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FONTE: Elaborado pelo autor.

O esquema 12 ilustra um recorte dos 16 pontos convergentes exibidos de forma descritiva nesta seção, apoiado nas argumentações da pilastra Cultura, que está em constante mudança e se materializa em cada sujeito. Consequentemente enfatiza-se a diversidade cultural da humanidade e suas formas distintas de saber/fazer e concebe a sobrevivência/transcendência de um ambiente sociocultural, como um ciclo que está em constantes transformações e fundamentadas em experiências anteriores.

Quando discutimos a relação entre as obras, D‟Ambrosio (2011) e a Teoria da Objetivação de Luis Radford (2011), estamos sinalizando a mudança de paradigmas dentro do campo da Educação Matemática em contornar os preconceitos existentes em meio ao processo de aprendizagem de conteúdos conceituais, sem considerar a subjetividade do indivíduo e a análise reflexiva do que está se estudando. Em prosseguimento, Freire (2002) considera, nesse sentido, que “a leitura de mundo revela, evidentemente, a inteligência do mundo que vem Cultural e socialmente se constituindo. Revela também o trabalho individual de cada sujeito no próprio processo de assimilação da inteligência do mundo.” (FREIRE, 2002, p. 46).

Nessa tônica, o papel do indivíduo no mundo não consiste na constatação simplesmente do que está ocorrendo, porém, “[...] o de quem intervém como sujeito de ocorrências. [...] No mundo da História, da Cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar.” (FREIRE, 2002, p. 30).

Dessa forma, é com a ideologia da transformação social de mundo, que se devem orientar os conteúdos conceituais abordados no contexto educacional, isto é, proporcionar aos discentes outras formas de compreender, analisar, refletir e atuar no mundo, outras maneiras de pensar criticamente o mundo por meio da Matemática, proferindo uma educação que não

seja opressora, escravista.

Continuamente, o capítulo 3 abordará o contexto metodológico da pesquisa e seus desdobramentos, como os principais instrumentos de coleta de dados e os detalhamentos de alguns aspectos históricos e geográficos do município de Jaguaruana/CE.

3 O CONTEXTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

O presente capítulo é composto por seções que revelam o planejamento da pesquisa, como os instrumentos utilizados na coleta de dados atrelados aos objetivos da investigação, à sistematização e organização da coleta, os procedimentos legais apoiados na legislação que subsidia a realização de pesquisas com seres humanos, o contexto investigativo, a abordagem e o tipo de pesquisa desenvolvida, o público alvo, como discussões apoiadas em referenciais que embasam a pesquisa, como Laville e Dionne (1999), Minayo (2012), Bogdan e Biklen (1994), Lakatos e Marconi (2003), Fiorentini e Lorenzato (2006), Pinheiro, Kakehashi e Angelo (2005) e Damiani et al. (2013).

Ainda nesse panorama, detalha-se sobre o município de Jaguaruana/CE e seu contexto histórico, a representação gráfica de sua localização, bem assim o perfil econômico e como surgiu o manejo com a tecelagem, trazendo relatos do desenvolvimento dessa atividade como forma de subsistência de várias famílias.

3.1 Delineamentos da investigação

O contexto investigativo está centrado no município de Jaguaruana/CE, nas casas de produções artesanais de tecelagem (redes de dormir) e como grupo específico os trabalhadores destes locais. A pesquisa é de ordem qualitativa, que se preocupa e “[...] trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2012, p. 12), ademais, com abordagem etnográfica, visando à concretização de um elo de interações com os sujeitos pesquisados e proximidade com a maneira de vida do grupo Cultural. Além do mais, esse é um tipo de pesquisa que possibilita a análise e reflexão da “[...] realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação.” (OLIVEIRA, 2012, p. 37).

A pesquisa de campo esteve centrada na realização de entrevistas semiestruturadas com nove tecelões16, realizadas entre março a outubro de 2018, tomando como referência a resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, que esclarece em seu Art. 1º os procedimentos metodológicos em relação ao emprego de informações originadas dos sujeitos pesquisados.

16 O nível de escolaridade dos tecelões envolvidos na produção de redes e de fios é muito baixo, geralmente não

Igualmente, seguindo as recomendações da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares. Nessa tônica, as entrevistas realizadas com os artífices possibilitam o trabalho com os relatos concedidos na pesquisa, pois, essas informações obtidas no processo de investigação de campo estiveram asseguradas pelo Termo de Assentimento Livre e Esclarecido17.

A utilização da entrevista18 semiestruturada proporciona ao pesquisador, de acordo com Laville e Dionne (1999, p. 188), uma “[...] série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento.” À vista disso, justifica-se o emprego de tal recurso, como forma de transpor os questionamentos estruturados, isto é, previamente estabelecidos, em virtude de compreendermos que em determinadas ocasiões práticas surgem necessidades de respostas, explicações para situações colocadas que não estavam previstas dentro de um script de perguntas.

Dentre inúmeros questionamentos que surgiram no decorrer da aplicação da entrevista com os tecelões, evidenciamos três perguntas chaves, a saber: como funciona o processo de produção de uma rede de dormir? Quais as relações matemáticas entre custo e lucro? Como funciona o processo de comercialização de uma rede de dormir? Tais indagações surgiram tencionando identificar os conhecimentos etnomatemáticos utilizados pelos tecelões do município de Jaguaruana/CE.

Explicita-se ainda, que foi uma pesquisa participante, visto a predominância da participação, interação e cooperação entre pesquisador e pesquisados, bem como, apresentando uma abordagem etnográfica, em meio à concretização de um elo de interações com os sujeitos pesquisados e proximidade com a maneira de vida do grupo cultural. Em consonância com as características da pesquisa qualitativa e em sintonia com a abordagem etnográfica, os autores Bogdan e Biklen (1994), revelam a existência da predominância de informações descritivas advindas da investigação, denotando assim, abastados detalhes e informações que permeiam os sujeitos e o contexto sociocultural.

O esquema 13 a seguir sintetiza os aspectos metodológicos da investigação no que concerne ao contexto investigativo, grupo específico, abordagem e tipo de pesquisa.

17 Disponível no Apêndice C. 18 Disponível no Apêndice A.