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A dimensão conhecimento e compreensão

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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS GENÉRICOS DA APRENDIZAGEM

3.3 As dimensões dos Resultados Genéricos de Aprendizagem

3.3.1 A dimensão conhecimento e compreensão

O conhecimento e compreensão envolvem a aprendizagem de fatos ou informação, conhecer o que, ou conhecer sobre e, desenvolver um entendimento ou alcançar um entendimento mais estruturado em relação a uma diversidade de campos específicos. Uma informação bem conhecida pode ganhar uma nova relevância ou, um novo entendimento, durante uma visita a um museu, arquivos ou biblioteca (ALMEIDA, 2007).

O conhecimento pode ser construído de diversas formas, através da leitura, escuta, falar, olhar de forma prática. Os aprendizes têm formas preferenciais para aquisição de conhecimento. Os fatos e as informações não resultam em entendimento, até serem relacionados pelos aprendizes com o que conhecem e entendem. A compreensão é pessoal e desenvolvida para explicar a si próprio, é sempre em termos do aprendiz, também tem formais preferenciais de entendimento, desde formas mais reflexivas ou físicas (CLAXTON, 2005).

O conhecimento e a compreensão devem ser sobre conteúdos específicos, resultam de conexões através de áreas (quadro 6). Assim, ao se pensar nesta dimensão de aprendizagem em ENFA, pode ser reconhecidos dois níveis: o conhecimento, quando o indivíduo conhece sobre um dado conceito, por exemplo ao declarar que após uma visita passou a saber sobre nanociência. Já o segundo nível, a compreensão, o sujeito dá pistas de que construiu um entendimento, incluindo em suas declarações aspectos particulares. Podemos assim, considerar ao referir que a nanociência, estuda os materiais, processos e produtos, cujas dimensões estão na faixa de 0,1 a 100 nanômetros, por exemplo.

Quadro 6 – RGA – Conhecimento e Compreensão

CONHECIMENTO E COMPREENSÃO EXEMPLO DE AFIRMAÇÃO

Conhecimento sobre alguma coisa Tive uma compreensão do uso de computadores. A Internet é a única maneira que eu posso encontrar a informação que depois preciso. (Bibliotecas Warwickshire) Aprender fatos ou informação que podem

ser:

Temática específica Interdisciplinar

 Sobre museus arquivos e bibliotecas

 Sobre mim mesmo, minha família, minha comunidade e o mundo

Eu gostava de ir à mina, porque antigamente os Vitorianos tiveram que trabalhar um longo período com uma mashin [máquina] que era 7 vezes maior que uma broca (Beamish)

Fazer sentido de alguma coisa As fotografias e slides construídos fizeram a gente vê tudo ao vivo, após a pesquisa inicial sobre os livros dos Vitorianos. (Somerset Arquivos e Record Office)

Aprofundar conhecimento Eu aprendi que você pode morrer de AIDS e que ninguém vai querer jogar com você ou até mesmo, os outros, provavelmente, não vão querer ser seu amigo (Arizona Science Center)

Aprender como museus, arquivos e bibliotecas operam

Eu, normalmente, não gosto de museus e escuto isso da maioria, mas eu achei essa viagem muito diferente. Eu gostava e queria entender como as pessoas podem ser tão horríveis. (Imperial War Museum)

Dar informações específicas – nomear coisas, pessoas ou lugares

Quando você esboçou que uma rocha parecia muito com um sanduíche. Lembro-me de seus nomes como: Hook Norton, calcário e plicles, o grão (Museu de São João Warwick)

Estabelecer ligações e relações entre coisas

Os transtornos alimentares são geralmente consequência de outros problemas - Estou feliz que eu tenho uma família saudável (Poole Biblioteca do Grupo de Leitura Adolescente)

Usar conhecimento prévio de maneiras novas

Tornam as crianças mais conscientes da simplicidade do tempo de lazer de Vitoriano. Sem eletricidade ou TV. No Questionário reforçam coisas que eles tinham aprendido sobre os Vitorianos. (Prescot Museum, Knowsley Borough) Fonte: Adaptado de Almeida (2006) Trad. nossa.

