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Gestão da carga ótima através de diferentes modalidades de monda em macieiras da variedade “Gala” (Malus domestica Borkh.)

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Gestão da carga ótima através de diferentes modalidades de

monda em macieiras da variedade “Gala”

(Malus domestica Borkh.)

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ricardo Silva Matos

Orientadora: Ana Paula Calvão Moreira da Silva

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Gestão da carga ótima através de diferentes modalidades de

monda em macieiras da variedade “Gala”

(Malus domestica Borkh.)

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ricardo Silva Matos

Orientadora: Ana Paula Calvão Moreira da Silva

Composição do juri:

Presidente: Prof. Doutor Aureliano Natálio Coelho Malheiro 1ª vogal: Prof. Doutor Carlos Jorge Oliveira Ribeiro

2ª vogal: Profª. Doutora Ana Paula Calvão Moreira da Silva

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Este trabalho foi elaborado como dissertação original para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica, assim todas as ideias expostas no mesmo são da total responsabilidade do autor.

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Agradecimentos

Esta Dissertação de Mestrado não teria sido possível sem o apoio, compreensão e disponibilidade de algumas pessoas, assim pretendo mostrar os meus agradecimentos:

À Professora Ana Paula Calvão Moreira da Silva por ter aceite ser minha orientadora e me acompanhar neste etapa, por disponibilizar o seu tempo e por partilhar o seu conhecimento.

Ao Professor Carlos Jorge de Oliveira Ribeiro por ter facultado o laboratório, pela sua disponibilidade e transmissão de conhecimentos.

À Associação de Fruticultores da Beira Távora por ter disponibilizado as suas instalações e indicado o pomar de um dos seus associados para a realização do ensaio.

À Engenheira Sofia Martins por me ter acompanhado e orientado no ensaio.

Ao António Álvaro Seixas, associado da Associação de Fruticultores da Beira Távora, por ter permitido a realização deste ensaio no seu pomar assim como todo o seu apoio.

Ao Engenheiro José Cardoso pelo apoio no delineamento do plano de monda bem como pelo fornecimento de um mondador por intermédio do Luís Pinto, a quem também agradeço.

Aos meus amigos, especialmente à Mélissa Gomes, pelo tempo e compreensão que disponibilizaram ao longo de todo este trabalho.

Aos meus pais e irmão, por permitirem que tudo isto fosse possível, bem como pelos valores transmitidos, um muito obrigado.

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Resumo

No ano de 2014 realizou-se um estudo sobre a gestão de carga num pomar de macieiras do grupo “Gala”, situado na região da Beira Alta no concelho de Moimenta da Beira, utilizando várias modalidades de monda química e com combinações diferentes, com o objetivo de dar um contributo e uma ajuda aos produtores da região da Beira Alta de forma a poderem decidir qual a modalidade mais adequada às suas necessidades de gestão de carga de frutos na árvore.

Realizaram-se seis tratamentos dos quais cinco combinavam o uso de várias substâncias químicas e um de monda manual, que também viria a servir de testemunha. O tratamento 1, combinou três aplicações de Tiossulfato de Amónio (TSA) (início da floração à queda das pétalas) com a aplicação de Benziladenina + Ácido Naftalenoacético (BA + ANA) (quando o fruto central apresentava 8-12 mm) e uma última aplicação de Benziladenina (BA) (quando o fruto central apresentava 14 mm). O tratamento 2, consistiu na aplicação de três produtos em quatro aplicações, duas aplicações de TSA, a primeira no início da floração e a segunda no início da queda das pétalas, a terceira aplicação com Naftaleno acetamida (NAD) à queda da pétalas/início da floração dos ramos do ano, por fim uma outra aplicação com um produto composto por BA + ANA quando o fruto central apresentava um diâmetro entre 8-12 mm. No tratamento 3, foram realizadas três aplicações, a primeira com TSA no início da queda da pétalas/início da floração, a segunda com BA + ANA quando o fruto central apresentava um diâmetro entre 8-12 mm e a terceira e última aplicação com BA quando o fruto central apresentava um diâmetro de 14 mm. O tratamento 4 combinava a aplicação de TSA no início da queda das pétalas, seguido da aplicação de Metamitrão quando o fruto central apresentava um diâmetro entre 8-12 mm e por fim uma aplicação com BA quando o fruto central estava com 14 mm de diâmetro. No tratamento 5, foi feita uma única aplicação com Metamitrão quando o fruto central apresentava um diâmetro entre 6-8 mm. O tratamento 6, serviu como testemunha, tendo sido realizada uma monda manual depois da queda de junho.

Foram determinados em amostras representativas de cada tratamento, parâmetros qualitativos (cor, textura e firmeza, pH, sólidos solúveis totais, acidez titulável e percentagem de matéria seca) e parâmetros biométricos (dimensões e massas) dos frutos.

Os tratamentos que produziram melhores resultados (menos frutos por árvore, maiores calibres e não afetando a diferenciação floral) foram o tratamento 2 e o tratamento 4. Em relação aos parâmetros biométricos é possível afirmar que em todos os tratamentos obteve-se uma produção homogénea com bons calibres, entre 65 mm e 80 mm.

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Deste modo conclui-se, que a estratégia de combinar mondadores é aconselhada para a obtenção de uma produção mais homogénea e com frutos de melhor qualidade.

Palavras-chave: Gala, Tiossulfato de Amónio, Benziladenina + Ácido Naftalenoacético,

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Abstract

In the year 2014 it was carried out a study on the load management in an orchard of apple trees of the group “Gala”, located in the Beira Alta region of Moimenta da Beira council, using several methods of thinning treatments with different combinations in order to give a contribution and aid to the producers of the region to decide which method is more suitable for their load management needs of fruits on the three.

There were six treatments including five combined use of various chemicals and a manual weeding, which would also serve as a witness.

This study performed six treatments, which five combined the use of different chemicals and one use hand thinning, which would also serve as a control. Treatment 1, combined three applications of Ammonium Thiosulfate (ATS) (from the start of flowering to the fall of the petals) with the application of Benzyladenine + Naphthylacetic Acid (BA + NAA), (when the central fruit reached 8-12 mm) and a final application of Benziladenina (BA) (when the central fruit had 14 mm). Treatment 2, consisted in the application of three substances in four applications, two TSA applications, the first at the beginning of the flowering and the second at the beginning of the petals fall, the third application with Naphthylacetic Amide (NAD) occurred at the petals fall /beginning of the flowering branches of the year, finally another application with a product composed of BA + NAA when the central fruit featured a diameter between 8-12 mm. In the Treatment 3, three applications were made, the first with ATS in the early of petals fall/beginning of flowering, the second with BA + NAA when the central fruit featured a diameter between 8-12 mm and the third and last application with BA when the central fruit presents 14 mm in diameter. Treatment 4 combined application of ATS at the beginning of the petals fall, followed by application of Metamitron when the central fruit reached a diameter between 8-12 mm and finally an application with BA when the central fruit was with 14 mm in diameter. On the Treatment 5 was made a single application with Metamitron when the central fruit featured a diameter between 6-8 mm. Treatment 6 served as witness, having been held a hand thinning after the June drop.

It was evaluated on representative samples of each treatment, qualitative parameters (color, texture and firmness, pH, total soluble solids, titratable acidity and percentage of dry matter) and biometric parameters (size and mass) of the fruit.

The Treatments that have produced better results (less fruit per tree and larger diameters without affecting the return bloom) were the Treatment 2 and Treatment 4. In relation to

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biometric parameters is possible to conclude that all treatments produced a homogeneous production with diameters between 65 mm and 80 mm.

Thus, we could conclude that the strategy of combining thinning products is recommended for obtaining a more homogeneous production and better quality fruit.

