• Nenhum resultado encontrado

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.3. Desenvolvimento profissional

Este ponto engloba as atividades e experiências que foram e serão relevantes para o meu desenvolvimento profissional e construção da competência profissional (Matos, 2012a).

No início do ano letivo, embora a experiência na lecionação fosse escassa, as expetativas em relação ao EP eram elevadas, visto que este seria o culminar de todo o processo até à data. Estas foram superadas, devido a tudo o que experienciei, vivi e aprendi, podendo afirmar que foi uma das experiências mais enriquecedoras que passei ao longo desde anos de formação.

Consequentemente, a busca pelo conhecimento, por novas experiências e ideias foi incessante, com o intuito de desenvolver a minha competência profissional. Tudo teve o seu contributo para crescer enquanto professora, desde as falhas e sensações menos boas, até às conquistas e conhecimentos adquiridos.

Para tal, o recurso a dois polos fundamentais, a reflexão e o conhecimento pedagógico do conteúdo, foram fulcrais ao longo de todo o percurso, com o intuito de melhorar a nossa atuação e competência enquanto professores.

Realização da Prática Profissional

83

A reflexão ou o processo reflexivo tem sido considerado determinante no desenvolvimento profissional do professor (Cunha, 2008b), visto que é uma ação que poderá conduzi-lo a uma mudança de atitude na forma de abordar o processo de ensino e aprendizagem e consequentemente na melhoria das suas práticas (Oliveira cit. por Cunha, 2008b). Consequentemente Alarcão (1996, p. 175) refere que a reflexão “baseia-se na vontade, no pensamento, em atitudes de questionamento e curiosidade, na busca da verdade e da justiça.”

Neste sentido, o professor tem de recorrer à reflexão como uma parte integrante do seu desenvolvimento, com o intuito de adquirir um melhor conhecimento e aperfeiçoar a sua atuação. A reflexão na ação, sobre a ação e

sobre a reflexão na ação são fundamentais para que o professor compreenda a

sua prática e consiga delinear estratégias para contornar e melhorar determinadas atuações/ações.

A reflexão na ação pressupõe que o professor analise a sua atuação, através da interrogação e da observação (Cunha, 2008b), conduzindo ao delineamento de novas abordagens e reformulações, à (re) adequação do plano de aula consoante determinadas situações ou o contexto (Jacinto, 2003). Reportando-me à minha prática pedagógica, a reflexão na ação foi um processo difícil de concretizar, porque esta pressupõe no momento, uma fase de análise focada no aluno e nas situações que este cria, uma fase de identificação e reflexão sobre a mesma e posteriormente a reformulação da situação (Schon, 1992). Neste sentido, a fase de análise e identificação de situações a corrigir tornou-se simples, pelo facto de ser observadora, mas por vezes tornou-se complicado no momento da ação, readequar a situação consoante os problemas que estavam a surgir, por falta de segurança na minha atuação e no meu conhecimento.

A reflexão sobre a ação “pressupõe uma retrospeção mental de forma a poder reconstruir o que se passou durante a ação” (Schon, 1992, p. 48), enquanto na reflexão sobre a reflexão na ação, “o professor analisa as formas anteriormente utilizadas e procurar reformular a sua ação” (Cunha, 2008b, p. 76) para determinar ações futuras e descobrir soluções. Comparativamente à reflexão na ação, as anteriormente referidas foram mais acessíveis de

Realização da Prática Profissional

84

conceber e acompanharam-me ao longo de todo o processo, porque ao final de cada aula/módulo/atividade foi necessário recorrer a estas reflexões, para procurar solucionar eventuais situações menos positivas que tenham ocorrido e consequentemente melhorar e aperfeiçoar a minha atuação gradualmente.

Este processo reflexivo foi fundamental em toda a minha prática pedagógica, porque foi através dele que consegui melhorar a minha prática, ultrapassar obstáculos e evitar outros. Por conseguinte, a reflexão proporcionou a oportunidade de rever as minhas ações, conduzindo a uma melhor compreensão e aprendizagem a partir das mesmas.

