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Evolução das Políticas e Estratégias sobre Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos na União Européia

A Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos 2.1 Panorama Internacional

2.2. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos na União Européia

2.2.1 Evolução das Políticas e Estratégias sobre Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos na União Européia

A partir da década de noventa verifica-se uma intensificação nos esforços para regulamentação e controle dos setores de geração e tratamento de resíduos na União Européia. Inclui-se nestes esforços a promoção de novos programas voltados para o alinhamento e a harmonização dos objetivos ambientais do Governo Europeu em relação às práticas de gestão dos resíduos.

Diversos autores (Taseli, 2007, p. 119; Rudden, 2007, p. 270; Husani et al, 2007, p. 249; Boer and Jager, 2007, p. 1032) consideram que a legislação da União Européia relativa aos resíduos sólidos tornou-se nas últimas décadas o mais influente fator para o direcionamento e desenvolvimento das práticas de gestão dos resíduos nos países membros da comunidade européia.

O quadro 2.1 apresenta a evolução das políticas ambientais e do marco regulatório relacionado à gestão de resíduos urbanos, bem como as estratégias voltadas para a promoção do desenvolvimento sustentável na União Européia.

Quadro 2.1: Evolução das Políticas Ambientais e de Resíduos na União Européia

Descrição Ano da

Adoção Objetivos Gerais Instrumentos e Ações

Diretiva 75/442/CCE Marco Regulatório sobre Resíduos

Norma que serve de base para todas as outras normalizações européias e nacionais. Fonte: União Européia (1975).

1975 15 de jul

Proteção da saúde pública e do meio ambiente contra ameaças de contaminações causadas por resíduos sólidos

Principio da hierarquia, planejamento para gestão de resíduos, sistema de licenciamento ambiental e cadastramento, sistemas de inspeções.

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Quadro 2.1: Evolução das Políticas Ambientais e de Resíduos na U. Européia (Continuação)

Descrição Ano da

Adoção Objetivos Gerais Instrumentos e Ações

Diretiva 91/692/CCE Relativa à normalização e racionalização de relatórios sobre a aplicação das diretivas sobre resíduos

Fonte: União Européia (1991). 1991 23 de dez

Estabelece a obrigação de que os Estados-Membros forneçam

informações e preencham questionários padronizados relativos à medidas tomadas pelos países, referentes às diretivas sobre resíduos, bem como, os resultados alcançados com suas ações.

Questionários padronizados para todos os Estados- Membros. Emissão em cada três anos de relatórios para acompanhamento das medidas tomadas por cada país em relação às exigências da legislação Européia. Sistemática estruturada de avaliação da evolução das políticas de resíduos na União Européia e seus resultados.

Definição de medidas a serem tomadas pelos países- membros que não cumpriram as metas e objetivos estabelecidos nas diretivas.

Diretiva 94/62/CE Relativa às embalagens e aos resíduos de embalagens

Fonte: União Européia (1994). 1994 20 de dez

Prevenção da geração de embalagens. Valorização dos resíduos gerados por meio de reutilização, reciclagem e incineração com aproveitamento de energia. Visa harmonizar em nível da União Européia as medidas e procedimentos relativos à gestão de embalagens e geração de resíduos de embalagens.

Programas nacionais de prevenção de geração de resíduos de embalagens, desenvolvimento de sistemas para reutilização de embalagens. Metas e obrigações quantitativas para valorização, reciclagem e incineração com recuperação de energia para resíduos de embalagens para os anos de 2001 e 2008. Cria sistema de base de dados para monitoramento das ações. Campanhas de informações para o público em geral e para os agentes econômicos envolvidos.

Diretiva 96/61/CE Relativa à prevenção e controle integrado da poluição (IPPC).

Fonte: União Européia (1996). 1996 24 de set

Visa harmonizar normas e procedimentos para licenciamento ambiental de instalações potencialmente poluidoras em todos os Estados-Membros da União Européia. Objetiva prevenir, reduzir e controlar as emissões e geração de resíduos destas instalações que possam poluir e contaminar o solo, ar ou água. Sejam elas instalações industriais, agrícolas de tratamento de resíduos ou de outras modalidades.

