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PARTE IV – CONCLUSÕES

1. Contributos do estudo

1.1. Desenvolvimento das competências tecnológicas dos alunos

O estudo que agora finalizamos contribuiu para perceber que o recurso às TIC em contexto de sala de aula, nomeadamente nas aulas de língua inglesa, permite a dinamização de contextos de aprendizagem mais próximos da realidade dos nossos alunos, proporcionando-lhes possibilidades de trabalho diferenciado e de acordo com o seu ritmo de aprendizagem e os seus interesses, ao mesmo tempo que facilitam a promoção, a divulgação e o aperfeiçoamento do trabalho produzido pelos alunos.

Porém, junto deste grupo de alunos foi importante definir, desde o início, os objectivos e as metas a atingir com o recurso às ferramentas blogue e podcast, bem como lhes foi solicitada a colaboração na organização de algumas tarefas, de maneira que a sua participação e empenho fossem o garante das aprendizagens que se pretendia alcançar. Percebemos, desde cedo, que a noção que este grupo de alunos detinha da Internet e das TIC era muito limitada e estava, geralmente, associada à ideia de jogo, diversão, passatempo e actividade social e, raramente, eram consideradas como

ferramentas de trabalho e de estudo. (v. resultados da aplicação do inquérito I- literacia TIC dos participantes, parte III deste trabalho).

Conscientes das dificuldades e das carências evidenciadas por este grupo de alunos, introduzimos as ferramentas em estudo e o recurso à Internet de forma regulada e formativa, para que o processo fosse gradual e autónomo. Progressivamente, o trabalho desenvolvido pelos alunos com recurso às TIC e às ferramentas Web foi conduzindo ao desenvolvimento de competências que os alunos procuravam replicar em novos contextos/situações. No entanto, foi evidente uma certa resistência/desconfiança inicial fruto, muitas vezes, da insegurança que os alunos sentiram ao experimentar e aceder aos recursos, embora sempre tenham manifestado apetência e curiosidade pelo uso das TIC em contexto de sala de aula.

Reconhecemos que as abordagens iniciais não surtiram os efeitos desejados, pois foi problemático mover os alunos para o uso que se pretendia das ferramentas, tendo que se realizar um trabalho muito dirigido. No entanto, quando os alunos começaram a tomar consciência da sua presença online e a perceber a visibilidade do seu trabalho, verificou- se uma mudança na sua atitude face ao uso das TIC e ao que se esperava deles em termos de aprendizagem. Gradualmente, foram-se impondo rotinas na sala de aula que promoviam a autonomia e a colaboração, sempre ancorada na presença da professora ou no trabalho de grupo/pares.

Da leitura das fichas de observação das actividades desenvolvidas pelos alunos enquanto administradores dos seus blogues de grupo, (v. anexo V), podemos perceber que o desenvolvimento das suas competências tecnológicas foi acontecendo de forma lenta e pouco autónoma, sendo fundamental o trabalho colaborativo e a partilha de conhecimentos entre eles, pois apercebemo-nos que, muitas das aquisições dos alunos em termos de competências tecnológicas, ocorreram, numa primeira fase, por imitação e repetição de procedimentos.

Por esse motivo, as actividades planeadas pressupunham que, para a realização de um novo passo, os alunos já estivessem familiarizados com procedimentos que facilitassem a execução da nova tarefa, pelo que a dificuldade crescente das actividades poderá ter contribuído para a evolução dos alunos relativamente ao domínio das ferramentas blogue e podcast.

Embora não possamos afirmar com propriedade que este grupo de alunos é, agora, competente no uso das TIC podemos, no entanto, reconhecer a sua capacidade de administrarem um blogue e um podcast de forma autónoma, estando razoavelmente familiarizados com a linguagem que os layout destas ferramentas exibem, bem como

realizam com certa autonomia tarefas que requerem alguma capacidade de resolução de problemas e de organização. Verificámos, sobretudo, uma grande evolução na atitude dos alunos face às tecnologias e às potencialidades que estas trazem para o ensino da língua inglesa.

No entanto, importa mencionar que os alunos desenvolveram as competências tecnológicas em duas fases distintas. No início do estudo, os alunos tiveram uma atitude mais passiva, receptiva e individual, enquanto utilizadores do blogue da professora. Neste âmbito, podemos afirmar que os alunos desenvolveram, essencialmente, capacidades de autonomia na navegação em ambientes virtuais, bem como aperfeiçoaram as competências de selecção e escolha da informação, ao mesmo tempo que começaram a definir o seu próprio caminho e a pesquisar segundo os seus interesses e ritmo.

Numa segunda fase do estudo, os alunos experimentaram o uso das TIC e da Internet numa perspectiva de produtor/editor de informação, que poderá ter contribuído para o desenvolvimento das suas capacidades de resolução de problemas, tomada de decisões e de partilha, uma vez que esta fase do trabalho foi realizada em trabalho de grupo/pares. (v. resultados da aplicação do inquérito III- navegação no blogue da professora, parte III deste trabalho).

Terminamos este estudo de caso com a percepção de que este grupo de alunos está, pelo menos, mais sensível à adopção/utilização das TIC e será um grupo que facilmente se adaptará a qualquer outro software/recurso, visto que apresenta maior familiaridade com o vocabulário próprio dos ambientes virtuais (login, logout, username, password, layout, script, online, upload, html...) e tem noção do valor da presença individual e colectiva online. Podemos concluir que este grupo de alunos, após esta experiência de aprendizagem com as TIC, está mais predisposto para o uso dinâmico e continuado das TIC e das ferramentas Web na sala de aula, do que antes de participar neste estudo de caso.