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Descrição da situação vivida na escola e no órgão de gestão no ano lectivo de

Foi com este espírito de abertura à inovação e à mudança que iniciámos o ano lectivo de 2009//2010. A equipa estava motivada para trabalhar em conjunto para a construção de uma escola melhor. No entanto, o contexto condicionou a sua actuação, que se debateu com múltiplos problemas, entre os quais o pedido de reforma antecipada do director.

Com um cenário complicado, advindo já de outros tempos, em que a conflitualidade imperava, agora a situação agudizara-se com nova legislação constantemente a chegar e direitos subtraídos à classe docente e comunidade educativa em geral. Ao nível dos recursos humanos (RH), a situação complicou-se com a ida de professores e de funcionários para a aposentação. Por outro lado, a situação relativa à intervenção da Parque Escolar, cujas obras se iniciaram em 2009/2010, contribuiu para um acréscimo de trabalho e de problemas para gerir. Para além de tudo isto, surgiram vozes de contestação a algumas actuações do director, provenientes da comunidade educativa, ou melhor, de alguns grupos e do próprio conselho geral. Como adjunta da direcção, tentámos aconselhar o director a dialogar a partilhar as suas decisões, em primeiro lugar com a equipa, que tomava conhecimento destas a posteriori. Estivemos sempre atentas ao "sentir" da escola no seu todo, ouvindo professores, alunos, funcionários e pais/encarregados de educação. As pessoas dirigiam-se-nos, normalmente, para nos transmitirem situações problemáticas e para intercedermos junto do director, numa

tentativa de resolução de problemas. Estas situações eram abrangentes, desde a distribuição de serviço docente e não docente, às questões de avaliação do pessoal não docente, condições logísticas e de ausência de colaboração do director com o conselho geral, através da sua presença nas reuniões. Conseguimos, algumas vezes, abordar estas questões com sucesso. Todavia, com o passar do tempo, a situação piorou substancialmente, passando a contestação a ser geral. Uma das críticas mais contundentes incidia na crescente desumanização da escola, em que os colaboradores eram tratados com frieza e as situações relacionadas com as funções atribuídas eram alteradas sem comunicação prévia, sendo apresentadas como facto consumado. Esta situação contraria as nossas crenças no que ao sistema organizacional diz respeito, pelo que foi necessária uma dose de coragem e de resiliência para suportar este estado de coisas. Envidámos esforços para minimizar os efeitos negativos destas medidas, que se repercutiam na atmosfera da escola, tentando ouvir toda a comunidade educativa, tratando todos os elementos com respeito e consideração, estratégia de acção que mantemos até hoje. A este propósito, uma funcionária que muito prezamos manifestou o seu carinho por nós, pedindo-nos que nunca deixássemos de estar atentas aos funcionários, que estariam "muito abandonados" sem uma voz amiga, uma palavra de atenção e um sorriso. Continuaremos, sem dúvida, a insistir na melhoria do aspecto humano e relacional da escola.

Os problemas são impulsionadores de mudança e de crescimento para quem os enfrenta, e, nessa medida, se os conflitos existentes entre os vários membros da comunidade educativa contribuíram, por um lado, para uma maior pressão no desempenho das nossas funções, obrigaram-nos, por outro lado, a cultivar a serenidade, a resistência à pressão e a persistência, o que muito nos ajudou na resolução de problemas.

As dificuldades e o mal estar viriam a ser exponencialmente aumentados com a decisão tomada pelo director de se aposentar antecipadamente, ainda no ano da sua tomada de posse. Passamos a explicar a situação, para que seja possível perceber a sua gravidade e a forma como condicionou o funcionamento da escola.

O director havia comunicado à equipa, inicialmente, que o mandato de quatro anos não seria cumprido na íntegra, por tencionar aposentar-se no prazo de três anos. A equipa aceitou, na medida em que seria um período razoável para desenvolver um bom

como esperávamos, através da candidatura do então subdirector às eleições que se seguiriam à saída do director. Todavia, esta situação alterou-se com a solicitação da aposentação antecipada pelo director, sem comunicação prévia à equipa, que tomou conhecimento do facto de uma forma informal e depois de estar consumado, no ano de 2009/2010. A instabilidade e insegurança tomaram conta da equipa, uma vez que esta seria desfeita, devendo assegurar o serviço até à tomada de posse do novo director. Fizemos os possíveis por reverter os efeitos nocivos desta tomada de decisão do director, transformando a adversidade em oportunidade, tomando as rédeas da situação e colaborando com o subdirector, transmitindo à comunidade educativa a ideia de que não iríamos deixar de lutar pela escola. Convém fazer um pequeno parêntesis para esclarecer que a direcção funcionava numa base de gestão corrente e que havia elementos que estavam em funções relacionadas com áreas como o ensino nocturno e o CNO, as instalações, a organização e funções do pessoal não docente e o plano tecnológico de escola (PTE), que não estavam directamente ligadas à área pedagógica propriamente dita, estando esta a nosso cargo e do subdirector. Talvez por essa razão trabalhássemos sempre em parceria, tentando minimizar os danos da falta de comunicação crescente entre os membros da equipa, malgrado os nosso esforços no sentido de a reforçarmos.

O conselho geral reuniu e, em assembleia, concluiu que havia necessidade de tomar medidas, face aos problemas existentes. Dessa reunião surgiu um documento, em que este órgão solicitava à Direcção Regional da Educação (DREC) a aceitação, com carácter de urgência, do pedido de aposentação do director, com o objectivo de acelerar o processo eleitoral, uma vez que o director se mantinha numa posição de afastamento e de alheamento das suas funções. O requerimento foi deferido e o subdirector assumiu, interinamente, funções de director, cabendo-nos as funções de subdirectora. Tudo isto ocorreu no mês de Julho, altura em que um dos adjuntos se demitiu, alegadamente por não fazer parte dos quadros da escola, sendo a sua escola de origem em Lamego. Nesse momento ficámos apenas nós e o subdirector, uma vez que o outro membro da equipa se encontrava de férias, fora do país, e não tínhamos conseguido contactá-lo. Foi um período conturbado, de trabalho intenso, em que não descansámos, impossibilitados de gozar férias, e tivemos a nosso cargo o encerramento do ano lectivo de 2009/2010 e o arranque do ano lectivo de 2010/2011.

CAPÍTULO III