Não poderia reportar-me à reflexão, sem fazer referência ao conhecimento pedagógico do conteúdo, visto que segundo Alarcão (1996, p. 176) “os professores desempenham um importante papel na produção e estruturação do conhecimento pedagógico, porque refletem”. Neste sentido, o conhecimento pedagógico do conteúdo, corporiza os aspetos mais pertinentes para ensinar determinado conteúdo (Shulman cit. por Graça, 1999), sendo fundamental obtê-lo para poder refletir e tirar partido dessa reflexão.

Neste sentido, o facto de o professor possuir conhecimento pedagógico do conteúdo permite-lhe saber transmitir a matéria para os outros, sendo que, segundo Whipple cit. por Cardoso (2009), através deste conhecimento, o professor possui a capacidade de decompor o conhecimento e explicar isso aos alunos.

A falta de conhecimento profundo dos conhecimentos alienado à capacidade de os transformar em função do contexto (Graça, 1999) foi uma das lacunas com que me deparei na minha prática pedagógica, no qual tive de procurar combater ao longo da mesma. Este aspeto tornou-se muito importante e fundamental durante toda a minha prática pedagógica, porque senti e percebi que obtinha algumas falhas no conhecimento pedagógico do conteúdo em determinadas matérias. Deparei-me com a falta de conhecimento pedagógico do conteúdo logo na prática pedagógica, visto que senti algumas dificuldades em arranjar estratégias em determinadas aulas para colmatar ou contornar aspetos que não estavam a decorrer da melhor maneira. A reflexão nesta

Realização da Prática Profissional

85

situação também foi fundamental, porque após a aula conseguia expor as situações e procurava arranjar estratégias para colmatar os aspetos menos positivos nas aulas seguintes.

“ (…) não me senti à vontade em lecionar a modalidade e sinto que tenho muitas carências de conteúdo e consequentemente dificuldades em adaptar/modificar os exercícios quando os já cumpriram o objetivo principal do mesmo.” (Reflexão Aulas nº 52 e 53)

“ (…) apesar de sentir que o meu conhecimento do conteúdo é mais consistente, continuo a ter muitas dificuldades em emitir feedbacks ao nível da organização da equipa (…)” (Reflexão Aulas nº 56 e 57)

“Um aspeto que talvez deveria ter sido realizado de outra forma, foi o sentido da corrida dentro do espaço 2, no qual considero que deveria ter sido realizada de costas para o espelho, para evitar que os alunos fossem em direção/contra o mesmo, ou talvez colocar colchões para proteger” (Reflexão

Aulas nº 65 e 66)

Ao longo do ano, com o intuito de contornar estas situações procurei recorrer à reflexão e ao estudo antecipado das matérias que ia lecionar, para sentir mais segurança na transmissão dos meus conhecimentos e consequentemente desenvolver a minha competência profissional.

À parte destes dois grandes aspetos, no qual fiz questão de referir pormenorizadamente porque foram fulcrais em todo o processo, houve outras situações que contribuíram para o meu desenvolvimento profissional. Entre as quais: O contributo do núcleo de estágio, do grupo disciplinar, do PC e do professor orientador, que me fizeram sentir parte integrante de todo o processo, através do confronto, partilha de ideias, crenças, conhecimentos e experiências; as atividades desenvolvidas na Faculdade no âmbito do EP, que

Realização da Prática Profissional

86

forneceram novos conhecimentos e complementaram outros; como também a realização do PFI e do próprio RE.

Por fim, não posso deixar de referir aqueles que melhor contribuíram para o meu desenvolvimento profissional e pessoal – os meus guerreiros, os meus alunos. Foi devido a eles que a motivação aumentou ao longo do ano, que procurei ser melhor profissional. Todo o processo não seria tão enriquecedor e gratificante sem a colaboração deles, se não me tivessem recebido de braços abertos e não me tivesse colocado obstáculos para transpor. Intitulei-a de “A melhor turma de sempre para sempre!”