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Descrição geral do negócio e estratégia da Fazenda São Marcelo

4. Apresentação dos resultados

4.1 Caso Grupo JD/Fazenda São Marcelo

4.1.1 Descrição geral do negócio e estratégia da Fazenda São Marcelo

A Fazenda São Marcelo é composta por quatro fazendas, sendo que uma delas, denominada São Marcelo, localiza-se no município de Juruena-MT e é dedicada à etapa de cria, destinada notadamente à reprodução e o crescimento dos bezerros até a desmama. Essa unidade iniciou suas operações em 1981, atingindo sua expansão máxima em 1991, mantendo cerca de 60% da área preservada, valor superior à legislação vigente à época. As outras três fazendas, Vale do Sepotuba, Mathovy e Jubá, foram constituídas em 1993 e formam a unidade do município de Tangará da Serra-MT, destinando-se às etapas de recria e terminação (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Apresentação institucional; GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

A partir da década de 2000, a Fazenda São Marcelo iniciou um novo ciclo, buscando um sistema de produção que se diferenciasse no mercado, tendo iniciado o processo de obtenção de certificações. Entre 1998 e 2010, a Fazenda desenvolveu a produção orgânica, e, apesar de ter encerrado a produção sob esse sistema devido a questões de mercado, procurou manter a filosofia. No ano de 2000, em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (GRUPO ETCO) da UNESP Jaboticabal, a Fazenda passou a desenvolver práticas de bem-estar animal, tendo sido a primeira fazenda brasileira a conquistar a Certified Humane, uma das principais certificações internacionais de manejo adequado e bem-estar animal. Essa certificação atesta que a criação do gado nas fazendas São Marcelo é feita de maneira extensiva, a pasto, sendo o controle de doenças de forma natural com homeopatia e fitoterapia. Da mesma forma, o transporte e o manejo do gado também são feitos de modo a reduzir o stress dos animais (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Apresentação institucional; GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Em 2012, a Fazenda São Marcelo foi a primeira fazenda do mundo a obter a certificação da Rainforest Alliance, após apresentar conformidade com 85,4% dos 136 critérios estabelecidos (IMAFLORA, 2012). Consolidou e formalizou, com isso, as práticas e princípios que já vinham sendo adotados(GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Em termos tecnológicos, a Fazenda São Marcelo vem desenvolvendo práticas e incorporando tecnologias que geram benefícios, tanto em termos de produtividade do seu rebanho como para a dimensão ambiental. Desses, destacam-se três fundamentais: o

programa de melhoramento genético iniciado em 2004 e a introdução de novas técnicas reprodutivas; o processo de recuperação de pastagens; e o planejamento nutricional. Todas essas práticas são exploradas na descrição das estratégias em relação às mudanças climáticas.

Do ponto de vista da rastreabilidade, todos os animais são monitorados durante todas as etapas de produção, de acordo com os requisitos do Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) do MAPA. Por meio do SISBOV, é possível assegurar que os animais da fazenda não são oriundos de áreas de preservação ambiental, griladas ou de propriedades indígenas, bem como de áreas com focos de doenças sanitárias. A adesão, apesar de voluntária, é requisito para a comercialização em mercados mais exigentes, como grandes redes varejistas e mercados externos (GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Foi também pioneira no Mato Grosso a instituir em sua propriedade uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que estende as áreas compulsoriamente destinadas a reservas legais (WEBSITE - GRUPO JD/SÃO MARCELO; GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Com essas certificações obtidas ao longo dos anos, pode-se dizer que a Fazenda São Marcelo é referência nacional e internacional em termos de práticas sustentáveis de produção (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Apresentação institucional; GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Em se tratando de assegurar ao consumidor a efetividade das práticas sustentáveis da empresa, o processo de busca de certificações implica em acesso privilegiado a mercados que têm preferência pela carne sustentável (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Diretor Geral). E, para atuar no mercado externo, as certificações e sistemas de verificação da procedência geográfico-sanitária e do processo de cria, recria e terminação se tornam elementos essenciais. É dessa forma que, atualmente, a Fazenda São Marcelo está habilitada para exportar carne para diversos países do mundo, inclusive Inglaterra e diversos outros países da Europa, e carne industrializada para os EUA. Para realizar as exportações, o Grupo JD tem o Grupo Marfrig como parceiro comercial (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Diretor Geral).

Em 2012, as quatro fazendas do Grupo encerraram o ano com rebanho de quase 31 mil cabeças em uma área aproximada de 18,2 mil hectares de área de pastagem, que, somados com os quase 22 mil hectares de área preservada, totalizam aproximadamente 40 mil hectares de propriedade. No mesmo ano, houve um abate de cerca de 19 mil cabeças de gado, sendo aproximadamente 14,8 mil certificadas com o Rainforest Alliance(GRUPO JD/SÃO MARCELO – Certificação Agropecuária da RAS (2013)). Os planos estratégicos atuais da Fazenda São Marcelo têm como um dos principais eixos o aumento do volume de gado manejado, de modo aumentar a escala de sua operação, garantindo assim a oferta de carne certificada ao consumidor via frigorífico (GRUPO JD/SÃO MARCELO – Diretor Geral). Isto porque, atualmente, a comercialização da carne certificada pela Rainforest Alliance ainda está limitada a algumas praças na cidade de São Paulo, e apenas via o Grupo Carrefour (GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico), revelando o seu potencial de mercado ainda a ser explorado.

Esse aumento de escala de produção passa prioritariamente pelo aumento da produtividade por hectare em detrimento da expansão da área, indo ao encontro dos objetivos de aprimoramento do desempenho ambiental da Fazenda São Marcelo (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Diretor Geral; GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Hoje é praticamente impossível você abrir novas áreas, por causa da área de preservação. Primeiro porque [...], quando a fazenda foi aberta, nós poderíamos ter formado uma área um pouco maior. Só que não foi formada. A partir de agora, se nós quisermos aumentar nossa área de produção, teríamos de comprar novas áreas. E é muito caro, se você analisar, para abrir novas áreas. Primeiro, que é extremamente burocrático hoje em dia. E, segundo, [...] fica caro pelo motivo, da região, da Amazônia Legal. Você tem que comprar uma área e 80% tem de ficar preservado. É uma área grande de preservação. Então, a saída hoje em

dia, é intensificar, ‘tecnificar’ e intensificar a produção. Num local onde você produzia um

animal, por exemplo, você terá de produzir dois para você se manter viável dentro do negócio. (GRUPO JD/SÃO MARCELO – Gerente Técnico).

Foi importante demonstrar que através do emprego de novas tecnologias podemos aumentar de forma expressiva a produção de carne, sem que haja a necessidade de abertura de novas áreas e, assim, suprir a crescente demanda por alimentos do mundo. (FURLANETTO; MIGUEL, 2012).

O aumento de produtividade quilograma/área pretendido equivale a quase que quadruplicar a produtividade atual de cerca de 1,3 unidade animal (UA41) por hectare (ha) para 5 UA/ha (GRUPO JD/SÃO MARCELO - Diretor Geral).

4.1.2 Visão estratégica da Fazenda São Marcelo em relação às mudanças