• Nenhum resultado encontrado

Descrevendo a situação-problema: repertório das mães 1 , condições existentes no Berçário e conhecimento disponível sobre comportamentos de mães ao lidar com bebês

ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE ENSINO

2. Descrevendo a situação-problema: repertório das mães 1 , condições existentes no Berçário e conhecimento disponível sobre comportamentos de mães ao lidar com bebês

No caso deste programa, foram implementadas providências para obter informações tanto acerca do possível repertório de entrada destes aprendizes, quanto de comportamentos desejáveis a partir da elaboração do programa, a partir das seguintes fontes:

a) condutas de mães em relação a seus filhos egressos de UTI neonatal observadas em situações diversas de atuação profissional da pesquisadora;

b) condutas de mães na situação de interesse, ou seja, no Berçário, ao interagir com seus bebês, com outras mães e com a equipe da unidade hospitalar;

c) relatos verbais de profissionais da equipe da unidade hospitalar, obtidos por meio de entrevistas, e

d) literatura acerca de desenvolvimento infantil, mães de crianças de risco e outros conhecimentos afins.

3. Procedimento

Coleta e análise de dados:

A elaboração do programa de ensino levou em consideração dados coletados por meio de entrevistas semi - estruturadas (Apêndice A - Roteiro de Entrevistas) com as funcionárias, enfermeiras da Unidade de Atendimento Intensivo Neonatal (UTI n) e técnicas de enfermagem do Berçário (Be), bem como registrados por meio de filmagem de comportamentos de mães durante a permanência delas no Be, em situações de presença destas

1

Os procedimentos para coleta de dados da presente pesquisa foram iniciados somente após sua submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos, tendo sido aprovado em 20.09.04 - número do protocolo 046/04.

mães no mesmo ambiente que o bebê, particularmente os de contato direto delas com seus filhos, e de orientação de mães pela equipe técnica.

No caso das entrevistas, estas foram gravadas e posteriormente transcritas, na íntegra. Os textos gerados foram então lidos e as informações de interesse apresentadas pelas entrevistadas foram identificadas e sinalizadas por meio do uso de cores correspondentes a diferentes categorias. Estas informações foram então agrupadas de acordo com estas categorias, para os diferentes participantes.

No caso das observações, as sessões observadas foram também transcritas e utilizado o mesmo procedimento de identificação e sinalização de informações de interesse. No caso das situações observadas, foram utilizadas, como parâmetros para identificação de aspectos relevantes dos comportamentos das mães, as classes gerais e específicas de comportamentos relevantes para lidar com bebês já identificadas e descritas no processo de formulação de objetivos de ensino, que ocorreu simultaneamente à descrição da situação- problema. Foram identificados, assim, propriedades presentes no desempenho destas mães, compatíveis e incompatíveis com os comportamentos e propriedades de comportamentos indicados como desejáveis para este tipo de situação.

Desta forma, foi possível identificar, do ponto de vista do conhecimento sobre desenvolvimento infantil e sobre relação mãe-bebê, aspectos relevantes de comportamentos das mães ao se relacionar com seus bebês e desempenhar, em relação a eles, diferentes cuidados, seja por estarem estes comportamentos presentes ou ausentes, nas situações observadas. Foi possível identificar, ainda, aspectos relevantes na forma de organização e uso de critérios para orientação das mães por parte da equipe técnica, em diferentes situações, que contribuíram para a confirmação da relevância de desenvolver condições para a capacitação destas mães para lidar mais apropriadamente com seus bebês, especialmente na condição de internação pós-UTI n.

O conjunto das informações proporcionou a constituição de uma descrição da situação-problema à qual um programa de ensino deveria responder, bem como a identificação de um conjunto de objetivos a serem alcançados por meio deste programa, em relação à capacitação de mães de bebês de risco para lidar com seus filhos, desde o momento em que este deixa a UTI neonatal, e de forma a promover, de forma satisfatória, seu desenvolvimento em todas as dimensões desejáveis, sejam elas relativas a aspectos físicos, emocionais, afetivos e sociais. A compreensão dessa situação, contudo, não se encerrou como condição para iniciar a formulação de objetivos: ela prosseguiu nas etapas subseqüentes de elaboração do programa, a partir da confrontação dos dados obtidos com a literatura

relacionada à temática (desenvolvimento infantil, bebê pré-termo etc) e com a experiência da pesquisadora, bem como pelo contato direto da pesquisadora com as mães, com a equipe e com o ambiente hospitalar, no decorrer da implantação do programa de ensino, sendo gradualmente acrescentados comportamentos e dimensões de comportamentos relevantes para um adequado desempenho de mães na promoção de condições favorecedoras de desenvolvimento infantil.

