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A necessidade de aprovação dos homens

No documento A SI MESMO SE ESVAZIOU PARTE 1 (páginas 30-32)

Esta é a principal manifestação do orgulho no coração. Dela procedem muitas outras. Foi por meio deste mal que Lúcifer concretizou a sua queda. Ele quis o louvor das criaturas no lugar da aprovação do Criador. desejou a gló- ria do reconhecimento.

Todos nós necessitamos ser aceitos, amados e recebidos por nossos semelhantes. Isto é natural e aceitável. Mas o que no princípio era natural, por causa do pecado, tornou-se maligno, porque tomou o lugar que era de Deus. João relata que “muitas autoridades creram em Jesus, mas não o confessaram para não ser expulsos da sinagoga,

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deixou à solta para vergonha diante de seus inimigos” (Ex 32.25). Saul havia sido escolhido por Deus, mas tornou-

se reprovável. Tinha grande inveja da fama de Davi e em seu orgulho tornou-se desobediente a Deus. No final, as marcas de Lúcifer eram fortíssimas em seu caráter; havendo sido reprovado e rejeitado por Deus, ainda se preocupa- va em que Samuel o honrasse diante do povo (1Sm 15.30). Outro exemplo é o de Pedro que quis agradar aos da cir- cuncisão e, por isso, tornou-se vergonhosamente repreensível (Gl 2.11-12).

Amar a glória dos homens! Que miséria isto, não? Quem de nós estará isento deste mal? Aqueles que confes- saram a Cristo, de alguma forma já renunciaram a esta glória louca e vã, deram um primeiro passo de esvaziamento. Resta-nos entender que precisamos continuar nos esvaziando, aprendendo com Cristo e nos humilhando até sermos verdadeiramente pobres – humildes – de espírito (Mt 5.3). E não há nada mais importante a este respeito do que ven- cer a necessidade carnal e pecaminosa de obter a aprovação dos homens.

Não quero insinuar que devamos ignorar a opinião de nossos irmãos. Devemos, sim, buscar a paz e a harmo- nia com todos. Agradar os irmãos naquilo que for bom para a edificação (Rm 15.2). Devemos ouvi-los e aceitar a correção que nos fazem – e isto será uma forma de esvaziamento. Mas que triste será se dermos qualquer passo nesta direção se não for para, na clara luz da consciência, agradar ao Senhor. Jesus nunca disse ou fez nada agradável aos homens simplesmente para ser popular. Ele sempre quis agradar ao Pai, seja para os escandalizarem até ao ponto de todos o abandonarem. Tinha o coração completamente puro diante do Pai. Agradou ao Pai até o fim. E escandalizou tanto os homens que foi condenado por eles.

Sabemos que a necessidade de aprovação dos homens é a raiz de muitos males. Observemos alguns:

A fome de elogios

Este mal se manifesta em todos os níveis, tanto no mundo como na igreja. No mundo ele é intenso. Artistas e jogadores de futebol competem em busca dos melhores elogios e vivem em função disto. E para alimentar a auto- idolatria foi criada toda sorte de premiações e reconhecimentos. Por exemplo, o Oscar no cinema, o melhor do mundo nisto e naquilo. Concursos para eleger a mulher mais bela, o homem mais musculoso, o melhor jogador de futebol, o homem mais rico. Não tem fim a busca do homem pelo reconhecimento e pela glória.

O ideal seria se esta corrupção espiritual ficasse apenas no mundo e não invalidasse a igreja. Que desventura! A carne não se converte, e este mal invade a igreja e segue contaminando mentes e corações. O Senhor manso e hu- milde previa isto e deixou o ensino: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens com o fim de serdes

vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junte de vosso Pai celeste” (Mt 6.1).

Podemos pensar que este mal existia apenas por breve tempo entre aqueles que são novos na fé e bebês em Cristo. Mas por estranho que pareça, ele é mais comum entre aqueles que são líderes na casa de Deus do que entre os demais.

Creio que isto ocorre por um motivo simples: através dos anos de serviços na casa de Deus, o Senhor nos usou tantas e tantas vezes para abençoar a muitos, além daquilo que poderíamos pedir ou pensar. O povo de Deus tem um coração muito grato por isto. Como conseqüência, as manifestações de gratidão e os elogios são intermináveis, ao ponto de exagero. Eles nos procuram, nos abraçam, nos telefonam, nos elogiam e mandam e-mails. Estão gratos e por isso cheios de amor, carinho e palavras elogiosas. Onde está o problema? O problema é que podemos acabar acredi- tando naquilo que eles dizem. Como somos tolos!

