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Capítulo 5- Lago Paranoá: uma representação para análise de uma investigação

5.2 O desenho do Lago Paranoá

A caracterização hidrológica, conforme exposto no começo deste capítulo, foi o aspecto que chamou atenção e direcionou as ações que visaram a mudança da capital federal para o centro do país. Isso é reforçado por Berçott (2017), que afirma “um dos fatores determinantes na escolha do sítio ideal para a construção da nova capital foi a congruência de quatro cursos d’agua, Torto, Bananal, Gama e Riacho Fundo” (p. 57).

Antes de falar dos cursos d’água tributários do Lago Paranoá convém trazer elementos que nos auxiliam a um situar geográfico. Segundo o site da Agência Nacional de Águas e saneamento Básico12, existe uma Divisão Hidrográfica Nacional definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que são as regiões hidrográficas do Brasil. Esse Conselho estabeleceu doze regiões hidrográficas no território nacional e o Distrito Federal encontra-se banhado por três dessas regiões hidrográficas: Tocantins-Araguaia, Paraná e São Francisco. (figura 12)

Figura 12: Bacias Nacionais no Território do DF.

97 As bacias que compõem o Distrito Federal estão apresentadas na figura abaixo.

Figura 13: Bacias Hidrográficas no DF (fonte: PGIRH/DF; ADASA, 201113)

É possível perceber que a região hidrográfica do Paraná conta com o maior número de bacias. Envolve as bacias do Descoberto, Paranoá, Corumbá, São Bartolomeu e São Marcos. E esse conjunto é também chamado de bacia hidrográfica do Paranaíba, delineada na figura 14.

13 Fonte: http://www.adasa.df.gov.br/images/stories/anexos/mapas/mapa%20hidrografico%20-%20a4%20net.pdf Acesso em 20 de novembro de 2020

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Figura 14: Área da bacia hidrográfica do Paranaíba14

A região hidrográfica de São Francisco está retratada pela bacia hidrográfica do Rio Preto e a região Tocantins/Araguaia está representada pela bacia do Rio Maranhão.

De todas as bacias que compõem a hidrografia do DF, a bacia do rio Paranoá é a única que se localiza inteiramente nessa região. Segundo Pires (2004), é uma bacia com mais de 1000 quilômetros quadrados “com todas as nascentes situadas no quadrilátero do DF, o que possibilita total controle sobre os mananciais que abastecem o Lago Paranoá.” (p. 59). Ela banha as Regiões Administrativas (RAs) do Plano Piloto, Lago Sul, Lago Norte, Cruzeiro, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Riacho Fundo, Guará, parte de Taguatinga e Paranoá.

Um importante adendo a ser realizado para essa compreensão do território é que o DF é dividido administrativamente nas referidas RAs. A Lei nº 4.545/64 estabelece sobre a divisão administrativa do DF em regiões administrativas- RAs (DISTRITO FEDERAL, 2013). A RA número I chama-se Brasília e corresponde à região do Plano

99 Piloto, região central do DF. As demais regiões administrativas são também conhecidas como cidades-satélites, pois circundam a RA I. De acordo com Neres (2012)

Existe uma relação de interdependência entre Brasília e as cidades satélites o que caracteriza a rede urbana do DF. Isso ocorre, principalmente, em função da intensa concentração em Brasília de infraestrutura em setores como a saúde e também por causa da oferta de emprego, o que faz ser expressivo o fluxo migrante existente de pessoas das cidades-satélites, constituindo um forte movimento de migração pendular (p.8)

O mapa abaixo ilustra essa divisão administrativa do DF nas RAs.

Figura 15: Mapa das Regiões Administrativas do Distrito Federal. Fonte:

CODEPLAN, 201415

Retomando o contexto de criação do Lago Paranoá, Pires (2004 ) indica que sua formação se deu no ano de 1959 a partir do barramento do rio Paranoá, em que foram represadas as “águas do riacho Fundo, do ribeirão do Gama e do córrego Cabeça de Veado, ao sul, e do ribeirão Torto e do córrego Bananal, ao norte, além de pequenos

15 Disponível em http://www.codeplan.df.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/S%C3%ADntese-de-Informa%C3%A7%C3%B5es-Socioecon%C3%B4micas-e-Geogr%C3%A1ficas-2014.pdf

100 córregos que drenam diretamente para o Lago” (p.60). Neiva (2017) traz de modo mais explícito a data em que a barragem teve suas comportas fechadas: 12 de setembro de 1959, data do aniversário de JK. Na Figura 14, é possível observar a bacia do rio Paranoá, destacada pela cor amarela, e o Lago delimitado pela cor azul. Por meio dessa figura, buscamos evidenciar com os círculos vermelhos o que é figurado metaforicamente como “braços” do Lago. Há dois braços na região norte e dois braços na região sul.

Figura 16: Bacia do rio Paranoá e os tributários do Lago Paranoá

(Adaptado do Mapa Hidrográfico do Distrito Federal16 de 2016)

Mesmo sendo conhecido com a denominação de “lago”, o Lago Paranoá é na verdade uma represa formada por córregos da bacia do Paranoá que foram barrados. O Ribeirão Gama e o córrego Cabeça de Veado foram represados para formar um braço da região Sul, já o outro é formado a partir do córrego Riacho Fundo. Na região norte, o

16 Fonte: http://www.sema.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2017/09/Frente-do-Mapa-Hidrogr%C3%A1fico.pdf Acesso em 20 de novembro de 2020

101 Ribeirão do Torto e o Ribeirão Bananal formam, cada um, um braço. Com isso esses córregos são os principais tributários que formam o Lago Paranoá.

Berçott (2017) adaptou um mapa do Comitê da Bacia do Rio Paranoá de modo a trazer em evidência os cursos d’água que formam o Lago Paranoá

Figura 17: Bacia hidrográfica do rio Paranoá com destaque aos cursos d’água

tributários do Lago Paranoá. Fonte: BERÇOTT, 2017, p. 56.

Além desses tributários, conforme já mencionado por Pires (2004), há pequenos córregos afluentes que drenam para o Lago. Alguns exemplos são os córregos Taquari, Palha e Antas. Essa mesma autora afirma que os braços do Lago Paranoá têm comportamentos independentes entre si e que as características tróficas raramente são homogêneas, visto que recebem contribuições de diferentes corpos de água.

Ademais, há um fluxo contínuo do Lago Paranoá que, após a barragem, continua seu curso como rio Paranoá.

5.3 A metáfora do Lago Paranoá e a EA escolar do DF por meio de histórias