Keywords: Gala, Ammonium Thiosulfate, Benzyladenine + Naphthylacetic Acid,

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Índice

... Página

1. Introdução ... 1

2. Revisão bibliográfica ... 3

2.1. Produção Mundial, Europeia e Nacional ... 3

2.2. A Espécie (fenologia) ... 4 2.3. Fase de Dormência ... 4 2.4. Fase de Crescimento ... 5 2.5. Caracterização do grupo ... 11 2.6. Gestão de carga ... 12 2.7. Monda ... 13 2.8. Monda Manual ... 13 2.9. Monda Mecânica ... 14 2.10. Monda Química ... 15

2.11. Substâncias ativas utilizadas na monda ... 16

2.11.1. Tiossulfato de Amónio (TSA) ... 16

2.11.2. Família das auxinas ... 17

2.11.3. Família das citoquininas ... 18

2.11.4. Metamitrão ... 19

2.11.5. Combinação de Substâncias ... 20

2.12. Modo de atuação dos mondadores ... 21

2.13. Efeitos da monda ... 22

2.14. Monda e a qualidade dos frutos ... 22

2.15. Circunstâncias para a aplicação dos mondadores químicos ... 23

3. Material e Métodos ... 25

3.1. Caracterização do campo de ensaio ... 25

(11)

3.3. Medições efetuadas ... 29

3.4. Produtividades e análise qualitativa ... 29

3.5. Dados Meteorológicos ... 34

3.6. Análise estatística ... 34

4. Resultados e Discussão ... 35

4.1. Número de frutos vingados ... 35

4.2. Resultados da colheita ... 36

4.3. Calibre médio dos frutos ... 45

4.4. Diferenciação floral ... 46

4.5. Dados Meteorológicos ... 47

4.6. Fitotoxicidade com a aplicação de Tiossulfato de Amónio ... 50

5. Conclusão ... 53

6. Referências Bibliográficas ... 55

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Índice de Figuras

Página Figura 1 – Evolução da produção de maçã no Mundo (2007-2013) (FAO, 2013). ... 3 Figura 2 – Evolução da produção de maçã em Portugal (2007-2013) (FAO, 2013). ... 3 Figura 3 – Esquema da flor da macieira e da maçã, assim como dos seus órgãos internos

nestas estruturas. ... 8

Figura 4 – Curva de crescimento sigmoidal das maçãs (Adaptado de Luckwill, 1948). ... 8 Figura 5 – Número de flores e frutos de macieira ao longo da estação (Tromp et al., 2005). 10 Figura 6 – Nova máquina substituta da “Darwin 2000” (Damerow et al., 2007). ... 15 Figura 7 – Esquema do ensaio. ... 26 Figura 8 – Acompanhamento e medição do crescimento dos frutos do grupo “Gala” ao longo

do ciclo. ... 29

Figura 9 – a) Paquímetro digital eletrónico (EMC); b) Colorímetro Chroma Meter CR300

(Minolta). ... 31

Figura 10 – a) Analisador de textura TA.XT.Plus (Stable Micro-Systems); b) Potenciómetro

pH Meter 3310 (Jenway). ... 31

Figura 11 – Número de frutos, por ramo, do grupo “Gala” próximo da colheita. ... 36 Figura 12 – Intervalo de força de compressão (máxima e mínima) e da força média de

compressão de frutos do grupo “Gala” em função do tratamento utilizando a sonda cilíndrica P6, ○ – média. ... 43

Figura 13 – Calibre médio dos frutos do grupo “Gala” por tratamento. ... 45 Figura 14 – Condições meteorológicas durante o período de aplicação dos mondadores

químicos. ... 48

Figura 15 – Sintomas de fitotoxicidade nas pétalas das flores do grupo “Gala”. ... 50 Figura 16 – Estados Fenológicos da Macieira (Adaptado do Ministério da Agricultura e do

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Índice de Quadros

Página Quadro 1 – Datas dos Estados Fenológicos da macieira. ... 26 Quadro 2 – Modalidades, substâncias ativas e concentrações, datas de aplicação e estado

fenológico. ... 28

Quadro 3 – Registo do número de flores e do efeito dos tratamentos no número de frutos por

ramo do grupo “Gala”. ... 35

Quadro 4 – Efeito dos tratamentos sobre a massa, diâmetro e forma de frutos do grupo

“Gala”. ... 37

Quadro 5 – Efeito dos tratamentos sobre os sólidos solúveis totais, pH e ácidez titulável de

frutos do grupo “Gala”. ... 38

Quadro 6 – Efeito dos tratamentos na coloração de frutos do grupo “Gala”. ... 39 Quadro 7 – Efeito dos tratamentos sobre os parâmetros bioquímicos de frutos do grupo

“Gala”. ... 41

Quadro 8 – Efeitos dos tratamentos na força, no trabalho e na firmeza na epiderme de frutos

do grupo “Gala” utilizando a sonda cilíndrica P6. ... 42

Quadro 9 – Efeitos dos tratamentos na força (N) média, máxima e mínima na polpa de frutos

do grupo “Gala” utilizando a sonda cilíndrica P6. ... 42

Quadro 10 – Coeficientes de correlação entre o diâmetro, o peso, a força, o trabalho e a

firmeza de frutos do grupo “Gala”. ... 43

Quadro 11 – Efeitos dos tratamentos no trabalho, na firmeza e na deformação da epiderme de

frutos do grupo “Gala” utilizando a sonda cilíndrica P2N. ... 45

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Lista de Siglas e Abreviaturas

a* – vermelho - verde

ANA – Ácido Naftalenoacético b* - amarelo - azul

BA – Benziladenina C* - intensidade de cor

DAPF – dias após plena floração DOP – dominação de origem protegida hº – tonalidade

KFD – diâmetro do fruto central (King fruit diameter) IGP – indicação geográfica protegida

L* – Luminosidade MS – matéria seca N – Newton

N/s – Newton por segundo N×s – Newton vezes segundo NAD – Naftaleno acetamida O – Oeste

SST – sólidos solúveis totais TSA – Tiossulfato de Amónio

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1. Introdução

Na fruticultura moderna é cada vez mais importante produzir com qualidade, respondendo assim aos critérios e necessidades dos consumidores. Na cultura da maçã isto torna-se uma imposição para os fruticultores, que associam à correta gestão do pomar o recurso à prática da monda, com efeitos diretos sobre a quantidade de fruta a colher num pomar e a respetiva qualidade.

Com efeito, a monda consiste na redução do número de frutos por árvore, melhorando assim a qualidade dos que ficam e consequentemente a produção. A macieira possui mecanismos naturais de abcisão de flores não polinizadas e de jovens frutos. No entanto estes mecanismos não são suficientes, mantendo a árvore um elevado número de frutos de menor calibre sem valor comercial à colheita. Estes frutos também provocam desequilíbrios a nível fisiológico da macieira, causados pela elevada concentração de giberelinas que as sementes em excesso produzem, inibindo a diferenciação floral do ano seguinte afetando assim a próxima produção. Consequentemente, a macieira poderá entrar em alternância o que leva a que anos de boas produções se lhes sigam anos de baixas produções.

A monda é uma ferramenta importante para manter o equilíbrio entre a produção e a qualidade. Existem três tipos de monda: a monda manual, a monda mecânica e a monda química. A monda manual consiste em remover flores ou frutos, tem como vantagem ser uma técnica bastante seletiva, mas é uma operação morosa e que leva a elevados custos de mão-de-obra. A monda mecânica e a monda química vieram fazer face aos problemas que a monda manual apresenta, embora ambas as técnicas não sejam seletivas. A monda mecânica em pomóideas é uma técnica que ainda não está bem implementada, isto porque exige a aquisição de equipamento específico e que as formas de condução das árvores sejam apropriadas. A monda química consiste na aplicação de reguladores de crescimento e de outras substâncias que reduzem a capacidade fotossintética da árvore. A monda química é o método mais utilizado embora este tipo de monda ainda requeira alguma preocupação por parte dos fruticultores por se tratar de uma monda muito dependente de condições ambientais na altura da aplicação e a reação aos mondadores depende de uma série de fatores nomeadamente das variedades, estado nutricional, idade das plantas, etc.. Sendo um método não seletivo por vezes ocorrem mondas excessivas e outras vezes a monda não atua, deixando carga em excesso.

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O objetivo deste trabalho será avaliar diferentes tipos de monda de flores e frutos, aplicando cinco tipos de monda química com os mondadores Tiossulfato de Amónio, Ácido Naftalenoacético, Naftaleno acetamida, Benziladenina, Metramitrão e uma Monda Manual.

As modalidades serão aplicadas em árvores em plena produção, pertencentes a variedades do grupo “Galas”. O seu efeito será avaliado através de métodos biométricos no campo e de métodos físico-químicos em laboratório.

