• Nenhum resultado encontrado

Dificuldades para Implantação das Diretivas nos Estados-Membros da Comunidade Européia

A Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos 2.1 Panorama Internacional

COM (2005) 666 Estratégia Temática de

2.2.2 Impactos das Políticas de Gestão dos Resíduos Urbanos na União Européia

2.2.2.1 Dificuldades para Implantação das Diretivas nos Estados-Membros da Comunidade Européia

Em março de 2004 a União Européia divulgou um Relatório de Avaliação relativo ao período de 1998 a 2000 sobre a aplicação de cinco Diretivas relacionadas aos resíduos em seus países-membros. Diversos problemas e dificuldades foram apresentados neste relatório. O Quadro 2.2 apresenta a síntese do relatório de avaliação sobre a aplicação da legislação na União Européia elaborado pela Comissão Européia e publicado no Jornal Oficial da União Européia em 25 de março de 2004.

Quadro 2.2: Relatório sobre aplicação da legislação sobre resíduos na União Européia 1998/2000

Descrição e Informações

OBJETIVOS: Avaliar a aplicação de cinco diretivas comunitárias relativas a resíduos durante o período de 1998- 2000.

DOCUMENTO Legal: Relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, de 19 de Maio de 2003, sobre a aplicação da legislação comunitária - Directiva 75/442/CEE relativa aos resíduos, Directiva 91/689/CEE relativa aos resíduos perigosos, Directiva 75/430/CEE relativa aos óleos usados, Directiva86/278/CEE relativa às lamas de depuração e Directiva 94/62/CE relativa a embalagens e resíduos de embalagens - no período de 1998-2000 [COM(2003) 250 final - Jornal Oficial C 76 de 25.03.2004].

24

Quadro 2.2: Relatório sobre aplicação da legislação sobre resíduos na União Européia 1998/2000 - Continuação

SÍNTESE DAS CONCLUSÕES: O presente relatório demonstra que, embora se tenham verificado progressos de 1998 a 2000 na aplicação da legislação comunitária relativa a resíduos, estes ainda não são satisfatórios. É ainda necessário envidar esforços suplementares para a aplicação completa das Diretivas 75/442/CEE, 91/689/CEE, 75/439/CEE, 86/278/CEE e 94/62/CE. Devem também ser envidados esforços especiais no que diz respeito à aplicação da hierarquia de princípios da gestão de resíduos.

O relatório assinala um aumento dos resíduos domésticos por habitante e uma estabilização da produção de resíduos perigosos.

Definição de Resíduos

Vários Estados-Membros não transpuseram ainda corretamente a definição de "resíduo" para o seu direito nacional. O mesmo acontece com a definição de resíduo perigoso. Em contrapartida, a maioria dos países notificou a Comissão, ao abrigo da Directiva 91/689/CEE dos resíduos que, em sua opinião, apresentam características perigosas. Durante o período de referência, verificou-se um aumento do número de Estados- Membros que estabeleceram sistemas de recolha separados para os resíduos domésticos perigosos.

Princípio da Hierarquia da Gestão de Resíduos

O princípio da hierarquia de gestão estabelecida na Directiva 75/442/CEE é a seguinte: prevenção, reciclagem, recuperação de energia e eliminação segura. A taxa média de reciclagem dos resíduos domésticos na União Europeia é de 26%, mas esta percentagem tem uma grande variação entre os países (8% e 63%). Relativamente aos resíduos perigosos, a taxa média de reciclagem aproximou-se de 27%. A tendência é haver um aumento deste índice o mesmo acontecendo no que diz respeito à reciclagem de resíduos de embalagens.

A taxa média de incineração de resíduos domésticos é de 23%. Todavia, a incineração continua a ser uma opção pouco utilizada em comparação com a reutilização e reciclagem.

O depósito em aterro de resíduos domésticos continua a ser opção escolhida por diversos Estados-Membros, representando uma média de 45%. A tendência aponta para uma redução neste índice. A taxa média de depósito em aterro de resíduos perigosos é de 22%.