O conhecimento e a compreensão também podem incluir a descoberta de novas informações sobre si mesmo, sobre a família. Exemplo: um adolescente que visitou uma biblioteca, diz “eu ganhei um vislumbre maior da vida nas grandes cidades e quão diferente essa vida é de minha vida.” Outra fala: “eu realmente gostei dessa visita e aprendi muito sobre o que e como podemos nos beneficiar quando dispomos a pesquisar algumas coisas” essa melhoria no conhecimento pode ser indicada pela habilidade de dar informações especificas, de nomear coisas, pessoas, lugares de dar detalhes. Por exemplo: uma criança escreveu uma carta de agradecimento para alguém de um museu, fazendo analogia entre uma rocha que parecia um sanduíche e então conseguia sempre lembrar os nomes, dizia um calcário, pela analogia, então a melhoria no entendimento pode ser indicada através das conexões (HOOPER-GREENHILL, 2007).

3.3.2. A dimensão habilidades

Habilidades consistem em saber fazer algo e resultam de experiências, podem ser amplamente divididas em cognitiva, emocionais e físicas. Usando a imaginação se pode surgir, habilidades específicas, como empatia e criatividade, cada uma dessas habilidades pode ser subdividida, e essas habilidades podem sobrepor a duas ou mais dimensões (CLAXTON, 2005).

Hooper-Greenhill (2007), ressalta os ENFAs, como museus são dos EFAs, pois no caso das escolas há programas estabelecidos, nos quais se tem uma lista com diferentes habilidades pré-estabelecidas, que incluem, por exemplo, as habilidades essenciais como o domínio dos números, da comunicação, o uso da linguagem e a aprendizagem de aprender a aprender. De qualquer forma, cada uma dessas categorias de habilidades pode ser subdividida, por exemplo, a habilidade comunicação pode incluir a escrita, o falar, o ouvir, fazer uma apresentação (quadro 7). Neste quadro são apresentado exemplos de subcategorias de habilidades. Este grupo de habilidades essenciais nas sociedades contemporâneas fica ao encargo dos sistemas formais de ensino.

Quadro 7 – RGA - Habilidades

HABILIDADES

Saber como fazer algo Eu acho que esta é uma boa maneira de incentivar as crianças a ler, isso também incentiva visitas à biblioteca e mostra às crianças como é obter informações para si mesmo (Verão Big Read 2002).

Habilidades intelectuais – ler, pensar criticamente e analiticamente, fazer julgamentos…

Aprendi a olhar para os artefatos e refletir sobre por que eles estão lá e sua importância (Imperial War Museum). Habilidades essenciais – domínio dos

números, alfabetização, aprender a aprender…

Meu neto de três anos não tinha qualquer interesse em escrever, ler ou desenhar. Até ele usar este esquema, ele começou a reconhecer palavras, escrever o seu nome e desenhar (Verão Big Read 2002)

Habilidades de gerenciamento de

informação – localizar e usar informação, avaliar informação, usar sistemas de gerenciamento de informação...

Ensinou-me a usar a Internet para registros de recenseamento. Eu era capaz de encontrar o meu aparentemente "inexistente" avô usando os registros do censo. (Bibliotecas Warwickshire).

Habilidades sociais – encontrar pessoas, partilhar, trabalhar em grupo, lembrar nomes, apresentar outros, mostrar interesse com as preocupações de outros….

Através de um grupo de leitura, você pode ganhar mais conhecimento sobre o livro e ver significados mais profundos que de outra forma não conseguiria (Poole Biblioteca) .

