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Capítulo IV – Análise dos Dados Obtidos: Caracterização da Oferta e Procura

4.3. Aspectos Demográficos e Socioeconómicos

4.3.1. Demografia

Segundo as estimativas da DREM (2016) a população média na ilha da Madeira, em 2014, era de 254 728 habitantes, menos 5937 que em 2011, correspondendo a um decréscimo de 2.28%. Com base em dados de uma década (2004 a 2014), a população registou um crescimento diminuto (1.78%) e não uniforme em todos os concelhos, verificando-se decréscimos significativos em certos municípios. Entre 2004 e 2014, só

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67 dois concelhos registaram crescimento, destacando-se Santa Cruz com um crescimento de 27.23%. A Calheta é o quarto concelho a perder mais população (-5.68%), o único na vertente S da ilha, enquanto os concelhos a N registaram as perdas mais significativas, com uma média de 13%. Segundo estimativas, em 2014 a densidade populacional da RAM foi de 324.4hab/km2 (DREM, 2016), com grandes diferenças inter-concelhias. O município com maior densidade é o Funchal (1409.3hab/km2) seguido, com grande diferença, de Câmara de Lobos (663.6hab/km2). Os concelhos que registaram um decréscimo têm menor densidade populacional: Porto Moniz (30.1hab/km2), São Vicente (68hab/km2), Santana (75.4hab/km2) e Calheta (100.7hab/km2).

A Comissão Europeia classifica a RAM como uma região predominantemente urbana, devido a menos de 20% da população viver nas áreas rurais (Rural (Madeira Rural, 2015). Contudo, somente o concelho do Funchal pode ser considerado como uma zona urbana. Os restantes concelhos da ilha são considerados como zonas rurais, embora subdivididas entre zonas predominantemente rurais (TR) e zonas significativamente rurais (TI). Entre as zonas predominantemente rurais se destacam os concelhos de: Calheta, Porto Moniz, Santana, S. Vicente, Ponta do Sol, Ribeira Brava e Porto Santo, que representam 20.7% da população e 65.3% do território, contendo 56.95% das explorações agrícolas e 61.55% da SAU (Superfície Agrícola Utilizável) da região. Já as zonas significativamente rurais (TI) incluem os restantes concelhos (Câmara de Lobos, Machico e Santa Cruz), representando 37.5% da população, 25.2% do território, 34.5% das explorações agrícolas e 31.5% da SAU.

Note-se que, segundo Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013, QREN (2013), os concelhos predominantemente rurais são aqueles em que 50% da população reside em freguesias com uma densidade populacional inferior a 150hab/km2.

Como se observa no Quadro 5, todas as freguesias da Calheta, incluindo a da sede de concelho, são predominantemente rurais. Isto também se deve ao facto que a Calheta é um dos quatro concelhos rurais que registam maiores perdas de população, tendo, em simultâneo um índice de envelhecimento populacional muito alto (162.6). Todavia, é segundo concelho da região com maior número de estrangeiros residentes, após o Funchal (DREM, 2015c).

Quadro 5: Número de residentes, superfície e a densidade populacional do concelho da Calheta (2014) (INE 2016).

Freguesias do concelho da Calheta Número de residentes Superfície (km2) Densidade populacional (km2) Concelho: Calheta 11521 111,50 103,3  Arco da Calheta 3168 14,70 215,6  Calheta 3163 23,45 134,9  Estreito da Calheta 1607 14,32 112,2  Fajã da Ovelha 895 22,16 40,4  Jardim do Mar 204 0,74 276,6  Paul do Mar 871 1,40 623  Ponta do Pargo 909 24,71 36,8  Prazeres 704 10,03 70,2

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4.3.2. Economia

Em 2014, o PIB (Produto Interno Bruto) da RAM foi avaliado em 4084.6 milhões de euros, registando um crescimento de 0.4% em relação ao ano transacto. Apesar da época de crise económica, com a aplicação do Plano de Ajustamento Económico- Financeiro foi o ano em que a economia regional cresceu desde 2010, apesar do crescimento do PIB na RAM ter ficado aquém da média nacional. A RAM fica abaixo nos níveis do PIB registados a nível nacional e na UE, mas apresenta o terceiro PIB mais elevado (94.2), sendo que a nível europeu está 26.4% abaixo da média.