Benito, um dos companheiros de ministério diz que os elogios se tornam uma droga que vicia. Ele a chamou de “elogina”. E é assim mesmo. Se não discernimos o que é o próprio do Espírito de Cristo e o que é próprio de Lú- cifer, poderemos gostar de elogios até ao ponto de eles se tornarem indispensáveis para o nosso equilíbrio emocional. Muitos dos irmãos que nos elogiam não conhecem bem o princípio que está em Pv 29.5 “O homem que lisonjeia seu

próximo arma-lhe uma rede aos passos”.

Benito escreveu assim: “Lideres na igreja sabem que prestam serviços da maior relevância à vida das pesso-

as e suas famílias, trazendo-lhes benefícios inestimáveis e frequentemente são muito honrados, acima do devido, e se atrapalham nas motivações. Na verdade não deveria ser difícil a nós, reconhecermos que não valemos nada, e que nenhuma obra útil podemos fazer por nós mesmos. Mas o coração é enganoso e, não raramente, nos encontramos tomando para nós a honra e roubando a glória do Todo Poderoso”.

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Palavras de ânimo, de honra e de reconhecimento são cabíveis no reino de Deus. Paulo reconheceu e reco- mendou a Timóteo de maneira muitíssimo honrosa (Fp 2.19-22) e em suas cartas sempre reconhecia o que havia de bom nas igrejas (Rm 1.8; 1Co 1.4-8; Ef 1.15-16; Fp 1.3-5; Cl 1.3-4; 1Ts 1.2-4; 2Ts 1.3-5), mesmo aquelas igrejas que necessitavam sérias repreensões. O próprio Senhor, nas cartas às igrejas em Apocalipse, em meio a muitas repreen- sões, referia-se àquilo que via de bom e correto nelas.

No entanto precisamos entender a diferença entre a lisonja que glorifica o homem e a palavra de ânimo que anima o homem, mas exalta a Deus. É nessa hora que o nosso coração é provado como crisol prova a prata (Pv 27.21). se acreditarmos completamente no elogio e desejamos recebê-lo ainda mais, nosso coração está revelado e reprovado. Se, entretanto, recebemos com ternura o amor dos irmãos, cuidamos em corrigir os exageros, e de todo o coração entregamos toda a glória ao Senhor, então estaremos aprovados. Deveríamos acostumar-nos a sair de cada conversa destas com um misto de três sentimentos.

1. Gratidão ao Senhor por usar os irmãos para nos animar.

2. Forte sensação de que não somos e não temos nada e a graça de Cristo é que opera maravilhosamente em nós.

3. Certo senso de humor considerando que o irmão ou irmã que nos elogiou, não enxerga bem as coisas. Muito aprendemos sobre isto com o nosso amado irmão Ivan Baker. Todas as vezes em que o vi sendo elogi- ado, ele fazia uma careta e dizia: “Por favor, não falem bem do meu pior inimigo. Ivan é o meu pior inimigo e vocês

não devem falar bem dele dessa maneira”. Isto não significa que ele não recebia bem o nosso amor e carinho quando

lhe demonstrávamos nossa gratidão. Mas ele diferenciava bem a gratidão que glorificava a Deus, do elogio lisonjeiro que lhe serviria como armadilha.

Amados irmãos, nossa glória é Cristo. Nossa satisfação está nele. Sua aceitação é o nosso maior bem. O Pai nos amou e no quis. E isto deveria bastar-nos. Todos nós necessitamos ser amados, recebidos, aceitos e valorizados. Isto não é errado. Todavia fomos contaminados pelo pecado. Tomamo-nos dignos de vergonha e desprezo. Esta de- veria ser nossa herança. O bendito Senhor tomou esta herança para si na vergonhosa cruz. Ali foi pendurado nu. Ago- ra o Pai nos aceita e nos valoriza em Jesus seu Filho. Se esta realidade toma a nossa mente e o nosso coração, somos felizes e satisfeitos. Estaremos emocionalmente resolvidos. Não necessitamos nada mais. Somos miseráveis, mas maravilhosamente amados, aceitos e valorizados. Somos inúteis e impotentes, mas graciosamente revestidos da capa- citação do Espírito Santo. Se estamos necessitados de aprovação e dos elogios dos homens não estamos vivendo con- forme esta fé, pois “Como podeis crer, vós os que aceitais a glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória

que vem do Deus único?” (Jo 5.44). Que permaneça, pois, em nosso coração a verdade: “Não a nós, Senhor, não a

nós, mas ao teu nome dá glória” (Sl 115.1). E todo aquele que me vir desviando deste caminho, em nome de Jesus, ajude-me, corrija-me e salve-me de tão grande erro.

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