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Capítulo 5 Metodologia

5.2 Métodos e técnicas de recolha de dados

Os métodos de recolha de dados foram as entrevistas semiestruturadas a oito fotojornalistas que trabalhem ou já tenham trabalhado em meios de comunicação social portugueses, tentando compreender

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quais as motivações que os levam a divulgar ou não o seu trabalho numa página pessoal num perfil online, assim como os desafios e/ou reconhecimento que têm sentido com estas ações.

O primeiro passo na construção deste processo foi a definição das questões, isto é, dos tópicos a abordar com os entrevistados. No entanto, sendo que as entrevistas eram semiestruturadas, dependendo da situação dos sujeitos – se tinham conta no Facebook ou não, se partilhavam fotografias através de alguma plataforma online ou não – as perguntas poderiam sofrer algumas modificações. Foi necessário ter em conta a criação de questões que pudessem ser desenvolvidas pelos entrevistados, evitando-se realizar questões de resposta ―sim‖ e ―não‖.

O segundo passo consistiu no contacto com a amostra e marcação das entrevistas presencialmente – apenas uma foi realizada de forma não presencial. Esta fase envolveu, ainda, a recolha de informações sobre cada um dos fotojornalistas, com o objetivo de direcionar as questões para o contexto de cada um dos sujeitos e, também, de verificar se a amostra definida constituía ―informadores-chave‖ (Léssard-Hébert, Goyette, Boutin, 2010, p.165) no que toca aos objetivos do estudo e, ao mesmo tempo, se os mesmos estariam dispostos a prestar as informações pertinentes à investigadora (idem, ibidem, 2010, p.165). Os objetivos do estudo foram explicitados à amostra definida, assim como o tipo de entrevista a realizar, o papel desempenhado por ele e uma média do tempo despendido na entrevista (Léssard-Hébert, Goyette, Boutin, 2010, p.165). No dia anterior às entrevistas, foi realizado um novo contacto, de forma a confirmar o local, data e hora do encontro. No caso da única entrevista não realizada de forma presencial, foram efetuados dois contactos via telefone e as perguntas, posteriormente, enviadas por e-mail, após uma nova explicitação do objetivo do estudo e da entrevista. Todas as entrevistas começaram com dados mais concretos, como data de nascimento, formação académica na área do fotojornalismo e anos de serviço profissional, passando-se depois para as questões de opinião pessoal.

Na realização das entrevistas, o processo foi iniciado com uma conversa informal que colocasse os sujeitos num ambiente mais confortável. De seguida, foi, novamente, explicitado o contexto e a importância da entrevista para o estudo em questão de forma breve, assim como a instituição para o qual estava a ser elaborado. Esta introdução permitiu abordar o assunto de uma forma um pouco mais profunda e explicar mais especificamente qual o objetivo do estudo. O passo seguinte foi perguntar aos entrevistados se a entrevista poderia ser gravada em formato áudio. Tendo em conta o contexto de cada entrevistado – se tinha ou não uma conta ativa no Facebook e se partilhava ou não fotografias na rede social – as perguntas já formuladas foram aplicadas a cada caso específico, para que a entrevista fosse conduzida com uma lógica aplicada a cada situação e sujeito em particular. Visto que se tratava de uma entrevista semiestruturada, o sujeito assumia um papel preponderante na definição de todo o conteúdo, assim como na condução da própria investigação (Bogdan, Biklen, 1994, p.135). Esta fase de recolha de dados permitiu criar aquilo que seria a ―teoria de base, ou seja, o conjunto de conceitos, princípios e significados‖ (Marconi, Lakatos, 2008, p.272) que correspondem a um primeiro esquema que vai relacionar a pesquisa realizada anteriormente com ―o universo teórico‖ (idem, ibidem, p.272).

O estudo inclui a realização de uma análise documental, essencial tanto para a perceção do crescimento do fenómeno Facebook como para a compreensão das potencialidades emergentes do mesmo.

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Ao mesmo tempo, tornou-se pertinente analisar a importância do fotojornalismo na atualidade, principalmente a partir do momento em que se fundiu com a Internet.

Tendo em conta o tratamento de dados, a análise de conteúdo de entrevistas teve um forte impacto no estudo, devido ao valor da quantidade de informações aí recolhidas, que permitiram construir uma noção do impacto que os fotojornalistas sentem com a publicação ou decisão de não publicação dos seus trabalhos numa comunidade online, tendo em especial atenção as desvantagens que os mesmos encontram. Após a recolha dos dados, foi necessário estruturar como iniciar o processo de análise dos mesmos. Marconi e Lakatos destacam o ―mínimo de estruturação prévia‖ (2008, p.271) existente neste tipo de metodologia, embora realcem que as teorias aplicáveis devam ser empregues ―no decorrer da investigação‖ (idem, ibidem, p.271).

Apesar das categorias definidas para esta análise, outras categorias surgiram, provenientes dos vários temas abordados com a realização das entrevistas e das análises ao Facebook dos fotojornalistas. As próprias fotografias partilhadas, tanto pelos fotógrafos como pelos utilizadores, foram alvo de análise, no período de um mês, de forma a classificar se se tratava de fotografias polémicas, chocantes, que apelem à sensibilidade artística ou emocional, etc. Os comentários dos utilizadores tiveram, igualmente, uma particular importância, sendo que a partir dos mesmos se pode concluir se se verificava uma crítica maioritariamente positiva ou negativa em relação à fotografia de género jornalístico.

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Desta forma, para a análise de conteúdo, ficou definido dividir a análise nas seguintes categorias e subcategorias (Tabela 2):

Tabela 2 – Categorias de análise de conteúdo

Motivação Publicar Não Publicar Conteúdos Pessoais Profissionais Legendas

Utilização do Facebook Vantagens

Desvantagens

Comportamentos do utilizador

Direitos de autor