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 Déficit por Sistema de Abastecimento Urbano e Industrial

Alternativa 8 Dessalinização da Água do Mar

Esta alternativa trabalha com a dessalinização das águas salgadas da BG para adução ao COMPERJ, sem levar em conta qualquer reforço ao abastecimento d'água da região, dado ao elevado custo de produção.

Considerações sobre as Alternativas

Essas alternativas de captação para abastecimento de água do COMPERJ podem ser divididas em dois grandes grupos: (i) aquelas que trazem um benefício de reforço hídrico para a região; e (ii) aquelas que não ajudam a mitigar da escassez hídrica da região.

Verifica-se que somente as 5 primeiras alternativas podem contribuir para aliviar a macro-região da pressão hídrica atual e, principalmente, do estresse hídrico que deverá estrangular a região num futuro não muito distante. Os Quadros 4.18 e 4.19 mostram esses grupos de alternativas, indicando seus custos, segurança e possibilidades de conflitos de usos.

Quadro 4.18 — Alternativas com Reforço no Abastecimento Regional

Fonte: LIMA/COPPE/UFRJ, com base no EIA COMPERJ(2008)

Quadro 4.19 — Alternativas Sem Reforço no Abastecimento Regional

Fonte: LIMA/COPPE/UFRJ, com base no EIA COMPERJ (2008)

Assim, o manancial a ser utilizado para o suprimento de água do COMPERJ deverá ter uma solução política, negociada de modo a privilegiar uma das alternativas ou uma composição entre alternativas identificadas como viáveis. Segundo PETROBRAS, o COMPERJ necessitará de uma vazão de 1,1 m3/s de água bruta de boa qualidade. De acordo com a alternativa estudada, poder-se-á acrescentar a esta vazão, aquelas necessárias ao atendimento a algumas localidades da região. Estas vazões

Alternativa Custo Segurança Conflito Com

Abastecimento Público

1 Rio Guandu Alto Alternativas com

insegurança moderada Conflitos futuros 2 Ribeirão das Lajes Alto

3 Rio Paraíba do Sul Muito alto

Alternativas seguras

Sem conflitos

4 Reservatório Guapi-Açu Médio Conflitos futuros

5 Reservatório Juturnaíba Médio Sem maiores conflitos

Alternativa Custo Segurança Conflito com

Abastecimento Público 6 ETE São Gonçalo Baixo Alternativas com

insegurança. Alta

dependência da CEDAE Não interferem

7 ETA Guandu Alto

8 Dessalinização Muito alto Alternativa cara, mas segura

suplementares poderão ser de 1,1 m3/s ou de 0,7 m3/s, totalizando assim, uma vazão aduzida de 2,2 m3/s ou 1,8 m3/s (LABHID/COPPE/UFRJ, 2007).

A Licença Prévia explicita que a alternativa a ser selecionada deve garantir não só o abastecimento do Complexo Petroquímico como, também, reforçar a disponibilidade hídrica para os municípios da região, mesmo que mais de uma alternativa venha a ser adotada. Apesar da LP desestimular a captação na bacia hidrográfica leste da BG, indicando priorização para o abastecimento público, considera-se que uma alternativa viável seria a conjugação das alternativas 4 e 5 (Guapi Açu e Juturnaíba), que tem os custos menores em relação ao conjunto de alternativas e permitem um reforço significativo para o abastecimento público de água para os municípios da região.

Aumento do Consumo em função do acréscimo de População devido ao Arco Metropolitano e ao COMPERJ

O alto potencial de atratividade do COMPERJ, conforme estudo apresentado no Prognóstico Ambiental do EIA, poderá atrair de 150 mil a 300 mil pessoas para a região.

Estudos demográficos realizados no âmbito desta AAE mostraram que realmente haverá um aumento de população nos municípios da costa leste da BG, porém, essa população virá preferencialmente do município do Rio de Janeiro. Dessa forma, haverá migrações dentro da RMRJ, caracterizando mais um rearranjo populacional de cerca de 138.000 habitantes, do que movimentos imigratórios de mais longo alcance.

Assim, neste CD foi adotado um acréscimo populacional de 150.000 habitantes, na estimativa mais próxima dos estudos realizados no âmbito da AAE. Adotando-se o per capita utilizado pelo PDRH para a região de 250 l/hab.dia, chega-se a um acréscimo adicional de 0,435 m3/s na demanda de água.

Considerando-se toda a região leste e nordeste da BG, e de acordo com o PDRH, haverá em 2020 um déficit total de 6,491 m3/s no Canal de Imunana, sem considerar o COMPERJ e o Arco Metropolitano. É importante mencionar que no cálculo da demanda de água foram incluídos não só o aumento da população como, também, o aumento do índice de atendimento, a manutenção do per capita do ano de 2000, para o ano projetado de 2020 e, ainda, a manutenção do índice de perdas do sistema, premissas essas que, de alguma forma, aumentam o déficit total calculado para a região.

