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5 ANÁLISE DE DADOS

5.3 Desempenho do APL

O desempenho do APL foi verificado, em termos quantitativos, quanto ao volume de produção e ao faturamento das empresas associadas. Foram destacados ainda, em termos qualitativos, os resultados econômicos e sociais observados.

No que diz respeito ao volume produtivo, foram coletadas informações de 11 indústrias associadas à AMMA, não incluídas aqui as demais empresas associadas, as não-associadas e os negócios informais. Observou-se, neste caso, uma evolução na quantidade anual produzida, conforme representado pelo gráfico 3 a seguir.

GRÁFICO 3: Evolução do volume produtivo Fonte: AMMA

Comparando-se a evolução do volume produtivo com a evolução do faturamento das empresas associadas, conforme gráfico 4 abaixo, percebe-se um contínuo crescimento entre os anos de 2003 a 2005, no entanto, no ano de 2006, houve sensível queda, justificada pela desvalorização da moeda dos EEUU, destacado anteriormente no gráfico 1.

Fa tura me nto do Grupo de e mpre sa s

R$ 18.790.075,74 R$ 12 .552 .630,2 5 R$ 14.837.968,30 R$ 16.12 6.42 1,59 R$ 2 3.335.952 ,42 2003 2004 2005 2006 2007 Ano F a t u r a m e n

GRÁFICO 4 - Evolução do faturamento do grupo de empresas associadas Fonte: AMMA

Ressalta-se que o faturamento apresentado se refere somente às 11 indústrias associadas à AMMA, e não inclui informações das demais indústrias não associadas e negócios informais.

No que diz respeito aos resultados econômicos e sociais advindos do desempenho do Arranjo, ficou claramente evidenciada a geração de emprego e renda, bem como a melhor qualificação das pessoas inseridas no contexto do Município e região.

Uma das principais dificuldades encontradas pelos empresários no início do desenvolvimento do arranjo foi, com unanimidade destacada, a falta de empregados qualificados. A maior parte dos empresários precisou trazer funcionários da cidade de Fortaleza e do sul do País, para que ensinassem o ofício aos demais empregados das fábricas.

Hoje, após pouco mais de dez anos do início do desenvolvimento do Arranjo, essa dificuldade foi superada. A experiência adquirida ao trabalhar juntamente com profissionais experientes e qualificados, nas capacitações obtidas por meio das instituições parceiras, proporcionou a elevação do nível de qualificação das pessoas, como destacado na opinião de um dos empresários: “Já se pode dar ao luxo de escolher funcionários” (EMPREENDEDOR FORMAL 5).

Conforme defendido por Albagli e Maciel (2003), os arranjos produtivos favorecem “ambientes ricos e dinâmicos de aprendizagem coletiva, assim como a geração e difusão de conhecimentos e inovações”. No Arranjo estudado, o aprendizado interativo se mostra por meio de várias formas, a exemplo do depoimento de um dos sujeitos: “A fábrica do Rogério funcionava como uma escola, ele trazia pessoal de fora pra ensinar, o pessoal saía e a gente pegava e assim foram aprendendo” (EMPREENDEDOR FORMAL 8).

Assim, percebe-se que a aquisição de conhecimentos, seja de maneira formal ou informal, resultou num ganho social para as empresas, para o grupo e para o município, conforme depoimento de um dos representantes das instituições parceiras:

Hoje os empregados de lá estão muito mais preparados do que os de outros pólos de outros municípios. Eles estão mais exigentes. Eles passam a contribuir com o clima de qualificação lá dentro de Marco, pra que os próprios habitantes de Marco passem a exigir do governo municipal um atendimento melhor em termos de qualificação profissional, em termos de ensino fundamental [...] (EMPREGADO DE INSTITUIÇÃO 3).

A socialização de conhecimentos no Arranjo elevou também a qualificação dos empresários e foi difundida, em grande parte, pelos profissionais trazidos de outras regiões do País onde a produção moveleira é tradicional, como design de móveis e consultores, conforme destacado a seguir: “Hoje, os empresários já sabem caminhar sozinhos, pois os consultores têm apresentado resultados satisfatórios. Hoje, eles já sabem, por exemplo, onde encontrar um consultor de móveis sem precisar do SEBRAE” (EMPREGADO DE INSTITUIÇÃO 2).

