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2. Revisão bibliográfica

2.11. Substâncias ativas utilizadas na monda

O TSA é um fertilizante foliar composto essencialmente por azoto e enxofre e é considerado seguro para o meio ambiente e consumidor. Atua como mondador de flores,

quando é aplicado danificando órgãos florais (anteras e pistilos) e, dessa forma, inibe a fertilização das flores (Janoudi e Flore, 2005). A aplicação de TSA causa prejuízos em folhas novas e nas pétalas porque apresenta fitotoxicidade para a macieira e por isso a sua aplicação deve ser feita com concentrações baixas. O TSA reduz o número de sementes e pode levar ao aumento de frutos assimétricos (Wertheim, 2000).

No grupo das “Galas” o objetivo da aplicação do TSA é a eliminação da segunda floração, sendo para isso necessário duas aplicações distintas para originar efeito.

A eficácia do TSA está condicionado pelas condições meteorológicas na altura da aplicação. Assim não deve ser aplicado com temperaturas inferiores a 14°C onde o seu efeito é baixo, nem com temperaturas acima dos 20°C, onde o seu efeito é excessivo, situando-se o seu intervalo de aplicação ideal entre 16°C e 20°C. O mesmo ocorre comparativamente à humidade, em que níveis muito altos de humidade favorecem mais uma monda excessiva do que níveis muito baixos (Wertheim, 2000). Para além da temperatura e da humidade, é fundamental que não ocorra precipitação durante e após a aplicação.

Tromp et al. (2005) descreveram que concentrações de cerca de 1% TSA são suficientes para uma monda adequada nas macieiras.

Nos últimos anos tem-se estudado a ação do TSA sobre a floração quando aplicado individualmente ou em combinação com outras substâncias, nomeadamente a 6- benziladenina.

2.11.2. Família das auxinas

O Ácido Naftalenoacético (ANA) e a sua amida são compostos antigos, cuja atuação é baseada na ação hormonal através de uma auxina sintética (Stopar, 2002).

Black e Bukovac (1995) descreveram que a aplicação de ANA era frequentemente feita após a floração sendo eficaz na abcisão do fruto. A aplicação de ANA no grupo de “Delicious” é aconselhado quando o fruto central apresente 10 a 12 mm de diâmetro. A aplicação desta substância leva a uma limitação do crescimento do fruto, ou seja, depois de aplicado aos frutos que persistem, muitas vezes não conseguem adquirir tamanho comercial adequado.

A aplicação deste composto para além de provocar excesso de frutos com tamanhos reduzidos no grupo “Delicious”, Stopar (2003) evidenciou que leva à paragem do crescimento em “Red Delicious” e “Fuji” originando frutos pigmeus, este efeito é mais acentuado nos frutos laterais.

Dennis (2000) refere que com a aplicação de ANA, o crescimento do fruto após aplicação é insatisfatório, especialmente em “Delicious”, isto ocorre maioritariamente quando é aplicado na fase em que os frutos apresentam cerca de 11,3 mm. Em algumas condições, como referido, a aplicação do mondador do tipo ANA poderá provocar a formação de frutos pigmeus. A atuação do mondador está dependente do posicionamento dos frutos no corimbo.

Dennis (2000) afirma que nos casos em que existe um fruto central e um fruto lateral no corimbo, o fruto central inibe o crescimento do fruto lateral na ausência de ANA e na sua presença o crescimento de ambos os frutos são inibidos de igual forma.

A aplicação de ANA induz a uma curvatura para baixo das folhas e à maturação precoce, especialmente em variedades de maturação temporã quando esta é aplicada em fase de queda das pétalas. A Naftaleno acetamida (NAD) é uma boa alternativa quando existe maior probabilidade de ocorrer uma monda excessiva, isto porque a amida é 10 vezes menos eficaz (Dennis, 2000).

Os mondadores do tipo ANA atuam melhor quando os frutos possuem entre 7 a 10 mm de diâmetro, embora a sua eficácia varie anualmente. O modo de ação dos mondadores do tipo ANA estão dependentes de fatores do meio ambiente, podendo ocorrer monda excessiva em alguns anos (Stopar, 2002).

2.11.3. Família das citoquininas

A Benziladenina (BA) é uma citoquinina produzida pelas plantas logo é uma substância amiga do ambiente não prejudicando a fauna auxiliar como as abelhas entre outros, sendo uma boa substância para a monda devido ao seu baixo perfil toxicológico e por imitar a ação biológica das citoquininas endógenas na planta (Yuan e Greene, 2000).

A sua ação é estimular a divisão celular nas flores e nos frutos jovens, aumentando assim o calibre e a firmeza dos frutos. O período da sua aplicação pode ir desde a floração até três semanas após a plena floração com uma resposta máxima da monda quando aplicado aos 10 a 14 mm de diâmetro do fruto central (Yuan e Greene, 2000).

Alguns estudos permitiram concluir que a aplicação de produtos da família das citoquininas como a BA, é mais eficiente em folhas e lançamentos do que apenas nos frutos, visto que estes aumentam a respiração noturna e diminuem a fotossíntese levando a um menor abastecimento de fotoassimilados nos frutos. No entanto, quando aplicado só nos frutos é possível observar um crescimento no tamanho dos mesmos e há um aumento do seu “poder

A eficiência desta família está muito dependente das condições meteorológicas, sendo a temperatura o fator determinante, deve ser aproximadamente de 18ºC no dia da aplicação e nos dois dias seguintes, assim como o diâmetro do fruto central estar compreendido entre 10 e 12 mm (Clever, 2007).

