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Escola Secundária de Emídio Navarro

A escola Secundária de Emídio Navarro, figura5.1, representa um espaço histórico na cidade de Viseu, com a área do ensino técnico-prático e profissional a ter início nos finais do século XIX. Contém um historial rico e diversificado, quer pela análise das políticas de ensino secundário, desde a sua criação até ao presente, quer pelo grande significado arquitectónico das construções escolares realizadas nos últimos 120 anos.

Figura 5.1: Escola Secundária de Emídio Navarro

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5.1.1 Breve enquadramento histórico do local

Em 1888, foi edificada a primeira Escola Preparatória de Agricultura de Viseu, o que se reve- lou como uma das maiores referências ao processo de alargamento da rede de ensino público ao interior do país. A Casa do Arco, casa senhorial de raiz seiscentista e remodelação setecentista, foi a escolhida para tais instalações.

Naquele tempo foram ensaiados diversos programas e modelos de escola pública, sempre com a preocupação de articular as áreas de comércio e de indústria.

Os registos históricos apresentam algumas fases relevantes da remodelação deste primeiro modelo escolar, mencionado anteriormente. Eis algumas das mais importantes:

• Escola de Desenho Industrial de Viseu (1898);

• Escola Industrial de Viseu (1915);

• Escola Comercial de Viseu (1918);

• Escola Industrial e Comercial de Viseu (1926);

• Escola Industrial e Comercial Dr. Azevedo Neves (1930);

• Escola Industrial e Comercial de Viseu (1948).

A Escola Secundária de Emídio Navarro, tal como é conhecida atualmente, teve a sua inau- guração em 1979, pelo que arquitetonicamente, o espaço escolar apresenta uma história rica em processos de reaproveitamento de construções existentes, que resultou igualmente na expansão do edifício global com a construção de novos blocos ao longo do tempo. Este processo implica es- pecial atenção com remodelações de espaços históricos, algumas das quais têm que ser realizadas com preocupação da manutenção de certos elementos arquitetónicos, o que leva a que as modi- ficações tenham de ser realizadas em torno desse pormenor construtivo. Acaba por não ser uma escola projetada de raiz que respeite uma política, programa ou objectivos coerentes e coesos.

Em termos urbanos, sobre a relação do edifício escolar com as edificações envolventes, obser- vando também o espaço público e a cidade, pode-se afirmar que a escola se localiza numa zona privilegiada (área de malha urbana consolidada), visto que se encontra instalada no centro. A pre- sente intervenção poderá contribuir para a requalificação e preservação de uma importante área do centro histórico da cidade.

5.1.2 Análise da situação existente e da relação com as áreas envolventes por parte do edifício global

O conjunto das edificações presentes na escola são, como anteriormente referido, uma jun- ção de remodelações, o que adiciona à mesma diversas concepções arquitectónicas e uma grande herança patrimonial, uma vez que cada remodelação ocorre em períodos onde eram incutidas di- ferenças culturais e tecnológicas.

5.1 Escola Secundária de Emídio Navarro 101

O “Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário” proposto pela Parque Es- colar em 2009, pretendeu satisfazer critérios como:

• Qualidade e coerência arquitectónica do conjunto de edifícios;

• Estado de conservação dos materiais;

• Adaptação dos sistemas construtivos;

• Níveis de conforto ambiental;

• Inclusão urbana e paisagística.

A remodelação teve em conta o estado de conservação geral dos materiais e sistemas constru- tivos, que continham apenas as habituais anomalias das construções deste tipo:

• Fissuração em pavimentos e paredes;

• Lacunas na impermeabilização de coberturas e de panos de paredes adjacentes, com mate- riais distintos;

• Falhas no sistema de esgotos e drenagem de águas pluviais;

• Deterioração e envelhecimento de caixilharias e rebocos

Em conforto e segurança, a ESEN estava desatualizada em relação aos critérios atuais, o que seria espectável numa edificação que funcionava, há cerca de 30 anos, sem remodelações.

