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O destaque da fotografia nos meios de comunicação social – uma comparação entre os EUA e

Capítulo 4 O jornalismo digital, fotojornalismo e a sua relação com o espaço online

4.3 O destaque da fotografia nos meios de comunicação social – uma comparação entre os EUA e

The Big Picture

The Big Picture é um blogue fundado por um grupo de editores de imagem do jornal The Boston Globe. Os três editores, Lane Turner, Leanne Burden Seidel e Lloyd Young, pretendem destacar ―imagens de alta qualidade, surpreendentes e com foco em eventos atuais‖ (The Big Picture Website). Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, o blogue é atualizado. Embora algumas fotografias sejam provenientes de domínio público como a NASA e fotógrafos privados, a maioria das imagens vem ―de empresas como a Associated Press, Reuters e Getty Images‖ (The Big Picture Website).

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Figura 1 - Conteúdo mais recente do blog The Big Picture.

Em cima, o menu com as opções ―Home‖, ―Today‘s Globe‖, ―News‖, etc, remete para o jornal The Boston Globe. Apesar de possuir, como a maioria dos meios de comunicação social online, algumas opções que, de certa forma, tornam o website menos ―limpo‖, a ênfase dada à imagem é clara.

Figura 2 - Imagem em grande escala, acompanhada de pequena legenda.

O blogue The Big Picture dá, assim, relevância à imagem e ao texto, sendo que o texto acaba por funcionar como uma legenda apenas, deixando a imagem falar por si. Tal como Sousa afirma, ―não se pode esquecer que o fotojornalismo integra texto e fotografia‖ (Sousa, 2002, p.110). Desta forma, as fotografias são devidamente contextualizadas por pequenas composições de texto que as acompanham, que funcionam apenas como legenda.

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Figura 3 - Scroll down no website.

À medida que o utilizador faz scroll down no site, visualiza fotografias que remetem para galerias fotográficas sobre esse tema. No caso da imagem 3, ambas as fotografias estão integradas dentro de uma fotogaleria dedicada ao tema da morte de Nelson Mandela. Todas as imagens estão em grande escala e com uma qualidade elevada.

World Press Photo Website

A World Press Photo (WPP) é uma organização independente, sem fins lucrativos. Tem sede em Amsterdão, na Holanda, onde foi fundada em 1955. A fundação realça o seu compromisso no apoio e promoção aos ―elevados padrões de fotojornalismo e fotografia documental mundial‖ (website World Press Photo), criando concursos anuais, exposições e programas educacionais de jornalismo. Patrocinado mundialmente pela Canon, a WPP recebe, ainda, o apoio da lotaria de código postal holandesa.

De acordo com Sousa, os concursos fotográficos da World Press Photo ―estabeleceram outra tradição de classificação dos géneros fotojornalísticos‖ (2002, p.109):

 Fotografia única  Várias imagens  Notícias  Arte  Pessoas  Moda  Ciência  Tecnologia  Desporto  Natureza  Ambiente

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Figura 4 - Parte superior do website do WPP.

O website da WPP mostra, desde logo, a forma como é dada ênfase à fotografia. Antes mesmo de o utilizador poder ver a barra de menu com as diferentes opções, o website apresenta apenas o logótipo da WPP, assim como uma fotografia em grande escala. Para que o utilizador possa aceder ao menu, é necessário fazer scroll down.

Figura 5 - Após fazer scroll down, o utilizador tem acesso à barra de menu.

A barra de menu está dividida entre as opções ―Galleries‖, que, por sua vez, se subdivide em opções dos concursos realizados desde 2011 até 2013, para que o utilizador possa decidir aquilo que pretende consultar; ―Contest‖, que se refere aos concursos do presente ano e do concurso do próximo ano, contendo todas as informações sobre o mesmo; ―Academy‖, onde o utilizador pode consultar várias informações sobre a academia da WPP, workshops, publicações, uma ―biblioteca de vídeos‖, etc; ―Foundation‖, na qual podem ser encontrados dados sobre a fundação WPP, novidades, patrocinadores e parceiros, assim como todos os dados relacionados com os meios de comunicação social.

À direita do menu, encontra-se, ainda, a opção ―events‖, onde é possível ver os países e cidades onde todos os próximos eventos decorrerão.

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Figura 6 - Várias opções que se encontram abaixo do menu principal.

