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A maioria das pessoas que adquirem a infecção pelo HIV irá desen- volver anticorpos anti-HIV entre 3 e 12 semanas após a exposição ao vírus. Antes do período conhecido como soroconversão, esse indivíduo estará em uma fase conhecida como janela imunológica, período no qual já é portador do vírus, é capaz de transmiti-lo, mas ainda não possui anticorpos contra o HIV, portanto, seu teste anti-HIV terá resultado não reagente. Após esse período, ocorre a soroconversão, ou seja, o teste anti-HIV desse indivíduo passa a ser reagente.

Os testes utilizados para detecção dos anticorpos do vírus HIV são: teste rápido, ELISA (enzimoimunoensaio), imunofl uorescência indireta (IFI) e Western Blot (WB).

O teste rápido permite a detecção de anticorpos anti-HIV na amostra de sangue em até 30 minutos. O sangue é colhido da ponta do dedo e o exame é realizado em papel de fi ltro especial. Trata-se de método simples, de fácil execução e que não necessita de infraestrutura laboratorial complexa.

O termo “teste rápido diagnóstico” é empregado para a situação em que se utiliza o teste rápido com a fi nalidade de defi nir o diagnóstico da infecção pelo HIV, sem a necessidade de testagem adicional. Assim, diante de um teste rápido positivo, realiza-se o segundo teste, utilizando-se kit de marca diferente daquela que foi utilizada para o primeiro teste.

A Portaria nº 151, de 14 de outubro de 2009, normatiza o algoritmo para o diagnóstico da infecção pelo HIV utilizando exclusivamente testes rápidos, sem que haja necessidade do uso de quaisquer outros exames la- boratoriais para confi rmação do resultado. São utilizados testes rápidos validados pelo Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais, distribuídos

aos estados pelo Ministério da Saúde. O teste rápido diagnóstico é indicado para algumas situações bem defi nidas, relacionadas no Quadro 2.

Rede de serviços de saúde sem infraestrutura laboratorial ou localizada em regiões de difícil acesso Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) Segmentos populacionais móveis (fl utuantes) Segmentos populacionais mais vulneráveis Parceiros de pessoas vivendo com HIV/AIDS

Acidentes biológicos ocupacionais, para teste no paciente fonte Violência sexual, para teste no agressor

Gestantes que não tenham sido testadas durante o pré-natal ou cuja idade gestacional não assegure o recebimento do resultado do teste antes do parto

Parturientes e puérperas que não tenham sido testadas no pré-natal ou quando não se conhece o resultado do teste no momento do parto

Abortamento espontâneo, independentemente da idade gestacional Pessoas que apresentem diagnóstico estabelecido de tuberculose Pessoas que apresentem alguma doença sexualmente transmissível Pessoas que apresentem diagnóstico de hepatites virais

Pessoas com manifestações clínicas presumivelmente relacionadas à infecção pelo HIV e suas infecções oportunistas, incluindo os casos clinicamente graves

Quadro 2 – Indicações especiais para realização do teste rápido.

O ELISA é o mais realizado para diagnosticar a doença. Trata-se de exame de fácil execução e baixo custo, com elevada sensibilidade e especi- fi cidade, de modo que em raros casos apresentam resultados falso-positivos ou falso-negativos. Ressalte-se que resultados falso-negativos podem ocorrer nos primeiros três meses após a infecção e em estágios avançados de doença. Os testes de imunofl uorescência e de Western Blot são considerados testes confi rmatórios no Brasil, mas este último tem sensibilidade superior.

Para refl etir

O teste anti-HIV pode ser feito sem o consentimento do in- divíduo que será testado? Que tipo de informação deve ser fornecido ao indivíduo que fará o teste?

Atenção

44 Unidade 1 O contexto da Política para as DST, AIDS e Hepatites Virais

Especial atenção deve ser dada ao trecho do texto ante- rior que trata da necessidade de consentimento do indivíduo a ser testado. O desrespeito a essa recomendação pode ter sérias repercussões jurídicas e também psicológicas. Além disso, no que diz respeito aos aconselhamentos pré e pós-teste, é sabido que na pressa da consulta, muitas vezes deixa-se de lado esses cuidados. A orientação correta e detalhada é fundamental tanto para o soropositivo quanto para o soronegativo.

Atenção especial deve ser dada ao fato de que a testagem para os anti- corpos anti-HIV sempre que solicitada, deverá ser feita após consentimento verbal do indivíduo a ser testado ou do seu responsável legal. Cabe ao profi ssional de saúde que o assiste, durante a primeira consulta, realizar o aconselhamento sobre a infecção, a doença e a interpretação dos resultados (aconselhamento pré-teste). Após o diagnóstico da infecção pelo HIV, deverá ser realizado novo aconselhamento (aconselhamento pós-teste), que consiste em conversa com o profi ssional do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) ou da Unidade de Saúde que orienta sobre prevenção, tratamento e outros cuidados com a saúde.

Resumidamente, devem ser fornecidas informações acessíveis sobre alguns aspectos relevantes, tais como: formas de transmissão, período de “janela imunológica”, história natural da doença, signifi cado e utilidade dos exames laboratoriais, tais como a contagem de linfócitos T CD4+ e a carga viral, tratamento, possíveis efeitos adversos em curto e longo prazos. Algumas situações específi cas (gestantes, crianças, parceiros, UDI – usuário de drogas injetáveis etc.) exigem a abordagem de outros assuntos inerentes a cada situação durante o processo de aconselhamento. Tendo acesso às informações e promovendo a própria autonomia, o indivíduo se fortalece para enfrentar as adversidades trazidas pela doença e seu tratamento.

É importante ressaltar que o aconselhamento também deve ser realizado depois de um teste negativo. Nesse caso, o conselheiro deverá informar a res- peito de medidas de prevenção, abordar a questão da “janela imunológica” e, dependendo da situação, a necessidade de repetição do teste após 3-6 meses.

Até agora, nós já percorremos vários aspectos importan- tes sobre a AIDS. Iniciamos pelos dados históricos e seguimos discorrendo sobre as formas de transmissão, vulnerabilidade, o aumento do número de casos em mulheres (feminização), a questão da gestante soropositiva e o problema da transmissão vertical, os métodos de diagnóstico, a necessidade de consen- timento prévio à realização do teste, e os aconselhamentos pré e pós-teste. Passemos agora à defi nição de caso de AIDS.