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2. Revisão bibliográfica

2.1. Produção Mundial, Europeia e Nacional

A nível mundial, a maçã é o segundo fruto mais produzido e a sua produção tem vindo a aumentar ao longo dos anos (Figura 1). Os três maiores produtores de maçã por ordem decrescente são a China, os Estados Unidos e a Turquia (FAO, 2013). Na europa a maçã é igualmente o segundo fruto mais produzido a seguir à uva; os três principais produtores são a Polónia, a Itália e a França (WAPA, 2012).

Figura 1 – Evolução da produção de maçã no Mundo (2007-2013) (FAO, 2013).

A maçã é o fruto com maior peso no volume de produção de frutos frescos em Portugal, embora com uma produção irregular com tendência decrescente desde 2007, com exceção para o ano de 2013 onde a produção foi a melhor da última década (FAO, 2013) (Figura 2).

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Neste ano ocorreu um aumento na ordem dos 30,1% na produção nacional em relação ao ano anterior, embora a balança comercial se mantenha deficitária com 57803 toneladas importadas face a 24330 toneladas exportadas. Os principais fornecedores do mercado nacional são a Espanha e a França e em período de contra estação é a Argentina, o Chile e o Brasil. As exportações destinam-se à União Europeia com ênfase para a Espanha e o Reino Unido (GPP,2013).

Em Portugal continental a principal região de produção de maçã concentra-se no Ribatejo e Oeste seguindo-se Trás-os-Montes e depois as Beiras (Litoral e Interior) (INE, 2013). As variedades com maior expressão nestas regiões são: “Golden Delicious”, “Royal Gala”, “Red Delicious”, “Reinetas” e a “Bravo de Esmolfe”. Para este fruto existe, no país, uma Denominação de Origem Protegida (DOP) – “Maçã Bravo de Esmolfe” e quatro Indicações Geográficas Protegidas (IGP), atribuídas às maçãs da Beira Alta, Cova da Beira, Alcobaça e Portalegre (GPP, 2012).

2.2. A Espécie (fenologia)

A macieira (Malus domestica Borkh.) pertence à família das Rosaceae, sub-família

Pomoideae. As flores das Rosaceae, são tipicamente actinomórficas com 5 sépalas e 5

pétalas, variando de branco a rosa, vários estames, um ou vários pistilos simples. Os gomos florais são mistos, contendo folhas e flores. As inflorescências são conhecidas como corimbos que podem conter entre 5 a 10 flores. É uma espécie de climas temperados de folha caduca com ciclo bienal, ano de produção “n” onde se formam os frutos que são colhidos no mesmo ano e se formam também os primórdios que vão garantir a produção do ano seguinte, “n+1”.

As árvores nos dias de hoje são geralmente constituídas por dois ou, excecionalmente, por três biontes: a variedade (garfo), o porta-enxerto (cavalo) e por vezes um inter-enxerto (entre o garfo e o cavalo), esta terceira opção normalmente é usada quando existem incompatibilidades entre o enxerto e o porta-enxerto.

2.3. Fase de Dormência

A dormência sazonal das plantas é geralmente um mecanismo de sobrevivência das culturas perenes de climas temperados, às baixas temperaturas que caracterizam os invernos nestes climas. Esta fase de dormência é induzida pela chegada de dias mais curtos com baixa luminosidade e com decréscimos de temperatura.

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Heide e Prestrud (2004), afirmam que o fotoperíodo não tem qualquer influência no período de crescimento que é unicamente influenciado pela temperatura. No entanto, outros autores referem que o comprimento do dia tem um efeito.

Para que ocorra a quebra de dormência é necessário satisfazer um determinado número de horas de frio abaixo de certo limite que, na macieira, é abaixo dos 7,2 °C (Putti, 2003). O resultado traduz-se numa floração de boa qualidade, curta e homogénea, favorecendo os vingamentos pelo equilíbrio hormonal que proporciona, aumentando a divisão celular, favorecendo os calibres, a qualidade final dos frutos e das produções.

2.4. Fase de Crescimento

Após a entrada em atividade vegetativa, dá-se o desenvolvimento de gomos, que dão origem a rosetas de flores ou folhas e lançamentos. A formação e a quantidade de gomos formados está correlacionado com o crescimento dos ramos que por sua vez depende da quantidade de fotoassimilados produzidos pela densidade folhear. Os ramos podem ser de dois tipos: ramos de madeira e ramos de fruta, nos de madeira só ocorre crescimento vegetativo enquanto que nos de fruta ocorrem ambos os crescimentos vegetativo e produtivo. A formação dos gomos florais têm origem em três fases, na fase vegetativa, na indução floral e na diferenciação dos primórdios florais.

A floração que ocorre na primavera faz parte do ciclo reprodutivo da macieira que dá início com a indução floral no verão precedente. Este processo de indução floral não é contínuo isto porque na fase de dormência da planta, que é associada aos meses correspondentes ao Inverno, não ocorre qualquer desenvolvimento. Os meristemas responsáveis pelo desenvolvimento de gomos vegetativos são compostos por vários apêndices tais como: escamas do gomo, folhas em transição, brácteas e folhas verdadeiras. Para que ocorra a formação de gomos florais, os gomos vegetativos devem estar totalmente desenvolvidos. Estes apêndices voltam a desenvolver-se assim que ocorra a quebra de dormência da planta na primavera (Wilkie, 2008).

A indução floral consiste na mudança da fase vegetativa da planta para a fase reprodutiva. Em geral, esta mudança ocorre no início do Verão, porém pode estender-se até meados do Outono em algumas condições. A indução floral ocorre aproximadamente 45 a 60 dias após a plena floração, assim que começa o crescimento dos lançamentos (Petri et al., 2012).

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Os gomos florais vão se diferenciar em relação aos gomos folheares no ano “n”, ocorrendo a indução floral seguida da diferenciação floral, os gomos florais começam a formar um maior número de primórdios comparativamente aos gomos folheares.

A diferenciação floral dá-se durante o ciclo vegetativo até a floração do ano seguinte. O processo inicia-se com o aparecimento das sépalas seguidas de estames, ovário, anteras, pólen e por último o óvulo. Assim que o ovário e as anteras são formadas é possível distinguir os gomos florais com um microscópio (Petri et al., 2012).

A indução floral e a diferenciação floral são afetados por vários fatores tais como condições meteorológicas, estado nutricional da planta, condições fisiológicas e genéticas. A indução floral é favorecida quando a planta possui uma boa densidade de folhas e desfavorecida quando existe excesso de frutos na árvore, assim uma forte desfoliação, excesso de frutos e uma monda tardia influenciam negativamente o processo de indução floral.

Na fase de repouso vegetativo em meados do Outono, os gomos tornam-se dormentes, para que estes na primavera do ano seguinte desabrochem é necessário que seja satisfeito o número de horas de frio necessário abaixo dos 7,2 °C. As cultivares diferem no número de horas de frio necessário para quebrar a dormência, se este número de horas de frio não é satisfeito ocorre um atraso no desenvolvimento da planta (Ferree e Warrington, 2003).

Na floração os processos que ocorrem são a polinização e a fertilização da flor. A maior parte das variedades de macieiras requerem polinização cruzada, isto porque, elas apresentam incompatibilidade gametofítica. Esta polinização cruzada requer que as cultivares compatíveis tenham o mesmo período de floração. Na instalação do pomar os produtores devem de tomar o cuidado e intercalar cultivares polinizadoras com a cultivar principal para que ocorra uma polinização adequada. A polinização é entomófila, ou seja, recorre ao auxílio de insetos principalmente as abelhas. Durante a floração se o tempo for frio ou chuvoso, limita o voo dos insetos, podendo levar a uma baixa frutificação nesse ano (Ferree e Warrington, 2003).

Na fertilização, o grão de pólen compatível ao entrar em contacto com o estigma da flor, absorve água, ativa as suas enzimas e germina dando origem a um tubo polínico. O tempo que separa a polinização da fertilização varia entre 24 a 48 horas, dependendo fundamentalmente da temperatura e do grau de nutrição da planta. Com efeito, a temperatura representa um papel muito importante neste período, pois se esta for elevada, este período é mais curto, dado que a velocidade de crescimento do tubo polínico é maior e atinge mais rapidamente o saco embrionário (Sanzol e Herrero, 2001). Contudo, também provoca maior desidratação das

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células estigmáticas tornando o período de recetividade menor. Assim as temperaturas amenas são as mais favoráveis.

