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A dificuldade para aceitar correção.

No documento A SI MESMO SE ESVAZIOU PARTE 1 (páginas 32-34)

Eis um mal mais comum do que estaríamos dispostos a reconhecer. Ele geralmente vem acompanhado do anterior – a necessidade de elogios. Quando se manifesta nos mais novos, costumamos considerar como rebeldia. Muitas vezes os consideramos como “bodes” e não como ovelhas. Pensamos que não podem ser pastoreados. Prefe- rimos aqueles irmãos que são dóceis e tratáveis!

Entretanto conforme os anos passam, o saber ensoberbece e mesmo aqueles que antes foram maleáveis e fá- ceis de apascentar tendem a tornarem-se incorrigíveis. Não suportam críticas, nem mesmo as feitas com o maior cui- dado e respeito. Entre nós, que estamos investidos de autoridade, isto é ainda mais grave, pois temos a tendência de pensar que a simples menção dos nossos erros destruirá nossa autoridade e prejudicará nosso ministério. Quanto equívoco! Ouvir sobre nossos erros nos possibilitará correção e crescimento, tornando-nos exemplo para todos, pois quem há que não necessite sempre de correção? Por outro lado, fechar-se e pretender uma santidade que só nossa imaginação vê, com o passar dos anos vai sedimentar-se em visível orgulho. E este sim afetará nosso ministério e limitará a graça de Deus que a dá aos que se humilham, ficando em nossa presunção visível a muitos.

Nesse declínio alguns chegam ao ponto de se tornarem melindrosos. O melindroso necessita de constante elo- gio e rejeita toda a critica e correção. O melindre é uma sirene do orgulho, faz propaganda dele para que todos o per- cebam. Pobre melindroso, ao querer defender sua imagem, ele próprio a degrine dia após dia, pois aquele que mais se protege, mais se torna mais vulnerável.

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Tenho pensado sobre a insensatez deste tipo de comportamento. Quando alguém prefere que os demais não lhe falem de seus erros, está querendo ignorar o que para os outros é uma evidência. De que adianta calarem? Pois continuarão pensando a mesma coisa sobre os seus erros! Melhor que falem e que sejam ouvidos! Esta atitude pode tornar-nos intocáveis. Os que procuram nos ajudar podem chegar ao ponto de desistir. E não falar mais nada.

Ficaríamos à mercê de nossa própria sabedoria e expostos à tolice de confiar em nosso próprio coração (Pv 28.26). Deveríamos antes entender, que as correções não demonstram uma reprovação total ou exclusão de nossa pessoa, mas são um recurso de Deus para o nosso aperfeiçoamento.

Pobre melindroso. Ao querer defender Sua imagem, ele próprio a denigre

Dia após dia.

Contaram-me certa vez, uma história cômica e real, que tragicamente ilustra esta realidade.

Num certo lugar de reunião havia um irmão que sempre se levanta durante os cultos e fazia a mesma oração. – Ó Senhor – dizia ele. – Tem misericórdia de mim porque sou um grande pecador. Sou um homem indigno e não me- reço a sua bondade e o seu amor.

Os filhos do pastor eram dois meninos muito espertos e brincalhões e imaginavam que aquele irmão não po- deria estar sendo muito sincero. Um dia decidiram colocá-lo a prova.

Esperaram a reunião terminar, e quando o irmão ia saindo o interpelaram dizendo.

- O irmão nem imagina o que ouvimos dizer a seu respeito. Ouvimos alguém falando muito mal do senhor. - O que falaram de mim? – E os garotos responderam segurando o riso – Falaram que o irmão é um pecador muito mau. Na verdade é uma pessoa sem nenhuma dignidade e que só mesmo Deus para perdoá-lo.

- Então, em alta voz, excitado e nervoso ele perguntou. – Como ousaram falar assim de mim? Quem fez isto? Os meninos então já não seguravam o riso e disseram – O senhor mesmo, irmão. Em sua oração falou essas coisas. – E saíram correndo e rindo.

Este irmão conhecia bem a doutrina da humildade e da justificação. Jesus ensinou claramente por meio de uma parábola (Lc 18.9-14). Sabia imitar corretamente ao publicano arrependido. Só não tinha o coração que nesta parábola Jesus estava ensinando a ter. Na verdade seria engraçado se não fosse tão comum. É, sim, muito comum, que em oração ou até em conversas se diga aquilo que sabemos ser doutrinariamente correto e de aparente humildade, mas logo, a seguir, se demonstre indignação se alguém nos acusar com as mesmas palavras que usamos na oração.

Esta é a humildade que é de palavras e não de coração. Precisamos aprender com o Mestre manso e humilde. Ele não tinha erros para reconhecer, mas não se melindrava com críticas até mesmos de seus irmãos. Além disso, Jesus, como o Esvaziado, reconhecia o que era. Como homem destituído da glória que tinha antes que houvesse mundo (jo 17.5). Ele admitia e confessava sua necessidade do Pai e dele dependia. Se quisermos aprender com Jesus temos de reconhecer o que somos. Não apenas homens limitados e necessitados que dependemos do Pai celeste. Além disso somos cheios de todo tipo de erros, fraquezas e até mesmo pecados de caráter que persistem. Precisamos sempre da correção de nossos irmãos.

A correção que vem da igreja, seja ela amorosa ou rude, é uma das grandes bênçãos que o Senhor providen- ciou para a nossa edificação. Que grande desperdício cometemos quando dela fugimos.

Há uma outra história. Esta nos mostra uma atitude oposta a da história anterior. É um excelente exemplo para nós. Refiro-me a Davi. As suas orações de arrependimento foram profundas e de todo coração. O salmo 51 brilha diante de todos os pecadores, apontando o caminho da verdadeira contrição. Queremos aprender como se expressa um coração verdadeiramente arrependido? Leiamos este salmo com atenção e alcançaremos a sabedoria que nos aproximará do coração do Altíssimo.

Entretanto, alguém pode perguntar: “Davi era um experimentado poeta e hábil com as palavras. Como sabe- remos se sua oração era apenas fruto desta habilidade ou se continha verdadeiros elementos de contrição e quebran-

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tamento?” Sugiro uma forma bem prática de comprovar isto. Para sabermos se a oração diante de Deus foi autêntica, basta olhar sua atitude diante dos homens.

Leia com atenção 2Sm 16.5-13. Que história excelente! Davi fugia de seu filho Absalão. Os castigos de Jeová por seu grande pecado já eram tantos que poucos o suportariam da forma como ele suportou. Ammom comete inces- to, Absalão, seu irmão o assassina e depois s rebela. Que pai suportaria isto sem cair em profunda amargura? Agora Davi está fugindo de seu filho Absalão e é apedrejado por Simei, parente de Saul, com toda sorte de maldições a acu- sações. Seus companheiros querem defendê-lo cortando a cabeça de Simei. Nesta hora Davi comprova diante dos homens seu profundo quebrantamento diante do Senhor. Defende Simei e ainda diz. – “O Senhor lhe disse. O Senhor

lhe ordenou”. Davi estava tão consciente de sua indignidade diante de Jeová que já não tinha como defender-se.

Considerava justa e procedente do Senhor qualquer acusação dos homens, mesmo a mais descabida.

Que contraste entre as duas histórias das quais tomamos conhecimento! Qual delas você crê que espelha me- lhor o seu coração, querido leitor?

No documento A SI MESMO SE ESVAZIOU PARTE 1 (páginas 32-34)

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