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Trajetória Histórica das principais ações políticas para a atenção à saúde dos povos

1. INTRODUÇÃO

5.2 Trajetória Histórica das principais ações políticas para a atenção à saúde dos povos

Quadro 2- Trajetória Histórica das principais ações políticas para a atenção a saúde dos povos indígenas no Brasil

ANO AÇÃO

1967 Criação da FUNAI. Ações de saúde esporádicas através das equipes volantes criadas em cada Delegacia Regional. O MS colaborava com o controle das principais endemias e a FUNAI assinou, ao longo dos anos, convênios com entidades governamentais e não-governamentais de modo a remediar a falta de estrutura adequada. No entanto, em escala e capacidades operacional e administrativa insuficientes, essa atividade foi se atrofiando até a sua paralisação.

1986 I CNSPI: Afirmou: a necessidade urgente de implantação de um modelo de atenção que garanta aos índios o direito universal e integral à saúde; a importância de respeitar as especificidades étnicas e sócio-culturais e as práticas terapêuticas de cada grupo; a necessidade de garantir a participação indígena nas políticas de saúde; a criação de uma agência de saúde específica para assuntos indígenas. Primeira proposição do modelo dos DSEI sob a gerência do MS.

1988 Promulgação da CF, que estabeleceu em seu artigo 198 as regras gerais do SUS, (regulamentado pelas leis n° 8.142/90 e 8.080/90): no âmbito da União, a gestão será exercida pelo MS. Os direitos indígenas são de competência federal.

1991 Criação da COSAI, subordinada ao DEOPE/FNS) para atender ao Decreto nº23/91, que transfere da FUNAI para o MS, a responsabilidade pela coordenação das ações de saúde para as populações indígenas. Criação do Distrito Sanitário Yanomami pela FNS.

1992 Criação da CISI pela Resolução n° 11 de 13/10/1992. A CISI, formada por representantes do Governo Federal (Ministérios da Saúde e da Justiça), de universidades e de organizações não- governamentais (ONGs) e por representantes indígenas, tem por atribuição assessorar o CNS na elaboração de princípios e diretrizes de políticas governamentais no campo da saúde indígena. 1993 II CNSPI: Reitera a defesa do modelo dos DSEI como base operacional, no nível do SUS, para o

modelo de atenção à saúde das populações indígenas, os quais deveriam ser ligados diretamente ao MS e administrados por conselhos de saúde com participação indígena. Definiu o Governo

Federal como instância responsável pela saúde indígena do país, não sendo excluídas as contribuições complementares dos estados, dos municípios ou de outras instituições governamentais ou não-governamentais. Defende a criação de uma secretaria especial do MS para a gestão da política de atenção à saúde para os povos indígenas.

1994 Decreto nº 1.141/94. Revoga o Decreto n° 23/1991. Constitui a CIS e devolve, na prática, a coordenação da saúde indígena para a FUNAI, que fica responsável pela recuperação dos índios doentes enquanto o MS se encarrega das ações de prevenção.

1999 Decreto nº 3156/99 e “Lei Arouca” (n° 9.836). A saúde volta a ficar a cargo do MS: “O Ministério da Saúde estabelecerá as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do índio, cujas ações serão executadas pela FUNASA”. São definidos e implantados 34 DSEIs em todo Brasil, cujos serviços de atenção básica à saúde e prevenção são executados através da estratégia de descentralização via convênios firmados com organizações da sociedade civil - associações indígenas e indigenistas - e alguns municípios.

É aprovada a Lei nº. 9.836 (23/09/99), criando o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS).

Responsabilidade da Saúde Indígena passa a ser da União, por meio da FUNASA (Decreto nº. 3.156 (27/09/99).

O DSEI passa a ser o modelo central da gestão da saúde indígena.

Portaria 1163/GM (14/09/99): responsabilidade na prestação de assistência à saúde dos povos indígenas no MS.

