Descrição do contexto de investigação 1 A população

Este trabalho de investigação circunscreve-se à única turma de PIEF, existente num dos estabelecimentos de ensino de concelho localizado na área metropolitana do Porto, no ano lectivo de 2007/2008. Por ser um dos estabelecimentos de ensino desse concelho integra uma pequena área territorial, socioeconómica e cultural específica. A escolha desta escola deve-se ao facto de, nesse ano lectivo, nos encontrarmos a leccionar essa mesma turma.

A população - alvo do estudo é constituída pelos doze alunos da turma acima referida. Todos os alunos foram entrevistados. A turma era bastante heterogénea na idade dos seus alunos e revelava episódios de abandono escolar e de trabalho infantil. Tratava-se de uma turma de 6.º ano de escolaridade.

Para além dos alunos, fizemos inquéritos por questionário aos seus encarregados de educação. Porque um aluno era maior de idade, ficámo-nos pelos onze questionários.

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120 Um dos questionários foi preenchido pelo inquiridor, em virtude do EE não saber ler. Encontramos uma certa homogeneidade nos agregados familiares, onde subsistem as carências económicas, o mesmo nível social e cultural e um elevado número de filhos.

2.2. Caracterização do contexto

A turma do PIEF, objecto de estudo, fazia parte, no ano lectivo 2007/2008, de um estabelecimento de ensino integrado num Agrupamento Vertical de Escolas de um dos concelhos da área metropolitana do Porto.

O Agrupamento Vertical, designado de Porta do Sol, como forma de garantir a sua confidencialidade, integra duas freguesias que ocupam uma vasta área geográfica, apesar de repartirem entre si cerca de 13.000 mil habitantes, de acordo com o censo de 2001. Uma das freguesias faz fronteira com a sede do concelho e a outra localiza-se uma zona montanhosa com um vale atravessado por um dos mais importantes afluentes do rio Douro.

As actividades económicas existentes nas duas freguesias distribuem-se pelos três sectores de actividade: no sector primário, a agricultura praticada é uma agricultura de subsistência, uma vez que os proprietários cultivam as suas próprias terras e em simultâneo praticam a criação de gado, principalmente animais domésticos. No sector secundário, as indústrias existentes constituem-se principalmente em empresas familiares de reduzidas dimensões, tais como as ligadas à ourivesaria, às confecções e ao mobiliário. No sector terciário, existem serviços essenciais tais como centro de saúde, farmácias, minimercados, talhos, consultórios médicos de várias especialidades, advogados, restaurantes entre outros.

O Agrupamento Vertical foi constituído em Maio de 2003, para cumprir o desiderato da aplicação do regime de autonomia e administração e gestão escolar, previsto no Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio, de uma forma a que Formosinho (2005, p. 280) considera unilateral, sem direito à participação e livre iniciativa local.

Deste Agrupamento fazem parte seis Jardins de Infância, oito escolas do primeiro ciclo do Ensino Básico e uma escola do segundo e terceiro ciclo do Ensino Básico. Cerca de mil e trezentos alunos frequentam este Agrupamento, distribuídos da seguinte forma: cento e noventa e dois alunos no pré-escolar, quatrocentos e quarenta e

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121 um no primeiro ciclo e seiscentos e oitenta e seis no segundo e terceiro ciclos. Cento e quarenta docentes distribuídos da seguinte forma: dez educadoras, trinta e seis professores do primeiro ciclo, noventa e quatro docentes no segundo e terceiro ciclos e cerca de cinquenta e oito elementos do pessoal não docente.

Os alunos que frequentam este Agrupamento Vertical pertencem a um meio onde existem zonas habitacionais aprazíveis e sossegadas onde os encarregados de educação, regra geral, demonstram interesse pela vida escolar dos seus educandos. Também provêm de bairros sociais com graves problemas sociais e famílias desestruturadas. As famílias monoparentais desta freguesia correspondem a 1%

Todas as escolas e Jardins têm Associação de Pais.

O desenvolvimento do espírito da educação para toda a vida é uma das sete finalidades inscritas no Projecto Educativo do Agrupamento (PEA), em consonância com os quatro pilares da educação, propostos pela UNESCO, revelando consciência, do Agrupamento, nas mudanças de rumo que a sociedade e a escola têm que operacionalizar. Outra das finalidades deste PEA (2008, p.3) é “promover o sucesso educativo (…) assegurando níveis de escolaridade básica bem sucedida a todos os alunos promovendo a integração escolar, social e cultural (…) promovendo processos de discriminação positiva para as crianças em risco de insucesso ou abandono escolar”. Esta finalidade, pensamos nós, tende a ser uma resposta à alta taxa de insucesso escolar – 25% - , no total do ensino básico - e à necessidade de alterar a ainda pouca escolarização da população residente e familiar dos alunos que frequentam o Agrupamento. O PEA refere a percentagem elevada de pais que possuem como habilitação académica apenas o 1.º e o 2.º ciclo – 75%. Refere ainda este documento essencial do Agrupamento que a situação está a mudar, uma vez que a percentagem de pais e encarregados de educação com habilitação de grau superior se encontra em curva ascendente. Podemos ainda constatar a situação profissional actual dos pais e encarregados de educação dos alunos deste Agrupamento, com uma taxa de desemprego entre os 7,4% e os 10,8%. A maioria dos encarregados de educação possui baixa qualificação profissional. São empregados não qualificados. Essa baixa qualificação atinge percentagens de 41,6% e de 57,5% relativamente aos pais e encarregados de educação dos alunos que frequentam os Jardins Infantis e as escolas Básicas, respectivamente.

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122 O PEA pretende “desenvolver e formar todos os alunos em igualdade de oportunidades no respeito pela diferença e autonomia de cada um”, promovendo e realizando parcerias com a comunidade local, porque se considera um projecto de uma “escola actuante, ligada à humanidade, transformadora e em transformação.”

Das parcerias estabelecidas salientamos a aceitação da proposta do Programa Escolhas para a criação de turma PIEF face ao número de alunos em situação ou em risco de abandono escolar e ou trabalho infantil.

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