A implementação do Plano de Ajustamento (2012, 2013 e 2014) influenciou fortemente a economia regional, pois em 2012 o PIB regional decresceu 8.1%, estando abaixo dos 4 milhões. Este cenário menos positivo repete-se e acompanha a tendência nacional dos últimos anos também a nível dos investimentos e da capacidade de produção. O PIB per capita continua abaixo da média nacional, apresentando índices de 98.2, 91.6 e 94.2, respectivamente. O VAB (Valor Acrescentado Bruto) cresceu 0.2% em 2014 e foi avaliado em 3592.9 milhões de euros.

Os ramos que mais contribuem para o crescimento são o sector terciário associado ao ‘comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; transportes e armazenagem; actividade de alojamento e restauração’ (no qual se inclui o turismo), com um peso de 32.6%. A nível municipal é interessante verificar os ramos de actividade predominantes através dos dados do último censo (2011). Nos concelhos predominantemente rurais, excepto São Vicente, a agricultura tem um peso importante, nomeadamente na Calheta, enquanto no Funchal predominam vários tipos de serviços e actividades ligadas ao sector terciário.

Os dados mais recentes em relação ao tecido empresarial a nível municipal, mostram que a densidade de estabelecimentos (empresas ou parte de empresas) é maior na RAM relativamente ao conjunto nacional, embora as características sejam semelhantes, com um volume de negócios baixo e um número de empregados diminuto (2 a 3 em 2013). A nível de sectores e ramos de actividade, o sector terciário tem um peso muito maior em relação aos outros, com cerca de 74.2% dos estabelecimentos. Porém, ao contrário da situação a nível nacional, o sector primário tem um maior destaque que o sector secundário, 16.8% e 8.9%, respectivamente (DREM, 2015c).

A nível municipal (como podemos ver na fig.9), por sector de actividade, o terciário é dominante na ilha. Porém, se analisarmos por ramo de actividade, só existem dois ramos dominantes: a ‘agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca’ em toda vertente N e W ilha; o ‘comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; transportes e armazenagem; actividades de alojamento e restauração” na vertente E e parte da vertente S (DREM, 2015c).

Os dados mais recentes em relação ao tecido empresarial a nível municipal, mostram que a densidade de estabelecimentos (empresas ou parte de empresas) é maior na RAM relativamente ao conjunto nacional, embora as características sejam semelhantes, com um volume de negócios baixo e um número de empregados diminuto (2 a 3 em 2013). O Funchal, enquanto área urbana, destaca-se pela maior densidade de estabelecimentos (161.7/km2), de pessoal ao serviço (3.3 pessoas) e volume de negócios (230.3 milhões de euros), mas, os concelhos rurais têm uma média ainda mais baixa de

69 pessoal ao serviço e de volume de negócios (DREM, 2015c). A nível de sectores e ramos de actividade, o sector terciário tem um peso muito maior em relação aos outros sectores na região, com cerca de 74.2% dos estabelecimentos empresariais. Porém, ao contrário da situação a nível nacional, o sector primário tem um maior destaque que o sector secundário, 16.8% e 8.9%, respectivamente (DREM, 2015c).

A Calheta é um dos dois concelhos onde o sector primário representa mais de 50% dos estabelecimentos, o que confirma o estatuto rural do concelho (TR). O tecido empresarial é diminuto, sendo a densidade de estabelecimentos inferior a 11%, com uma média de pessoas empregues de 1.7 e um volume de negócios de 50.11 milhares de euros, representando 27% do volume negócios das empresas da RAM.

Ainda em relação ao emprego, os dados mais recentes não são animadores: em 2014 a taxa de desemprego era a maior do país (14.7%, correspondendo a 19380 pessoas) e a média da população activa era de 131771 pessoas. Os serviços, para além do seu contributo para o VAB, são o sector económico com mais emprego com cerca de 66.31% da população activa (DREM, 2015c). Contudo, a maioria da população empregada possui somente o ensino básico (59.9%).

Este cenário pouco promissor (apesar de ter melhorado em relação aos anos transactos), pois, por exemplo, entre 2012 e 2013 a taxa de desemprego rondava 18 a 19%, enquanto, em 2015, se reposicionou nos mesmos valores de 2011 com 14.65% (INE, 2012a; DREM, 2015c). Em 2011 os municípios da RAM com uma maior taxa de desemprego foram Câmara de Lobos (18.22%), Porto Santo (18.90%), Machico (17.28%) e Ponta do Sol (14.75%). Já os concelhos com menor taxa foram os rurais: Calheta (12.3%), São Vicente (11.57%) e Porto Moniz (10.68%), mas existem freguesias que ultrapassam a média regional como é o caso da Fajã da Ovelha com 17.7% (INE, 2012a; DREM, 2015c).