Este período que decorre entre o tempo que o tubo polínico leva a chegar ao óvulo, ocorrendo a fertilização é designado por tempo de longevidade dos óvulos.

Após a fertilização do óvulo, o volume do ovário aumenta velozmente nos 25 dias seguintes, para diminuir de seguida devido à absorção do endosperma e pelo rápido crescimento deste tecido (Tromp et al., 2005).

O embrião começa a consumir o endosperma atingindo o seu tamanho máximo 60 dias após a plena floração. O endosperma é continuamente alimentado por substâncias açucaradas que, por sua vez, favorecem a produção de giberelinas e auxinas. Estas hormonas têm um papel fundamental na diferenciação floral e na produção do ano seguinte (Tromp e Borsboom., 1994).

O desenvolvimento do ovário, após fertilização pode ser bloqueado, ficando num estado inicial, podendo ocorrer o aborto do embrião e não se formando a semente. Este facto deve-se a vários fatores tais como à competição interna entre o embrião e o endosperma, à competição entre frutos e ao crescimento vegetativo. Estes fenómenos de competição são mais frequentes nos meses de maio e junho, ou seja, períodos onde os crescimentos vegetativos são mais evidentes provocando queda dos frutos (Tromp e Borsboom, 1994).

Nitsch (1965) considerou que se poderiam identificar 4 fases distintas no crescimento de um pomo que, graficamente, é representado por uma curva sigmóide:

1. Fase da pré-antese, durante a qual o crescimento ocorre primariamente por multiplicação celular;

2. Fase da antese, durante a qual têm lugar os processos críticos de polinização e fertilização dos óvulos;

3. Fase de crescimento pós fertilização, com expansão celular predominante no fruto e multiplicação na semente;

4. Fase da maturação do fruto, seguida de senescência.

A maçã, um pomo, é considerada um pseudo-fruto pelo facto de ser proveniente de um ovário ínfero, é um fruto carnudo cujo mesocarpo e endocarpo resultam do engrossamento do estilete e das paredes do ovário (Figura 3).

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O conhecimento da dinâmica do crescimento do fruto é do maior interesse para a gestão de um pomar. Uma boa produção depende, desde do início, da presença de flores de boa qualidade e de uma floração abundante e regular. Após a floração, polinização, fecundação e vingamento, são muitos os fatores que podem influenciar o desenvolvimento dos frutos, a sua velocidade de crescimento e a qualidade final (calibre, sabor, firmeza, teor em ácidos e açúcares).

O ritmo de crescimento das maçãs representa-se graficamente por uma curva sigmoide (Figura 4).

Figura 4 – Curva de crescimento sigmoidal das maçãs

(Adaptado de Luckwill, 1948).

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A taxa de crescimento depende da característica varietal: as variedades temporãs como crescem mais rápido e por isso apresentam curvas de crescimento que são quase retas, ao passo que as variedades mais tardias com crescimentos mais lentos apresentam curvas mais pronunciadas.

O crescimento dos frutos resulta inicialmente de processos de divisão celular e posteriormente de alongamento celular.

Durante a floração a taxa de divisão celular é muito baixa e o alongamento celular não ocorre, assim que se dá a fertilização no ovário inicia-se um período de rápida divisão celular que se prolonga 3 a 6 semanas (Tromp et al., 2005).

A divisão celular é assim responsável por um elevado número de células no mesocarpo, favorecendo o crescimento inicial do fruto, o alongamento celular também se inicia assim que se sucede a fertilização crescendo na sua atividade, porém a sua máxima atividade só é atingida assim que a divisão celular parar. A passagem da divisão celular para o alongamento celular ocorre do exterior para o interior do fruto (Tromp et al., 2005).

O alongamento celular acontece devido essencialmente ao crescimento progressivo dos vacúolos celulares, à diminuição do citoplasma e à redução da espessura da parede celular. Ao mesmo tempo ocorre um aumento do espaço intercelular (Tromp et al., 2005). Este período estende-se até bem próximo da maturação comercial do fruto (Faust, 1989).

Segundo os autores Goffinet et al. (1995) e Westwood (1978), o tamanho potencial dos frutos pode ser determinado, à partida, com base no número de células e não com base no volume dessas células. Verifica-se que quando existe um fator limitante ao crescimento na primeira fase, os frutos podem retomar o seu crescimento mas já não atingem os calibres esperados para as condições normais (Grossman and Dejong, 1995). Aparecem assim, dois conceitos importantes, o crescimento potencial dos frutos e o crescimento efetivo que irá depender da existência ou não de limitações ao longo da estação de crescimento.

Também Lasko et al. (1989) observaram que a taxa de crescimento dos frutos na fase inicial pode determinar o seu tamanho final.

Pode-se afirmar que o crescimento dos frutos depende de alguns fatores externos tais como a temperatura, a humidade, a radiação luminosa, o sistema de condução, as operações culturais como a fertilização e a monda dos frutos e dos fatores internos como as características da cultivar e do porta-enxerto (Al-Hinai e Roper 2004).

Nas macieiras ocorrem, como na maioria das espécies de climas temperados, quedas naturais de flores e de frutos. Estas quedas resultam da formação, no pedúnculo, de uma

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camada de abcisão composta por uma ou duas linhas de células nas quais se dá uma progressiva dissolução das paredes celulares a partir da qual não passam vasos xilémicos nem floémicos. Também o balanço hormonal nesta zona é afetado, diminuindo a concentração de auxinas e aumentando o etileno. Estes processos são desencadeados por síntese de enzimas que atuam sobre as paredes celulares (Sexton, 1997). É nesta zona de fragilidade, a zona de abcisão, que a maçã se destaca da árvore.

Os principais fatores que levam ao aumento da síntese de etileno e redução de auxinas são: humidade, baixa intensidade luminosa, senescência, feridas, quantidades elevadas de ácido abíssico e etileno.

Na macieira estão identificadas três quedas naturais: queda de flores (A), queda de junho (B) e a queda antecipada da colheita (C) (Figura 5).

A queda das flores não fertilizadas pode dever-se a fatores externos como vento, posição da flor na árvore, abertura da flor, ou também a fatores internos como as concentrações hormonais (Tromp et al., 2005).

Nas macieiras, a floração dá-se em corimbos, ocorrendo primeiro o desenvolvimento da flor central (“King flower”) e depois o desenvolvimento das flores laterais. Estas, devido à sua posição mais desfavorável têm uma maior probabilidade de cair, visto a concentração de auxinas ser menor e também a um menor poder de capacidade de fixação (Tromp et al., 2005).

Figura 5 – Número de flores e frutos de macieira

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Na segunda queda natural, a queda de junho, a quantidade dos frutos que caem varia muito com a cultivar e de ano para ano, proporcionalmente ao vingamento e ao vigor das árvores. Os frutos maiores e com mais sementes desenvolvidas têm maiores hipóteses de persistir do que os frutos mais pequenos e com menos sementes (Tromp et al., 2005). O etileno também está presente nesta fase para induzir a síntese de enzimas específicas para a degradação da parede celular. A importância da auxina nesta fase foi estudada por Stahley e Williams (1972) tendo sido verificado que esta queda de frutos coincide com o decréscimo do ácido indol-acético nas sementes dos frutos que persistiram. Quando o embrião está completamente desenvolvido, a concentração de auxina nas sementes aumenta marcando o fim da queda de junho (Koukourikou-Petridou, 2003).

2.5. Caracterização do grupo

O grupo “Gala” é considerada uma das variedades de macieira com maior potencial comercial em todo mundo (Trillot et al., 1993). É proveniente de Greytown (Nova Zelândia) e resultou de uma seleção feita por Kidd em 1939, do cruzamento entre as variedades “Kidd Orange Red” x “Golden Deliciouse” (Epagri, 2002).

A árvore apresenta um vigor médio a forte, superior ao da variedade “Golden Delicious”, possuindo um bom desenvolvimento vegetativo nos primeiros anos, que vai diminuindo progressivamente com a entrada em produção. Com um porte semi-ereto, os ângulos dos ramos bem abertos e bem distribuídos, apresenta uma rápida entrada em produção (Trillot et

al., 1993).

