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PARTE IV – CONCLUSÕES

1. Contributos do estudo

1.3. Desenvolvimento das competências comunicativas dos alunos

O trabalho desenvolvido durante o estudo de caso assentou na possibilidade de incorporar blogues e podcasts no ensino da língua inglesa a alunos do 5º ano, integrados numa turma com percurso curricular alternativo.

Apoiado nos resultados obtidos pelos inquéritos aplicados, pudemos constatar que a flexibilidade e a disponibilidade oferecidas pelos blogues e podcasts constituíram uma ferramenta de trabalho online válida, sobretudo o que concerne o suporte oferecido ao desenvolvimento das competências de reading, writing, listening and speaking, bem como contribuíram para o desenvolvimento de outras competências transversais, preceituadas pelo currículo nacional do ensino básico, nomeadamente as competências de natureza tecnológica que, para além de contribuírem para a realização de trabalhos colaborativos e de partilha, funcionaram como impulsionadores da autonomia dos alunos.

Relativamente ao seu papel no desenvolvimento das competências comunicativas em língua inglesa, podemos tecer várias considerações, suportadas pelos instrumentos de avaliação e de recolha de dados que utilizámos ao longo deste estudo de caso.

Fundamentado nos resultados apurados pela análise dos comentários deixados pelos alunos nos blogues da professora e dos grupos (v. ponto 5 da parte III) podemos afirmar que os posts que geraram comentários com mais qualidade eram aqueles em que se apelava directamente à participação dos alunos, quer através de respostas a desafios,

quer pelo tipo de tarefa solicitada ou da intenção de comunicação implícita na actividade. Percebemos que os alunos reagiam mais positivamente quando a informação pretendida era de carácter pessoal ou estava relacionada com os seus interesses, sendo notório, na generalidade, o uso adequado das funções da linguagem.

Contudo, a participação dos alunos nem sempre foi autêntica ou completamente autónoma. Verificámos que a existência de andaimes (fornecidos pela professora, pelos restantes alunos, participantes externos, sugestão de links…) garantiu os níveis de motivação dos alunos, pois os modelos deixados pelos seus pares auxiliaram a interacção e a manutenção do diálogo. Desta interacção e do input de informação a que os alunos estão sujeitos, acontece a ampliação gradual do seu conhecimento linguístico não significando, contudo, que a qualidade do seu output seja resultante de aprendizagens significativas. Por outro lado, o facto de os alunos reagirem por imitação/replicação de modelos poderá, por si só, significar que existe uma intenção de comunicar e de colaborar na tarefa, sendo a imitação uma estratégia de resolução de um problema que não conseguem resolver autonomamente. Assim, a criação de um contexto pedagógico ancorado na andaimização e em modelos, poderá reduzir a frustração dos aprendentes e conduzir a resultados mais positivos.

Os posts que não solicitavam a participação dos alunos e que, por isso, não ofereciam qualquer tipo de modelo a seguir, geraram menos comentários e de qualidade inferior, denotando alguma dificuldade na iniciativa e criatividade dos alunos.

Pela leitura dos comentários (v. ponto 5 da parte III) constatámos que a qualidade da expressão escrita dos alunos nem sempre foi a desejada, pois em algumas situações estes não foram capazes de encontrar, de forma autónoma, a forma mais correcta de expressar uma ideia ou de reagir aos desafios propostos. No entanto, o conteúdo dos seus comentários é revelador de alguma competência a nível da compreensão geral da escrita e da leitura, ao demonstrarem que retêm a informação essencial de textos curtos e simples e entendem o teor dos desafios.

Tendo como referência o nível A1 do QECR para as línguas (anexo VII), consideramos que os alunos alcançaram, ao longo do ano lectivo e com a ajuda das experiências pedagógicas desenvolvidas durante o estudo de caso, grande maioria das competências nos vários domínios: compreender o oral/escrito, falar e escrever.

O conteúdo dos comentários permite-nos observar que os alunos, relativamente à produção escrita geral, são capazes de escrever expressões e frases simples acerca de si próprios e de pessoas imaginárias - onde vivem e o que fazem. Estão, igualmente, aptos a transmitir, por escrito, informações pormenorizadas (números e datas, nome,

nacionalidade, idade, morada, data de nascimento…), embora possuam um repertório vocabular elementar. Em relação à correcção gramatical, os alunos evidenciam um controlo limitado de algumas estruturas e formas gramaticais muito simples.

Da mesma forma, e pela avaliação da sua actividade escrita, depreendemos que os alunos são capazes de entender textos muito curtos e simples e que retêm uma ideia do conteúdo de material informativo e de descrições breves e simples, especialmente se houver apoio visual, revelando ser capazes de seguirem orientações escritas curtas e simples.

As actividades promovidas com recurso ao podcast poderão ter contribuído para o desenvolvimento das competências da compreensão e produção oral, dado que as actividades de listening e speaking dinamizadas e produzidas pelos alunos mostram que estes são capazes de produzir enunciados curtos, isolados e muitas vezes baseados em modelos previamente trabalhados. Constatamos, no entanto, que o seu discurso é ainda bastante hesitante, pois acontece intercalado por pausas devidas a dúvidas na articulação das palavras que lhes são menos familiares ou para procurar a expressão adequada. Embora capazes de interagir de maneira simples, a sua comunicação ainda depende de repetições e de reformulações. Conseguem compreender perguntas sobre si próprios e sobre outros, bem como instruções simples e curtas se lhes forem dirigidas de forma pausada.

Obviamente que estas aquisições aconteceram ao longo de todo o ano lectivo e não ocorreram apenas devido ao contexto criado pelo estudo de caso. No entanto, reconhecemos que as situações criadas e os recursos utilizados enriqueceram o ambiente em que se produziram as aprendizagens e ocorreram as interacções, que concorreram para o aumento das competências linguísticas dos alunos envolvidos.

Subsiste, contudo, a incerteza se o interesse, a motivação e a melhoria das competências tecnológicas resultantes da utilização das ferramentas visadas, se traduziram num efectivo desenvolvimento de capacidades e de competências linguísticas em língua inglesa.