Habilidades emocionais – reconhecer os sentimentos de outros, lidar com

sentimentos intensos, canalizar energia para resultados produtivos…

O primeiro passo para mim foi a Studios Trongate e os projetos, depois deles, percebi que eu tenho direitos - Eu sou um ser humano e eu estou autorizado a me expressar (Museu Aberto)

Habilidades de comunicação – escrever,

falar, ouvir… Aprendi a debater as minhas ideias e dar minhas opiniões sobre artistas (Harewood House). Habilidades físicas – correr, dançar,

manipular, fazer…

As crianças lançaram a mão sobre a experiências de chapas, bandeiras, vestir-se, quadro negro, etc. Foi diferente do que eles costumam fazer - parecia que eles estavam em 1897 (Prescot Museum, Knowsley Borough).

Fonte: Adaptado de Almeida (2006) Trad. Nossa.

Já os outros grupos de habilidades, como cognitivas ou intelectuais ou as habilidades de manipular informações podem ser desenvolvidas nos ENFAs, como em museus, como pode ser visualizado nas declarações de visitantes no quadro (ALMEIDA, 2007). Um pai diz: “isso tem um efeito grande na leitura, certamente com meu filho isso mantém ele sempre fluente e familiar com as palavras”. Relato de um adolescente, após uma visita ao museu imperial da guerra: “eu aprendi a olhar para essas exibições e refleti porque eles tiveram lá e qual foi à importância”. Então também as habilidades sociais são frequentemente desenvolvidas durante essas visitas culturais, e incluem a comunicação com os outros, o trabalho em equipe, o desenvolvimento de relações, as habilidades emocionais, tais como dominar raiva ou frustração, também podem ser

observadas, embora com menor frequência, mas o estudo de muitos livros documentos e artefatos pode também resultam em respostas fortemente emocionais. As habilidades físicas de correr, dançar, ou as habilidades manipulativas, também pertencem a esse grupo podem ser percebidas após visitas a oficinas práticas (HOOPER-GREENHILL, 2007).

Reconhece-se que os visitantes, podem a partir de uma experiência museal passar, a saber, fazer algo, ser capaz de fazer novas coisas, envolvendo habilidades intelectuais, práticas, sociais e profissionais. No que se refere às habilidades intelectuais se considera, a leitura, a análise crítica e a argumentação. Nas habilidades práticas encontra-se comunicação, o uso de TICs, aprender a aprender. Inclui as habilidades físicas como correr, dançar, manipular materiais para construir coisas; habilidades emocionais relacionadas com a gestão de sentimentos intensos, como a raiva ou reconhecer os sentimentos dos outros; habilidades comunicacionais, como a escrita, a fala, a audição, fazer uma apresentação pública e as habilidades sociais, como ser amigável, lembrar-se de nomes das pessoas, mostrar interesse pelos outros e trabalhar em equipe.

3.3.3 A dimensão atitudes e valores

As atitudes e valores são desenvolvidos pelos aprendizes, como parte integral da aprendizagem em ambientes formais ou não formais. Novas informações contribuem para formação de valores e decisões a vida (CLAXTON, 2005). Para Hooper-Greenhill (2007), as visitas a museus, arquivos e bibliotecas também resultam em mudanças de atitudes que podem ser vistas, em relação a valores que as pessoas já possuíam.

Uma visita a um museu pode resultar na construção de atitudes pessoais positivas, aumentando a confiança e a coragem de assumir riscos, por exemplo. Por outro lado, também podem repercutir em experiências negativas e as atitudes antigas podem prevalecer. De outro modo, com a visita a museus, outras pessoas, podem se sentir menos confiantes, menos seguras e menos determinadas.

As atitudes em relação as outras pessoas refletem os valores básicos, e as visitas a museus podem contribuir, por exemplo, para no aumentar a tolerância a diversidade e a diferença. Neste caso, podemos considerar que a postura foi fundamentada novas informações experiência museal de conhecer diferentes formas de se trabalhar, de se aprender, de se pensar (quadro 8). Por outro lado, algumas vezes essas visitas culturais, podem ser utilizadas para confirmar visões negativas sobre as coisas e as pessoas (HOOPER-GREENHILL 2007).

