• Nenhum resultado encontrado

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.2. Participação na escola e relações com a comunidade

4.2.2. Desporto Escolar

4.2.2.3. Desporto Escolar na escola ESFV

O projeto de DE é concebido para 4 anos e deve estar integrado no PEE e no PAA, sendo que as atividades externas e internas propostas pelo projeto deverão fazer parte do projeto pedagógico de cada escola.

As atividades internas são entendidas como o conjunto de atividades físico-desportivas enquadradas no PAA desenvolvidas pelo grupo de EF sob a responsabilidade do Coordenador do DE. Enquanto as atividades externas são todas as atividades desportivas desenvolvidas pelos grupos/equipas através da participação em encontros inter-escolas, com carácter competitivo, visando o apuramento para campeonatos regionais, nacionais e internacionais, ou não competitivos(Gabinete Coordenador do Desporto Escolar, 2009).

A ESFV contém umas instalações desportivas razoáveis que poderiam integrar várias modalidades desportivas do DE, mas esta só oferecia aos alunos a modalidade Voleibol, contendo duas equipas do escalão júnior (uma masculina e outra feminina). A nível nacional, segundo as estatísticas do DE, o Voleibol é a segunda modalidade com mais adesão, sendo que o Futsal está posicionado em primeiro lugar e o Badminton em terceiro.

Quanto à modalidade que a escola oferecia, o Voleibol, esta foi inicialmente acompanhada por mim, através das reuniões do grupo de recrutamento, onde a professora responsável pelo DE da escola transmitia o seu parecer, os desenvolvimentos, problemas e resultados que iam ocorrendo ao longo do ano letivo.

No mês de junho, surgiu a oportunidade de acompanhar dois jogos da equipa masculina que se realizaram na ESFV, onde a equipa venceu ambos os jogos. Considero que este acompanhamento da equipa foi uma mais-valia para o meu processo enquanto professora, porque tive a oportunidade de presenciar e participar na organização dos jogos e de pertencer à mesa de oficiais de jogo, ficando responsável por marcar os pontos e aprender a preencher o boletim de jogo

Esta situação ajudou-me a perceber a importância do DE, visto que as diversas funções que são desempenhadas pelos professores ou alunos são fundamentais para que este se realize e evolua. Consequentemente, o espirito

Realização da Prática Profissional

80

de equipa, a competitividade e o fair-play existentes durante os jogos também foram evidentes, o que tornou o ambiente positivo.

Contudo, devido aos aspetos referidos, considero que a participação nas atividades, jogos e treinos do DE na escola, conduzem ao conhecimento da evolução dos alunos e influenciam no conhecimento do professor relativamente aos vários aspetos do DE.

Com o intuito de completar e enriquecer a minha passagem pelo DE, procurei realizar um pequeno trabalho baseado numa entrevista à professora responsável pelo DE e simultaneamente treinadora das equipas de Voleibol e também a uma aluna/atleta da equipa feminina.

As questões foram enviadas por email e através destas procurei perceber a opinião de duas intervenientes sobre o DE de uma forma mais geral e também mais especificamente sobre o DE da escola.

Segundo a professora, o DE é um complemento à disciplina de EF e deveria ser obrigatória a participação dos alunos no projeto, visto que para esta, o DE ajuda na promoção da saúde, na aquisição de hábitos desportivos e melhora a condição física dos alunos. A mesma considerou também que a participação no DE promove boas influências nos alunos ao nível social, cognitivo, físico e afetivo, enquanto para “o professor/treinador” ajuda na criação de laços de proximidade com os alunos e promove o seu aperfeiçoamento na modalidade em questão. Em relação ao tempo disponibilizado para os treinos, esta não o considerava adequado, visto que a escola continha duas equipas de géneros distintos e tornava-se complicado chegar a um consenso na determinação do horário de treino, visto que se o mesmo não fosse misto, os alunos só tinham um treino por semana. Para completar a sua opinião sobre este aspeto, referiu que deveria haver mais tempo disponível para os treinos de DE, ou seja, deveriam treinar três vezes por semana. Relativamente ao espaço disponibilizado para os treinos, o número elevado de alunos presentes no mesmo, limitava um pouco o trabalho a desenvolver. Nos jogos, a professora referiu como aspetos negativos, o facto de a escola só ter a possibilidade de receber duas equipas, visto que só havia

Realização da Prática Profissional

81

a possibilidade de montar uma rede e não existia bancadas para quem quisesse assistir. Quanto às atividades competitivas, a professora considerava que deveria haver mais e a começarem mais cedo; deveria haver em todos os escalões fases locais, regionais e nacionais; e que não deveria ser negada a alimentação aos alunos que participam nestas atividades. Por fim, a professora referiu que a disponibilidade de horário, a compatibilidade com outras atividades, a motivação pela modalidade e pelo desporto, o convívio com os colegas, o desenvolvimento da condição física e a simpatia pelo professor, são os motivos que levam os alunos a integrarem as equipas de DE não só na ESFV como noutras escolas.

Para a aluna, o DE era “bastante divertido e enriquecedor” tanto a nível social como desportivo, visto que permitia ao longo do ano que pessoas com personalidades e gostos distintos trabalhassem em equipa, proporcionando um aumento de confiança e conforto entre os membros e consequentemente a construção de novas amizades. Esta concluiu este aspeto, afirmando que a equipa do DE é uma família. A aluna afirmou que participa no DE porque considerava divertido, conhecia pessoas novas, fazia exercício físico e era uma ótima maneira de abstrair das preocupações. Considerava também que a participação melhorava a sua condição física e consequentemente o seu bem- estar. Por fim, referiu que caso a escola tivesse outras (s) modalidades (s) ao nível do DE também participaria, porque tinha um grande gosto pela prática desportiva e considerava bastante positivo o conhecimento de alunos de outras turmas e com idades distintas.

Tendo em conta estas duas opiniões provindas de posições distintas, estas têm bastantes aspetos em comum, principalmente ao nível da importância e efeito do DE nos alunos, porque tanto a professora como a aluna referiram que o DE fornece diversos benefícios não só ao nível da condição física dos alunos, como a nível social. Através destas opiniões consegui compreender mais afincadamente que o DE apresenta algumas lacunas e que apesar da grande adesão dos alunos, por vezes não é dada a devida importância e valor ao mesmo.

Realização da Prática Profissional

82

Por fim, considero que o DE é um meio que todos os alunos em idade escolar deveriam ter acesso, visto que promove o desenvolvimento de hábitos desportivos e tem influência a vários níveis (desportivo, social, cognitivo, afetivo). Considero que a escola continha condições suficientes para ter mais oferta desportiva a este nível, visto que a adesão dos alunos a estas atividades é determinante para que se continue a dar o devido valor ao DE. Considero também que o interesse das escolas pelo DE tem grande influência neste, porque se as escolas apoiarem e proporcionarem condições para a existência de diversas atividades desportivas no âmbito do DE, a credibilidade do mesmo perante a comunidade escolar e não escolar torna-se evidente e isto consequentemente só trará benefícios para os intervenientes do mesmo.