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Esquema 9: Cenários possíveis: sem e com a variável mediadora

2.5 O desempenho operacional

Este trabalho busca estabelecer, viabilizar e mensurar os critérios de desempenho operacional (DOP) que auxiliem os gestores da área de operações quanto às decisões gerenciais para a implementação das práticas operacionais.

Dessa forma, essa tese busca contribuições para a realização das decisões estruturais e de infraestrutura, tais como, quais práticas que oferecem melhoria da eficiência dos processos para reduzir custos, restringir as perdas e dos desperdícios de matéria-prima e produto acabado com o objetivo de aumentar as receitas.

Sobre o DOP, Flynn et al. (1995) delineiam que este representa o resultado do grau de implementação das práticas de JIT, TQM e de infraestrutura empregadas pelas organizações. Para Voss et al. (1997), o DOP representa os aspectos mensuráveis dos resultados dos processos organizacionais, tais como, a confiabilidade, o tempo de ciclo de produção e dos níveis de estoques.

Para Cua et al. (2001) há muitas maneiras de medir o DOP e a abordagem mais predominante na literatura é a avaliação dos critérios denominados como prioridades competitivas, tais como, custo, qualidade, entrega e flexibilidade, que são as quatro dimensões básicas do desempenho da manufatura.

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Ketokivi e Schroeder (2004) articulam que, na pesquisa empírica, o modelo proposto deve avaliar cada variável de desempenho (custo, qualidade, confiabilidade, flexibilidade e rapidez) de forma única.

Na articulação entre as práticas socioambientais e o desempenho operacional, os estudos consideram os resultados ambíguos, ora positivamente (HART, 1995; RUSSO; FOUTS, 1997; ZHU; SARKIS, 2004) ora negativamente (PAGELL; GOBELI, 2009; PULLMAN et al., 2009; SARKIS; CORDEIRO, 2001).

Klassen e Whybark (1999) evidenciaram a diferença entre as práticas de controle e de prevenção ambiental e os impactos no desempenho operacional. Em suma, esses autores relatam que o aumento do portfólio de práticas ambientais de prevenção estão positivamente associadas ao desempenho operacional nas dimensões de custos, flexibilidade e rapidez. Porém, não foi encontrada a associação estatística significativa entre as práticas ambientais de prevenção e a dimensão de desempenho em qualidade. Quanto às práticas ambientais de controle, a associação com o desempenho operacional foi considerada negativa e, com significância estatística.

Zhu e Sarkis (2004) expõem, no trabalho empírico, que as práticas ambientais internas à organização enfatizam uma associação positiva com o desempenho operacional e com significância estatística. O mesmo acontece sob a presença de práticas de TQM, demonstrando a possibilidade de simultaneidade na aplicação das mesmas. Em contrapartida, esses autores convalidam que as práticas de JIT, como variável moderadora, atuam de forma negativa na relação causal entre as práticas ambientais e o desempenho operacional.

Melnyk et al. (2003) enfatizam também que as organizações que possuem as práticas ambientais devidamente implantadas, e sob o regime de um sistema de gestão ambiental e com certificação ISO 14001, possuem melhor desempenho do que as organizações não possuem nenhum sistema de gestão. Convalida-se também que o grau de implementação das práticas socioambientais para atendimento de padrões regulatórios e/ou contratuais, ao reconhecimento de resíduos ao longo do ciclo de vida do produto e/ou serviço promovem uma melhoria da imagem da empresa ante os clientes e, por seguinte, uma vantagem competitiva (SARKIS, 1995).

Pagell e Gobeli (2009) relatam uma associação negativa entre as práticas sociais e o desempenho operacional. Pullman et al. (2009) também corroboraram que as práticas sociais possuem uma relação com significância estatística, apenas com a função qualidade. Contudo, no geral, ressaltam que as práticas sociais têm ainda impactos indiretos sobre o desempenho operacional.

Nesse panorama, Wang e Ahmed (2007) e Wu et al. (2010) destacam o papel das competências operacionais como mecanismo de alavancar o desempenho operacional e também mediadora entre os recursos e o desempenho. Ainda segundo esses autores, essas competências são propícias para a sustentação de uma vantagem competitiva, pois são conhecimentos tácitos, de difícil cópia, desenvolvidos ao longo de um período mediante o desenvolvimento das relações sociais dos recursos da empresa com seus fornecedores e clientes. A seguir destaca-se o modelo de pesquisa e as hipóteses pesquisa.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Essa tese caracteriza-se como ser uma pesquisa explanatória, uma vez que o foco é, adicionalmente à descrição, busca discutir as razões para o fenômeno estudado (COOPER; SCHINDLER, 2011). De tal modo, caracteriza-se por expor um método científico dedutivo, pois se se baseou na revisão teórica com a apreciação dos pressupostos e, posteriormente, das indagações que irão apoiar ou refutar a teoria (HAIR JR. et al., 2005).

Nesse contexto, será empregado uma metodologia quantitativa com coleta de dados por intermédio de uma survey, com corte transversal e um questionário estruturado (MALHOTRA; GROVER, 1998). A ferramenta de pesquisa está dividida em três momentos: primeiramente composto de questionamentos sobre variáveis sóciodemográficas com variáveis qualitativas (nominais e ordinais) e quantitativas (discretas e contínuas). Posteriormente, sobre a avaliação da percepção do nível de implementação das práticas operacionais, ambientais e sociais e as competências operacionais serão empregadas escalas já previamente utilizadas e traduzidas para o português. Por fim, se reconhece o nível de desempenho operacional da empresa frente aos concorrentes (ROSENZWEIG; EASTON, 2010).

