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ESQUEMA 18 Sistematização do Produto Educacional (parte 01)

5 PRODUTO EDUCACIONAL

5.1 Delineamentos do Produto Educacional

A investigação desenvolvida no campo do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), requer a elaboração de um Produto Educacional63, material didático produzido com

a finalidade de trazer contribuições para o contexto escolar, que surge em meio a uma proposta de ação profissional e gere impacto no sistema a que ele se dirige. (MOREIRA, 2004).

Nesse contexto, a relevância social da pesquisa está centrada na elaboração do Produto Educacional os saberes etnomatemáticos dos tecelões: tecendo redes de ensino e

aprendizagem da Matemática com a Teoria da Objetivação, que entrelaça alguns saberes

etnomatemáticos desenvolvidos pelos artesãos na fabricação de redes de dormir e suas relações com a Matemática escolar, especificamente, com as habilidades das Unidades Temáticas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Matemática – anos finais do Ensino Fundamental, à luz da perspectiva da Teoria de Aprendizagem da Objetivação.

No que concerne à elaboração do Produto Educacional, Ostermann e Rezende (2009), explicitam os impactos da relevância dessa produção, visto que o mesmo deve abranger uma reflexão sobre uma dificuldade escolar vivenciada pelo docente, em meio a certa realidade

63 O Produto Educacional desenvolvido como requisito obrigatório do Mestrado Profissional encontra-se no

educacional e que conduziria ao desenvolvimento de atividades curriculares alternativas, para sala de aula. Nessa concepção, se a Etnomatemática

[...] valoriza a Matemática dos diferentes grupos Culturais, isso implica em maior valorização dos conceitos matemáticos informais trazidos pelos próprios alunos a partir de suas experiências fora do contexto da escola. [...] É nesta perspectiva que defendemos a possibilidade de um enfoque etnomatemático para o ensino de Matemática. Tal atitude possibilitará maior identificação do aluno com o seu objeto de aprendizagem, mais motivação e ampliação de conexões com aspectos afetivos, bem como a aquisição de habilidades científicas e a compreensão na importância da igualdade entre as diversas formas de manifestação de saberes matemáticos. (MENDES, 2009, p. 67-68).

Consequentemente, o Produto Educacional desenvolvido, trilha na apreciação dos saberes advindo da realidade discente, que quando utilizados no âmbito do ensino e aprendizagem da Matemática possibilitam o fortalecimento/enriquecimento da ação didática.

Os saberes etnomatemáticos dos tecelões na produção de redes de dormir no município de Jaguaruana/CE situam-se como ferramentas que subsidiam o contexto educacional, mediante a possibilidade de superação dos obstáculos de aprendizagem desse grupo cultural, apresentando retorno de resultados para a comunidade. (FERREIRA, 1997).

As retornanças para o grupo Cultural estão incutidas na acessão de indivíduos críticos, reflexivos, capazes de transformar sua própria realidade, sabido que “[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo.” (FREIRE, 2002, p. 38). Ainda nessa linha, Freire (2002) evidencia outras considerações, consoantes com o trecho a seguir.

Creio poder afirmar, na altura destas considerações, que toda prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando, aprende, outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de métodos, de técnicas, de materiais; implica, em função de seu caráter diretivo, objetivo, sonhos, utopias, ideais. Daí a sua politicidade, qualidade que tem a prática educativa de ser política, de não poder ser neutra. (FREIRE, 2002, p. 28).

Como Freire (2002), expressa, existe a necessidade de materiais que apoiam o fortalecimento da análise reflexiva, de estudar Matemática não simplesmente por ser um componente curricular obrigatório, todavia, para se compreender como ser humano. Estes pressupostos pontuam a educação como uma prática holística, sendo assim, o presente Produto Educacional os saberes etnomatemáticos dos tecelões: tecendo redes de ensino e

aprendizagem da Matemática com a Teoria da Objetivação, contribui com a ação pedagógica

dos docentes e procura potencializar o processo de ensino e aprendizagem da Matemática escolar em virtude de valorizar o contexto Cultural.

À vista disso, o Produto Educacional desta pesquisa destina-se aos professores da Educação Básica, ademais, encontra-se estruturado em uma proposta de ação pedagógica que contempla algumas tarefas matemáticas para sala de aula organizadas por meio das cinco Unidades Temáticas e Habilidades da BNCC – Matemática anos Finais Ensino Fundamental, a saber: Números, Álgebra, Grandezas e Medidas, Geometria e Probabilidade e Estatística, bem assim sinalizando os objetos do conhecimento e habilidades.

As Unidades Temáticas da área de Matemática foram definidas mediante promulgação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em dezembro de 2017, em complementação aos eixos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). As retificações aconteceram mediante a substituição do eixo Espaço e forma pela Unidade Temática Geometria e do Tratamento da Informação pela Unidade Temática Probabilidade e Estatística, além da inserção de um novo segmento, a Álgebra.

O esquema 16 singulariza algumas características da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Básica, especificamente para o ensino de Matemática.

ESQUEMA 16 – A BNCC e algumas particularidades para a área da Matemática.

Neste esquema 16, observamos algumas características das Unidades Temáticas atreladas ao componente curricular Matemática e suas ideias fundamentais. É importante ressaltar que embora existam especificidades de cada área temática, as orientações curriculares do documento homologado enfatiza a necessidade de integração desses campos.

No que compete à organização da proposta de ação pedagógica, consolidada pelas tarefas matemáticas oriundas do contexto dos tecelões de Jaguaruana/CE, o esquema 17 interliga alguns pontos relevantes de estruturação do material, designando sua fundamentação e elementos triviais que auxiliam na compreensão arquitetônica de elaboração da proposta para o ensino da Matemática escolar.

