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CAPÍTULO III METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

1. Opções Metodológicas

1.3. Os instrumentos de recolha de dados

A metodologia tem de usar instrumentos, técnicas e procedimentos para ganhar consistência, uma vez que com esses meios adquire um conteúdo próprio. Das técnicas empíricas mais utilizadas, optaremos pelas que melhor se adaptem a este estudo: Assim, o inquérito por questionário, a entrevista e a observação serão os instrumentos fundamentais para a recolha de dados.

O regresso à escola de alunos em abandono escolar – contributo de um Programa Integrado de Educação e Formação.

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1.3.1. Inquérito por Questionário

A técnica do inquérito por questionário baseia-se num conjunto de questões escritas a que se dá resposta por escrito. Esta técnica de questionário pode abarcar três áreas de recolha de informação, segundo Tuckman (2000):

• a recolha de dados sobre o que o respondente sabe, permite-nos interpretar o conhecimento ou a informação que o mesmo tem;

• a recolha de dados orientada para o que o respondente quer e prefere, ajuda-nos a conhecer os seus valores ou preferências;

• a recolha de dados que selecciona o que o respondente pensa ou acredita.

Gonzàlez Rey (2005, p.41) afirma que o questionário é “um instrumento aprovado no estudo de representações e de crenças conscientes do sujeito diante do qual um sujeito constrói respostas mediadas pela sua intencionalidade”.

Neste trabalho, optamos por um inquérito por questionário de administração directa que nos permitiu uma a análise através de métodos quantitativos, de acordo com Quivy & Campenhoudt (2005). Desta forma, usamos o inquérito por questionário, constituído por sete itenscom questões fechadas – a maioria - e algumas abertas, caso não exista indicação correcta ou mais aproximada na resposta fechada. No primeiro item é solicitada informação sobre a identificação do respondente (sexo, idade, estado civil) sem colocar em causa o seu anonimato. No segundo item, a informação pretendida está ligada às habilitações literárias. No terceiro item, questiona-se a profissão. No quarto item, a composição do agregado familiar. No quinto item, a localidade de residência. O sexto e o sétimo itens permitem-nos conhecer o contexto familiar e as razões do regresso à escola dos seus educandos, respectivamente. Dizendo de outra forma, o inquérito por questionário vai-nos permitir recolher dados pessoais para caracterizar a situação sociocultural dos encarregados de educação; dados da ligação existente dos encarregados de educação à localidade onde vivem; a situação familiar e o tipo de relações existentes na família com o aluno e finalmente informação sobre a relação estabelecida com a escola, incluindo a razão do prosseguimento de estudos na turma PIEF e as atitudes percepcionadas nos seus educandos face à escola.

Os dados obtidos do inquérito por questionário foram tratados através do programa Excel.

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1.3.2. A Entrevista

Gonzàlez Rey (2005, p.47) refere que este instrumento de recolha de dados – a entrevista – deverá ser “um processo activo que se trava entre o pesquisador e os sujeitos pesquisados e que deve ser acompanhado com iniciativa e criatividade, pelo pesquisador, que deve ter paciência e empregar diversos recursos com as pessoas que apresentam dificuldades para envolver-se”

Neste seguimento, podemos então afirmar que a entrevista consiste numa interacção verbal entre entrevistador e entrevistado, em presença ou por intermédio de telefone. (Afonso, 2005, p. 97). Existem três tipos de entrevistas: estruturadas, semi- estruturadas e não estruturadas.

A informação recolhida por outras técnicas pode ser interpretada e aprofundada na entrevista. Esta, para Albarello et. al. (1997, p. 87) é o instrumento mais adequado para delimitar os sistemas de representações, de valores, de normas veiculados por um indivíduo”.

Para este estudo elaboramos um guião adequado aos objectivos da pesquisa. Os dados obtidos foram tratados através do processo de análise de conteúdo, uma vez que e segundo refere Bardin (2004, p. 109), a análise de conteúdo fundamenta-se num “conjunto de técnicas de comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição de conteúdos de mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

As entrevistas oferecem vantagens no “grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos” (Quivy & Campenhoudt, 2005, p. 194) e são um “método de recolha de informações (…) em conversas orais, individuais ou de grupos (…) cujo grau de pertinência, viabilidade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos de recolha de informações” (Ketele, 1999, p.18).

As entrevistas foram realizadas aos alunos individualmente e em dias diferentes após o termo das actividades lectivas. Foram gravadas para posterior transcrição. As questões colocadas seguem o modelo do inquérito por questionário feito às

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117 encarregadas de educação. Existindo variantes de entrevistas, a adoptada neste trabalho foi a semidirectiva ou semidirigida.

1.3.3. A Observação

A observação permite ao observador ver aquilo que os investigados realmente fazem e não só o que dizem fazer. A informação disponibilizada é contextualizada, pode ser aplicada individualmente e articulada com outras técnicas de pesquisa de opinião. Trivinos (1994, p. 103) entende que observar um fenómeno social tem a ver com o facto de “determinado evento social, simples ou complexo” ter “sido abstractamente separado do seu contexto para que, em sua dimensão singular, seja estudada em seus actos, actividades, significados e relações”

Vários são os tipos de observação, de acordo com o nível de envolvimento e de participação do investigador. Salientamos a observação participante e a observação não participante. Na primeira, o investigador coloca-se na posição de outros elementos seleccionados para a pesquisa e realiza contacto directo com o fenómeno observado. No segundo tipo de observação, o investigador age como espectador.

A observação possibilita quer a obtenção de informações sobre a realidade dos actores sociais nos seus próprios contextos, quer a captação de uma variedade de situações ou fenómenos, passíveis de não serem conhecidos de outra forma, uma vez que os actores, observados no seu ambiente transmitem muito mais do que apenas através da sua linguagem verbal (Merriam, 1998). Para obteremos uma leitura mais credível cruzaremos a observação com as entrevistas e os inquéritos por questionário.