Nesse panorama, utilizar-se-á a análise fatorial, pois é a técnica considerada adequada para validar os constructos multi-itens e os respectivos indicadores (BAGOZZI; YI, 2012). Koufteros et al. (2009) orientam sobre as vantagens da análise fatorial quanto à possibilidade de testar o modelo de medida bem como os parâmetros individuais por meio de índices de ajustes.

Contudo, essa ferramenta, baseada em estatística multivariada, exige a demonstração de certos critérios a fim de manter a validade e a confiabilidade estatística e a legitimidade dos resultados (HAIR et al., 1998). Nesse sentido, visando atender aos pressupostos da análise fatorial, tem-se como estágio número 1, a necessidade do desenvolvimento da teoria sobre as práticas socioambientais, competências operacionais e o papel dos recursos para o desempenho superior, a qual foi apresentada no item anterior, capítulo 2 (HAIR et al.,1998). Hair et al. (1998) corroboram que “a força e a convicção da causalidade entre duas variáveis latentes não estão relacionadas ao método analítico escolhido, mas sim na justificativa teórica para suportar as análises” (HAIR et al., 1998, p.592, tradução nossa).

Hair et al. (1998) também convalidam que existem quatro tipos de critérios para inferências causais: (i) associação suficiente entre duas variáveis; (ii) antecedência temporal na causa e efeito; (iii) falta de alternativa nas variáveis causais; e, por fim; (iv) a base teórica para o relacionamento (HAIR et al., 1998). Nesse trabalho será utilizado o quarto e o último item.

Assim, no Esquema 3, evidencia-se o modelo de pesquisa sobre a relação das práticas socioambientais com as competências operacionais e o desempenho operacional:

Esquema 3: Modelo teórico da pesquisa Fonte: elaboração própria

Ainda de acordo com Hair et al. (1998), a análise da estatística multivariada, adicionalmente ao primeiro já citado sobre a revisão teórica, realizam-se os seguintes passos:

Desenhar do modelo conceitual: Apoiados pela fundamentação teórica, primeiramente expõem-se os constructos que serão utilizados para descrever os fenômenos estudados (EDWARDS; BAGOZZI, 2000). Em seguida, têm-se o modelo conceitual, as hipóteses de pesquisa que destacam as relações entre as variáveis preditoras e as variáveis Yi bem como pesquisas empíricas anteriores sobre o tema;

Fundamentar teoricamente dos indicadores: A teoria psicométrica busca mecanismos de associação entre o esquema cognitivo dos indivíduos com as variáveis latentes e nesse contexto, os indicadores representam a operacionalização dessas (MALHOTRA; GROVER, 1998; PILATI; LAROS, 2007). Edwards e Bagozzi (2000) declaram que os valores para as métricas dos indicadores podem ser obtidas por meio de entrevistas, observações ou qualquer outro meio. Nesse sentido, fundamentaram-se

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os indicadores pela teoria a fim de refletir ou formar os constructos. Adicionalmente, relataram-se os trabalhos realizados que demonstram a confiabilidade e a validade do instrumento;

Verificar a confiabilidade e a validade do instrumento de pesquisa por meio de técnica qualitativa: Avaliou-se primeiramente a validade e a confiabilidade do instrumento de pesquisa pelo método denominado como Q-sort, de avaliação de conteúdo do instrumento de pesquisa. Nesse procedimento descreveu-se o instrumento de pesquisa ante os especialistas da área de operações, tanto da academia como da área empresarial. Nessa primeira verificação, houve a purificação da escala, eliminando-se itens que não apresentaram convergência com a variável latente (HAIR JR. et al., 2009; MOORE; BENBASAT, 1991; PERREAULT; LEIGH, 1989; STRATMAN; ROTH, 2002);

Avaliar quantitativamente a validade e a confiabilidade do instrumento de pesquisa: Mensurou-se a relação entre os indicadores e os constructos latentes, por meio das cargas fatoriais padronizadas (λ), o cálculo da confiabilidade composta (CC) e da variância média extraída (sigla em inglês, AVE). Simultaneamente, realizou-se a avaliação da validade convergente (λ > 0,5), e da discriminante, por meio da comparação dos coeficientes de determinação com a AVE. Por fim, reconheceu-se a variância comum do modelo segundo o método de fator único de Harman;

Compreender e avaliar o modelo de medida: Por meio das cargas fatorais padronizadas (λ) e dos índices de ajuste, realizou-se medidas de diagnóstico do modelo por meio da comparação com os índices considerados como referência pela literatura (HAIR JR. et al., 2009; KLINE, 2011; PILATI; LAROS, 2007);

Realizar a análise estatística: Discutiu-se sobre os dados obtidos por meio da estatística descritiva da amostra quanto à distribuição dos dados e executou-se a análise fatorial confirmatória e da regressão linear múltipla. Adicionalmente, reconheceu-se a distribuição dos dados, outliers e se os pressupostos quanto aos resíduos, tais como, a normalidade, a homoscedasticidade e a respectiva autocorrelação são atendidos;

Modelar por regressão linear múltipla: Verificou-se a possibilidade de se realizar inferências estatísticas sobre os impactos das práticas operacionais, ambientais e sociais ante os critérios de desempenho por meio da regressão linear múltipla bem

como o impacto da mediação por parte das competências na associação entre as práticas e os critérios de desempenho.