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DEPUTADA IDADE FORMAÇÃO ESTADO

3 MULHER E PODER NO MARANHÃO: AÇÃO POLÍTICA E AÇÃO PARLAMENTAR

DEPUTADA IDADE FORMAÇÃO ESTADO

CIVIL RELIGIÃO

Nº DE FILHOS

Cristina Archer 50 Comum. Social Divorciada Católica 3

Graça Paz 52 Administradora Casada Católica 2

Gardênia Castelo* 43 Arquitetura/advogada Solteira Católica -

Helena Barros

Heluy* 50 Advogada/jornalista Casada Católica 5

Janice Braide 63 História Casada Católica 3

Maura Jorge 43 Advogada Divorciada Evangélica 4

Telma Pinheiro* 53 Engª Civil/Está

cursando Direito Casada Evangélica 3

Teresa Murad 49 Tradutora e Intéprete (fez até 2º ano) Casada Católica 3

* Todos com pós-graduação.

Dos/as entrevistados/as, a maioria são casadas/os. Das deputadas, duas são divorciadas e dos deputados dois são separados. Quanto à religião, trata-se de um parlamento majoritariamente católico: nove homens e seis mulheres. Duas deputadas se declararam evangélicas e um deputado também se declarou adepto da Igreja Pentecostal.

É interessante observar que o grau de religiosidade entre os parlamentares maranhenses é bem elevado, o que acaba por sinalizar a forte tradição religiosa no Nordeste brasileiro, que também se encontra manifesta entre os/as legisladores/as maranhenses. Esse é, na verdade, um dado importante, na medida em que a religião interfere potencialmente em questões relativas aos direitos sociais, a exemplo dos direitos reprodutivos, da união civil entre parceiros do mesmo sexo e da questão do aborto.

A média de filhos também é semelhante: os deputados têm em média 2,9 filhos e as deputadas, 2,8. Essa informação também representa um importante fator de análise42.

3.2.2 Filiação Partidária

O sistema partidário no Brasil é marcado por descontinuidades e grande instabilidade. Segundo Lamonier e Meneguello (1986), desde sua construção histórica como nação independente, em 1822, até o ano de 1986, o País passou por sete formações partidárias: de 1837 a 1889 (ano da Proclamação da República), liberais e conservadores; da primeira República até a Revolução de 1930, partidos ditos “republicanos”; do Estado Novo até 1937, o pluripartidarismo polarizado pelos movimentos integralista e comunista; de 1945 a 1965, um pluripartidarismo melhor configurado; nos anos de ditadura (1964 a 1979), um bipartidarismo controlado, representado pela ARENA e pelo MDB, sucedidos posteriormente pelo PDS e pelo PMDB.

Em 1979, o governo de João Figueiredo, com o “objetivo claro de fragmentar o voto da oposição decretou a restauração de uma forma limitada de multipartidarismo” (JAGUARIBE, 1992, p. 169). Nesse período, seis partidos pediram registro (PDS, PMDB, PDT, PT, PTB e PP), sendo que os partidos comunistas foram proibidos de se registrar. A partir da Emenda Constitucional nº 25, de maio de 1985, instalou-se o pluripartidarismo, com o registro de um amplo leque de partidos, inclusive de orientação marxista.

Com isso, o quadro partidário brasileiro se altera a cada eleição. Nas eleições de 1988, por exemplo, “os estados super-representados das regiões Norte e Nordeste concentravam a maioria das cadeiras no PFL e no PDS, ao lado dos comunistas (PCB e PC do B) e socialistas (PSB)” (JAGUARIBE, 1992, p. 173). Esse

42 Em pesquisa realizada em Portugal, observamos que a maioria dos deputados entrevistados

afirmou não estar ligada a nenhuma religião ou se reconhecem como ateus. Embora naquele país o aborto continue ilegal, o debate público no parlamento se faz de forma menos velada e as interferências da Igreja Católica são também mais sutis. No parlamento brasileiro, há uma interferência direta, explícita e coercitiva da Igreja Católica. Além disso, as declarações do atual pontífice denotam a continuidade do conservadorismo que marcou a gestão do Papa João Paulo II, que, entre outras medidas conservadoras, proibiu o uso de preservativos, recomendando a abstinência sexual.

quadro contrasta com os estados das regiões Sul e Sudeste, onde a maioria das cadeiras foi ocupada pelo PDT e principalmente pelo PT, além do PTB, PL e PDC.

Atualmente, há no Brasil 25 partidos, dos quais apenas treze podem ser considerados detentores de densidade eleitoral. O restante passa por impasses que vão da incorporação à extinção, como aconteceu recentemente com o PDC, incorporado ao PTB.

Essa multiplicidade de partidos, a lógica do quociente partidário e as “alianças entre partidos foram talvez a maior responsável pela instabilidade do sistema partidário” (JAGUARIBE, 1992, p. 164). Além disso, o sistema partidário brasileiro se caracteriza pelo voto personificado, característica que contribui para que haja uma disputa sempre muito acirrada entre candidatos/as, seja dentro dos partidos, seja entre candidatos/as de partidos diferentes. Daí que, em geral, as/os/ deputadas/os voltam seus mandatos para

atividades em favor de suas bases eleitorais, de grupos de interesses e de lideranças políticas visando a assegurar a continuidade de suas carreiras políticas. A competição na arena eleitoral é tomada, talvez de uma forma apressada e carente de mediações, como indutora de um padrão também competitivo, de não cooperação na arena parlamentar (DOMINGUES, 2001, p. 87).

No Maranhão, percebe-se claramente essa particularidade (Quadros 3 e 4), embora as mudanças ocorridas no quadro partidário nos últimos anos não seja um fenômeno exclusivo do Maranhão43. Mesmo assim, as mudanças partidárias no Estado foram surpreendentes, o que pode sinalizar quão frágeis são os partidos políticos maranhenses.

Em meados de setembro de 2005, acompanhei as constantes trocas de partidos ocorridas com os/as parlamentares em busca de legendas mais favoráveis à sua reeleição ou que fossem compatíveis com alianças com o governo do Estado. Tais alianças representam, para muitos/as, a possibilidade segura de reeleição ou a garantia de aprovação de projetos para suas regiões.

43

Observe-se o caso de Anthony Garotinho, no Rio de Janeiro: a quantos partidos o ex-governador já esteve filiado nos últimos dez anos? E Paulo Maluf, em São Paulo? O diferencial, nesse quadro de análise, são os partidos considerados mais à esquerda. Nestes, embora haja nomes representativos, como o deputado Domingos Dutra, a deputada Helena Heluy e o deputado Julião Amin, no Maranhão, seus nomes são imediatamente referenciados pelo partido em que atuam.