O princípio de hierarquia para a gestão específica de óleos usados (regeneração, combustão e destruição/depósito seguros) é aplicada de forma insuficiente. Na União Européia a opção mais utilizada continua sendo a combustão, raramente ocorrendo a regeneração. Onze Estados-Membros aplicam isenções de impostos especiais para consumo de óleos usados. Os mesmos são posteriormente reutilizados como combustíveis. A taxa média de coleta de óleos usados aumentou durante o período de referência. Todavia, 20% desses óleos são ainda queimados ou descarregados de forma ilegal.

Durante o período de referência, a utilização de lamas de depuração como adubo para a agricultura diminuiu em relação à incineração. A Comissão considera que a melhor opção é a utilização de lamas em solos agrícolas quando estas não representam nenhum perigo para o ambiente nem para a saúde humana e animal. As disposições da Directiva 86/278/CEE revelaram-se bastante eficazes para o combate à poluição ligada à utilização de lodos de estações de tratamento de água e esgoto.

Planos de gestão de resíduos

A elaboração de planos estatégicos para gestão de resíduos por parte dos Estados-Membros constitui um elemento central da política comunitária relativa aos resíduos. França, Reino Unido e Itália apresentam problemas para garantir a elaboração desses planos.

25

Quadro 2.2: Relatório sobre aplicação da legislação sobre resíduos na União Européia 1998/2000 - Continuação

Estatísticas sobre os resíduos

A qualidade dos dados sobre resíduos deverá melhorar com a aplicação do Regulamento 2150/2002/CE relativo às estatísticas de resíduos. Os problemas surgidos até à data são os seguintes:

 Os resíduos domésticos e os resíduos urbanos são freqüentemente considerados equivalentes, embora estes últimos possam incluir outros resíduos, além dos resíduos domésticos propriamente ditos, incluindo, os resíduos comerciais, industriais comuns e institucionais.

 Os Estados-Membros não fazem uma distinção clara entre incineração com e sem recuperação de energia.

 Nem todos os Estados entendem da mesma forma o significado de "outro tratamento".

 As quantidades de óleos usados produzidos não são calculadas da mesma forma em todos os países.

 As informações disponíveis sobre os "outros resíduos" (isto é, todos os resíduos que não são domésticos, nem perigosos, nem urbanos), que constituem a maior parte dos resíduos produzidos, são muito insuficientes.

Registros sobre os resíduos

A maioria dos Estados respeita as Diretivas 75/442/CEE e 91/689/CEE que obrigam as instalações que se ocupam da gestão de resíduos e os produtores de resíduos perigosos a manterem registros. Em contrapartida, alguns Estados não respeitam a Diretiva 86/278/CEE que estabelece disposições semelhantes para os lodos de tratamentos de água e esgoto.

Acompanhamento e processos por infração

A legislação comunitária estabelece que os Estados-Membros devem designar autoridades competentes responsáveis pela aplicação e acompanhamento da gestão de resíduos. Dado que os países têm estruturas administrativas muito diferentes, as competências dessas autoridades variam muito entre os Estados. O problema assinalado no relatório é que os países não garantem uma inspeção sistemática de todos os gestores de resíduos.

Este relatório também apresenta todos os processos por infração instaurados pela Comissão relacionados com a aplicação das cinco diretivas.

Fonte: União Européia, 2008b

O relatório de avaliação, apresentado em síntese no quadro 2.2, é amplo. Apesar dos avanços demonstrados, evidenciaram-se as diversas dificuldades e barreiras que alguns países apresentaram para o cumprimento das diretivas. Essa realidade sinalizou às autoridades Européias a necessidade de esforços ainda maiores, especialmente dos governos locais, para que as metas estabelecidas nas Diretivas pudessem ser atingidas. (UNIÃO EUROPÉIA, 2008b).

26