Quadro 8 – RGA – Atitudes e Valores

ATITUDES E VALORES

Sentimentos e percepções O livro me fez sentir feliz, tenho uma família estável, mas é triste que muitas pessoas passem por aquilo que Carmen passou, e tenho vergonha por às vezes não pensar sobre as pessoas com transtornos alimentares (Poole Library).

Opiniões sobre nós mesmos, p.ex. auto estima

Primeiro momento eu pensei que ficar em frente das pessoas e ler nossa poesia seria difícil, mas elas não riram nem fizeram nada disso, eles de deram apoio ao invés de rir. Eu fiquei mais confiante porque percebi que outras pessoas sentem o mesmo que eu senti – antes eu nunca tinha lido nada alto na aula, eu dizia não. Agora eu posso ler em frente a todos (Harewood House).

Opiniões e atitudes em relação a outras pessoas

Esta é uma exposição brilhante - para estimular. Eu nunca vi Joe (meu filho de 7 anos de idade) escrever poesia antes, fantástico! Obrigado - ela mostrou uma janela para Joe que nunca tinha visto antes (Sainsbury Centre for the Visual Arts).

Atitudes em relação a uma organização, p. ex. museus, arquivos e bibliotecas

Meu filho sempre visitou a biblioteca, mas não tinha um grande impacto em seu prazer com os livros. Agora ele tem segurança fora de sua própria família com quem pude partilhar o seu prazer. Isso é um grande passo para um menino tímido (Verão Big Read 2002 Bibliotecas, Essex).

Atitudes positivas em relação a uma experiência

Hoje eu conheci uma mulher incrível... Uma mãe de oito filhos. Nós paramos e olhamos para Susan Hiller e Suzanne Lacy no trabalho e quando ela saiu eu escutei, a forma como esta mulher tinha falado tão abertamente sobre sua vida, sobre sua dor, ecoou nas palavras do desempenho Suzanne Lacy. Minha fé foi restaurada na galeria como um lugar de descanso, um local de discussão e diálogo. Um lugar de aprendizagem (Leeds Art Gallery).

Atitudes negativas em relação a uma experiência

Museus não são aconchegantes. Tenho a sensação de que você tem que olhar ao redor silenciosamente e é difícil com as crianças, eles querem conversar e fazer perguntas. Ver o pessoal andando em círculo e seguindo você, senti-me constantemente observada (MGC). Empatia, capacidade de

tolerância (ou falta delas)

A cova por onde os meninos e homens tiveram que trabalhar dia e noite, em condições horríveis e correndo o risco de ser mortos em contato com gases e outros perigos. Também eles não tinham luzes muito boas, por isso não seria de todo agradável, de qualquer forma, exceto o pagamento. Eles não tinham uma vida muito excitante e eu estou feliz que eu não estava vivo naquela época (Museu Beamish). Fonte: Adaptado de Almeida (2006) tradução nossa.

Para Hooper-Greenhill (2007), a empatia é um importante componente dessa dimensão, é habilidade de dividir, de entender, de sentir o sentimento dos outros, ou de entrar no espírito de alguma coisa, como por exemplo, de um livro ou peça de música, ou arte. O uso da imaginação também é uma importante habilidade, a empatia pode está relacionada com o presente ou o passado. Uma criança disse após uma visita, junto com uma turma a um museu: “eu realmente me senti assustada, me senti como se estivesse numa sala de aula vitoriana”. O desenvolvimento e apreciação de múltiplas perspectivas, o entendimento cultural da diferença e tolerância, são alguns dos outros resultados dessa dimensão da aprendizagem. Desse modo, o domínio das atitudes e valores, pode se dá, principalmente pelo aumento de empatia, tolerância; motivação.

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