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4. Resultados e Discussão

4.4. Diferenciação floral

A diferenciação floral é um fenómeno crucial que se dá essencialmente na fase de dormência e é responsável pela produção de frutos do ano seguinte. Assim avaliou-se neste ensaio o efeito dos diferentes tratamentos sobre a diferenciação floral do ano seguinte, para isso foram contabilizados os gomos florais dos ramos marcados para cada um dos tratamentos no ano de 2015.

Como se pode observar no Quadro 12 não há nenhum valor significativamente diferente relativamente ao número de gomos florais.

Assim, pode-se afirmar que no nosso ensaio o efeito dos tratamentos sobre a diferenciação floral do ano seguinte é insignificante, o que é um bom indicador da produção.

Quadro 12 – Efeitos dos tratamentos sobre a diferenciação floral do ano seguinte.

Teste de comparação de médias de Duncan para α =0,05. Letras diferentes na coluna indicam valores estatisticamente diferentes.

Segundo Williams et al., (1999) a aplicação do mondador BA melhora a diferenciação floral, reduzindo o crescimento de lançamentos laterais, estimulando assim a indução floral nos gomos.

A aplicação de BA aumenta a diferenciação floral em árvores onde ocorreu monda, mas segundo Stopar (2010) há outras teorias que indicam que o facto da BA favorecer a diferenciação floral se deve não ao efeito direto da BA na indução floral, mas sim ao efeito na redução do número de frutos.

No grupo “Gala” depois da aplicação de BA mesmo em concentrações baixas e sem efeito de monda, observou-se uma melhor floração no ano seguinte. A intensidade da floração aumentou com o aumento da concentração de BA (Basak, 2000).

4.5. Dados Meteorológicos

O estado meteorológico é um dos fatores que mais afeta a aplicação e atuação dos mondadores. Aquando a sua aplicação há que ter em conta se as condições são favoráveis para uma correta aplicação. Um dos fatores mais importantes é efetuar as aplicações em ausência total de precipitação, para que não ocorra lavagem do produto e que as humidades relativas não sejam elevadas. Isto nem sempre é possível visto os estados fenológicos evoluírem dia após dia e no caso deste estudo progrediram muito rápido devido à humidade existente no solo e a períodos de temperaturas elevadas. Assim, é provável que os primeiros tratamentos tenham sido influenciados pelas condições climáticas no momento da aplicação (Figura 14).

Tratamento Gomos florais Ano 1

1 7,10 ± 3,35 a 2 7,85 ± 9,98 a 3 5,95 ± 2,16 a 4 7,55 ± 2,21 a 5 6,15 ± 1,79 a 6 6,20 ± 3,51 a Média 6,80 P-value 0,179

Ora vejamos:

1) A aplicação de Tiossulfato de Amónio no início da floração em dois tratamentos realizou-se no dia 15 de abril, nesse dia a temperatura média andou à volta dos 17 ºC que é uma temperatura ideal, porém no mesmo dia ocorreu precipitação na ordem dos 6 mm;

2) A aplicação de Tiossulfato de Amónio no início da queda das pétalas em quatro tratamentos realizou-se a 21 de abril, o que coincidiu com uma temperatura média baixa de cerca de 10 ºC, tendo também ocorrido precipitação na ordem dos 8 mm; 3) A aplicação de Metamitrão com fruto central entre 6 a 8 mm no tratamento 5,

realizou-se a 22 de abril, com temperaturas médias baixas de cerca de 8 °C e uma precipitação na ordem dos 5 mm;

4) A aplicação de Tiossulfato de Amónio no tratamento 1 e a aplicação de Naftaleno acetamida à queda das pétalas/início da floração no ramo do ano no tratamento 2, realizou-se a 23 de abril, com temperaturas médias baixas de cerca de 9 °C e precipitação na ordem dos 6 mm.

Segundo Wertheim (2000), a aplicação de TSA tem menor efeito com temperaturas de aplicação inferiores a 14 °C, o que ocorreu no dia 21 de abril podendo ter atenuando o efeito do TSA, segundo este autor também é fundamental que não ocorra precipitação após a aplicação. A aplicação de TSA só é eficaz quando, em plena floração o tempo decorrer seco e quente (Basak, 2006).

O Instituto Agrário de S. Michele all’ Adige, só aconselha que na aplicação do Metamitrão as temperaturas não devem exceder os 25 °C, porém neste estudo, as temperaturas médias foram bastante baixas, cerca de 8 °C, ocorrendo também precipitação o que pode ter influenciado o tratamento. Na aplicação de Naftaleno acetamida o Instituto aconselha temperaturas médias entre os 12 e 18 °C o que não se verificou no dia 23 de abril, onde a temperatura média foi de 9 °C.

Greene (2002) refere também que o tempo frio e húmido uns dias antes da aplicação dos mondadores favorece a sua ação, pressupondo que as folhas absorvam mais quantidade dos mondadores com uma epiderme mais fina. Se o tempo decorrer quente e ensolarado leva a rápidos crescimentos vegetativos e de frutos, favorecendo a frutificação, dificultando assim, a ação dos mondadores.

Segundo este autor dois dos fatores ambientais mais importantes que influenciam a absorção foliar dos mondadores através de pulverizações são a temperatura e o tempo de

secagem, temperaturas quentes incrementam a absorção de NAD. Estudos realizados em folhas de pereira mostraram que quanto maior for o tempo de secagem do NAD na folha maior é a sua penetração nesta.

Após a aplicação dos mondadores, as condições ambientais também têm um papel importante na atuação destes. Com efeito, a temperatura é o fator dominante na resposta dos mondadores, temperaturas mais elevadas provocam o stress necessário na planta para a ação dos mondadores ser facilitada, isto porque, temperaturas mais elevadas intensificam a competição pelos diferentes órgãos sink quando a atividade metabólica é mais elevada na planta (Greene, 2002).

Kviklys e Robinson (2010) concluíram que as temperaturas 5 dias após a aplicação dos mondadores têm um impacto maior na eficácia da monda do que as temperaturas antes da aplicação dos mondadores.

O efeito de monda da substância Metamitrão não está dependente da temperatura, embora sejam necessárias certas condições para facilitar a absorção desta substância através das folhas, garantindo a inibição temporária da fotossíntese e promovendo a abcissão dos frutos (Deckers et al., 2010).

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