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No compasso do substantivo feminino escuridão, e na beleza natural da tríplice fronteira internacional, faremos uma breve viagem por este menino infame, o estado de Roraima, uma das 27 unidades federativas do Brasil, a fim de conhecer alguns aspectos históricos, memoriais e suas particularidades, embora não seja minha intenção, seguir uma ordem cronológica dos fatos que precederam os teóricos que se destacam na construção da história de Roraima.

O substantivo feminino “escuridão” apresenta a história desse Estado pouco conhecido no país, e que chama atenção nas manchetes dos jornais quando dos diversos escândalos políticos e, recentemente, a massa de mais de 40 mil refugiados da Venezuela acampados pelos mais diversos espaço do Estado, reportagens mostradas pela mídia ao longo dos anos de 2018- 2019.

Parte desse gigante chamado Brasil, com suas cores bem definidas, as cores de nossa bandeira invadem o Hemisfério Norte, atravessa a Linha do Equador e nesse ambiente se encontra o desconhecido e jovem “Estado de Roraima”, com suas belezas decorrentes de seu maior diferencial, o “ecossistema” grandioso formado por espécies ainda não catalogadas por pesquisadores, uma biodiversidade que deixa o turista perplexo por sua beleza natural, emanando verdadeiros laboratórios vivos por todos os tipos de plantas, aves, árvores, animais, rios, e lugares desconhecidos47. Deste modo, o Estado de Roraima é rico em diversidade, um caldeirão cultural repleto de histórias monumentos, originárias de grupos sociais distintos, pelo o intenso movimento migratório do Nordeste em direção a Amazônia, em busca do ciclo da borracha ocorrido no final do século XIX e começo do século XX, o povoamento da amazônia que constitui a sociedade roraimense, sendo os nordestinos os pioneiros na construção dos povoados, projetos de assentamentos, colônias e vilas do ex-Território.

Das tantas ideias, surgiu o primeiro desafio nessa escrita, a delimitação daquilo que se deveria apresentar sobre a história de Roraima, já que esta é marcada por aspectos que envolvem

47 Monte Roraima: Conheça as Maravilhas Desse Mundo Perdido no Extremo Norte do Brasil. Disponível em:

<http://www.penatrilha.com.br/blogmonte-roraima-conheça-as-maravilhas-desse-mundo-perdido/>. Acesso em 03 maio 2019.

diversas etnias indígenas, o segundo maior projeto de assentamento de terras do país pela extensão de terras, famílias assentadas, diversidades culturais, sociais, políticas composta por migrantes.

Ganhando cenário a partir de 1950, referenciado no ex-Território Federal do Rio Branco, o atual Estado de Roraima é um dos estados que compõe a Amazônia Brasileira, destacando-se por sua localização no Extremo Norte na Amazônia Setentrional. E pela sua Tríplice Fronteira Política e Internacional, limitando seus espaços geográficos (SILVA JR, 1993). Em síntese suas fronteiras estaduais correspondem a 1.535 km sendo 1.375 km com o estado do Amazonas e 160 km com o Estado do Pará, o qual de alcança somente por via aérea ou fluvial. A fronteira com a República Cooperativista da Guiana dá-se pela ponte do rio Tacutu, na região Leste do estado, fronteira com o município do Bonfim. Outro país vizinho, a República Bolivariana da Venezuela, faz fronteira com o município de Pacaraima, e entre os países se localiza o Monte Roraima, descoberto em 1.595, durante a colonização britânica e espanhola.

FIGURA 9 - Monte Roraima Cavernas para pernoite / Corredeira de água límpida e verde do Paiuá-Uiramutã

FONTE. Arquivo Aline Luanda, 2019.

Em Roraima, as regiões são marcadas pela diversidade de florestas, por significativas elevações bem definidas, acompanhadas por planaltos e depressões, um relevo misto, acidentado e por extensas áreas de lavrado (espécie de cerrado) com serras, savanas, lagos, rios, cachoeiras, corredeiras, uma fauna ainda pouco explorada. Também um dos pontos mais altos da região Norte e do Brasil, o Monte Roraima, lugar de difícil caminhada para se chegar até o

topo, um desafio extremo para os turistas, uma viagem que vale a pena experimentar e conhecer a região.

De acordo com estudos, o Estado de Roraima está inserido no centro do maior patrimônio de florestas e rios do mundo, a Amazônia Continental, que abrange 7,902 milhões km2 ou 44,38 % da América do Sul, com mais de 60% da área do estado coberta pela floresta Amazônica.

MAPA 1 - Mapa da Amazônia Setentrional e seus respectivos países, extensão e localização

FONTE: Arquivo PDLIS, São Luiz, 2001.

Roraima se liga ao restante do país pela BR 174, que:

[...] possui cerca de 970 km de extensão tendo origem em Manaus, prolonga- se atravessando o Território de sul-norte passa por Caracaraí e Boa Vista onde se bifurca dando origem a BR-401. Da capital Boa Vista segue até Pacaraima na fronteira com a Venezuela ligando-se com a rodovia Santa Helena do Uarén até Caracas (SILVA JR, 1993, p.33).

