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A visão agregada das práticas operacionais, ambientais e sociais ante os

6.4.1.1 Discussão sobre os valores obtidos

(a) Quanto aos efeitos das práticas operacionais, formada pelos constructos de práticas de liderança e de atendimento ao cliente ante os critérios de desempenho

Quanto ao teste da primeira hipótese, referente às práticas operacionais, pode-se afirmar quanto ao fator de prática operacional de atendimento ao cliente (POC), que este impacta com alta significância estatística ante o critério de eficiência nas entregas (p < 0,01) e, ao nível de 10%, com o critério de flexibilidade. Esses resultados avultam a preocupação das empresas com os sistemas de comunicação com o público interno e também externo assim como com os mecanismos de melhoria contínua (FLYNN et al., 1995; WU et al., 2012).

Nesse panorama, a diferenciação quanto ao critério de eficiência nas entregas, ratifica-se o pressuposto de Wheelwright (1984) quanto à estratégia de crescimento que as organizações devem buscar. Isto é, alicerçar a estratégia da área de operações não apenas quanto ao produto, mas também quanto aos serviços relacionados ao processo de entrega desde que seja com confiabilidade, pontualidade e sem quebras.

Quanto critério de flexibilidade que se refere à oferta de maior variedade de itens, flexibilidade de volume, personalização bem como a oferta de pedidos emergenciais, estes parâmetros refletem na necessidade de processos com maior agilidade quanto à comunicação e à decisão dentro da estrutura organizacional. Assim, empresas consideradas ágeis, devem

oferecer canais de comunicação eficientes e eficazes para atendimento das demandas externas (NARASIMHAN et al., 2006).

Os resultados da pesquisa estão alinhados ao trabalho dos autores Swink et al. (2005) que destacam que técnicas de disseminação dos requisitos de clientes internamente bem como o desenvolvimento de lideranças internas impactam significativamente na flexibilidade operacional.

Quanto à variável de liderança operacional (POL), essa não foi suportada estatisticamente para nenhum efeito ante os critérios de desempenho. Esse resultado está alinhado com os autores Ahmad e Schroeder (2003) que descrevem que práticas de liderança não são capazes de melhorar o comprometimento e, consequentemente, melhorar o desempenho. Contudo, Flynn et al. (1995), Benner e Tushman (2003) e Samson e Ford (2000) advogam sobre a importância da definição das práticas de infraestrutura e como essas apoiam o uso de práticas de qualidade.

Esses resultados suportam as hipóteses H1c e H1d, na qual as práticas operacionais estão diretamente associadas aos critérios de desempenho em entregas e de flexibilidade operacional.

(b) Quanto aos efeitos das práticas ambientais ante os critérios de desempenho

Verifica-se na Tabela 37 que as práticas ambientais oferecem efeito, com alta significância estatística ( p < 0,01) em dois modelos: a eficiência em custos e em padrões de

qualidade, enquanto para o critério de flexibilidade, apresentou associação apenas ao nível

de 10%. De tal modo, esses resultados demonstram a importância do planejamento e do projeto de produto e processos para a execução dos processos internos e externos a fim de garantir melhores níveis de eficiência operacional (MELNYK et al., 2003).

Quanto à associação altamente positiva das práticas ambientais com o critério de desempenho de eficiência em custos, verifica-se que a escala proposta por Melnyk et al. (2003) evidencia a análise dos componentes do produto, da engenharia reversa e o papel dos fornecedores para se atingir essa vantagem competitiva.

Nesse contexto, verifica-se também no trabalho de Ketokivi e Schroeder (2004) e Carter (2002) sobre o impacto que tais iniciativas possuem ante a redução de custos, diferentemente do trabalho de Pullman et al. (2009), no qual a eficiência em custos não foi suportada por práticas sustentáveis.

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Quanto à associação altamente positiva das práticas ambientais com o critério de desempenho de eficiência em qualidade, esse resultado conjuga com o pressuposto de Ferdows e DeMeyer (1990) que estabelece uma analogia à figura do “cone de areia”, a qual é utilizada para representar a sequência ótima das competências e que irão permitir o desempenho superior à organização frente aos concorrentes, isto é, os autores estabelecem que as organizações devam buscar o critério de “qualidade” como precursor das demais, formando a base do “cone”.

Porter e Van der Linde (1995) asseguram que a implantação das práticas ambientais permite a melhoria da produtividade e, consequentemente, a melhoria da competitividade da organização ante os concorrentes, justamente pela implantação de mecanismos de controle e de prevenção ante os processos produtivos. Zhu e Sarkis (2004) também evidenciam o papel das práticas ambientais frente à melhoria do desempenho econômico.

Quanto ao critério de flexibilidade, Carter et al. (2000) asseguram que as práticas ambientais têm impacto positivo quanto flexibilidade, pois buscam implantar iniciativas de reciclar embalagens, de aperfeiçoar o uso de recursos de transporte, de envolver os gestores de compras nos projetos de desenvolvimento de produtos para o reconhecimento das possibilidades de reuso de materiais ao longo do ciclo de vida.

Sobre os efeitos das práticas ambientais ante os critérios de desempenho, pode-se afirmar que foi suportado quanto às hipóteses H2a quanto à eficiência em custos, H2b quanto aos padrões de qualidade e também quanto H2d quanto à flexibilidade operacional.

