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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2. DESENVOLVIMENTO DA ESCALA

O desenvolvimento da escala, que constituiu a etapa empírica propria- mente dita deste trabalho, iniciou se com a preparação teórica da autora, seguidas pelas etapas de campo 1 e 2, comentadas em maiores detalhes nos próximos tópi- cos.

3.2.1. Preparação teórica

A preparação teórica se deu principalmente a partir do contato com o ori- entador, durante as orientações e na disciplina desenvolvimento de escalas, incluin- do suas notas de aula. Além disso, consultas à literatura especializada da teoria da mensuração e desenvolvimento de escalas constituíram a base dessa preparação.

3.2.2. Construção da escala

Para nortear a construção da escala aqui proposta, nesta fase foram to- madas decisões metodológicas relacionadas à construção do instrumento de pes- quisa e a coleta de dados, tais procedimentos obedecem a sequência de dez passos indicada por Costa (2010) e ilustrada na Figura 10. Cabe ressaltar a pertinência des- sa estrutura tendo em vista que foi elaborada a partir de um meticuloso estudo do autor das principais propostas constantes na Teoria Clássica da Mensuração (ex. CHURCHILL (1979), ROSSITER (2002), DEVELLIS (1995), NETEMEYER, BEAR- DEN e SHARMA (2003)), além de ser orientada principalmente para construtos do tipo refletivo, como é o caso desta pesquisa.

Figura 10 – Proposta de Costa (2010) para o Desenvolvimento de Escalas Fonte: Notas de Aula da Disciplina Desenvolvimento de Escalas. Costa (2010)

3. Decisões sobre as respostas

7. Trabalhos de Campo Adicionais 5. Primeira Atividade de Amostragem 8. Procedimentos de Limpeza de Escala Adicionais 6. Procedimentos de Limpeza

da Escala (Primeira Rodada)

9. Análise de Validade e Confiabi- lidade da Escala Final

10. Desenvolvimento de Normas e Recomendações 1. Especificação do Domínio do

Construto

2. Atividades de Geração de Itens e Validação de Face e de Conteúdo

4. Construção do Instrumento de Pesquisa

É pertinente registrar aqui, apenas a título de informação, que a diferença básica entre construtos refletivos e formativos reside no fato de que no primeiro o construto causa o efeito sobre as variáveis, enquanto no segundo ocorre o contrário (COSTA, 2010).

1. Especificação do domínio do construto: consiste na atividade de pesquisa para definir adequadamente o construto. Envolve a definição propriamente dita do construto, a verificação da necessidade da nova escala, a análise da dimen- sionalidade do construto e a decisão quanto à natureza formativa ou refletiva do construto.

a. Este passo foi alcançado através do levantamento bibliográfico que permitiu a verificação do que a literatura especializada já tem consolidado sobre o construto, com a análise da multiplicidade dos pontos de vista existentes, bem como de suas convergências e divergências. Esta etapa culminou com a definição do construto Responsabilidade Social do Consumidor já apre- sentada no Quadro 24;

b. A análise de como o construto vinha sendo concebido e operacionalizado em diversos estudos anteriores, demonstrou a necessidade de elaboração

de uma nova escala para mensurá-lo, principalmente pelo fato da identifi-

cação de sua natureza multifacetada ou multidimensional;

c. A multidimensionalidade do construto ficou clara nesta fase, sendo sina- lizada a existência de pelo menos quatro dimensões, indo de encontro do tratamento tradicionalmente dado ao construto quanto à sua dimensionalida- de (uni ou bidimensional, isto é, dimensão ambiental ou social, ou ainda, di- mensões ambiental e social). Essa multidimensionalidade foi confirmada de forma mais consistente nas fases empírica e pós-empírica da pesquisa. d. Aqui foi adotado o procedimento padrão de geração de itens, cuidando para

que todos fossem refletivos, ou seja, tivessem uma relação refletiva com su- as respectivas dimensões, viabilizando assim os procedimentos estatísticos de análises dos dados selecionados para este trabalho.

2. Atividades de Geração de Itens e Validação de Face e de Conteúdo: após a consideração das informações e limitações da etapa anterior, deve se passar à avaliação dos condicionantes centrais, que são os recortes e determinações

provenientes da especificação do construto. Aqui se considera o nível de abstra- ção, a dimensionalidade e a natureza formativa ou refletiva do construto. Essas particularidades impactarão no número de itens necessários para mensurar cada dimensão. De maneira geral, quanto mais abstrato o construto, maior será o nú- mero de itens necessários para mensurá-lo. Com relação à dimensionalidade, a indicação é que se deve isolar a meta de geração de itens, portanto, no caso de haver mais de uma dimensão, como é o do nosso construto, deve se gerar itens específicos para cada uma delas. A atividade de geração de itens propriamente dita deve considerar a avaliação da literatura, procedimentos qualitativos e con- sultas a especialistas. Outra atividade nesta etapa diz respeito à validação de conteúdo (adesão dos itens à dimensão) e de face (forma e aspectos ortográfi- cos). O atendimento a tais orientações nesta pesquisa foi disposto no tópico 4.1.2.

