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Desenvolvimento Profissional sobre diversos olhares

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CAPÍTULO 2: Formação de Formadores/as: Temas que emergem

2.3. Desenvolvimento Profissional sobre diversos olhares

O processo de formação é um processo permanente, seja ele ao longo da vida ou em busca de respostas aos permanentes desafios de mudanças em consequência das rápidas transformações da sociedade e isto exige que os docentes, da mesma maneira que em outras profissões, devem buscar melhorar sua qualificação profissional.

Educadores/as / Pesquisadores/as, tanto no âmbito nacional como internacional, têm se voltado nos últimos anos à temática relacionada à formação de professores/as em seus diversos aspectos: inicial, continuada, contínua e em serviço, bem como à trajetória profissional que esses/as professores/as percorrem pelo viés do desenvolvimento profissional.

Em se tratando de formação, Marcelo (2009) argumenta que a denominação “desenvolvimento profissional” parece adequada à concepção do/a professor/a enquanto profissional do ensino, ou seja, em seu percurso profissional. Justifica-a: [...] o conceito

“desenvolvimento” tem uma conotação de evolução e continuidade que, em nosso entender, supera a tradicional justaposição entre formação inicial e formação contínua dos professores. (MARCELO, 2009, p. 9)

Corroborando com o que Marcelo (2009) propõem, Benedito, Ferrer e Ferreres (1995) entendem o desenvolvimento profissional docente como qualquer intenção sistemática de melhorar a prática profissional, crenças e conhecimentos profissionais com o propósito de melhorar a qualidade docente, de pesquisa e de gestão.

Para esses autores, o conceito de desenvolvimento profissional engloba a formação inicial, bem como a formação continuada. Envolve as experiências pessoais e profissionais, individuais ou não, formais e informais, ocorridas antes, durante e depois da formação inicial. O desenvolvimento profissional é mais do que desenvolvimento no ensino, mais do que desenvolvimento pessoal. Neste entendimento, o desenvolvimento profissional, a construção da identidade e da profissionalidade docente seguem em paralelo.

Para Marcelo (1998), o conceito de desenvolvimento profissional também é bastante amplo e se refere ao desenvolvimento das competências dos/as professores/as em atividade, quaisquer que sejam elas. A formação continuada, muito citada por pesquisadores/as, no sentido de desenvolvimento pessoal, é considerada uma das perspectivas do desenvolvimento profissional. D’Ambrósio (1996, p. 97) afirma que a formação continuada, que leva ao desenvolvimento profissional, “não pode ser confundida com a realização de cursos esporádicos de capacitação docente tendo o professor como ouvinte”. É um processo contínuo dinâmico, no qual o/a professor/a direciona a sua formação a partir das exigências colocadas pela atividade profissional que exerce.

Seguindo o mesmo raciocínio, Ponte (1998) mostra que o desenvolvimento profissional considera que “a capacitação do professor para o exercício de sua atividade profissional é um processo que envolve múltiplas etapas que, em última análise, está sempre incompleta” (PONTE, 1998, p. 2).

Na sequência deste mesmo texto, Ponte (1998) realiza distinções entre a formação e o desenvolvimento profissional. Em relação à formação o autor afirma que a mesma está relacionada à ideia de frequentar cursos e é vista como um movimento de fora para dentro, ou seja, o sujeito a ser formado assimila um conjunto de conhecimentos e informações que lhe são transmitidas. A formação é fragmentada em assuntos e disciplinas e, na maioria das vezes permanece presa na teoria.

Já o desenvolvimento profissional do/a professor/a acontece de múltiplas formas, o que inclui cursos, mas aborda também as “atividades como projetos, trocas de experiências, leituras, reflexões, etc” (PONTE, 1998, p. 2); o movimento do desenvolvimento profissional se dá de dentro para fora, diferentemente da formação. Em concordância com o autor, compreende-se o desenvolvimento profissional como uma possibilidade de construção de autonomia do/a professor/a perante o que ele/a quer aprender.

Para Ponte (2005), um dos aspectos mais importantes da noção de desenvolvimento profissional é a articulação entre os níveis individual e coletivo:

No desenvolvimento profissional há um importante elemento coletivo e um não menos importante elemento individual. Por um lado, o desenvolvimento profissional é favorecido por contextos colaborativos (institucionais, associativos, formais ou informais) onde o professor tem oportunidade de interagir com outros e sentir-se apoiado, onde pode conferir as suas experiências e recolher informações importantes. Não é por acaso que a realização de um projeto é normalmente, uma atividade que envolve todo um grupo de professores. (PONTE, 2005, p. 6).

Ao finalizar o autor ressalta que o desenvolvimento profissional considera a teoria e a prática interligadas. Segundo o mesmo autor:

A finalidade do desenvolvimento profissional é tornar os professores mais aptos a conduzir um ensino adaptado às necessidades e interesses de cada aluno e a contribuir para a melhoria das instituições educativas, realizando-se pessoal e profissionalmente. (PONTE, 1998, p. 3)

Para concretizar tal desenvolvimento é necessário que o/a professor/a se envolva com outros sujeitos, é necessário o comprometimento das instituições de ensino para com o/a professor/a, criando espaços para serem debatidas experiências que provêm da docência e também de experiências científicas, mas de forma que a equidade entre as duas categorias seja mantida.

O desenvolvimento profissional é favorecido quando os professores têm oportunidade de refletir, pesquisar de forma crítica, com seus pares, sobre as práticas educativas; explicitam suas crenças e preocupações, analisam os contextos e a partir dessas informações experimentam novas formas para suas práticas educativas. Assim esse processo possibilita autonomia compartilhada e uma forma de articular teoria e prática, na qual professores constroem saberes, competências, no contexto da busca de um aperfeiçoamento da prática educativa e consequentemente o desenvolvimento curricular, atrelado aos projetos e políticas de desenvolvimento global da profissão. (RAMALHO; NUNES; GAUTHIER, 2003, p. 68)

Estes mesmos autores, assim como Ponte (1998), afirmam que o desenvolvimento destes profissionais vai muito além da realização de cursos em suas áreas específicas. Eles dizem que isso é apenas um aspecto do desenvolvimento profissional.

Através do exposto acima Ramalho, Nunes e Gauthier (2003) sintetizam o que eles denominam de Dinâmica dos elementos do Desenvolvimento Profissional, que é representado na figura abaixo:

Figura 1: Dinâmica dos elementos do Desenvolvimento Profissional Fonte: Ramalho, Nunes e Gauthier (2003, p.69)

Ao ser analisada a Dinâmica dos elementos do Desenvolvimento Profissional apresentada pelos autores fica evidente que os pontos principais do desenvolvimento profissional docente são alcançados por todos autores citados. Mesmo em tempos diferentes é possível perceber que eles atingem pontos comuns como o envolvimento com seus pares, ou seja, uma reflexão coletiva sobre suas práticas e também as reflexões individuais, o contexto em que cada profissional se aloca e a busca por novos conhecimentos são exemplos que podem ser citados. Portanto compreende-se que este emaranhado de relações juntas culmina para um melhor desenvolvimento profissional.

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