empreendedores, o sucesso do empreendedor não é apenas uma questão de personalidade, mas inclui também as decisões que tomam para alcançar seus objetivos. Para ele, qualquer indivíduo pode desenvolver, praticar e refinar certas atitudes, comportamentos e conhecimentos, portanto, o que realmente faz de uma pessoa um empreendedor de sucesso é a motivação para crescer, a capacidade de mudança e a aprendizagem com as experiências, além da motivação e do compromisso com o próprio negócio. A partir deste entendimento, o pesquisador ressalta que não existe um único conjunto de características comum a todos os indivíduos que alcançam o sucesso, uma vez que um bom resultado depende do quão vantajosa é oportunidade e do quão motivado o indivíduo está com o negócio, e classifica as características que, segundo sua compreensão, seriam as mais relevantes para os empreendedores de sucesso: comprometimento, determinação, liderança, busca por oportunidade, tolerância ao risco e à incerteza, criatividade, autoconfiança, capacidade de adaptação e motivação para crescer.

Segundo, Julien (2010) ninguém nasce empreendedor, mas torna-se um. Tal transformação pode ocorrer em função de um contexto histórico favorável e sob influências de ordem afetiva, originadas da família; influências simbólicas, relativas às referências de normas e crenças derivadas do trabalho e da educação; e influências sociológicas, derivadas do envolvimento gradual do indivíduo em um determinado meio.

Nesse sentido, cabe buscar compreender os motivos que levam uma pessoa a empreender. A despeito de uma grande parte da sociedade observar os empreendedores como homens de negócio ousados e bem-sucedidos, pessoas de iniciativa que assumem riscos e tornam-se agentes de mudança (KURATKO, 1996; CROMIE, 2000; KRUEGER JR, 2005), é sabido, que o empreendedorismo impõe riscos financeiros, dedicação e sacrifício e, além disso, o empreendedor enfrenta pressões de seus clientes, concorrentes, e fornecedores, o que significa que seguir uma carreira empreendedora requer motivação especial.

Segundo pesquisas que intentam esclarecer as razões que levam os indivíduos a empreender (GILAD; LEVINE, 1986; CARLAND et al., 1984; CHEN; GREEN; CRICK, 1998; BUSENITZ; 1999; McCLELLAND, 1961), três características podem ser citadas como as principais motivações dos empreendedores: a) necessidade de realização, atributo que denota iniciativa, forte orientação para assumir responsabilidade pessoal pelas tarefas, inclinação para planejar e controlar os acontecimentos e desejo de receber informação sobre seu desempenho; b) propensão ao risco, atributo entendido como a disponibilidade para assumir, de forma calculada, ônus inerente à busca e exploração de oportunidades, à inovação

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