2.11.4. Metamitrão

O Metamitrão é vulgarmente utilizado como herbicida, contudo, descobriu-se que esta substância aplicada em baixas doses em macieiras reduz a fotossíntese, provocando assim a queda dos frutos. O princípio de ação é semelhante ao ensombramento, através do stress de competição por fotoassimilados que gera entre o desenvolvimento vegetativo e os pequenos frutos, o que provoca a sua queda (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Estes autores testaram num pomar de “Fuji” com 8 anos de idade e enxertado em M9 a aplicação de Metamitrão a 350 ppm em dois instantes diferentes do crescimento do fruto: o primeiro tratamento, com uma única aplicação aos 6 mm do diâmetro do fruto central e um segundo tratamento, com dois momentos de aplicação, o primeiro aos 6 mm e o segundo aos 12 mm do diâmetro do fruto central. Na colheita a eficácia do primeiro tratamento foi surpreendente, pois este com uma única aplicação deixou muito próximo o alvo traçado de 100 frutos por árvore, em que os frutos apresentavam um peso aproximado de 250 g e uma produção a rondar os 30 kg por árvore. O segundo tratamento apresentou uma monda excessiva, no entanto, para a “Fuji”, é um facto muito interessante pois esta variedade é a que menos responde à ação de monda para todas as substâncias químicas.

Noutro estudo, realizado por Raphael Stern em 2014, indica que o Metamitrão é responsável pela inibição da fotossíntese, especialmente no fotossistema II perturbando o aparelho fotossintético, durante 7 a 10 dias depois da aplicação. Evidencia atividade mondadora quando é aplicado sobre frutos com diâmetros entre 10 – 12 mm do fruto central e mesmo mais tarde com 20 mm. A experiência decorreu durante 3 anos consecutivos, num pomar do grupo “Gala” em MM 106, onde foi utilizado o novo produto no mercado o BrevisTM com 15% de Metamitrão. Realizaram-se três modalidades:

 80 ppm de Metamitrão por hectare com uma primeira aplicação aos 6 mm e a segunda aos 10 mm do diâmetro do fruto central;

 130 ppm de Metamitrão por hectare com duas aplicações uma aos 6 mm e a outra aos 10 mm do diâmetro do fruto central;

 160 ppm de Metamitrão por hectare com duas aplicações uma aos 6 mm e a outra aos 10 mm do diâmetro do fruto central.

Os resultados mostraram que todas as modalidades tiveram efeitos de monda, evidenciando-se, contudo, uma clara resposta à dose utilizada. Assim a concentração mais baixa reduziu o número de frutos em 15% ficando, aproximadamente, 400 frutos por árvore e a concentração mais alta reduziu o número de frutos até 38 % em relação à testemunha (180 frutos por árvore), este tratamento foi muito agressivo não melhorando a produtividade de frutos médios a grandes. A concentração de 130 ppm foi a que obteve melhores resultados obtendo aproximadamente 325 frutos por árvore com um peso aproximado de 150g (70 mm), conseguindo-se assim um aumento sensivelmente em 14 t/ha de frutos com diâmetros maiores. A floração do ano seguinte também não sofreu nenhum efeito negativo em relação à testemunha ao utilizar este produto (Stern, 2014).

2.11.5. Combinação de Substâncias

Como todas as substâncias de ação mondadora dependem de vários fatores como as condições meteorológicas, a época de aplicação e a variedade, para tentar minimizar estes fatores, recorre-se à combinação de substâncias. O caso mais comum é a combinação das famílias das citoquininas (ex. BA) muito dependentes das condições meteorológicas e da época de aplicação, com a combinação das famílias das auxinas (ex. ANA) menos dependentes, conseguindo-se assim obter bons resultados de monda. Contudo, a aplicação de BA + ANA apesar de apresentar bons resultados de monda leva a frutos de menor diâmetro, ou seja, de menor valor comercial. O efeito da aplicação conjunta destes mondadores também tem um inconveniente, isto porque pode funcionar muito bem em certas variedades não influenciando outras (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Bregoli e Fabronni (2007) testaram na variedade “Galaxy” a combinação de BA + ANA a concentrações de 150 e 15 ppm, respetivamente, na fase em que os frutos centrais do corimbo possuíam entre 5-7 mm, 10-12 mm e 14-16 mm de diâmetro, conseguindo obter os melhores resultados no tratamento em que os frutos centrais possuíam 10-12 mm.

Stopar (2002) aponta que a mistura de duas substâncias é aconselhada para reforçar o efeito da monda ou para a utilização de concentrações mais baixas dos mondadores. A aplicação da mistura BA + ANA em “Red Delicious” e “Empire” levou à formação de muitos frutos pigmeus.

Contudo, a aplicação da mistura de BA + ANA nas variedades “Gala” e “Golden Delicious”, nas concentrações de 50 e 5 ppm, respetivamente, conseguiu obter resultados interessantes ao nível de monda, no entanto, não obteve diferenças significativas entre a aplicação da mistura de BA + ANA com a aplicação das substâncias isoladas BA e ANA. Conseguindo uma pequena evidência que no tratamento conjunto os frutos são maiores mas não significativo em relação aos outros tratamentos, acreditando que a aplicação da mistura leva a uma resposta mais eficaz dos mondadores do que aplicados separadamente.

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