(c) Quanto aos efeitos das práticas sociais ante os critérios de desempenho

Essas encontram associação positiva com alta significância estatística apenas com o critério de qualidade. Nesse panorama, evidencia-se que as práticas voltadas para a integração, segurança do trabalho, reciclagem e remuneração competitiva, permitem a melhoria do ambiente fabril, também denominado como “energia social” (FLYNN et al., 1995) e que permitem alcançar melhores níveis de satisfação no ambiente de trabalho (AHMAD; SCHROEDER, 2003; BROWN; 1996; DAILY; HUANG, 2001). Das et al. (2008) destacam que simultaneamente à percepção de um ambiente de trabalho inseguro, os colaboradores não irão desenvolver e atingir resultados organizacionais, pois é uma necessidade básica não é atingida.

Esse resultado também está alinhado com a inferência de Pullman et al. (2009), no qual demonstraram, empiricamente, que as práticas sociais apresentaram uma relação positiva, com significância estatística, apenas com o critério de qualidade. Simultaneamente, esse trabalho diverge de Pagell e Gobeli (2009), pois esses autores identificaram uma relação negativa, e com significância estatística, entre os constructos de desempenho operacional e das práticas sociais.

Vale destacar que a falta de significância estatística com o critério de eficiência em custos, também compartilhado com o trabalho de Pullman et al., (2009), o que evidencia que ainda existe um caminho a percorrer quanto ao vínculo entre as práticas sociais e o melhor desempenho ante os concorrentes. Este fato é relevante e considerado como uma fronteira para o desenvolvimento de competências tradicionais de qualidade, flexibilidade e rapidez (FERDOWS; THURNHEER

,

2011).

Apenas a hipótese H3b, quanto aos efeitos das práticas sociais ante os critérios de desempenho de padrões de qualidade, foi suportada estatisticamente.

(d) Quanto às variáveis contextuais:

Conforme pode ser verificado na Tabela 35 e Tabela 36, em nenhum dos quatro cenários, não foram encontradas diferenças significativas estatisticamente quanto à variância explicada (R2) na variável Y

i. Apesar de a literatura trazer evidências empíricas que existem

diferenças quanto ao desempenho em função do tamanho da empresa por meio dos artigos Shah e Ward (2003); Klassen e Vachon (2003); Vachon e Klassen (2006) e a presença de certificações, tanto ISO 9000 ou ISO 14.000 (CORBETT; KLASSEN, 2006; MELNYK et al., 2003; TERZIOVSKI et al., 1999; VACHON; KLASSEN, 2006) nessa amostra, não foram suportadas a hipóteses.

Sobre o chancela da certificação ISO 9000, essa pesquisa está alinhada com a pesquisa longitudinal realizada por Terziovski et al. (1999), na qual se relata que a implantação da auditoria externa não representava a melhoria quanto ao desempenho em relação às empresas que não estavam certificadas. Esses autores evidenciam o papel da mudança cultural da empresa para que os efeitos das práticas de qualidade tornarem-se significativas estatisticamente.

Importa lembrar sobre o coeficiente da variável categórica quanto à presença da certificação ISO 14000, pois o mesmo apresenta-se como significativo estatisticamente (p < 0,10) para o critério de desempenho em entregas (DEV). Nesse contexto, evidencia-se que o

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papel da auditoria formal e externa frente aos resultados da organização, mesmo sendo significativo estatisticamente não corroborou para alterar o coeficiente de determinação e, dessa forma, diverge da pesquisa de Melnyk et al. (2003).

Quanto ao porte da empresa, releva-se que na pesquisa de López-Gamero et al. (2009) que o tamanho da empresa é relevante apenas na adoção de práticas ambientais nos processos organizacionais, contudo, esses mesmos autores avaliam que esse parâmetro não é uma condição determinante para que ocorra proatividade no desenvolvimento da gestão ambiental. Se por um lado as empresas de maior porte possuem recursos organizacionais com maior especialização, as de pequeno porte possuem maior flexibilidade gerencial, canais de comunicação mais eficientes e rápidos bem como uma visão empreendedora para a resolução de problemas (LÓPEZ-GAMERO et al., 2009).

Nenhuma variável dummy apresentou coeficiente na regressão linear múltipla e impacto (alteração no coeficiente de determinação) com significância estatística mediante os critérios de desempenho de eficiência em custos, qualidade, desempenho em entregas e flexibilidade.

6.4.2 Quanto ao impacto das práticas ante as competências operacionais

O modelo com as práticas operacionais – de atendimento ao cliente e liderança –, as práticas ambientais e sociais -, como variáveis independentes e as competências operacionais como variáveis dependentes, tem como objetivo reconhecer o grau de associação dessas e verificar quais que proporcionam o desenvolvimento dos recursos considerados idiossincráticos.

Nesse sentido, expõe-se na Tabela 38 os valores dos coeficientes não padronizados das regressões lineares múltiplas, a respectiva significância estatística, o valor de variância explicada, o respectivo coeficiente ajustado e o teste F para corroborar a significância estatística do coeficiente de determinação.

Tabela 38: Análise dos coeficientes não padronizados

Constructos Modelo operacional de cooperação (COC) Competência Modelo 6° de melhoria contínua (COM) – Competência operacional

POC(a) 0,1440,226** POL(a) 0,348** 0,160** PRA(a) -0,005 0,041 PRS(a) 0,336** 0,175** R2 0,411 0,412 R2 Ajustado 0,396 0,398

Constructos Modelo operacional de cooperação (COC) Competência Modelo 6° de melhoria contínua (COM) – Competência operacional

Teste F 28,758** 28,916**