3. Decisões sobre as respostas: trata-se da averiguação sobre qual escala de verificação é mais adequada para a mensuração dos itens. A mais utilizada nas ciências sociais é a escala de Likert (e as do tipo Likert) que expressa o grau de concordância do indivíduo com relação à afirmação proposta. Outra decisão que precisa ser tomada nesta etapa é a quantidade de pontos para aferição das res- postas, normalmente cinco ou sete. Esta escolha deve considerar a capacidade cognitiva do respondente, o espaço do questionário e a capacidade de manter condições adequadas para avaliações psicométricas da escala. As decisões so- bre as respostas da Escala de Responsabilidade Social do Consumidor foram descritas no item 4.1.3.

4. Construção do Instrumento de Pesquisa: trata-se da elaboração do instru- mento de coleta de dados, que deve incluir os itens gerados nas etapas anterio- res, as escalas de verificação, além dos dados adicionais dos respondentes que se fizerem necessários ao estudo (ex. gênero, idade e renda). Os cuidados bási- cos nesta fase são com relação à adequação do instrumento ao propósito da pesquisa e à capacidade cognitiva dos respondentes. O cumprimento desta eta- pa foi descrita no item 4.1.3. e as duas versões dos questionários aplicados, o primeiro com a amostra de estudantes e o segundo com a amostra de consumi- dores, foram apresentados no Apêndice C deste trabalho.

quisa, ou seja, a primeira entrada no campo. Sua finalidade é a limpeza da esca- la, e é composta basicamente de duas etapas: planejamento da amostragem e gestão do trabalho de campo. Na etapa de planejamento da amostragem devem ser considerados o tamanho e a composição da amostra, além da demanda de recursos para tal operacionalização. Os procedimentos da primeira amostragem, que nesta pesquisa foi feita com estudantes, foram detalhados no item 4.1.4. 6. Procedimentos de Limpeza da Escala (Primeira Rodada): consiste na execu-

ção de um conjunto de procedimentos exploratórios a fim de eliminar itens que não se ajustam bem a escala. Deve incluir análise exploratória preliminar dos dados, análise de correlação, análise fatorial exploratória e análise de confiabili- dade. Devido à complexidade e importância desses procedimentos estatísticos para o presente estudo, cada um deles é apresentado em maiores detalhes no item 3.2. Já os resultados obtidos na primeira amostragem, bem como seus tra- tamentos estatísticos foram apresentados no item 4.1.4.

7. Trabalhos de Campo Adicionais: visando garantir o aprimoramento da escala e a adequação dos itens para medir o construto, gerando evidências de validade e confiabilidade, faz-se necessário uma nova entrada em campo para a aplica- ção do instrumento com as melhorias provenientes da etapa de limpeza da esca- la anterior. Inclui-se aqui a construção dos novos questionários, o planejamento de amostragens adicionais e a gestão das atividades de campo adicionais. Os detalhes sobre a segunda amostragem desta pesquisa, com consumidores, fo- ram expostos no item 4.2.

8. Procedimentos de Limpeza de Escala Adicionais: os dados coletados em to- das as amostras devem ser submetidos a procedimentos exploratórios diversos e a análise fatorial confirmatória. Como já mencionado, detalhes sobre todos os procedimentos estatísticos selecionados para a análise dos dados desta disser- tação, são apresentados no tópico 3.2. Já os resultados dos procedimentos de limpeza de escala adicionais foram apresentados também no item 4.2.

9. Análise de Validade e Confiabilidade da Escala Final: entre as mais relevan- tes verificações de validação, destacam-se: 1) validade de translação (verifica- ção para constatar se os itens que restaram após todo o processo de limpeza da escala medem efetivamente o construto a que se propõem) e, 2) validade de construto (quando a verificação consiste em saber se os itens estão relaciona-

dos entre si, mediante a observação dos escores fatoriais, trata-se da análise de validade convergente, já quando a verificação objetiva analisar se determinado conjunto de itens difere de outro conjunto de itens, dos quais de fato devem dife- rir, busca-se obter evidências de validade discriminante na escala). A teoria rela- cionada aos procedimentos estatísticos sobre análise de confiabilidade que diz respeito à análise da ausência de erro aleatório na escala será abordada com mais detalhes no item 3.2.3, enquanto os resultados relacionados a tais análises para a Escala de Responsabilidade Social do Consumidor (RSCons) foram des- critos nos itens 4.2.4. e 4.2.5.

10. Desenvolvimento de Normas e Recomendações: nesta etapa devem ser de- senvolvidas as instruções de uso para os potenciais usuários do instrumento. De posse da escala final, considerando a literatura consultada e a experiência da autora durante o processo de construção da mesma, foram traçadas normas e recomendações de uso, visando à facilitação de aplicação e interpretação dos resultados em outros estudos que se disponham a utilizá-la como instrumento de mensuração, tais instruções são devidamente apresentadas no item 4.2.6.