Ambiente de coleta de dados:

Em relação às entrevistas

As entrevistas com as Enfermeiras da UTI n aconteceram em seus locais de trabalho, em horários previamente agendados entre pesquisadora e profissionais. Foram obtidas, desta forma, informações com a participante 1 (Penf1) na UTI neonatal e com a participante 2 (Penf2) durante o período em que a mesma trabalhava no serviço de acompanhamento do desenvolvimento de bebês de risco. Das auxiliares de enfermagem, participantes 3 (Paux3) e 4 (Paux4), as informações foram obtidas durante o plantão de cada uma, em momentos que elas definiram como apropriados para a realização da entrevista. A realização das entrevistas ocorreu após o aceite de participação na pesquisa documentado no termo de consentimento livre e esclarecido para funcionários. (Apêndice B).

No momento em que foram entrevistadas, as participantes tinham formação na área de enfermagem, sendo duas delas em nível superior (Penf1 e Penf2) e as outras duas (Paux3 e Paux4) em nível técnico. Penf1 e Penf2 tinham, respectivamente, 36 e 45 anos, e as

Paux3 e Paux4 28 e 24 anos. O tempo de atuação no berçário variava para cada uma delas, sendo de quatro anos para Penf1,oito meses para Penf2,dez meses para Paux3 e quatro anos para Paux4. A participante Penf2 já havia trabalhado por 16 anos na instituição (UTI n) como auxiliar de enfermagem.

Em relação ao tempo de formação, exceto Penf1 que tinha 14 anos, as outras participantes tinham pouco tempo, variando de um a quatro anos, sendo um para Penf2, dois

para Paux3 e quatro para Paux4. Quanto aos cargos ocupados na instituição, Penf1 era enfermeira gestora da UTI neonatal e realizava orientações no Berçário, Penf2 também era enfermeira da UTI neonatal, e do serviço de acompanhamento de bebês de risco, e ainda oferecia orientação às mães no Berçário; Paux3 ePaux4 ocupavam, respectivamente, os cargos de auxiliar de enfermagem e técnica de enfermagem do Berçário.

Em relação às filmagens

As filmagens foram realizadas em ambiente denominado berçário, sendo esse destinado aos bebês recém-nascidos que necessitaram anteriormente de internação na UTI neonatal do hospital. O berçário é um local onde os bebês permanecem prioritariamente para ganho de peso e, em alguns casos, para estabilização de funções clínicas como, por exemplo a função respiratória. Ainda no berçário as mães são convidadas a estarem presentes durante todo dia e, eventualmente, à noite, de modo que possam conhecer e exercitar os cuidados maternos receber orientações, por exemplo, sobre amamentação, e acompanhar o dia a dia dos bebês. Cabe a cada mãe, neste ambiente, realizar os procedimentos de atenção ao seu bebê, como trocar a fralda, dar o banho, dar a alimentação e ou o peito, ficando os procedimentos técnicos específicos da enfermagem ao encargo da equipe técnica. A realização das filmagens ocorreu após o aceite da coordenadora da UTI neonatal, também responsável pelo berçário e pelas mães presente no momento da realização das filmagens, documentado nos termos de consentimento livre e esclarecido para coordenadora (Apêndices C) e para as mães (Apêndices D). Participaram dessa filmagem seis mães2 com períodos e duração da internação não necessariamente concomitantes, mas com características gerais (idade, condição sócio - econômica, escolaridade, entre outras) que podem ser consideradas representativas das mães, usuárias do sistema único de saúde que permanecem no berçário para internação de seus bebês. A filmagem buscou contemplar uma variedade de atividades das mães com seus bebês no berçário. Para algumas das participantes houve a filmagem de mais de um tipo de atividade, determinada pelo contexto existente no dia em que mãe e pesquisadora encontravam-se no berçário.