Neste contexto, podem ser observados elementos facilitadores da constituição do capital social, como é o caso da autonomia em buscar competências inexistentes no local, como também da socialização dos conhecimentos obtidos e melhores práticas produtivas e de mercado, abrindo espaço para ações compartilhadas e articuladas entre os atores.

No que diz respeito aos resultados obtidos no plano econômico, verificou-se que houve aumento considerável no número de empregos diretos e indiretos no Município e em cidades vizinhas, além da geração de pequenos negócios que fornecem insumos para as fábricas:

Depois do surgimento do pólo, o município se desenvolveu e contribui pro desenvolvimento sócio-econômico. Hoje pelo fato de ter empregos voltados para o setor moveleiro o nível de desemprego caiu e o município se desenvolve porque existe uma renda que permite que as pessoas comprem e consumam dentro do município (EMPREGADO DE INSTITUIÇÃO 3).

A renda per capita melhorou. Praticamente não existe desemprego. Está é faltando mão- de-obra pra construir até calçamento nas ruas (EMPREGADO DE INSTITUIÇÃO 4). Toda cidade ao redor vem comprar aqui (CLIENTE 2).

Os entrevistados, quando indagados acerca dos benefícios econômicos trazidos pelo Arranjo para o Município e região, são unânimes em relação à geração de emprego e renda, conforme depoimentos:

Emprego e renda. Pronto, ta dada a resposta! Isso é fundamental (EMPREENDEDOR FORMAL 1).

Geração de emprego, de renda, de qualificação profissional e de girar o dinheiro dentro da cidade (EMPREENDEDOR FORMAL 2).

O Marco é conhecido demais em termos de emprego. 40% [da mão-de-obra empregada] é dos municípios vizinhos. No Marco tem emprego e tem comércio (alimentos, vestuário etc), e por ser uma cidade que tem muitos empregos, o dinheiro fica na cidade (FORNECEDOR 2).

Dinheiro que circula na cidade. Além de ficar os impostos, puxa dinheiro pra dentro da cidade. Compra algumas matérias-prima do município. Aqui tenho funcionários de Marco, de Morrinhos, de Bela Cruz e de Acaraú (EMPREENDEDOR FORMAL 6). Eu vejo uma riqueza pro Marco, porque infelizmente não é todo lugar que tem um pólo desses. Eu tiro aqui um exemplo: Bela Cruz, a cidade vizinha da gente onde tinha duas fábricas e uma fechou. Assim, não tem uma renda, todo mundo [da cidade vizinha] trabalha aqui, e o pólo é uma vantagem pra gente (EMPREENDEDOR INFORMAL 5). O Marco está muito desenvolvido devido às fábricas. Imagina se não movimenta o comércio, é uma riqueza (CLIENTE 2).

A organização do APL também favoreceu a geração de pequenos negócios que participam da cadeia produtiva de móveis:

Por exemplo, no meu comércio eu vendo acessórios pra móveis. Gerou um negócio, não gerou? Eu vendo compensado, eu vendo fórmica, eu vendo espumas [...] e eu já coloquei porque eu entendia da realidade daqui. E não é só eu aqui não, são vários comércios que vendem acessórios para móveis (FORNECEDOR 1).

Quase todas as casas têm uma reforma de sofá de fundo de quintal (FORNECEDOR 2). Tem muitos empregos das indústrias, mas tem muito negócio pequeno também, até mesmo sem registro, que emprega muito (EMPREENDEDOR INFORMAL 3).

As grandes [indústrias] geram muito emprego, gerando emprego o poder aquisitivo da população cresce e compra dos menores [produtores informais], e os menores compram de mim a matéria-prima (FORNECEDOR 1).

De acordo com as fábricas que vão crescendo a gente cresce também (FORNECEDOR 2).

Os funcionários das indústrias compram de mim, porque eu penso assim: o dinheiro que ganha aqui tem que gastar aqui mesmo (EMPREENDEDOR INFORMAL 1).

Percebe-se, através dos depoimentos, que o APL obteve maior dinamicidade e autonomia. Com a finalidade de aumentar a competitividade sustentável do APL, faz-se necessário promover a integração entre os entes federados (Município, Estado e União) em torno do desenvolvimento do Arranjo, referente às ações previstas em programas e projetos existentes, bem como onde houver espaço de novas intervenções políticas.