O fruto tem uma cor intensa que é variável consoante os clones, a idade e a sua posição na árvore. Na parte em que está exposta ao sol a cor é laranja-avermelhada, com estrias mais ou menos aparentes enquanto a não exposta apresenta uma cor mais verde, ficando verde amarelada com o avanço da maturação. O tamanho é médio (75 mm), de forma alongada, ovóide troncocónico, muito regular com pedúnculo mediano. Tem uma textura consistente, a polpa é branca e fina, doce, ligeiramente acidulada e perfumada. É uma maçã crocante, firme e sumarenta (Ferreira, 1994).

Esta variedade necessita de cerca de 600 a 800 horas de frio e apresenta como a maioria das macieiras uma floração em corimbo com um número variável de flores. Os frutos obtidos em madeira do 2º ano são os frutos de melhor qualidade (Ferree e Warrington, 2003).

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A colheita dos frutos ocorre usualmente em meados de agosto, 120 a 140 dias após a plena floração (Ferree e Warrington, 2003).

A decisão para se determinar a data de colheita é efetuada através do controlo de maturação, através da determinação do grau ºBrix, da firmeza e o mais determinante o teste de amido (Castellarnau et al., 2000).

O índice refratométrico ou °Brix é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis presentes no fruto.

Apesar de ser uma variedade temporã apresenta uma boa resposta à conservação frigorífica, que permite manter as suas características qualitativas até dezembro/janeiro. Com valores de temperaturas entre 0 e 4 oC, humidade entre 90 e 95%, oxigénio entre 1 e 3% e o dióxido de carbono entre 0,5 e 2%, consegue manter-se até 150 dias armazenada sem prejuízos (Castellarnau et al., 2000).

A nível fitossanitário a grupo “Gala” é muito suscetível ao pedrado no fruto (Venturia

inaequalis), Erwinia amylovora (fogo bacteriano), cancro (Nectria galligena B.) e à podridão

no fruto (Monilia fructigena) (Ferree e Warrington, 2003).

2.6. Gestão de carga

A carga pode ser definida como o número de frutos produzidos por árvore. A maioria das cultivares de macieiras apresentam uma floração abundante, assim tendem a desenvolver mais frutos do que são capazes de suportar. Existe a necessidade de por em prática operações culturais para regular o número de flores e de frutos na árvore, superando assim a alternância e aumentando o número de frutos de qualidade. A gestão da carga é assim um fator importante para os fruticultores para a obtenção de frutos de qualidade e de produções equilibradas ao longo das colheitas. A carga pode ser influenciada por fatores do meio ambiente tais como temperatura, interseção de luz e por práticas culturais. As práticas culturais mais importantes para gerir a carga são a escolha do porta-enxerto e a monda de flores ou frutos (Wűnsche and Ferguson, 2005; Meland, 2009).

Palmer et al. (1997) observaram que uma redução de carga promove baixas produções mas leva a frutos maiores e de melhor qualidade.

Embree et al. (2007) obtiveram resultados semelhantes na variedade “Honeycrisp” onde testaram várias cargas, desde árvores não tratadas a árvores com 9 frutos por cm2 por área

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seccional do tronco. Observando que as árvores não tratadas obtiveram frutos de baixa qualidade e estas entraram em alternância.

A redução do número de frutos por árvore aumenta o rácio folha/fruto, aumentando a disponibilidade de fotoassimilados por fruto, favorecendo a indução floral e a diferenciação floral do ano seguinte, promovendo assim produções mais equilibradas ao longo dos anos. Esta redução de carga pode ser obtida através de monda manual, monda mecânica ou monda química (Meland, 2009).

2.7. Monda

A monda é uma técnica utilizada para equilibrar e controlar as produções, consiste na remoção de órgãos reprodutores tais como flores ou frutos. Esta técnica é executada porque a macieira devido a questões de sobrevivência e sempre que o meio assim o permite, produz uma floração abundante, o que origina cargas excessivas, o que leva a frutos de calibres mais reduzidos e de baixa qualidade. Esta carga excessiva também pode levar ao desequilíbrio da planta, tendo esta que gastar as suas reservas ao alimentar ao mesmo tempo todos estes frutos em excesso e novos lançamentos, para além disto também favorece a alternância (Dennis, 2000; Wűnsche and Ferguson, 2005; Meland, 2009).

Uma produção excessiva de frutos afeta o desenvolvimento da cor, a concentração em açúcares, assim como a síntese de outros compostos, influenciando a sua capacidade de retenção. Estes factos devem-se ao rácio folha/fruto ser muito baixo ou mesmo insuficiente (Forshey, 1986).

A monda com a importância que revela tem vindo a evoluir ao longo dos anos, com efeito, inicialmente era apenas manual, removendo flores e frutos. A monda manual apresenta a vantagem de ser altamente seletiva (Schröder, 2013), porém é muito morosa e nos dias de hoje com o aumento do custo de mão-de-obra e a falta dela, tem um impacto enorme na gestão da exploração. Por isso, outras soluções surgiram, como a monda mecânica e a monda química.

2.8. Monda Manual

A monda manual consiste na remoção individual de frutos de corimbos, no caso da macieira ou pereira, segundo os critérios que o fruticultor defina, ou seja, o número de frutos eliminados depende de questões de sanidade, exposição, número de frutos produzidos no

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ramo, entre outros. O operador dada a morosidade e elevados custos tem de ser hábil e capaz de operar com critério correndo o risco de não ser suficientemente eficaz. No entanto, nos dias de hoje em pomares de grande escala esta técnica é utilizada como complemento da monda química, removendo frutos pigmeus, mal posicionados ou agrupados em mais de dois frutos por corimbo.

2.9. Monda Mecânica

Os primeiros passos na monda mecânica começaram a ser dados na Alemanha com a invenção da máquina denominada de “Darwin 2000” em 1997, construída com o objetivo de substituir a monda química. Este equipamento funciona acoplado a um trator exercendo, um rotor, movimento de rotação horizontal sobre a árvore provocando a eliminação de flores. A época ideal para se realizar a monda mecânica situa-se entre o botão rosa e o início da floração (Damerow et al., 2007).

Porém este equipamento apresenta algumas desvantagens:

 Monda excessiva;

 Provoca feridas no lenho, queda de ramos e folhas;

 Paragem de crescimento durante 2 a 3 semanas devido à agressividade do processo;

 Baixa eficácia em terrenos inclinados e irregulares;

 Elimina maioritariamente os frutos da preferia da árvore.

Assim, esta técnica não era tão eficaz quanto se esperava e foi necessário desenvolver outro tipo de mecanismo. Damerow et al., (2007), desenvolveram e testaram outro tipo de máquina, muito mais suave, de acordo com a abundância da floração, que podia retirar até 1/3 das flores com uma só passagem, conseguindo eliminar tanto as flores do interior como da preferia da copa. Esta máquina funciona igualmente acoplada nos três pontos do trator, possuindo três rotores que podem ser regulados em altura, estes possuem uns batedores em plástico posicionados em ângulos de 0º ou 90º com um ângulo de intervenção de 0º ou -15º (Figura 6).

Este equipamento conseguiu resolver as limitações da máquina “Darwin 2000”, embora os batedores continuem a provocar feridas e continuem pouco eficiente devido à velocidade de deslocação ser baixa e a época de tratamento muito precoce do botão rosa ao início da floração. Apesar destas pequenas desvantagens este equipamento pode ser uma mais-valia para alguns produtores como os da produção biológica, entre outros.

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Figura 6 – Nova máquina substituta da

“Darwin 2000” (Damerow et al., 2007).

2.10. Monda Química

A monda química hoje em dia é associada a utilização de reguladores de crescimento e de inibidores de fotossíntese, sendo estes relacionados ao aborto de sementes. Assim, nas pomóideas os frutos que são mais vigorosos e com sementes mais desenvolvidas são os frutos que vão vingar, enquanto que os frutos que possuem sementes que ainda não se desenvolveram ou estão pouco desenvolvidas acabam por cair pelo aborto da semente. Os mondadores químicos intensificam a competição natural dos frutos, sendo que os mais fortes não são afetados pelos mondadores, mas os mais fracos são afetados e cedem. Quanto maior for o número de frutos, ou seja, maior número de sementes, maior vai ser a competição, sendo os mondadores químicos mais eficazes (Forshey, 1986).

