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Os diferentes aspectos, transformações e formas de colonização do Rio Branco Roraima

A Amazônia é constituída de diversos elementos que apresentam simbolismos característicos dessa região, como, por exemplo: fauna, flora, rios e riquezas minerais; os indígenas, com suas diversificadas etnias; as fronteiras, o clima, o relevo, os desfiladeiros, os vales, enfim, o seu ecossistema riquíssimo garante os interesses políticos internacionais. No entanto, essa Amazônia é também uma fronteira mundial, e tem em Roraima uma das riquezas desse estado o rio Branco, um dos braços da pesquisa.

Em síntese, Barros (1995) descreve com clareza a importância do rio Branco, o único meio de transporte responsável pelo desenvolvimento econômico entre os séculos XVIII até final do século XX, quando a BR 174 foi finalmente construída pelo 6º Batalhão de Engenharia e Construção, e asfaltada, dando passagem a milhões de pessoas interessadas em povoar essas terras isoladas, trazendo resultados positivos para questões políticas e econômicas do estado; contudo, algo negativo, foi a morte de centenas de indígenas e brancos na região.

50 Cipó muito resistente usado pelos índios na confecção de balaios, quibano, vassouras, samburás, poltronas,

O navegável rio Branco foi a via de acesso usada pelos padres para estabelecerem os aldeamentos de índios no século XVIII, pelos apressadores destes nativos, pelas tropas portuguesas que estabeleceram a fronteira colonial nos limites da sua bacia no fim século XVIII, e estabeleceram as primeiras fazendas, e pelos pecuaristas que fundaram mais e mais fazendas nos meados do século XIX até a segunda metade do século XX para fornecer gado vivo ao vale amazônico, então no auge da borracha. Foi também o Rio Branco a via de chegada dos mineiros, dos colonos e da massa (migratória) em geral. O rio Branco é então por isso um elemento emblemático e central na paisagem da Roraima pré-rodoviária (BARROS, 1995, p. 246).

Roraima fez parte do Amazonas até 1943, quando o presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas, criou o Território Federal do Rio Branco. Historicamente esse nome passou a ser confundido com a capital do Acre já que esta possuía nome igual; para evitar essa contradição, em 1962, passou a ser chamado Território Federal de Roraima.

O Território Federal do Rio Branco criado sob o Decreto Lei Nº 5.812 de 1943 de 13 de setembro de 1943, com o município Amazonense de Boa Vista e parte dos municípios de Moura e Barcelos quando o local passou a fazer parte do Território Federal do Rio Branco. De acordo com o referido decreto, o Território foi dividido em dois municípios: Boa Vista e Catrimani, sendo criado com o desmembramento dos municípios de Moura, Carvoeiro e todo distrito da Ilha do Catrimani (SILVA JR, 1993, p. 9).

Da exploração pelos bandeirantes, pode-se notar que o domínio da Igreja Católica na região data de 1653, quando deixaram de circular pelo rio Amazonas e penetraram pelos afluentes, chegando ao rio Branco, adquirindo, assim, o controle dos espaços, visto que a Igreja fora grande aliada dos portugueses, o que provavelmente facilitou a colonização da região e a possibilidade de exploração e descoberta de outros lugares, oferecendo o trabalho de catequização.

Já em 1955 foi criado o município de Caracaraí que compreende toda área do antigo município do Catrimani e parte de Boa Vista, pela Lei Federal nº 2.495 de 27/05/1955, nesse ato foi acompanhado de dois distritos: Caracaraí [sede municipal], Boiaçu e São José do Anauá. Este último instalado em local em que havia um importante Porto para os negociantes pernoitar (IBGE, 2017, grifos da autora).

Já “Boa Vista foi elevada à categoria de município com quatro distritos: “Boa Vista (sede municipal) Conceição do Mau, Depósito e Uraricuera” (SILVA JR, 1993, p.9).

Nesse processo de crescimento, desorganização e reorganização dos espaços, de novos habitantes e nativos, mudanças, transformações e modernização, há sempre de se pensar como a colonização faz parte das transformações, de Roraima ao longo do tempo. Estudos realizados

por Diniz (1997) identificaram cinco períodos de colonização em Roraima bem distintos que proporcionaram movimentos diversos para a colonização da região:

[...] sendo o primeiro período que vai da descoberta do Rio Branco pelos portugueses até o início do século XIX, o segundo se estendeu do início do século XIX até a criação de Boa Vista como município; o terceiro evidencia- se em 1890 e termina com a criação de Roraima a Território Federal do Rio Branco, o quarto período vai de 1943 até a construção da BR 174, e o quinto período de 1970 aos dias atuais (DINIZ, 1997, p.151).

Nesse sentido, em que tantos períodos de colonização são apresentados em Roraima contribuindo para muitas tentativas de colonização infrutíferas, destacam-se as concentrações feitas por nordestinos. Sem dúvida, a causa do insucesso da colonização se atribui às constantes revoltas dos índios que não aceitavam a invasão dos colonizadores em suas terras, uma luta que sofre as ligaduras até os dias atuais, quando migrantes e índios desfrutavam a posse da terra e dos garimpos.

Por mais surpreendente que possa parecer, o território de Roraima permaneceu inexplorado até meados da década de 1950. A exploração tardia do território se deve, possivelmente, ao seu isolamento, uma vez que o acesso somente era possível via fluvial, por meio do rio Branco e em época de cheia, a falta de estradas até meados da década de 1970 contribuiu para permanecer praticamente virgem em termos de colonização e exploração econômica. No entanto, estudos de Freitas (2001) mostram a partir de 1982, o surgimento de novas cidades e o governo iniciou estudos sobre políticas públicas para colonização do território desconhecido, por meio dos Projetos de Assentamentos, Projetos de Assentamento Dirigidos e colônias entre 1970-2000.

2.5 Palco, domínios e outros espaços da pesquisa: Rorainópolis e São José do Anauá - lutas