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1. INTRODUÇÃO

4.1 Demografia dos povos indígenas brasileiros

Segundo Almeida (2009), os povos indígenas estão presentes em todos os estados brasileiros, exceto no Piauí e no Rio Grande do Norte. Suas terras se encontram em diferentes situações de regularização fundiária e ocupam cerca de 12% do território nacional, sendo que uma relevante parcela dessa população vive em áreas urbanas, normalmente na periferia.

De acordo com o IBGE (2010), o Brasil tem 896,9 mil indígenas em todo o território nacional, somando à população residente tanto em terras indígenas (63,8%) quanto em cidades (36,2%).

Do total, 817,9 mil se autodeclararam índios no quesito cor ou raça e 78,9 mil, embora se declarassem de outra cor ou raça, principalmente parda (67,5%), se consideram indígenas pelas tradições e costumes. Entre as regiões, o maior contingente está na região Norte (342,8 mil indígenas), e o menor, no Sul (78,8 mil). Considerando a população indígena residente fora das terras indígenas, a maior concentração está no Nordeste, 126,6 mil.

No gráfico 1, observa-se um crescimento na população indígena brasileira no período de 2000 a 2011, principalmente na região Norte, chegando a atingir mais de 200.000 indígenas, corroborando com os estudos do IBGE (2010). Embora que, segundo a Rede Interagencial de

Informações para a Saúde - RIPSA (2008),a taxa de crescimento populacional está relacionada com a dinâmica de natalidade, mortalidade e migrações, para o IBGE (2010), esse fenômeno “etnogênese” ou “reetinização” representa os povos indígenas reassumindo e recriando as suas tradições, após terem sido forçados a esconder e a negar suas identidades tribais como estratégia de sobrevivência, seja por pressões políticas, econômicas e religiosas, ou por terem sido despojados de suas terras e estigmatizados em função dos seus costumes tradicionais.

Gráfico 1- Crescimento da população indígena. Brasil e regiões, período de 2000 a 2011

Fonte: <http://www.telessaudebrasil.org.br/agendas/seminac2/public/documents/>

Segundo o Censo do IBGE (2010), o país tem 505 terras indígenas, que representam 12,5% do território brasileiro (106,7 milhões de hectares), onde residem 517,4 mil indígenas (57,7%), dos quais 303.919 mil (48,7%) estão na região Norte, como podemos observar na Figura 1. Apenas seis terras têm mais de 10 mil indígenas; 107 têm entre mais de 1 mil e 10 mil; 291 têm entre mais de cem e 1 mil, e em 83 residem até cem indígenas. A terra com maior população indígena é Yanomami, no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil indígenas

Figura 1- População indígena cadastrada no SIASI por Região de Saúde no país, 2012

Fonte: SIASI/MS

Foi observado equilíbrio entre os sexos para o total de indígenas. Para cada 100,5 homens, há 100 mulheres. Há mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens, nas rurais. Percebe-se, porém, um declínio no predomínio masculino nas áreas rurais entre 1991 e 2010, especialmente no Sudeste (de 117,5 para 106,9), Norte (de 113,2 para 108,1) e Centro-Oeste (de 107,4 para 103,4).

Etnia

O Censo do IBGE em 2010 investigou, pela primeira vez, o número de etnias indígenas, encontrando 305:250 dentro das terras indígenas, 300 fora delas. Do total de indígenas declarados ou considerados, 672,5 mil (75%) declararam o nome da etnia, 147,2 mil (16,4%) não sabiam e 53,8 mil (6%) não declararam. A maior etnia é a Tikúna, com 6,8% da população indígena.

Também foram identificadas 274 línguas, sendo a Tikúna a mais falada (34,1 mil pessoas). Dos 786,7 mil indígenas de 5 anos ou mais, 37,4% falam uma língua indígena e 76,9% falam português (IBGE, 2010).

Analfabetismo

Mesmo com alta na taxa de alfabetização, a população indígena ainda tem nível educacional mais baixo que o da população não-indígena, especialmente na área rural. Entre 2000 e 2010, a taxa de alfabetização dos indígenas com 15 anos ou mais de idade passou de

Total Indígena; Centro-Oeste; 112.476; 18% Total Indígena; Nordeste; 158.141; 25% Total Indígena; Norte; 303.919; 47% Total Indígena; Sudeste; 21.063; 3% Total Indígena; Sul; 44.680; 7% Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

73,9% para 76,7%, aumento semelhante ao dos não indígenas de 87,1% para 90,4%. Na área rural, a taxa de analfabetismo chegou a 33,4%, sendo 30,4% para os homens e 36,5% para as mulheres. Já nas terras indígenas, 67,7% dos indígenas de 15 anos ou mais de idade são alfabetizados. Para os indígenas residentes fora das terras, a taxa de alfabetização é de 85,5% (IBGE, 2010).

Certidão de nascimento

A proporção de indígenas com registro de nascimento (67,8%) é menor que a de não- indígenas (98,4%). As crianças indígenas residentes nas áreas urbanas têm proporções de registro em cartório (90,6%) mais próximas às dos não indígenas (98,5%). Entre as crianças residentes na área rural, cuja quantidade é 3,5 vezes maior do que na área urbana, a proporção de registrados é de 61,6% (IBGE, 2010).

Domicílios indígenas

Segundo o Censo 2010, 63,3% dos domicílios indígenas têm unidades domésticas nucleares, ou seja, cada casa tem uma família formada por um casal e seus filhos solteiros. Quando as unidades domésticas incluem outros parentes, o percentual cai para 19,1%. Já quando os parentes não moram juntos, a proporção é de 2,5%. A maior responsabilidade pelos domicílios indígenas é masculina, em 82% dos casos. Entre não-indígenas, a prevalência da responsabilidade masculina fica em torno de 58%.

Somente 12,6% dos domicílios são do tipo oca ou maloca, enquanto, no restante, predominava o tipo casa. Mesmo nas terras indígenas, ocas e malocas não são muito comuns: em apenas 2,9% das terras, todos os domicílios são desse tipo e, em 58,7% das terras, elas não foram observadas.

De acordo com o Censo 2010, 36,1% dos domicílios indígenas não têm banheiro. Nas áreas rurais, 31,2% das casas tinha um ou mais banheiros e 68,8% eram sem banheiro; 65,7% têm fossa rudimentar como sistema de esgoto. Em todo o País, 60,3% dos domicílios indígenas contam com rede geral de abastecimento de água, contra 82,9% dos não indígenas. No Norte, só 27,3% tinham rede geral (IBGE, 2010).