Abaixo do menu principal, fazendo scroll down, o utilizador encontra várias opções que o remetem para a galeria do concurso de fotografia de 2013, um convite ao utilizador para ―entrar‖ no concurso fotográfico de 2014, a galeria do concurso multimédia de 2013 e, ainda, algumas entrevistas relativas à ―Joop Swart Masterclass‖ de 2013. Todo o website está desenhado de uma forma muito limpa, facilitando o acesso aos conteúdos. Não existe qualquer tipo de banners ou de publicidade lateral, o que facilita muito o acesso àquilo que o utilizador procura. A fotografia é o centro do website e mesmo para alguém que não conheça o WPP a entrada no seu site mostra, desde logo, o tema ao qual está ligado: a fotografia. O contraste de cores, entre o branco do fundo e o preto e cor de rosa presentes nos menus, permite uma distinção clara entre os vários elementos que constituem o website. Dentro das galerias de fotografias dos vários concursos a fotografia em causa é colocada em primeiro plano, sendo que os dados relativos à mesma e ao seu autor são colocados em baixo, assim como links relacionados e outras informações extras.

Figura 7 - Lista de categorias que podem ser selecionadas pelo utilizador.

Dentro das publicações relativas aos concursos anuais da World Press Photo, é possível que os utilizadores pesquisem um trabalho específico de um fotógrafo e, ainda, que selecionem a categoria que mais lhes interesse, desde natureza, a vida diária, desporto, entre outras.

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passa a ser negro, talvez numa tentativa de tirar a claridade do próprio ecrã, para que o utilizador concentre a sua atenção apenas na análise das fotografias ou vídeos.

As próprias entrevistas relativas à ―Joop Swart Masterclass‖ de 2013 realizadas a várias pessoas

envolvidas no projeto têm, todas elas, fundo negro, e a pessoa entrevistada tem destaque completo. Não só na fotografia em si, mas também no vídeo se nota o trabalho que foi necessário ter para que a imagem final resultasse tão bem e fosse tão clara.

P3, Expresso e Jornal de Notícias – Ênfase dada ao fotojornalismo em meios de comunicação social online portugueses

Figura 8 - Página de entrada no site do P3.

Entre os meios de comunicação social online portugueses analisados, o P3 é aquele que, numa primeira impressão relativa ao seu website, mais valor atribui à fotografia. À semelhança do que acontece, por exemplo, no site do blogue The Big Picture, embora existam menus e opções que retiram um pouco a atenção, a fotografia tem um forte papel. O artigo neste caso em destaque está ilustrado por um título e subtítulo, assim como pela editoria a que pertence, mas é a fotografia que prende a atenção ao leitor, pela sua dimensão relativamente a outros elementos do site, mas também por se situar na parte superior do mesmo. Relativamente ao WPP, o P3 apresenta banners de publicidade e elementos que distraem o leitor.

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A barra de menu (em cima) remete para outros produtos do jornal Público, ao qual o projeto P3 pertence, tais como o próprio site do jornal, a Fugas, Lifestyle, entre outros. Já o menu do próprio P3 encontra-se não situado numa barra horizontal, como é o caso da maioria dos jornais (e como acontece com o blogue The Big Picture e do WPP), mas sim numa lógica vertical.

Como se pode ver na imagem 2, quando o utilizador escolha uma opção no menu principal do P3, neste caso a editoria de atualidade, acede a um novo menu, onde poderá escolher mais opções dentro do tema que escolheu. Este menu assemelha-se à página de entrada no website, tendo o mesmo layout, onde a fotografia tem algum destaque relativamente aos outros elementos da página.

Figura 10 - Fotogalerias do P3.

O maior destaque dado à imagem está precisamente no menu dedicado ao multimédia, contendo uma área completamente dedicada à fotografia, outra a vídeo, outra a ilustração e, ainda uma dedicada às

webcomics e a videoclips. Tal como está representando na imagem 3, o P3 atribui um papel relevante à

fotografia, não só, como já foi referido anteriormente, nos seus menus como ilustração de notícias, mas também em fotogalerias. Estas seleções fotográficas são acompanhadas de um título e de um pequeno texto em baixo, como sustentação e contextualização do tema e, muitos vezes, do seu autor. O utilizador pode ir clicando para aceder às fotografias seguintes, que acabam por construir uma micronarrativa, isto é, uma história através das imagens que vê, sem necessidade de uma legenda que acompanhe cada fotografia. É de destacar que, tal como acontece no site da WPP, o fundo das fotogalerias é negro, de forma a chamar a atenção do utilizador apenas para as fotografias.