De acordo com este autor, os fatores que afetam a monda química são:

 Condições meteorológicas;

 Fase fenológica em que se encontra a planta, em floração ou já com frutos;

 Variedade;

 Idade e vigor das árvores;

 Condições foliares;

 Polinização;

 Densidade floral;

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A aplicação dos mondadores químicos é geralmente feita por pulverização foliar, assim existe uma preocupação em conseguir fazer uma correta aplicação do produto, conseguindo obter uma menor perda da substância através do vento e evaporação, contudo existe falta de capacidade para prever os resultados da aplicação.

As condições meteorológicas são as que mais influenciam a aplicação dos mondadores, visto serem responsáveis pela sua correta aplicação e absorção. O produto durante e depois da aplicação está vulnerável à temperatura, ao vento, à humidade e à ocorrência de precipitação (Williams e Fallahi 1999; Greene, 2002).

Dias com temperaturas mais elevadas após floração favorecem um rápido desenvolvimento dos frutos e promovem uma melhor frutificação, dificultando assim a monda, isto porque, os frutos para persistirem na árvore devem ter um crescimento rápido e consistente. A temperatura mais elevada favorece a atividade da árvore contudo, temperaturas acima dos 32ºC reduzem a viabilidade do pólen. Dias com temperaturas mais baixas estão associados à baixa atividade da árvore e a um crescimento lento, o que leva ao aborto das sementes facilitando a monda química (Williams, 1979; Forshey, 1986; Dennis, 2000; Greene, 2002).

Para se entender os fenómenos da queda de flores, de frutos e da monda, é necessário explicar os modos de ação dos químicos, a absorção, o transporte e os efeitos no balanço hormonal.

As substâncias ativas utilizadas para a monda química podem ser classificadas em dois grupos, mondadores de flores e mondadores de frutos, que se podem dividir em bio-reguladores de plantas (aceleradores ou inibidores da abcisão) e em inibidores de fotossíntese. Destas enumeram-se o Ácido Naftalenoacético (ANA) e a sua amida, a Benziladenina (BA) (citoquinina), Giberlinas (GA), entre outros (Bangerth, 2000 e Estornell et al, 2013).

Outros compostos em estudo são o Tiossulfato de Amónio (TSA), composto à base de azoto e enxofre, o Metamitrão que é utilizado como herbicida em estudos desde 2006, embora que ainda tenham que ser aprofundados, estes mostram que o Metamitrão apresenta um grande potencial como mondador.

2.11. Substâncias ativas utilizadas na monda 2.11.1. Tiossulfato de Amónio (TSA)

O TSA é um fertilizante foliar composto essencialmente por azoto e enxofre e é considerado seguro para o meio ambiente e consumidor. Atua como mondador de flores,

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quando é aplicado danificando órgãos florais (anteras e pistilos) e, dessa forma, inibe a fertilização das flores (Janoudi e Flore, 2005). A aplicação de TSA causa prejuízos em folhas novas e nas pétalas porque apresenta fitotoxicidade para a macieira e por isso a sua aplicação deve ser feita com concentrações baixas. O TSA reduz o número de sementes e pode levar ao aumento de frutos assimétricos (Wertheim, 2000).

No grupo das “Galas” o objetivo da aplicação do TSA é a eliminação da segunda floração, sendo para isso necessário duas aplicações distintas para originar efeito.

A eficácia do TSA está condicionado pelas condições meteorológicas na altura da aplicação. Assim não deve ser aplicado com temperaturas inferiores a 14°C onde o seu efeito é baixo, nem com temperaturas acima dos 20°C, onde o seu efeito é excessivo, situando-se o seu intervalo de aplicação ideal entre 16°C e 20°C. O mesmo ocorre comparativamente à humidade, em que níveis muito altos de humidade favorecem mais uma monda excessiva do que níveis muito baixos (Wertheim, 2000). Para além da temperatura e da humidade, é fundamental que não ocorra precipitação durante e após a aplicação.

Tromp et al. (2005) descreveram que concentrações de cerca de 1% TSA são suficientes para uma monda adequada nas macieiras.

Nos últimos anos tem-se estudado a ação do TSA sobre a floração quando aplicado individualmente ou em combinação com outras substâncias, nomeadamente a 6-benziladenina.

2.11.2. Família das auxinas

O Ácido Naftalenoacético (ANA) e a sua amida são compostos antigos, cuja atuação é baseada na ação hormonal através de uma auxina sintética (Stopar, 2002).

Black e Bukovac (1995) descreveram que a aplicação de ANA era frequentemente feita após a floração sendo eficaz na abcisão do fruto. A aplicação de ANA no grupo de “Delicious” é aconselhado quando o fruto central apresente 10 a 12 mm de diâmetro. A aplicação desta substância leva a uma limitação do crescimento do fruto, ou seja, depois de aplicado aos frutos que persistem, muitas vezes não conseguem adquirir tamanho comercial adequado.

A aplicação deste composto para além de provocar excesso de frutos com tamanhos reduzidos no grupo “Delicious”, Stopar (2003) evidenciou que leva à paragem do crescimento em “Red Delicious” e “Fuji” originando frutos pigmeus, este efeito é mais acentuado nos frutos laterais.

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Dennis (2000) refere que com a aplicação de ANA, o crescimento do fruto após aplicação é insatisfatório, especialmente em “Delicious”, isto ocorre maioritariamente quando é aplicado na fase em que os frutos apresentam cerca de 11,3 mm. Em algumas condições, como referido, a aplicação do mondador do tipo ANA poderá provocar a formação de frutos pigmeus. A atuação do mondador está dependente do posicionamento dos frutos no corimbo.

Dennis (2000) afirma que nos casos em que existe um fruto central e um fruto lateral no corimbo, o fruto central inibe o crescimento do fruto lateral na ausência de ANA e na sua presença o crescimento de ambos os frutos são inibidos de igual forma.

A aplicação de ANA induz a uma curvatura para baixo das folhas e à maturação precoce, especialmente em variedades de maturação temporã quando esta é aplicada em fase de queda das pétalas. A Naftaleno acetamida (NAD) é uma boa alternativa quando existe maior probabilidade de ocorrer uma monda excessiva, isto porque a amida é 10 vezes menos eficaz (Dennis, 2000).

Os mondadores do tipo ANA atuam melhor quando os frutos possuem entre 7 a 10 mm de diâmetro, embora a sua eficácia varie anualmente. O modo de ação dos mondadores do tipo ANA estão dependentes de fatores do meio ambiente, podendo ocorrer monda excessiva em alguns anos (Stopar, 2002).

2.11.3. Família das citoquininas

A Benziladenina (BA) é uma citoquinina produzida pelas plantas logo é uma substância amiga do ambiente não prejudicando a fauna auxiliar como as abelhas entre outros, sendo uma boa substância para a monda devido ao seu baixo perfil toxicológico e por imitar a ação biológica das citoquininas endógenas na planta (Yuan e Greene, 2000).

A sua ação é estimular a divisão celular nas flores e nos frutos jovens, aumentando assim o calibre e a firmeza dos frutos. O período da sua aplicação pode ir desde a floração até três semanas após a plena floração com uma resposta máxima da monda quando aplicado aos 10 a 14 mm de diâmetro do fruto central (Yuan e Greene, 2000).

Alguns estudos permitiram concluir que a aplicação de produtos da família das citoquininas como a BA, é mais eficiente em folhas e lançamentos do que apenas nos frutos, visto que estes aumentam a respiração noturna e diminuem a fotossíntese levando a um menor abastecimento de fotoassimilados nos frutos. No entanto, quando aplicado só nos frutos é possível observar um crescimento no tamanho dos mesmos e há um aumento do seu “poder

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A eficiência desta família está muito dependente das condições meteorológicas, sendo a temperatura o fator determinante, deve ser aproximadamente de 18ºC no dia da aplicação e nos dois dias seguintes, assim como o diâmetro do fruto central estar compreendido entre 10 e 12 mm (Clever, 2007).

