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FONTE: Elaborado pelo autor.

O processo de desencadeamento lógico da Cultura designa a inconstância da humanidade. O desenvolvimento de objetos materiais e imateriais promovem mudanças nas crenças, comportamentos e preconceitos no modo de pensar e de viver em coletividade. O esquema 01 proposto enaltece que a Cultura λ, utilizada para representar um elemento generalista das diversas situações do contexto social sofre um refinamento, caracterizado por

Cultura Cultura Refinamento Meio SUBJETIVO Meio OBJETIVO Interferências

Cultura Λ, pelas interferências do meio objetivo e subjetivo. Quando tratamos de meio

objetivo e subjetivo, expressa-se respectivamente, aos objetos materiais (artefatos que são edificados pelo homo sapiens sapiens) e imateriais (plano ideológico, filosófico, sociológico e psicológico).

Os argumentos tecidos podem ser materializados com a seguinte situação:

Algunas tablillas de arcilla de Babilonia muestran problemas sobre objetos de medición. Son vestigios de actividades al interior de las cuales algunas formas codificadas de medición se materializaron o actualizaron. Una de las unidades metrológicas de longitud es el pie. Aunque el pie pudo ser una unidad útil para medir algunos objetos en el mundo, seguramente los escribas babilonios se dieron cuenta rápidamente de que, en ocasiones, sumar pies no era suficiente. No se podía atribuir una medida a objetos que medían entre, digamos, dos y tres pies. Las formas codificadas de medida aparecieron en el mundo concreto y tuvieron que expandirse para medir esos objetos „difíciles‟. Las subdivisiones del pie en „fracciones‟ del mismo pueden concebirse en el mundo concreto únicamente por medio de la actualización del saber. La inclusión de fracciones condujo a nuevas formas de medir, que, a través de la actividad, fueron codificadas, constituyendo así una modificación del saber previo. La nueva práctica de medición se convirtió en nuevo saber. Sin la posibilidad de actualización, el saber permaneceria general y por lo tanto sería imposible modificarlo. (D‟AMORE; RADFORD, 2017, p. 110).

A situação exposta por D‟Amore e Radford (2017) torna em evidência a relação entre Cultura e tempo. As mudanças nos hábitos surgem em decorrência das transformações da humanidade. Um dos elementos dessa atualização está condicionado à necessidade, como os problemas de medição que utilizavam como unidade de medida os pés. Todavia tal unidade se tornou insuficiente para atender outras demandas. Os fatos históricos que permeiam a origem da Matemática nos revelam essa afirmativa, conforme ratifica Boyer (1974) que a origem da Matemática deriva das ideias que estavam atreladas ao conceito de número, grandeza e forma, ou seja, surge como parte da vida cotidiana da humanidade por meio do princípio biológico de sobrevivência, estabelecendo-se assim, o desenvolvimento de conceitos matemáticos.

Cada Cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenças, de organizar o trabalho e as relações sociais, de criar as obras de pensamento e de arte. Cada uma, em decorrência das condições históricas, geográficas e políticas em que se forma, tem seu modo próprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores. (CHAUÍ, 2000, p. 62).

A Filosofia do século XX estabelece à Cultura como uma atividade de liberdade e de pluralidade, não existindo somente uma Cultura dominante, contudo, distintos grupos com

suas condutas particulares. Um fato que agrega esses apontamentos é a famosa Rota da Seda, sendo designada como um conjunto de itinerários que ligavam a China ao Ocidente, essa rota contribuiu significativamente para uma troca das tradições artísticas, idiomas, disseminação do cristianismo e budismo, isto é, diversos elementos de ordem social, cultural, religiosa e científica, mediante o seu percurso existia fortemente um relacionamento com outras Culturas.

Segundo Geertz (2008, p. 66), Cultura é como “[...] um padrão de significados transmitido historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida.”

Em contrapartida, Quantz e O‟Connor (1988) enfatizam que Cultura não se caracteriza como uma organização em que se requer submissão, conquanto, é um universo repleto de sujeitos únicos, apresentando suas individualidades pessoas dentro de suas interações culturais. Este posicionamento nos indica o fenômeno relativo aos aspectos intrínsecos de cada indivíduo e suas particularidades e ainda engrandece essa visão como produto cultural.