A distância entre a capital Boa Vista e o município de Pacaraima, divisa com a Venezuela, é de cerca de 230 km, o que faz de Roraima a porta de entrada para os venezuelanos em situação de vulnerabilidade, pessoas obrigadas a deixar seu país e a vida para trás em função de perseguição política, econômica e social que devasta a República Bolivariana da Venezuela, provocando uma grave crise humanitária.

Deixamos aqui a região Norte do Estado, os refugiados venezuelanos e continuamos esta viagem pela microrregião sul de Roraima. Este espaço é formado por uma extensa floresta tropical, com uma infinidade de espécies de árvores, construindo um belo tapete colorido, com camadas naturais pela copa densa das árvores que expressa admiração de quem viaja pela BR 210, BR 401, BR 174, deliciando-se com a vegetação, o coral dos pássaros, o desfile das onças, a caminhada lenta do jabuti, a dança dos macacos ao longo de 120 quilômetros da reserva dos índios Waimiri-Atroari, na BR 174, e, por vezes, ainda nessa rodovia encontra-se grupos de índios a caminho do trabalho, carregando a mandioca para a farinhada, a ser vendida na Feira do Produtor Rural AmazomDalva em Rorainópolis, índios preparados para a pesca, a caça e as índias carregando seus filhos em tipoia feita de fibra de palmeira ou cestos de cipó.

No mesmo município, os navegantes desfrutam do colorido das águas dos rios Anauá, localizado ao sudoeste do Estado de Roraima, com 25.151km2, é um dos principais afluentes do rio Branco pela margem esquerda, tem-se Jauaperi também situado ao sudoeste junto ao rio

Catrimani, que possui 17.269 km2 de área, sendo 8,5%, do total da bacia do rio Branco, a menor

de todas que desaguam no rio Branco, este por sua vez possui 45.530 km2, sendo o principal

afluente do rio Negro” (SILVA JR, 1993, p. 62).

Em outras palavras, entre o norte e o sul de Roraima, a impressão é que estamos em outro estado, tão diferente são as paisagens, as pessoas, o modo de vida, os costumes, a cultura, a culinária, a arquitetura; a língua é como se fosse uma torre de Babel pela diferença, incompreensão do vocabulário e até pela fala e escrita do roraimês, a língua macuxi e espanhol. Assim é formado o Estado de Roraima, com suas belezas naturais e três importantes rios que se mesclam em sua formação: o Uraricuera48 e o Tacutu, junção que forma o maior rio de Roraima, o rio Branco, um percurso de 1.300 km de extensão e marca os limites intermunicipais do sul de Roraima; o maior rio em extensão e em volume de água que engole o rio Anauá e desagua no rio Negro um dos mais extensos rios de água negra do mundo e o segundo maior em volume de água doce. O rio Branco é dividido em três espaços: o primeiro vai de sua foz, no rio Negro, à cidade de Caracaraí; o segundo compreende a região de cachoeiras, incluída a do Bem Querer, de Caracaraí até a capital Boa Vista; terceiro, de Boa Vista até as nascentes ou formação, caracterizado por suas áreas várzea e de terra firme, útil para o plantio da mandioca, do arroz e de pastagens.

O lugar é um colírio natural aos olhos humanos, com um potencial econômico relevante. Navegável o ano inteiro, no verão torna-se mais difícil para a navegação, em razão das ilhas,

montes de areia as montanhas de pedras, espaços cheios de ziguezagues, requer um cuidado maior a fim de evitar acidentes com outros barcos, canoas e lanchas. No inverno, o cuidado deve ser com a virada dos barcos, lanchas e canoas considerando-se os remansos, os lugares profundos, cheios dos balceiros49. Os usuários amadores não devem correr o risco, e, também, precisam ficar atentos às feras: jacarés, jiboias, sucuris e arraias. Embora os dois municípios aos quais pertençam estes espaços não tenham projetos de exploração do turismo por lei, ainda assim são lugares muito frequentados pelo turismo, com destaque para os estrangeiros.

Roraima, em língua indígena, significa Monte Verde, além dos milhares de migrantes do restante do país, também se constitui pelas mais diversas etnias indígenas em contato com sociedades não indígenas, seja na cidade, na Educação, na saúde ou em outras atividades, quanto compartilham suas experiências e vivências para não deixar morrer sua cultura. Entretanto, “muitos desses povos vivem ainda em isolamentos no meio da floresta de difícil acesso, livres de qualquer contato humano” (FREITAS, 2019, p.2). As terras indígenas homologadas são trinta e duas (32) terras de lavrado, florestas e morros uma terra cercada de riquezas.

A realidade do isolamento de comunidades, seja indígena ou não, é comum em Roraima, ao longo da floresta e dos rios, único meio de transporte, de viagens que te faz dormir, acordar, pensar e não chegar a nenhum lugar, de tão distantes as comunidades umas das e outras; no baixo rio Branco, um universo quase perdido no mapa geográfico brasileiro.