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CAPÍTULO II- O PROGRAMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO (PIEF)

3. A legislação do PIEF

3.2. O Plano de Educação e Formação (PEF) e o (PIEF)

O PIEF elabora para cada menor um Plano de Educação e Formação (PEF) de acordo com determinados princípios: Individualização, Acessibilidade, Flexibilidade, de Continuidade, Faseamento da Execução, Celeridade e Actualização.

Exemplifiquemos cada um desses princípios, tendo como base o despacho conjunto dos Ministérios da Educação e da Segurança Social e do Trabalho n.º 948/2003:

• O princípio da individualização parte de um diagnóstico inicial do menor e tem em conta a sua idade, a sua situação pessoal, os seus interesses e as suas necessidades de inserção escolar e social;

• O princípio da acessibilidade permite a “intervenção e a integração do menor” em qualquer momento do ano lectivo;

• O princípio da flexibilidade possibilita ao menor a “sua integração em percursos de educação e formação ou de educação extra-escolar” para posterior certificação ou creditação;

O regresso à escola de alunos em abandono escolar – contributo de um Programa Integrado de Educação e Formação.

97 • O princípio da continuidade exerce-se sobretudo quando o menor conclui o 2.º ciclo e não existe oferta de prosseguimento de estudos por parte quer do Ministério da Educação quer do Ministério da Segurança Social e do Trabalho. Nestas situações o PIEF procura “assegurar uma intervenção permanente e integrada, através da frequência de actividades de desenvolvimento de competências” de carácter vocacional promovidas por esses Ministérios;

• O princípio do faseamento da execução tem a ver com o desenvolvimento da intervenção “por etapas estruturantes do percurso educativo e formativo do menor”;

• O princípio da celeridade é a possibilidade que o PIEF dá de obtenção de certificados escolares em períodos de tempo mais pequenos, de um e de dois anos para a conclusão do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico;

• O princípio da actualização é o que permite “a revisão e alteração do plano, em função das alterações de situação e de necessidades do menor disponibilizando- lhe apoio psicopedagógico e favorecendo-lhe a frequência de actividades de orientação escolar e profissional.”

O PIEF destina-se a menores em situação de exploração de trabalho infantil para obtenção da escolaridade obrigatória e a jovens com idade igual ou superior a 16 anos que celebrem contratos de trabalho, para certificação escolar e profissional.

O PIEF assume o PEF como uma “forma de intervenção para a promoção dos direitos da criança e do jovem em perigo” e pode disponibilizá-lo de forma a “integrar acordos de promoção e de protecção” de acordo com “a lei de protecção de crianças e jovens em perigo.” Sempre que exista processo tutelar educativo, o PEF é apresentado como plano de conduta de acordo com o artigo 84.º da Lei Tutelar Educativa - na Lei n.º 1 99/99, de 14 de Setembro.

O Plano de Educação e Formação (PEF) compreende três fases: Preparação, Execução e Avaliação.

A fase da preparação de que consta a avaliação diagnóstica, tem “por objecto o nível de aquisição de competências, a situação escolar, familiar e social do menor, a sua orientação escolar e profissional, a identificação dos objectivos a atingir e dos recursos a utilizar, e a consequente formalização do plano mediante documento escrito”.

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98 A fase da execução abrange “a integração do menor, em qualquer momento do ano civil, inclusive em actividades de educação extra-escolar de curta duração, com vista a favorecer a sua inserção em percurso que vise a escolarização ou a dupla certificação, escolar e profissional.”

Na fase de avaliação é realizada “a avaliação da evolução do plano, com vista a assegurar a sua adaptação às necessidades do menor, e a avaliação final.”

O PEF obedece às orientações definidas quer pelo Ministério da Educação quer pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho.

Nos estabelecimentos de ensino o acompanhamento do PEF é feito pelo professor - tutor. Nos centros de Formação ou noutras entidades de formação acreditadas esse acompanhamento é realizado pelo formador - tutor.

Cabe a este técnico “promover a intervenção articulada das entidades envolvidas na execução” do PEF, “manter contacto regular com a família do menor, informar regularmente as entidades responsáveis pela avaliação da evolução da execução do plano, bem como propor a revisão e alteração deste, sempre que necessário.”

No PEF está prevista, sempre que necessária e possível, a intervenção dos Serviços de Psicologia e Orientação Escolar e Profissional e dos Centros de Apoio Social Escolar na área da Direcção Regional de Educação respectiva e a “intervenção das valências técnicas de orientação profissional, do serviço social e de medicina do trabalho, no âmbito dos locais do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Deve ser promovida e garantida a articulação entre os estabelecimentos de ensino, centros de formação profissional ou outra entidade formadora creditada onde se realizem PEF’s agrupados em projectos com outras entidades da comunidade local “cuja intervenção se repute necessária.”

É necessária a matrícula dos destinatários em estabelecimentos de ensino sempre que os projectos se realizem fora destes, para certificação e eventual futura integração escolares.

A organização curricular em projectos diversificados dos PEF para conclusão da escolaridade obrigatória e para obtenção de uma qualificação profissional, visando a certificação escolar ou escolar e profissional está sujeita ao determinado para cada ciclo e modalidade de ensino ou de educação e formação. Terá por isso de integrar a componente de formação sociocultural - português, língua estrangeira, matemática,

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99 tecnologias da informação e da comunicação e a “área de conhecimentos que integre as ciências sociais e as ciências naturais” - e componente da formação vocacional, artística ou científico-tecnológica e formação prática em contexto de trabalho, nos percursos qualificantes.