O antropólogo Clifford Geertz (2008) sinalizou em sua obra: a interpretação das

Culturas, que “[...] o cérebro humano é inteiramente dependente dos recursos culturais para o

seu próprio funcionamento. Assim, tais recursos não são apenas adjuntos, mas constituintes da atividade mental” (GEERTZ, 2008, p. 56). A nossa capacidade intelectiva e cognoscitiva, de acordo com Geertz (2008), recebe forte influência dos elementos culturais, resultantes das práticas vivenciadas e consolidadas pela sociedade.

O dicionário de Filosofia de Almeida (2009), segundo Desidério Murcho5 elenca duas descrições para o termo Cultura, que consideramos relevante expor nesse trabalho, destacando uma posição explicativa da versão inatista e da interação entre os sujeitos para a produção cultural, bem assim, a sua concepção conceitual dessa terminologia, conforme podemos observar no quadro 01 a seguir.

5 Desidério Murcho é um filósofo, professor e escritor português. Leciona na Universidade Federal de Ouro

Preto - UFOP, em Minas Gerais, Brasil, desde 2007. É membro fundador do Centro para o Ensino da Filosofia da Sociedade Portuguesa de Filosofia. FONTE: Disponível em: http://omeubau.net/desiderio-murcho/. Acesso em: 22 ago. 2018.

QUADRO 01 – Algumas perspectivas para o termo Cultura conforme Almeida (2009). 1. Conjunto de conhecimentos e práticas

aprendidos e ensinados, por contraste com o que é inato. Por exemplo, se um pássaro não tem de aprender a fazer o ninho, fazendo-o instintivamente, então esse ninho não é um produto cultural; mas se tiver de ser ensinado a fazê-lo, então esse ninho é um produto cultural. Os seres humanos são os maiores produtores de Cultura do planeta.

2. O conjunto de práticas e de produções materiais, espirituais, artísticas, etc. que servem para identificar um povo ou nação e distingui-lo de outros povos.

FONTE: Disponível em: https://criticanarede.com/c.html. Acesso em: 21 set. 2018.

Um aspecto que se revela de forma destacável diz respeito às edificações em diversos campos em decorrência dos elementos culturais. É bem verdade, como se exemplifica no quadro 01 – tópico 02, o quanto somos influenciados constantemente por condutas coletivas, que denomino aqui de comportamento rebanhesco6, pelo fato de seguirmos posturas ou maneiras de lidar e reagir em determinadas situações como fazem um rol significativo de pessoas. Essas práticas acontecem rotineiramente e não nos damos conta desse processo tão natural que permeia o processo de agregação de novos saberes para lidar com as diversas situações do nosso meio.

Ainda em relação à definição conceitual de Cultura, Knijnik e Wanderer (2006, p. 5) ratificam que Cultura é “[...] compreendida como uma produção humana que não está, de uma vez por todas, fixa, determinada, fechada nos seus significados [...] [não sendo] entendida como algo consolidado, um produto acabado, homogêneo.”

Fay (1996) evidencia que

[...] as Culturas nem são coerentes nem homogêneas, nem uníssonas nem pacíficas. São inerentemente poliglotas, conflituosas, mutáveis e abertas. As Culturas envolvem constantes processos de re-inscrição e transformação nos quais seus repertórios diversos e frequentemente opostos são reafirmado, transmutados, exportados, desafiados, resistidos e redefinidos. (FAY, 1996, p. 61).

Portanto, nessas condições, nota-se o quanto se torna abrangente e diversificado os contextos socioculturais resultantes de nossa sociedade. Cada ambiente é determinístico para a consolidação de um espaço de sobrevivência, de transcendência. Nesse caso, como sinaliza Radford (2011, p. 259) em relação à Matemática, considera-se que os “[...] sistemas numéricos são certamente artefatos culturais que permitem aos seus usuários lidarem com a

6 Conduta humana similar à conduta de um determinado grupo social, que ocorre sem reflexão /criticidade, mas

vida cotidiana e refletir sobre o mundo.” (RADFORD, 2011, p. 259).

De acordo com Nepomuceno e Assis (2008) a Cultura é consolidada por um rol de fatores que lhe fornecem solidez. Esses elementos estão representados no mapa a seguir (ver