Esse déficit afetará os municípios de Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, além de áreas fora da região hidrográfica da BG (região litorânea de Niterói e Maricá). É importante mencionar que a esse déficit no canal de Imunana deverão ser somadas a vazão de operação do COMPERJ (1,1 m3/s) e a vazão de abastecimento da nova população atraída pelo COMPERJ (0,435 m3/s), elevando o cálculo do déficit para cerca de 8 m3/s. Verifica-se, assim, que nessa visão mais ampla da região leste da BG, as demandas poderiam ser atendidas com uma combinação das alternativas 4 e 5 (Guapi-Açu e Juturnaíba), além de outras medidas já preconizadas pelo PDRH, tais como:

 racionalização do uso da água, permitindo reduzir o crescimento da demanda com combate ao desperdício e perdas, além do reuso da água;

 aumento da disponibilidade hídrica com a construção de barragens de regularização, utilização de água subterrânea ou importação de água de bacias externas à região.

Por outro lado, o estudo de disponibilidade hídrica (LABHID/COPPE/UFRJ, 2007) tomou como base a região formada pelos municípios de Itaboraí, São Gonçalo, Magé, Niterói, Guapimirim, Tanguá e Marica como sendo a ―Área Restrita‖ de influência do COMPERJ. Essa premissa foi baseado em outros estudos da PETROBRAS para o crescimento da região, considerando, também, a influência do Arco Metropolitano e teve a finalidade de estimar o consumo de água ao longo dos anos.

Nesse contexto, o mencionado estudo chegou a um déficit total de 3,33 m3/s na área restrita, em relação à vazão operacional do sistema Imunana-Laranjal e dos outros sistemas (Guapimirim, Tanguá e Maricá). Conclui-se que num cenário de médio/longo prazo, a região apresenta dificuldades no abastecimento domiciliar e que a capacidade do sistema instalado não permitirá o atendimento pleno das populações futuras. Os déficits em relação à vazão operacional já são significativos. Apesar de não serem consideradas as perdas, a disponibilidade atual do sistema Imunana-Laranjal é insuficiente para atender a demanda, mesmo em termos médios. O déficit é de cerca de 1,23 m3/s, podendo chegar a 2,7 m3/s em 2020, caso nenhum investimento seja realizado. Tais déficits acabam por imprimir a esses municípios um déficit hídrico total, hoje, de 1,72 m3/s, podendo chegar aos 3,33 m3/s em 2020.

Existem diferenças nos déficits calculados pelo PDRH e pelo estudo da LABHID/COPPE (2007) que talvez possam ser explicadas pelas diferenças da metodologia utilizada. O PDRH agregou as demandas de água para os diversos usos (industriais, agrícolas) e incluiu as perdas de água atuais (40%) chegando, portanto, a números mais elevados, embora não tenha levado em consideração os acréscimos populacionais decorrentes da atratividade de população pelo COMPERJ e Arco Metropolitano. Já o estudo da LABHID/COPPE trabalhou, basicamente, com o aumento de população.

Embora a PETROBRAS na solução de seus problemas busque reforçar o abastecimento de água das populações locais, as alternativas postuladas para suprir as demandas do COMPERJ não irão resolver o problema já existente do déficit de abastecimento de água na região leste da BG, mas deve haver um esforço para reduzi-lo, além do necessário para mitigar o impacto do COMPERJ.

Indústrias Petroquímicas de Terceira Geração e outras Indústrias

Em relação às indústrias de 3ª geração, sabe-se que os principais processos de transformação das composições moldáveis em artefatos de plástico são: injeção, extrusão e sopro. Estes são os processos industrialmente mais empregados pela indústria de transformação e são aqueles que se utilizam apenas de processos físicos.

Durante as operações faz-se uso de água de processo para o resfriamento do termoplástico, em ciclo fechado e, portanto, apenas as perdas por evaporação são repostas. Essa perda é estimada em, no máximo, 5% da vazão utilizada. Os termoplásticos são materiais inertes e, portanto, a água de processo não possui espécies solúveis decorrentes do resfriamento.

De acordo com o relatório ―Estimativa Preliminar de Aspectos Ambientais da Indústria Petroquímica de Terceira Geração‖ (SIQUIM/UFRJ/EQ, 2007), o consumo de água dessas indústrias é da ordem de 2,3

m3/t. Considerando-se o atual parque de indústrias de terceira geração no Estado do Rio de Janeiro, que transforma 140.000 t/ano de resinas plásticas, chega-se a um consumo de água de 36,7 m3/h (0,01 m3/s).

Para estimar a quantidade de indústrias de terceira geração a serem atraídas foi utilizado o estudo COMPERJ ―Potencial de Desenvolvimento Produtivo‖ (FGV/FIRJAN, 2008). Esse estudo trabalhou com informações da PETROBRAS e considerou dois cenários para o direcionamento de resinas termoplásticas no Rio de Janeiro: um cenário conservador, que prevê que serão direcionadas 300 mil toneladas anuais, correspondendo a 13% da capacidade prevista de produção total; e um segundo cenário considerado otimista, que direciona 600 mil toneladas anuais, correspondendo a 27% da capacidade prevista de produção do COMPERJ.

Assumindo-se um aumento dessa ordem, verifica-se que a necessidade de água para essas indústrias é muito pouco significativa, ou seja, para 300.000 ton. haverá necessidade de cerca de 0,022 m3/s de água para o processo industrial. Essa demanda não é significativa face ao déficit já identificado.

Outras indústrias previstas de se instalarem na área estratégica tais como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Santa Cruz e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Itaguaí, certamente irão utilizar água do Canal de São Francisco/Rio Guandu, solicitando as referidas outorgas ao Comitê de Bacia do Rio Guandu, que já está capacitado para fornecê-las.

4.3.2 Fatores Ambientais Estratégicos