2.11.4. Metamitrão

O Metamitrão é vulgarmente utilizado como herbicida, contudo, descobriu-se que esta substância aplicada em baixas doses em macieiras reduz a fotossíntese, provocando assim a queda dos frutos. O princípio de ação é semelhante ao ensombramento, através do stress de competição por fotoassimilados que gera entre o desenvolvimento vegetativo e os pequenos frutos, o que provoca a sua queda (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Estes autores testaram num pomar de “Fuji” com 8 anos de idade e enxertado em M9 a aplicação de Metamitrão a 350 ppm em dois instantes diferentes do crescimento do fruto: o primeiro tratamento, com uma única aplicação aos 6 mm do diâmetro do fruto central e um segundo tratamento, com dois momentos de aplicação, o primeiro aos 6 mm e o segundo aos 12 mm do diâmetro do fruto central. Na colheita a eficácia do primeiro tratamento foi surpreendente, pois este com uma única aplicação deixou muito próximo o alvo traçado de 100 frutos por árvore, em que os frutos apresentavam um peso aproximado de 250 g e uma produção a rondar os 30 kg por árvore. O segundo tratamento apresentou uma monda excessiva, no entanto, para a “Fuji”, é um facto muito interessante pois esta variedade é a que menos responde à ação de monda para todas as substâncias químicas.

Noutro estudo, realizado por Raphael Stern em 2014, indica que o Metamitrão é responsável pela inibição da fotossíntese, especialmente no fotossistema II perturbando o aparelho fotossintético, durante 7 a 10 dias depois da aplicação. Evidencia atividade mondadora quando é aplicado sobre frutos com diâmetros entre 10 – 12 mm do fruto central e mesmo mais tarde com 20 mm. A experiência decorreu durante 3 anos consecutivos, num pomar do grupo “Gala” em MM 106, onde foi utilizado o novo produto no mercado o BrevisTM com 15% de Metamitrão. Realizaram-se três modalidades:

 80 ppm de Metamitrão por hectare com uma primeira aplicação aos 6 mm e a segunda aos 10 mm do diâmetro do fruto central;

 130 ppm de Metamitrão por hectare com duas aplicações uma aos 6 mm e a outra aos 10 mm do diâmetro do fruto central;

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 160 ppm de Metamitrão por hectare com duas aplicações uma aos 6 mm e a outra aos 10 mm do diâmetro do fruto central.

Os resultados mostraram que todas as modalidades tiveram efeitos de monda, evidenciando-se, contudo, uma clara resposta à dose utilizada. Assim a concentração mais baixa reduziu o número de frutos em 15% ficando, aproximadamente, 400 frutos por árvore e a concentração mais alta reduziu o número de frutos até 38 % em relação à testemunha (180 frutos por árvore), este tratamento foi muito agressivo não melhorando a produtividade de frutos médios a grandes. A concentração de 130 ppm foi a que obteve melhores resultados obtendo aproximadamente 325 frutos por árvore com um peso aproximado de 150g (70 mm), conseguindo-se assim um aumento sensivelmente em 14 t/ha de frutos com diâmetros maiores. A floração do ano seguinte também não sofreu nenhum efeito negativo em relação à testemunha ao utilizar este produto (Stern, 2014).

2.11.5. Combinação de Substâncias

Como todas as substâncias de ação mondadora dependem de vários fatores como as condições meteorológicas, a época de aplicação e a variedade, para tentar minimizar estes fatores, recorre-se à combinação de substâncias. O caso mais comum é a combinação das famílias das citoquininas (ex. BA) muito dependentes das condições meteorológicas e da época de aplicação, com a combinação das famílias das auxinas (ex. ANA) menos dependentes, conseguindo-se assim obter bons resultados de monda. Contudo, a aplicação de BA + ANA apesar de apresentar bons resultados de monda leva a frutos de menor diâmetro, ou seja, de menor valor comercial. O efeito da aplicação conjunta destes mondadores também tem um inconveniente, isto porque pode funcionar muito bem em certas variedades não influenciando outras (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Bregoli e Fabronni (2007) testaram na variedade “Galaxy” a combinação de BA + ANA a concentrações de 150 e 15 ppm, respetivamente, na fase em que os frutos centrais do corimbo possuíam entre 5-7 mm, 10-12 mm e 14-16 mm de diâmetro, conseguindo obter os melhores resultados no tratamento em que os frutos centrais possuíam 10-12 mm.

Stopar (2002) aponta que a mistura de duas substâncias é aconselhada para reforçar o efeito da monda ou para a utilização de concentrações mais baixas dos mondadores. A aplicação da mistura BA + ANA em “Red Delicious” e “Empire” levou à formação de muitos frutos pigmeus.

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Contudo, a aplicação da mistura de BA + ANA nas variedades “Gala” e “Golden Delicious”, nas concentrações de 50 e 5 ppm, respetivamente, conseguiu obter resultados interessantes ao nível de monda, no entanto, não obteve diferenças significativas entre a aplicação da mistura de BA + ANA com a aplicação das substâncias isoladas BA e ANA. Conseguindo uma pequena evidência que no tratamento conjunto os frutos são maiores mas não significativo em relação aos outros tratamentos, acreditando que a aplicação da mistura leva a uma resposta mais eficaz dos mondadores do que aplicados separadamente.

2.12. Modo de atuação dos mondadores

Os estudos nesta área já são vastos mas ainda há muitas dúvidas sobre a forma de atuação dos mondadores, isto porque existem inúmeros processos exogéneos como endógenos que podem alterar o seu modo de ação.

Dennis (2002), após várias pesquisas ao longo dos anos, concluiu que existem pelo menos oito mecanismos de ação da monda química:

1. Inibição ou aborto do desenvolvimento das sementes; 2. Atraso da abcisão para aumentar a competição entre frutos; 3. Bloqueio do transporte de nutrientes para os frutos;

4. Redução do poder sink dos frutos;

5. Redução da síntese de auxinas nas sementes; 6. Redução do transporte de auxinas nos frutos; 7. Estímulo da síntese de etileno;

8. Inibição da fotossíntese.

Após a aplicação dos mondadores as ações responsáveis pela queda dos frutos podem ser sintetizadas em (Domingos, 2009):

1. Redução da síntese de assimilados por parte das folhas;

2. Redução do crescimento dos frutos e do desenvolvimento das sementes; 3. Redução da concentração de auxinas;

4. Aumento da síntese de etileno; 5. Aumento da taxa de abcisão.

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2.13. Efeitos da monda

A monda é uma prática cultural cujo objetivo é diminuir os resultados negativos devidos à excessiva presença de órgãos sink do tipo reprodutivo, promovendo o equilíbrio energético na árvore e o valor comercial dos frutos (Byers, 2003). Podem ser considerados os seguintes efeitos:

Ajustar a carga ótima de frutos segundo as características da árvore e da cultivar;

Elevar a razão área foliar/fruto;

 Antecipação da colheita, pois a monda mais precoce favorece uma maturação precoce dos frutos;

Eliminação de frutos sem valor comercial, ou seja, frutos de menor calibre;

Maximização da produção obtendo melhores calibres e colorações;

 Promover a floração do ano seguinte, pois com a monda é possível remover parcialmente uma fonte de giberelinas, que são as sementes responsáveis pela inibição da formação dos gomos florais no ano seguinte (Faust, 1989);

Controlar cultivares com tendência alternante.

2.14. Monda e a qualidade dos frutos

Link (2000) aponta alguns efeitos da monda sobre a qualidade dos frutos, por exemplo: 1. O peso médio dos frutos está negativamente correlacionado com a carga à

colheita. O peso dos frutos é determinado pela divisão celular e pelo número e tamanho de células no fruto. Este autor demonstrou que a monda aumentou o número de células em 5 a 35% e o tamanho das células em 4 a 10%, ou seja, frutos maiores. A monda química pode influenciar positivamente ou negativamente o crescimento. No caso do mondador ANA, este afeta negativamente o crescimento do fruto. O TSA quando aplicado em concentrações mais elevadas ou em períodos de chuva também pode levar ao retardamento do crescimento. A BA favorece o diâmetro dos frutos mesmo na ausência de monda.

2. Efeito sobre a coloração: só frutos com um bom fornecimento de hidratos de carbono atingem uma boa coloração e sabor. A monda aumenta a intensidade e extensão da cor avermelhada e favorece a passagem do verde para o amarelo

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conforme as variedades. Existe uma relação linear negativa entre a cor e a carga à colheita.