ESQUEMA 17 – Estruturação do Produto Educacional.

FONTE: Elaborado pelo autor.

Congruente com o detalhamento posterior exposto no esquema 17, avulta-se a Teoria da Objetivação, uma teoria sociocultural de aprendizagem idealizada por Luis Radford, que valoriza a dimensão política, ética, crítico reflexiva nas relações Culturais da humanidade, se apoiando nas pilastras do ser – subjetivação e conhecer – objetivação. Ainda em complementação a esta proposta de ação pedagógica, que atende a atual legislação educacional, tem-se a Etnomatemática como um programa de pesquisa em História e Filosofia da Educação Matemática, que dissemina os aspectos valorativos dos diversos ambientes Culturais, principalmente para o âmbito educacional.

De forma concreta, o Produto Educacional os saberes etnomatemáticos dos tecelões:

tecendo redes de ensino e aprendizagem da Matemática com a Teoria da Objetivação, está

sistematizado em quatro seções: embasamento, a tecelagem, saberes culturais e aos docentes (ver em esquema 18 e esquema 19). A seção 01 integra o embasamento do trabalho, expressando a necessidade de se explanar para leigos no assunto, o que significa a

Etnomatemática no contexto escolar, a Teoria da Objetivação e alguns apontamentos sobre as Unidades Temáticas da BNCC. Na seção 02, tecelagem aborda-se o contexto cultural dos

tecelões de Jaguaruana/CE, expressando a sua linguagem nas etapas de fabricação de redes de dormir como forma de aproximar outros sujeitos que não fazem parte daquela realidade, como também possibilitar que as tarefas tornem-se compreensíveis mediante a utilização de um dialeto específico da Cultura.

Ainda mais, na seção 03, saberes culturais, apresentam-se as tarefas oriundas das coletas de dados da pesquisa de campo, enfatizando os objetos dos conhecimentos envolvimentos, as habilidades e Unidades Temáticas. Por fim, na seção 04, aos docentes, destacam-se argumentos pertinentes ao trabalho com alunos de contextos diferentes ao da tecelagem, como também estratégias metodológicas de como superar estes obstáculos e trabalhar o material em sala de aula, além de expor sugestões de pesquisas desenvolvidas na área.

ESQUEMA 18 – Sistematização do Produto Educacional (parte 01).

FONTE: Elaborado pelo autor.

Em

basame

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Etnomatemática no contexto escolar A Teoria da Objetivação no ensino da Matemática As Unidades Temáticas da BNCC

A t

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Etapas da fabricação de redes de dormir Apropriação do dialeto do grupo Cultural Subsídios para resolução

ESQUEMA 19 – Sistematização do Produto Educacional (parte 02).

FONTE: Elaborado pelo autor.

Nesta conjuntura, as seções embasamento e tecelagem (apresentadas no esquema 18) poderão ser utilizadas por leigos, com a finalidade de apropriação do referencial exposto. Nas seções saberes culturais e aos docentes (esquema 19), elencam-se, respectivamente, as tarefas que serão utilizadas no espaço escolar e orientações em relação à utilização do material e aprofundamento na temática, precipuamente ligadas à ação pedagógica. Em sintonia com este item, podemos detalhar em exemplo no quadro 04, à organização didática do desenvolvimento das tarefas em sala de aula.

QUADRO 04 – Etapas das ações didáticas envolvendo tarefas de contextos culturais.

AÇÃO DIDÁTICA OBSERVAÇÕES

1. Definição do objetivo O docente expõe na lousa o objeto do conhecimento que será abordado, bem como a habilidade (objetivo) que se almeja alcançar no final da aula.

2. Predição O docente busca mobilizar os conhecimentos prévios, instigando os discentes em relação aos conteúdos específicos e experiências atreladas ao alcance do objetivo.

3. Apresentação da atividade O docente realiza a leitura da situação norteadora.

4. Leitura da seção Tornar-se Realizando uma conexão com a situação norteadora, o docente realiza por meio de uma leitura compartilhada a seção Tornar-se, que tem como objetivo interligar saberes de diversas áreas, ademais, possibilitar a

Sabe

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Cultur

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A Etnomatemática dos tecelões

Tarefas organizadas pelas Unidades Temáticas Habilidades de Matemática da BNCC

Aos

do

ce

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tes

A relação com os distintos contextos Culturais O desenvolvimento metodológico da proposta

Sugestões de materiais e leitura matemática

formação de indivíduos críticos e éticos. Neste momento, os discentes transpõem a simples resolução de uma tarefa, para discutir temáticas pertinentes a outras situações de mundo.

5. Formação de grupos O docente orienta a formação de pequenos grupos, haja vista que, almeja compreender como os discentes estão pensando a articulação das possíveis soluções das tarefas propostas.

6. Leitura da seção É hora de pensar Nesta etapa, os discentes irão realizar a leitura da tarefa elencada na seção É hora de pensar. 7. Exploração / Discussões nos

pequenos grupos / Debruçamento

Mediante uma relação ombro a ombro, o docente acompanha o desenvolvimento da exploração, discussões e debruçamento dos discentes na tarefa proposta, observando as formas de raciocínio matemático dos mesmos e as formas de integração e cooperação entre pares.

8. Discussão geral / reflexões / Avaliação

Levando as questões para uma plenária geral, o problema proposto pelo docente deve ir além da tarefa de solucioná-lo, porém, deve envolver todo um sistema imerso nas relações professor-aluno, aluno-aluno e ambos com o conhecimento.

FONTE: Elaborado pelo autor.

Vale frisar que a ação didática acentuada no quadro 04 surge em consonância com Radford (2015) e com o encadeamento lógico do processo metodológico de abordagem para problemas introdutórios de objetos de conhecimento.