Pela ausência de um instrumento regulador para contratação de reuros humanos, as equipes do programa da saúde da família podem ser contratadas pelos municípios.

Ações de Atenção à Saúde pela Funasa em articulação com a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS). Implantação dos DSEI.

O período de transição da FUNAI para a FUNASA ocasionou sérios transtornos no processo da atenção à saúde indígena.

2000 Organização da FUNASA:

Criação do Departamento de Saúde Indígena (DESAI). 2001 Realização da III CNSI (sem muitos avanços). 2002 Aprovação da PNASPI(Portaria 254/2002)

2004 A FUNASA divulga as portarias n° 69 e 70, determinando as novas diretrizes da saúde indígena. Com essa ação, a FUNASA recupera a execução direta do atendimento e reduz o papel das conveniadas, limitando-as à contratação de pessoal, à atenção nas aldeias com insumos, ao deslocamento de índios das aldeias e à compra de combustível para a realização desses deslocamentos (Elaborado por Urihi – Saúde Yanomami - A SAGA DAS REFORMAS DA SAÚDE INDÍGENA (1967-2004)20.

2006 A Portaria Conjunta 47, de 23 de junho de 2006, da Secretaria de Atenção à Saúde do MS e da FUNASA, no artigo 1º, determina que os municípios constantes do anexo I sejam qualificados a receber incentivos de Atenção Básica aos povos indígenas. O artigo 2º, anexo II, trata da qualificação dos municípios para receberem mensalmente os incentivos de Atenção Básica aos povos indígenas, destinados às ações e procedimentos de Assistência Básica de Saúde. Durante um período de 10 anos, esses incentivos foram repassados aos municípios por meio da portaria já citada acima. Entretanto, havia necessidade de formalizar legislação para regulamentação, controle e monitoramento da utilização desses incentivos transferidos “fundo a fundo”.

Aprovação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), Portaria 6.481/2006.

Realização da IV Conferência Nacional de Saúde Indígena. Tema principal: “O DSEI como território de produção de saúde indígena”. Principal proposta: “Autonomia do DSEI”.

2007 Edição da Portaria 2.656 (17/10/2007). Regulamenta os Incentivos de Atenção Básica aos Povos Indígenas (IAB PI).

2007/2008 O Departamento de Atenção Básica DAB/SAS/MS institui uma equipe mínima de Saúde Indígena na oordção da PNPIC/SUS, com a responsabilidade de acompanhar a implementação das disposições da Portaria 2656 e apoiar os processos de pactuação dos incentivos referidos.

20José Maurício Arruti, historiador (UFF), antropólogo (Museu Nacional) e pesquisador associado do CEBRAP, faz uma análise dos processos de etnogêneses indígenas que ganharam força no Brasil a partir da década de 1970. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/saude-indigena/novos-horizontes>. Acesso em: 15 de abr 2013.

No final de 2008, foi realizado no CNS um seminário de saúde indígena onde se iniciou o processo de transição das ações da FUNASA para o MS. Foram criados grupos de trabalho subdivididos em sete (07) subgrupos com o objetivo de elaborar propostas de formas e controle de financiamento, os modelos de gestão e organização, a viabilização da autonomia dos DSEI, dentre outros. 2010 24/03/2010 - Edição da MP 483, convertida na Lei nº.12.314, de 19/08/2010:

Autorizou a criação, no MS, de uma nova secretaria.

Modificou a Lei 8.745/93, ampliando o prazo para contratação temporária para até 4 anos. Autoriza o PR a criar tabela especial de remuneração para trabalho com saúde indígena.

20/10/2010 - Publicação do Decreto nº. 7.336/2010 criando, na estrutura do MS, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI)e transferindo as ações de saúde indígena da FUNASA para esta Secretaria.

2011 Decreto nº 7.530 de 21 de Julho, que dispõe sobre as condições de assistência à saúde dos Povos Indígenas, transferindo para o MS as atividades de Assistência à Saúde dos Povos Indígenas.