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Na União Europeia, 80% das emissões de gases poluentes associam-se ao consumo de ener- gia [18].

A Comissão Europeia acredita que, com a aplicação das medidas em estudo, seriam possíveis poupanças de 1000 euros por agregado familiar, melhoria da competitividade industrial, criação de dois milhões de postos de trabalho e reduções anuais de emissões poluentes até 740 milhões de toneladas [19].

O ponto de situação em termos Europeus revela a produção da Diretiva Europeia 2012/27/UE, criada pela UE em 2012.

O objetivo a curto prazo será a redução de 20% no consumo de energia primária, lançando os dados para nova avaliação, consequente planeamento aquando do término desse período e avali- ação do sucesso das medidas conjugadas. Os Estados-Membros são responsáveis por elaborar o seu programa, embora essas medidas fiquem sujeitas a aprovação da Comissão Europeia.

Na verdade, cada país será responsável por implementar medidas que não têm objetivamente de ser as mesmas, visto não existirem os mesmos tipos de comportamentos nem de consumos ou economias, bem como de intensidade energética em cada um dos países [20].

Estas medidas vêm de encontro à urgência de planeamento do presente, em prol das boas condições do planeta no futuro. Entra assim em cena um conceito denominado de desenvolvimento sustentável.

Como é percetível na figura 2.11, o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) prevê que a temperatura continue a aumentar, apresentando dois possíveis cenários, um otimista e um pessimista, revelando que as decisões a tomar podem ter repercussões bastante importantes para o controlo deste problema [21].

A temperatura média mundial apresenta um incremento de 0.85oCem relação ao período pré- industrial. O pré-estabelecido neste momento é evitar que ocorra novo incremento superior a 2oC. Este acontecimento tem implicações óbvias no aumento do nível das águas do mar, fruto do degelo dos polos e glaciares [21].

As figuras2.11 e2.12apresentam as estimativas para a evolução da temperatura planetar e do nível das águas do mar, ilustrando que a temperatura tem um amplo intervalo entre a melhor e a pior previsão, sendo diferenciados tais cenários com tudo o que se venha a implementar para contrabalançar o pior caso. O nível das águas do mar regista a sua dependência da temperatura, sendo que as evoluções ocorrem da mesma maneira para os casos pessimistas e optimistas.

2.3 Desenvolvimento Sustentável 19

Figura 2.11: Evolução da temperatura do planeta

Figura 2.12: Evolução do nível das águas do mar

O desenvolvimento sustentável apresenta três grandes preocupações:

• Os motivos éticos e sociais: é necessária uma sensibilização populacional para o uso ra- cional da energia. Os números são bastante assustadores, uma vez que revelam que 28% da população mundial é responsável pelo consumo energético de 77% do global da energia produzida, pertencendo os restantes 23% de energia a uma esmagadora maioria.

• Os motivos estratégicos e ambientais: a Europa carece de dependência energética pro- veniente de zonas do globo envolvidas em instabilidades políticas, colocando em causa a continuidade de fornecimento, Portugal é um exemplo disso mesmo, e apostando nas ener- gias renováveis conseguiria a diminuição das emissões poluentes através de um abandono parcial dos combustíveis fósseis para produção energética.

• Os motivos económicos: o custo anual associado à fatura energética, representa um dos gas- tos mais significativos em edifícios. Esforços financeiros, que possibilitam um incremento

20 Enquadramento Energético

da eficiência energética, incluindo investimentos focalizados no transporte ou armazena- mento de energia, iluminados pelos objetivos da segurança de abastecimento e qualidade de serviço, podem ajudar na contribuição para a redução das mesmas faturas, caso sejam associados também à melhor utilização da energia por parte dos intervenientes.

O mecanismo a seguir para implementar conscientemente estratégias eficientes tem de res- peitar sempre o parâmetro da sustentabilidade. Sem a sua consideração não é possível ideali- zar trabalhos meritórios, aliados ao objetivo universal da otimização energética. Este parâme- tro acondiciona o desenvolvimento global de vertentes económicas, sociopolíticas e ecológicas, encontrando-se definido o seu conceito num relatório produzido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, intitulado de Relatório Brundtland [22]. O que se pretende com tal documento é transmitir a importância depositada nas medidas que são im- plementadas no nosso quotidiano, pois estas devem salvaguardar as gerações vindouras e as suas necessidades adjudicadas, ou seja, não se pode prejudicar o futuro, tomando consciência na to- mada de decisão para eventuais consequências e reações a longo prazo.

A partir desta ideia é fácil compreender que se aborda esta temática sempre ligada aos parâ- metros ambientais. Entram em questão ritmos regenerativos dos recursos, bem como a capacidade de reciclar recursos não renováveis disponíveis para ciclicamente servirem diferentes atividades (cogeração). As emissões poluentes e as capacidades dos ecossistemas reagirem e equilibrarem os efeitos desses elementos nocivos apresentam outros parâmetros relevantes mas é necessário afastar a ideia de que o desenvolvimento sustentável resulta apenas da conservação e preservação ambi- ental. O desenvolvimento sustentável requer, igualmente, mudanças estruturais a longo prazo, provenientes dos esquemas económicos e sociais, atenuando os consumos de recursos naturais.

Dentro desta questão surgem, como grandes armas da batalha da sustentabilidade, a eficiência energética e as energias renováveis, visto que o principal entrave à conjugação benéfica entre a economia, o ambiente e a sociedade reside no elevado consumo energético, da qual a economia não se consegue dissociar atualmente.

Em resumo, os focos principais para um desenvolvimento sustentável devem partir da consci- encialização de três estratégias complementares:

• Aumento da eficiência energética e da co-geração – suavizando o crescimento da procura energética;

• Maior produção através de energias renováveis – correspondendo à procura;

• Fixação máxima de CO2– limitação dos impactos negativos associados aos combustíveis

que o emitem.

Na figura2.13percebe-se que o primeiro passo das estratégias a adotar pretende elucidar para a atenuação da procura excessiva que se tem identificado, tendo sempre em conta as necessidades reais. É uma forma de introduzir também a utilização da segunda estratégia, ou seja, a aplicação das energias renováveis numa escala mais alargada. Obviamente, não se pode ficar iludido com a