5.1.3 Identificação dos diferentes edifícios da ESEN

1. Bloco A - corpo principal da antiga Escola Primária, 1948 / 52 – O edifício com fachada para a Rua Mestre Teotónio Albuquerque e para o Largo de Santo António não reflete a projeção original, visto que sofreu alterações nas décadas de 50 e 60. Fazem parte do mesmo três pisos, com o piso térreo em semi-cave em relação à rua e com fachada desobstruída para o pátio. Nas fachadas encontra-se presente a arquitectura do Estado Novo, o que evidencia a clássica valorização do módulo central.

Na fachada sul, sobre o Largo de Santo António, foi introduzida caixilharia de alumínio. No entanto, a fachada norte (aberta sobre o pátio), que sofreu remodelações em 1958, é caracterizada pela conservação parcial das caixilharias de madeira. Foi introduzido um elevador para facilitar a mobilidade dos utentes com necessidades especiais, que não integra o sistema geral de acessos e distribuição.

O acesso ao piso nobre é realizado pela entrada principal, por um lanço de escadas com sen- tido de monumentalidade. Os serviços administrativos e a direcção ocupam o mesmo piso, com a restante área do corpo principal a ser constituída pela sala de professores, biblioteca, bar, sala de alunos, serviços de papelaria e de reprodução gráfica.

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A remodelação que ocorreu recentemente levou a que, em continuidade com este edifício e por um porticado exterior, fosse construído um piso térreo (a sala de pessoal não docente, e as salas da associação de alunos).

2. Bloco B - ampliação a nascente da Escola Industrial e Comercial, 1955 / 68 – Edificado de frente para a Rua dos Capitães e constituído igualmente por três pisos, advém de uma primeira ampliação da antiga Escola Primária (corpo principal), articulado através de uma pequena passerelle, com a manutenção do gaveto entre o Largo de Santo António e a Rua dos Capitães completamente livre. Ou seja, a imagem independente e isolada do corpo prin- cipal da antiga Escola Primária permanecia garantida. Na década de 60, a área do gaveto foi ocupada com uma construção que exibe a preocupação intrínseca de manter a continuidade arquitectónica com a fachada do edifício vizinho, com a frente direcionada para a Rua dos Capitães. As obras projetadas pela Parque Escolar levaram a que, no gaveto, entre a Rua dos Capitães e a Rua Mestre Teotónio Albuquerque, fosse criada uma entrada funcional de uso quotidiano que melhorasse os acessos para os alunos.

É possível concluir que as cotas do piso térreo deste edifício e do Bloco A, tal como as do recreio / pátio e passeio público se podem relacionar de maneira simplificada e sem barreiras arquitectónicas, como por exemplo degraus. Assim, a entrada funcional, encontra- se na articulação entre os dois braços. O elevador já referenciado no Bloco A, embora esteja inserido nesse mesmo bloco, consegue resolver eficazmente os problemas de mobilidade de qualquer utilizador, visto que consegue estrategicamente servir os dois blocos, permitindo fácil acesso tanto à área da secretaria e da direção, como à de salas de aulas.

Ficou solucionado o problema que a ampliação de 1955 / 68 criou ao corpo principal. A fa- chada desta entrada é em vidro o que torna, visualmente atrativo, aquele ponto da edificação e com aproveitamento luminoso considerável durante o dia.

3. Bloco C – É o único edifício totalmente construído na última intervenção, com função de receber as instalações relacionadas com os Laboratórios para disciplas de Física, Química, Biologia, Geologia e Polivalente, bem como salas apropriadas para TIC. Ocupou uma área livre entre o bloco B e o D, que são os blocos das oficinas e com acesso directo a partir da Rua dos Capitães. Esta nova entrada proporciona acesso directo ao novo campo de jogos e à cantina (bloco D). Esta construção em conjunto com a remodelação do topo sul do bloco B colaboram para uma modernização da ESEN.

4. Bloco D - Corpo de Oficinas da Escola Industrial e Comercial, ampliação, 1960 / 68 – Apresenta dois pisos, instalados no sector norte da parcela da ESEN, sendo perpendicular à Rua dos Capitães, com acessos directos à rua e comunicação entre o segundo piso e o pátio da escola, através de passerelles porticadas. A sua ocupação era destinada principal- mente a oficinas de mecânica e electricidade, mas com a remodelação efetuada pela Parque Escolar, surgiu a integração da cantina no topo nascente, adjacente à rua, que usufrui de acesso privilegiado e extensão para o exterior com a criação de esplanadas abertas para o