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Figura 11 - Página de entrada do Expresso online.

Sendo um meio de comunicação social português que, não deixando de existir em papel, passou também a coexistir em formato online, o jornal Expresso apresenta uma página de entrada algo confusa, com demasiados elementos, entre eles a publicidade. Ao entrar no website, o utilizador está perante um banner de publicidade que não lhe permite perceber quais os elementos em destaque. Denota-se uma diferenciação entre a barra de menu superior e a inferior, numa espécie de hierarquização entre as editorias mais relevantes e as menos relevantes.

Figura 12 - Menu e página de entrada do Expresso online.

Após realizar scroll down, o utilizador está perante a página de entrada com os destaques noticiosos do dia. É de realçar que as imagens não têm uma relevância muito grande relativamente aos outros elementos (títulos, leads de notícias e publicidade).

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Figura 13 - Editoria dedicada à multimédia.

No menu inferior encontra-se a editoria dedicada à área multimédia, na qual o jornal coloca fotogalerias dedicadas a temas específicos (como os dias de protesto na Ucrânia, neste caso) ou às imagens que marcam cada dia. Neste contexto, é possível verificar a diferenciação dada na ênfase ao fotojornalismo pelo jornal Expresso, comparativamente ao The Big Picture e, até, ao WPP. O acesso às fotogalerias tem, visivelmente, um menor destaque relativamente a outras editorias.

Figura 14 - Exemplo de fotogaleria.

À semelhança do que acontece com as fotogalerias do P3, assim como do blogue The Big Picture, o Expresso apresenta fotogalerias acompanhadas de pequenas legendas, que funcionam apenas como uma contextualização ao tema, mas que deixam que as fotografias falem por si. No entanto, estas fotogalerias não são visíveis a um utilizador que não as procure, pelo que não lhes é dada muita relevância relativamente a outros conteúdos noticiosos.

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Figura 15 - Página de entrada do Jornal de Notícias.

À semelhança do que acontece no website do jornal Expresso, o Jornal de Notícias apresenta um layout com muita publicidade, onde se torna difícil hierarquizar os elementos da página. Não só a publicidade está localizada ao lado direito do logótipo do jornal, como rodeia toda a página de entrada, existindo, assim, demasiados elementos que dificultam a visão ao leitor na seleção daquilo que procura.

Figura 16 - Página da editoria segurança.

Dentro de cada editoria, as notícias são colocadas sem qualquer imagem, pelo que as páginas são apenas preenchidas por títulos e leads das notícias. Só apenas depois do utilizador clicar numa notícia específica, terá uma imagem de média dimensão que ilustrará a notícia. Este facto demonstra que a imagem não é tão valorizada como noutros meios, tais como o Expresso, onde as próprias editorias contêm algumas fotografias.

O menu principal, ao contrário do que acontece com o Expresso, coloca na parte superior os menus de ―segundo plano‖, sendo que, aqui se encontra a opção Multimédia.

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Figura 17 - A editoria multimédia com uma fotogaleria.

Apenas nesta editoria se pode afirmar que existem pequenas semelhanças com o The Big Picture e praticamente nenhumas com o WPP, que valoriza o minimalismo e não contém nenhum tipo de publicidade. As fotografias são acompanhadas por uma pequena legenda e apresentam uma ordem cronológica, criando uma micronarrativa. No caso evidenciado pela Figura 17, as fotografias apresentam uma ordem lógica, levando o utilizador a ―vivenciar‖ um pouco do que se passou ao longo da homenagem ao ator Paul Walker.

Dentro da opção multimédia, existe o JN live, dedicado a reportagens temáticas em formato vídeo, infográficos, áudios e outras reportagens.

Estas novas vertentes do jornalismo, inseridas no jornalismo designado por digital ou online modificaram, igualmente, as práticas diárias dos profissionais da área, mas também o próprio ensino. Entre o 25 de abril de 1974 e a atualidade, o jornalismo sofreu inúmeras adaptações ao nível do ensino superior em Portugal, tanto no aparecimento de mais opções de cursos e de locais para os frequentar, como na própria estrutura de cada um deles. A introdução de unidades curriculares como o fotojornalismo surgiu, em Portugal, apenas na década de 1990.