Imposição de condições de exigências legais e técnicas para obtenção de licenças ambientais; adoção das melhores tecnologias disponíveis (BAT); acesso público às informações relativas às licenças concedidas; Planos de medidas para prevenção, redução e emergências. Determinação de valores-limite para emissões poluentes. Obrigações relativas às remediações das áreas degradadas após o encerramento das atividades.

Diretiva 99/31/CE Relativa à disposição de resíduos em aterros.

Fonte: União Européia (1999). 1999 26 de abr

Desviar e reduzir as quantidades de resíduos biodegradáveis destinados para aterros.

Previnir a poluição do solo, da água e diminuição de emissão de gases de efeito estufa por aterros.

Exige que os Estados-Membros da EU estabeleçam estratégias nacionais para desviar e reduzir os resíduos biodegradáveis destinados aos aterros sanitários. Determina que as reduções sejam alcançadas através de reciclagem, compostagem, biogaseificação, valorização, incineração com aproveitamento de energia. Estabelece valores para esta redução:

 25% em peso, com base no ano de 1995 até 5 anos após entrada em vigor da legislação;

 50% em peso, com base no ano de 1995 até 8 anos após entrada em vigor da legislação;

 75% em peso, com base no ano de 1995 até 15 anos após entrada em vigor da legislação;

Diretiva 2000/76/CE Relativa à incineração de resíduos.

Fonte: União Européia (2000) 2000 04 de dez

Objetiva estabelecer medidas destinadas a prevenir ou reduzir a poluição do ar, da água e do solo causada pela incineração e a co- incineração de resíduos, assim como os riscos para a saúde humana daí resultantes. As medidas incluem, especificamente, obrigação de autorização prévia para as instalações de incineração ou de co-incineração e limites para a emissão à atmosfera de certas substâncias poluentes e para a sua descarga na água.

Integra na legislação progressos técnicos em matéria de controle das emissões dos processos de incineração. Impõe a garantia do cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pela União Européia em matéria de redução da poluição. Fixa valores-limite para as emissões de dioxinas, mercúrio e poeiras provocadas pela incineração de resíduos. Implementa abordagem integrada de controle para os valores-limite das emissões atmosféricas e aos limites relativos às descargas poluentes na água.

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Quadro 2.1: Evolução das Políticas Ambientais e de Resíduos na U. Européia (Continuação)

Descrição Ano da

Adoção Objetivos Gerais Instrumentos e Ações

Diretiva 2000/53/CE Relativa à gestão dos resíduos de veículos no final de sua vida útil.

Fonte: União Européia (2000ª) 2000 18 de set

Prevenir a formação de resíduos provenientes de veículos em fim de vida e promover a recolha, reutilização e reciclagem dos seus componentes tendo em vista a preservação do ambiente. Aumentar

a taxa de reutilização e de valorização de 75% em 2000 para 85% em massa média por veículo até 2006 e até 95% em 2015.

Os Estados-Membros devem desenvolver sistemas de recolha dos veículos em fim de vida, bem como das suas peças que constituem resíduos través de estações de tratamento. Fabricantes e fornecedores de materiais e de equipamentos devem esforçar-se por reduzir a utilização de substâncias perigosas na fase de projeto dos veículos; projetar e fabricar veículos que facilitem a sua desmontagem, reutilização, valorização e reciclagem quando em fim de vida; desenvolver a utilização de materiais reciclados para a de veículos; tomar medidas para que os componentes de veículos colocados no mercado após 1 de Julho de 2003 não incluam mercúrio, cromo hexavalente, cádmio e chumbo, exceto nas aplicações enumeradas no Anexo II desta diretiva.

COM (2001) 264 final Estratégia da União Européia para o Desenvolvimento Sustentável (EU SDS 2001). Fonte: European Union (2001).

2001 15 de maio

Visa implementar medidas e ações em todos os Estados-Membros para a promoção do desenvolvimento sustentável e eliminação da relação existente entre o crescimento econômico, o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos.