3. A carepa nos frutos: este problema é mais frequente quando a taxa de crescimento dos frutos é baixa, desenvolvendo pequenas fendas na epiderme dos frutos e provocando a carepa. A monda química é feita na época mais sensível do desenvolvimento do fruto podendo levar a esta ocorrência. Enquanto que a ANA é conhecida por ter um efeito alisador na epiderme do fruto, existem indicações que a BA pode aumentar a carepa em certo ponto. Também o TSA aplicado em concentrações mais elevadas e em certas variedades leva à formação de carepa.

4. Concentração em hidratos de carbono e ácidos orgânicos nos frutos: de acordo com este autor, a monda aumenta os sólidos solúveis em cerca 2 a 3 % e a acidez titulável em 10 a 20% em relação aos frutos não mondados. O conteúdo em ácidos orgânicos é mais elevado em frutos que sofreram monda manual, isto deve-se a uma maior eficiência do efeito de monda nestes frutos. Este autor aponta que o teor de sólidos solúveis não está relacionado com o tamanho dos frutos, para isso avaliou frutos de árvores individuais com calibres pequenos e grandes.

5. A firmeza dos frutos é influenciada por inúmeros fatores que a podem afetar de forma positiva ou negativa, podendo estes ser relacionados com tamanho dos frutos, número e tamanho das células, volume dos espaços intercelulares, maturação à colheita, matéria seca (pectina), etc.. Em resumo a monda química pode aumentar a firmeza dos frutos em alguns casos e o contrário, noutros casos, também pode ser observado. Resultados de estudos efetuados em vários anos mostraram que a monda pode aumentar a firmeza em 2 a 18%, no entanto, do ponto de vista da indústria frutícola, a monda não melhora a firmeza dos frutos significativamente.

2.15. Circunstâncias para a aplicação dos mondadores químicos

Na generalidade os mondadores são aplicados por via folhear através de pulverização, ou feita manualmente com pulverizadores de dorso em pomares de pequena escala, ou na maioria dos casos, com recurso a um pulverizador de jato transportado montado nos três pontos do

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trator ou então rebocáveis. Os volumes de calda mais utilizados para fruteiras são: o alto (mais de 1000 L/ha), o médio (entre 500 e 1000 L/ha) e o baixo (entre 200 e 500 L/ha).

Em termos de economia recomenda-se a calibragem do pulverizador para debitar 200 a 500 L/ha (baixo volume).

O Instituto Agrário de S. Michele all’Adige publicou alguns dados sobre as condições meteorológicas e as fases fenológicas mais favoráveis para a aplicação dos mondadores, seguidamente descritos (IASMA Notizie, 2014):

 TSA – Aplicar à queda das pétalas, com temperaturas entre 16 e 20°C com previsões

de tempo bom e estável. Aplicações realizadas em plantas molhadas ou seguidas por precipitação podem causar queimaduras graves nas flores e folhas. Evitar adicionar molhantes ao TSA evitando assim estas queimaduras graves na vegetação;

 NAD – Aplicar à queda das pétalas até frutos com 4 a 6 mm, com temperaturas entre 12 e 18 °C. Baixas temperaturas reduzem a eficiência do produto enquanto que as humidades elevadas são favoráveis;

 ANA – Pode aplicar-se até os frutos possuírem entre 10 a 12 mm. É aconselhada a sua utilização combinada com BA. Deve evitar-se aplicar doses elevadas em especial com temperaturas e humidades altas visto estes fatores favorecerem o desenvolvimento de frutos pigmeus e frutos mais pequenos;

 BA – Aplicar quando os frutos possuem entre 10 e 14 mm, com temperaturas de cerca de 18 °C. A sua eficácia está comprovada para temperaturas e humidades mais elevadas no momento da aplicação;

 Metamitrão – A época ótima de aplicação é quando os frutos possuem entre 10 a 12 mm, podendo ser feito até estes apresentarem 16 mm. Deve ser aplicado sozinho com temperaturas não superiores a 25 °C.

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3. Material e Métodos

3.1. Caracterização do campo de ensaio

O ensaio realizou-se durante o ano de 2014, num pomar de macieiras “Gala Galaxy”, clone Schniga (Malus domestica Borkh.), enxertadas em M9, compasso de 4,0 x 0,6 m, em linhas com orientação NW-SE a 750 metros de altitude. O pomar foi plantado em 2010 e situa-se na freguesia de Leomil, concelho de Moimenta da Beira. A forma de condução é o eixo central revestido e o sistema de condução é suportado por 3 arames, o primeiro a 1,20 m do solo, o segundo a 1,90 m e o terceiro a 2,60 m, com postes em madeira de 3 m de altura. O pomar encontra-se em modo de produção integrada, assim tem que cumprir os requisitos desta medida tendo enrelvamento espontâneo, com cortes na entre linha com recurso a destroçador e na linha é aplicado herbicida.

O sistema de rega utilizado é o gota-a-gota com um tubo sobre o solo ao longo da linha de plantação. Os gotejadores do tubo de gota-a-gota estão a uma distância de 0,5 m entre eles, apresentando cada gotejador um débito de 2,2 L/h.

Na bordadura da parcela existe uma linha de macieiras “Granny Smith” com o objetivo de funcionarem como polinizadoras.

Os dados meteorológicos foram facultados pela Associação de Fruticultores da Beira Távora que estão a fazer o acompanhamento deste estudo.

3.2. Delineamento experimental

Para este estudo foi selecionada uma linha que apresentasse árvores homogéneas, isentas de doença e que possuíssem um elevado número de gomos florais, à primeira vista. Assim escolheu-se uma linha com 66 árvores, estas foram divididas em seis tratamentos que deu origem a 11 árvores por tratamento. Embora fossem tratadas as 11 árvores de cada tratamento, para o estudo foram escolhidas apenas as 5 árvores centrais de cada tratamento, figurando as restantes como bordaduras (Figura 7).

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Figura 7 – Esquema do ensaio.

Depois da marcação das árvores foram escolhidos 4 ramos por árvore, orientados por cada ponto cardial e identificados com 4 cores diferentes, preto, amarelo, azul e castanho.

Ao longo do ciclo vegetativo foram registados os seguintes dados:

 Datas dos estados fenológicos (Quadro 1 e Anexo 1);

 As datas e concentrações da aplicação dos mondadores;

 A contabilização dos gomos florais;

 Número de frutos vingados antes e após aplicações e após a queda natural.

Quadro 1 – Datas dos Estados Fenológicos da macieira.

Estados

Fenológicos C C3 D-D3 E F1 F2 G H I K

Data 5/03 12/03 17/03 05/04 10/04 12/04 18/04 22/04 05/05 25/05

Neste ensaio pretendeu-se testar a eficácia de diferentes mondadores químicos aplicados em diferentes épocas e estados fenológicos comparativamente à monda manual.

Os mondadores utilizados foram:

 Ger-ATS LG (77% de Tiossulfato de Amónio);

 Geramid Neu (4,0% Naftaleno acetamida);

 Dira-Max LG (4,0% Benziladenina + 0,4% Ácido Naftalenoacético);

 GerBAthin 2 LG (2,0% Benziladenina);

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A plena floração ocorreu no dia 12 de abril e a queda das pétalas iniciou-se a 18 de abril. Para a aplicação dos mondadores foi utilizado um pulverizador de dorso manual, efetuando-se previamente um ensaio em branco para determinar a quantidade de volume de calda a aplicar, sendo o débito aproximadamente de 800 L/ha.

A monda manual foi efetuada pelo produtor seguindo a regra de deixar um fruto por corimbo.

No Quadro 2 encontram-se as diferentes modalidades realizadas, as substâncias ativas e respetivas concentrações, datas de aplicação e o seu estado fenológico.

Imagem

Figura 1 – Evolução da produção de maçã no Mundo (2007-2013) (FAO, 2013).
Figura 3 – Esquema da flor da macieira e da maçã, assim como dos seus órgãos internos nestas estruturas
Figura 5 – Número de flores e frutos de macieira  ao longo da estação (Tromp et al., 2005)
Figura  6  –  Nova  máquina  substituta  da
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Referências

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