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DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

No documento DIREITO PROCESSUAL PENAL (páginas 22-28)

3. PROCEDIMENTOS LEGAIS

3.3. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

Como visto uma das características do IPL, é que o delegado tem uma certa discricionariedade com relação às diligências que serão realizadas. É óbvio que o CPP traz um roteiro, mas isso não significa que ele seguirá à risca o que está disposto no rol (exemplificativo) do Art. 6º, do CPP:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

Diligência no local do crime

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;”

Isso significa que o Delegado deve preservar os vestígios deixados pela infração penal.

Vestígio é sinônimo de corpo de delito. Qualquer vestígio é corpo de delito, como a porta do carro arrombada, um copo quebrado, sangue na cadeira, sangue no chão, etc.

 Exceção: Acidente de trânsito com vítima – há uma lei antiga que autoriza remoção para não prejudicar o fluxo de pessoas e coisas – art. 1º, da Lei 5960/73;

 Apreensão de objetos

“II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;

Feita a apreensão dos objetos que tenham alguma ligação como crime, lavra-se o competente “auto de apreensão.” Olha que interessante: quando alguém é preso em flagrante, a autoridade policial faz o auto de apreensão discriminando todos os objetos

que estavam com a pessoa. Qual a finalidade do auto de apreensão? Para quê se apreende os objetos?

a) Futura exibição do objeto durante o processo penal;

b) Necessidade de contraprova – pode acontecer que amanhã seja necessário fazer isso, para demonstrar o equívoco do laudo pericial;

c) Eventual perda em favor da União, como efeito da condenação (confisco) – cuidado com isso! Melhor exemplo: Vários helicópteros da Polícia Federal são oriundos de efeitos da condenação criminal;

Colheita de provas e Condução coercitiva

“III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;”

“IV - ouvir o ofendido;”

É possível determinar a condução coercitiva da vítima para ser ouvida? Isso acontece muito na prática. Assim, se um IPL foi instaurado, e a vítima foi intimada para depor e não compareceu. O delegado PODE determinar a condução coercitiva da vítima!

O interrogatório

“V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;”

Esse inciso do art.6º do CPP trata do interrogatório do acusado/indiciado. Mas, atenção!

Uma coisa é o interrogatório realizado na fase policial (sem contraditório e sem ampla defesa), outra coisa, muito diferente, é o interrogatório realizado em juízo, isto é, perante o JUIZ DE DIREITO. Se ligue!

 Interrogatório policial – aqui não há contraditório, não há ampla defesa;

 Interrogatório judicial – aquele feito em juízo. Hoje, em juízo, antes de começar o interrogatório do acusado em si, tem um ponto interessante chamado de direito de entrevista com o advogado. Isso é de uma importância fundamental! Signfica que o acusado tem o direito de conversar com o advogado antes do interrogatório para que seja articulada a tese de defesa. Veja o Art. 185, do CPP:

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)”

“IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.”

O ato do interrogatório seja do indiciado/acusado é, especialmente, sobre a vida pregressa. Isso, para auxiliar o juiz na hora da fixação da pena, das circunstâncias judiciárias. Após esse questionamento, irá interrogar o acusado/indiciado sobre o fato delituoso e, por último, na fase judicial, as partes têm direito a reperguntas. Logo, os advogados de defesa e o Ministério Público também podem fazer perguntas ao acusado. Antigamente era um ato privativo do juiz!

 NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL: antes havia uma necessidade de ser nomeado curador especial para o acusado/indiciado menor de 21 anos de idade, isso continua existindo? Não! A doutrina é tranqüila sobre o assunto. Diante do novo Código Civil que consagra a maioridade aos 18 anos de idade, essa providencia deixou de ser necessária ao menor de 21 anos de idade. Cuidado para não achar que não existe mais curador. Ainda é preciso a nomeação de curador para:

 Índios não adaptados e

 Inimputável por doença mental.

Reconhecimento de pessoas

“VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;”

O tema agora é reconhecimento de pessoas e reconstituição do crime. Alerto vocês que isso será aprofundado na aula sobre PROVAS.

 PERGUNTO: O acusado/indiciado é obrigado a participar do interrogatório de reconhecimento? Ou o reconhecimento está abrangido pelo direito ao silêncio, segundo o qual o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo? Informo que nesse procedimento, o reconhecimento é feito colocando-se o acusado/indiciado entre outras pessoas com caracteristicas semelhantes a fim de que a vítima ou testemunhas o reconheça. Ele é obrigado a participar desse procedimento de reconhecimento? Lembre-se que o direito ao silêncio é conhecido pelo princípio do nemo tenetur se detegere: O ACUSADO NÃO É OBRIGADO A PRATICAR NENHUM COMPORTAMENTO ATIVO QUE POSSA INCRIMINÁ-LO. Isso é muito importante! Veja: a reconstituição de um crime, por exemplo, envolve um comportamento ATIVO daquele que está sendo acusado/indiciado.

Já o reconhecimento de pessoas ou coisa não demanda nenhum comportamento ativo. Ele não faz nada, portanto, não está protegido pelo direito ao silêncio.

Logo, no caso de reconstituição de crime, como demanda um comportamento ativo, ele está protegido ao direito ao silêncio.

“VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;”

Identificação criminal

“VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;”

A próxima diligência que poderá ser feita é a Identificação criminal. Ela envolve dois procedimentos:

Identificação fotografia

 Identificação datiloscópica

 PERGUNTO: Essa identificação é obrigatória? Cuidado! Antes da Constituição Federal de 1988, essa identificação criminal era compulsória. Tanto é verdade, que há uma Súmula do STF, nº. 568, anterior à Constituição Federal de 1988, que dizia o seguinte: A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.

Após o advento da Constituição Federal de 1988, temos uma norma constitucional no rol dos direitos e garantias individuais, prevista no art. 5º, inciso LVIII:

Art. 5º, LVIII – O civelmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.”

Assim, o que antes era a REGRA, agora tornou-se a EXCEÇÃO, desde que essa exceção esteja prevista em lei, porque é norma de eficácia limitada. Que lei é essa que autoriza a identificação criminal? Vamos a elas:

 Art. 109, do ECA.

 Lei Específica sobre a Identificação Criminal – Lei 12.037/2009

Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei.

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos:

I – carteira de identidade;

II – carteira de trabalho;

III – carteira profissional;

IV – passaporte;

V – carteira de identificação funcional;

VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.

Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os documentos de identificação militares.

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;

IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;

VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.

Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a autoridade encarregada tomará as providências necessárias para evitar o constrangimento do identificado.

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas de sua identificação civil.

Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9º Revoga-se a Lei nº 10.054, de 7 de dezembro de 2000.

No documento DIREITO PROCESSUAL PENAL (páginas 22-28)

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