Política de Integração de medidas e ações relacionadas com a produção de bens, consumo de recursos e geração de resíduos focalizando a aplicação dos princípios da prevenção e da responsabilidade do produtor. Estabelecimento e acompanhamento de indicadores de sustentabilidade para avaliação dos resultados da implantação das estratégias, incluindo a medição da produtividade do uso dos recursos.

Decisão 1600/2002/CE Sexto Programa Comunitário de Ação para o Meio Ambiente.

Fonte: União Européia (2002). 2002 22 de jul

Assegurar que o consumo de recursos

e seus impactos ao meio ambiente não ultrapasse o limite de sustentabilidade dos ecossistemas. Alterar a

correlação existente entre os índices

de crescimento econômico, uso de recursos naturais e geração de resíduos, nesse sentido a meta é produzir 22% da energia utilizada através de recursos renováveis e aumentar drasticamente a eficiência no uso dos recursos e energia. Reduzir significativamente o volume de resíduos gerados por meio de iniciativas de prevenção, melhoria da eficiência na utilização dos recursos e através da adoção de padrões de produção e hábitos consumo sustentável.

Este programa abrange o período de Julho de 2002 à Julho de 2012, estabelece diretrizes para a política ambiental da EU. Baseia-se nos princípios: i. Do poluidor-pagador; ii. Da precaução e da ação preventiva; iii. Da redução da poluição na fonte. Definição de estratégias temáticas para a prevenção e reciclagem de resíduos e para a utilização e gestão sustentável dos recursos. Elaboração e implementação de medidas voltadas para a prevenção e gestão de resíduos. Elaboração e revisão da legislação referente a gestão de resíduos, incluindo a revisão da diretiva-quadro de resíduos 75/442/CCE. Redução significativa da disposição de resíduos sólidos em aterros e diminuição no volume gerado de resíduos perigosos visando diminuir impactos ambientais no ar, água e solo.

Resíduos destinados para disposição devem ser tratados o mais próximo possível do local onde foi gerado sem prejuízo para a qualidade do tratamento dos mesmos;

Diretiva 2002/95/CE Restrições para a utilização de determinados Resíduos Perigosos em Aparelhos Elétricos e Eletrônicos

(RHOS).

Fonte: União Européia (2003) 2003 27 de jan

Harmonização das normas sobre restrições para utilização de produtos perigosos em aparelhos eletroeletrônicos. Proteção à saúde humana e valorização de resíduos e destinação correta dos resíduos.

Princípio da precaução e prevenção da poluição; instrumentos de comando e controle; combate a contaminação por metais pesados, cádmio, mercúrio, chumbo, cromo hexavalente, PBBs e os PBBEs, retardadores de chama. Acordos Internacionais de controle da poluição por substâncias químicas perigosas.

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Quadro 2.1: Evolução das Políticas Ambientais e de Resíduos na U. Européia (Continuação)

Descrição Ano da

Adoção Objetivos Gerais Instrumentos e Ações

Diretiva 2002/96/CE Resíduos Perigosos em Aparelhos Elétricos e Eletrônicos. (WEEE).

Fonte: União Européia (2003a) 2003 27 de jan

Estabelecer medidas destinadas a prevenir a formação de resíduos elétricos e eletrônicos e fomentar sua reutilização, reciclagem e outras formas de valorização. Reduzir as quantidades e melhorar os resultados ambientais na sua gestão. Contribuir para a valorização e a correta eliminação dos resíduos de aparelhos elétricos e eletrônicos. Proteção da saúde humana.

Abordagem do ecodesign no desenvolvimento de produtos. Sistema de coleta e recolhimento de aparelhos elétricos e eletrônicos sem ônus para o consumidor, sob responsabilidade do fabricante. Tratamento dos resíduos em centros de tratamentos e estações adequadas.

Princípio da responsabilidade do produtor. Acompanhamento e medição da evolução de aplicação da diretiva por meio de sistema integrado de informações. Metas quantitativas para valorização dos resíduos por meio da reutilização e reciclagem dos resíduos

COM (2004) 38