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DEPARTAMENTO DE LICITAÇÕES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.4.1 Desenvolvimento Sustentável

Antes de se apresentar a própria definição de sustentabilidade, cabe assinalar que a sua noção

é baseada na necessidade de se garantir a disponibilidade dos recursos da Terra hoje, assim como para nossos descendentes, por meio de uma gestão que contemple a proteção ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econômico equilibrado de nossas sociedades (grifo do autor) (BRASIL, 2011b, p. 6).

Porém, apenas reduzir a pressão sobre os recursos naturais não será suficiente. Tem-se, também, que dar garantia de igualdade de oportunidades para todos os cidadãos e para a prosperidade dos setores produtivos. Nesse sentido, é necessário um esforço concentrado, para o que, os governos desempenham um papel crucial, considerando sua condição para induzir as mudanças para o estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento, necessidade atual do Planeta (BRASIL, 2011b).

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é

o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais (ONU, 1987).

Vale esclarecer aqui o que seria meio ambiente, posto que este é um conceito central no entendimento da ideia de desenvolvimento sustentável. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente –, em seu art. 3, define meio ambiente como [...] o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas‖ (BRASIL, 1981).

O desenvolvimento sustentável persegue, portanto, o crescimento econômico, a equidade social e o equilíbrio ecológico, formando assim, os três pilares básicos, observado o espírito de harmonia e de responsabilidade social. (SCHENINI, 2005), que são:

a) o crescimento econômico; b) a equidade social; e c) o equilíbrio ecológico.

Diante dessas condições, é preciso lembrar que

o desenvolvimento sustentável abrange o tríplice aspecto: proteção do verde, desenvolvimento econômico e social. O desenvolvimento sustentável não contraria o pilar econômico, mas o sustenta, uma vez que este não subsiste sem aquele (BIM, 2014, p. 139).

Para Dias (2006), desenvolvimento sustentável objetiva a racionalidade no manejo dos recursos naturais, bem como a utilização de tecnologia mais eficiente e de menor poder de poluição. Nesta mesma linha, Freitas (2014, p. 21), argumenta que a sustentabilidade se caracteriza pelo ―emprego eficaz de recursos naturais, o descarte adequado, o redesenho da matriz energética e de transportes e a simultânea implementação de políticas públicas capazes de promover a precificação das externalidades negativas‖.

Souza (2009, p. 495, grifo do autor), diante da conceituação dada ao termo desenvolvimento sustentável, confere a ela a atribuição de ―possibilitar às pessoas a atender as suas necessidades e não piorar a qualidade do meio em que vivem, preparando-o para o futuro‖.

A despeito de haver formas diferenciadas de definir desenvolvimento sustentável, como estas expostas até o momento, neste trabalho, o que se observa, em verdade, é que o tema foi tomando tamanha dimensão na sociedade, pela importância que tem, que provocou a inclusão da dimensão do meio ambiente na Agenda Internacional datada de 1972, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia). Antes, já havia acontecido o encontro Founex, em 1971, implementado pelos organizadores da Conferência de Estocolmo para, pela primeira vez, discutir as relações entre o desenvolvimento e o meio ambiente, seguida de uma série de encontros e relatórios internacionais que deram origem, vinte anos depois, ao Encontro da Terra no Rio de

Janeiro (SACHS, 2002). Segundo ICLEI (2015, p. 120),

desde a Conferência de Estocolmo em 1972, quando se destacou pela primeira vez a necessidade de revisão dos padrões de consumo e limites ao desenvolvimento, passando pela Conferência da ONU de 1992 no Rio de Janeiro e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em 2002 em Joanesburgo, quando foi reafirmada a importância da produção e consumo sustentáveis, a preocupação internacional é crescente para encontrar caminhos para uma economia mais verde e mais inclusiva.

Todos os esforços aqui citados ajudaram na definição das cinco dimensões de sustentabilidade a serem simultaneamente consideradas no planejamento do desenvolvimento sustentável (SACHS, 1993), que são:

a) sustentabilidade social; b) sustentabilidade econômica; c) sustentabilidade ecológica; d) sustentabilidade espacial; e e) sustentabilidade cultural.

Neste contexto, Betiol et al (2012) estabelecem alguns atributos da sustentabilidade, quais sejam:

a) ambientais - usar avaliação de ciclo de vida para verificar impactos ambientais de produtos e embalagens; reduzir o material de embalagens; incentivar a concepção de produtos recicláveis ou reutilizáveis; e considerar a toxicidade de materiais e produtos, matéria prima renovável, eficiência energética, uso de água, redução de emissões de gases e desperdícios;

b) diversidade - comprar de empresas pertencentes a mulheres e a minorias, como quilombolas e indígenas;

c) segurança - garantir o transporte seguro de insumos e produtos; e garantir que as instalações dos fornecedores sejam operadas com segurança;

d) direitos humanos - visitar instalações dos fornecedores para garantir que eles não estejam usando trabalho análogo ao escravo; assegurar que os fornecedores cumpram com as leis de trabalho infantil; e solicitar aos fornecedores a pagarem um salário digno; e

pequenas empresas; e comprar de fornecedores locais.

Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, há que se levar em conta, assim, entre outros aspectos, o impacto ambiental provocado pela atuação da organização. A Resolução nº 001, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 23 de janeiro de 1986, define impacto ambiental como sendo

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I) a saúde, a segurança e o bem estar da população; II) as atividades sociais e econômicas; III) à Biota; IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V) a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, p. 636).

Mas, além do impacto ambiental, na gestão dos recursos de uma organização, como nos processos de compras, é preciso que os critérios e diretrizes de sustentabilidades sejam incluídos no desenvolvimento das suas atividades, tema estudado na seção 2.4.2.